01 abril 2018

À porta da titularidade?


Já seria mais que merecida!


Começamos a ficar sem adjectivos para com o camisola 9 encarnado. Outrora criticado e visto de lado por ter sido a contratação mais cara do Benfica, por ser um internacional de um México com pouca expressão internacional no futebol e, por não representar o estereótipo dos pontas-de-lança "pinheiro" que o terceiro anel tanto idolatram, hoje penso que já conquistou tudo e todos. O Raúl é pois o protótipo de um avançado moderno. O seu raio de acção não se limita apenas à pequena-área, mas abrange o meio-campo e as alas, tal e qual os melhores avançados do momento. Nem tão pouco ele só sabe jogar com a bola no pé, mas sabe como estar sem bola.


Ele é de facto um avançado completo. Poderoso fisicamente, inteligente tacticamente e muito longe de ser o "pés-de-tijolo" que muitos fizeram querer. Mas, há uma característica que faz dele um jogador ímpar: a sua atitude. Aguentar 3 anos sendo substituto, sabendo da sua qualidade, e mesmo assim entrar nos jogos como se fosse a primeira e a última vez que jogaria futebol, não é para todos. Este é daqueles que nunca se dá por vencido, ou melhor, é um verdadeiro campeão! Até quando continuará no banco?


Até quando continuará no banco? E, não me venham dizer que não tem lugar no onze, porque jogamos agora em 4-3-3 e não em 4-4-2. Se há algo que este jogo exemplifica bem, é que o mexicano pode jogar em 4-3-3, pois apesar de ao entrar ficarmos com 2 avançados em campo, enquanto lá esteve o Jonas, era o Raúl que procurava as alas, sobretudo, a esquerda, de onde surgiu o cruzamento de letra. Já agora, de realçar o seguinte...


Percebem agora porque tenho vindo a pedir a sua titularidade nos últimos tempos? Penso mesmo que com o Raúl em campo, seríamos muito mais objectivos e assertivos no último terço do terreno e apresentaríamos algo novo a nível táctico que os nossos adversários teriam muito mais dificuldades em contrariar. Sobre isso, concordo com a análise de Rui Vitória, que no final do encontro falou que na primeira parte as equipas do Benfica e do Guimarães estavam encaixadas, ou seja, havia um claro jogo de pares que só foi desbloqueado com a entrada do avançado mexicano. Na realidade, o Raúl é uma espécie de 2 em 1, pois consegue dar à equipa coisas que por exemplo um Cervi não consegue, como uma maior presença na área e maior pressão sobre os centrais adversários, descongestionando também a ala esquerda para tanto Grimaldo como Zivkovic poderem servir para o coração da área. Aí mais do que o Raúl e os adeptos seria o Jonas a agradecer, pois aumentaria as oportunidades para marcar.






P.S. 1:  Por falar em Jonas, parabéns craque! Não sei se é piada de 1 de abril, mas a verdade é que até parece mentira que fazes hoje 34 aninhos.




P.S. 2: E, por falar em passes de letra, ou rabona como se diz em castelhano, há 10 anos atrás, frente ao mesmo adversário também houve um jogador encarnado que fez algo semelhante. Sabem quem foi?




26 comentários:

  1. Inesquecível Aimar!!!
    É um descanso para o Benfica ter uma solução como o Raul. E, mais importante de tudo, a motivação e as ganas com que entra em campo e a forma como aceita ser suplente apesar de saber que tem qualidade para ser indiscutível.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu acho que já chega de estar no banco... acredito que o Rui Vitória vai perceber que a equipa já está preparada para uma nova variante de jogo que a beneficiará e na qual o Raúl pode ter um papel muito importante.

      Eliminar
    2. Depende dos jogos. Em casa acho que poderia ser uma boa opção. Mas a equipa tem estado bem no sistema de três médios, complementado com o plano B Raul. Não acredito que o RV vá alterar o sistema agora nas últimas finais.

      Eliminar
    3. O que defendo não desfazeria o meio-campo a 3... dava era outro tipo de mobilidade.

      ;)

      Eliminar
    4. Mas olha que o Cervi ajuda bem a defesa:)

      Eliminar
    5. Pois ajuda, mas não na forma como seria melhor para nós. Ele ajuda a fechar o flanco quando estamos a recuar. Mas, precisamos é de uma reacção à perda e de colocar pressão sobre o lateral e central adversário. Ou seja, o chip de ala está muito enraizado nele, quando por vezes precisamos que pense mais como avançado.

      Eliminar
  2. António Madeira01/04/18, 19:42

    Compreendo e aceitaria a solução que propões, mas há uma outra coisa que o Rui já referiu várias vezes. Os adversários têm de fazer um esforço tremendo para aguentar a pressão do Benfica na primeira parte, correndo atrás da bola e tentando bloquear todas as linhas de passe. Quando o Raul entra, já o adversário está desgastado e é uma autêntica bomba que cai no meio das defesas. E a verdade é que isso é claro, não só na forma como mexe o jogo, como contribui com golos e assistências.
    Se começasse de início, o adversário adaptar-se-ia muito mais facilmente, o jogo entraria numa toada de equilíbrio e teríamos muito mais dificuldades em surpreender mais tarde.
    Ainda me lembro quando isso acontecia com o 4-4-2, quando o Rui tinha de ter toda a carne no assador (entrada de Jimenez ou Seferovic) e o criticavam por não ter outra solução.
    Eu continuo a defender esta, não só porque em equipa que ganha não se mexe, mas porque fazer experiências a 6 jogos do fim, seria contraproducente. Ainda assim, veremos como vamos jogar com o FCP em casa e o Sporting fora...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O problema António, é que na primeira parte o nosso jogo de triangulações torna-se previsível. Depois, o nosso sistema de recuperação de bola, vive muito da bola que o adversário manda rapidamente para o seu pivô ofensivo, pois é aí que o Fejsa joga na antecipação. Mas, e se o adversário jogar um passe para trás?

      Foi isso que aconteceu ontem. O Mattheus quando recuperava a bola, jogava atrás, onde o médio-defensivo ou o lateral ou o central depois tentava o passe vertical e longo para os extremos, apanhando o Fejsa sozinho no meio-campo, os nossos laterais ainda a recuperar posição e atrás dos extremos do Vitória. Tudo isto com a passividade na reacção à perda do nosso trio atacante cuja tendência era apenas de contenção e recuperação para trás.

      Ora, se começasse de início com o Raúl, este faria o que fez, ou seja, pressão sobre o portador da bola da ala para o centro, acabando por tapar as linhas de passe do portador da bola adversário.

      Penso que o Rui Vitória deve olhar bem para este jogo com o Guimarães, pois eles exposeram uma debilidade do nosso jogo.

      Eliminar
    2. António Madeira01/04/18, 23:50

      Concordo mais com a tua segunda observação, onde referes a posição do Mattheus. Mas isto não foi novidade. Já o mesmo tinha acontecido contra o Rio Ave, só que dessa vez o protagonista foi o Geraldes. Portanto, essa possibilidade já tinha sido certamente equacionada. Penso que foi mais uma surpresa do Guimarães, ao abdicar do avançado, algo que certamente ninguém estaria à espera.
      Já na tua primeira parte discordo. Acho que as triangulações não são assim tão previsíveis. Conseguimos chegar várias vezes à área na primeira parte, mas há que dar mérito ao Guimarães, pois não só encostou muito as duas primeiras linhas (bem e de forma eficaz, e com marcação individual ao Jonas) como raramente se deixou desequilibrar nas alas, fruto do maior povoamento do meio-campo e do bloqueamento dos nossos laterais.
      Seja como for, estou certo de que o Rui viu isso e muito mais e irá fazer os ajustes que forem necessários. Com ou sem Jiménez em campo.

      Eliminar
    3. Faltou-nos meter mais jogadores na área e meter o último passe para lá. Perdíamos muitas vezes a bola nas triangulações que resultavam na bola ficar na mesma zona, ou seja, não haver progressão. A malha do Guimarães foi boa, mas precisávamos de maior dinâmica. Também senti que o Cervi não estava particularmente inspirado.

      Eliminar
    4. António Madeira02/04/18, 03:07

      Talvez, mas nunca o saberemos.
      O que eu sei, tal como referi em cima, é que essa tática foi usada várias vezes na primeira volta e depois deixa de haver elemento surpresa, apenas um avolumar de avançados sem grande critério e já na base do desespero.
      Isto também joga em favor da parte mental da equipa, que se tem mantido tranquila, no sentido de não começar a perder a cabeça e a despejar bolas para a área, porque sabe que tem uma arma no banco que quando entra dá uma injeção de confiança e mete o adversário em sentido.

      Eliminar
    5. Uma coisa é joga num claro 4-4-2, outra é o que eu defendo.

      Eliminar
    6. António Madeira02/04/18, 19:26

      Compreendo a tua nuance no 4-3-3 com o Jiménez, mas para enconstá-lo à linha teria de haver uma dinâmica diferente entre Grimaldo e Zivkovic para compensar os desequilíbrios que surgiriam na esquerda. Repito, acho a ideia interessante e com pernas para andar, mas seria um risco nesta altura da época, onde é preciso foco e rotinas, além de manter os jogadores-chave motivados. E se as coisas estão a correr bem com esta configuração...
      Seja como for, a equipa atual permite mudar de sistema e até de configuração dentro do mesmo sistema, com jogadores experientes, versáteis e inteligentes. Neste aspeto, confio plenamente no Rui e na equipa.

      Eliminar
    7. A dinâmica poderia envolver o próprio Raúl. Já ontem, ele teve ali uma série de combinações bastante mais objectivas com o Grimaldo que gostei. Estes dois entendem-se perfeitamente.

      Mas, o tipo de combinações que estaria à procura seria, Grimaldo -> Jonas -> Zivkovic -> Raúl. O Zivko foge para a linha arrastando com ele um jogador adversário, abrindo espaço para o Grimaldo procura o corredor central. Por sua vez, o Jonas, desce para ocupar as entre-linhas no corredor central. O espanhol, passa-lhe a bola. Entretanto, o Raúl foge para a grande área levando com ele o lateral e deixando o central indeciso, pois avançou ao encalce do Jonas. Este vê o Zivko com a possibilidade de um para um na ala esquerda e mete-lhe de primeira para o sérvio. O camisola 17 dá chocolate e cruza para a finalização do Raúl ou para a entrada da área, onde apanha o Jonas.

      ;)

      Eliminar
    8. António Madeira03/04/18, 03:07

      Percebi perfeitamente essa combinação. ;) Teria de haver sempre um recuo do Jonas e o movimento do Ziv para fora, com a passagem do Grimaldo pelo corredor 2. Estamos de acordo. É bem possível, mas voltamos à minha dúvida: porquê gastar esse trunfo no início quando parece resultar melhor no segundo tempo, surpreendendo uma equipa já de si cansada (logo, menos concentrada)? Se começas com esse desenho tático, como é que surpreendes na segunda parte se o plano A não resultar? É essa a minha dúvida...

      Eliminar
    9. É que esse movimento, faz com que a defesa adversária se desorganize, o que facilita a nossa tarefa na contra-pressão que teremos de fazer quando o adversário tenta meter a transição ofensiva.

      Por exemplo, o movimento do Raúl para dentro, transportará o lateral para o corredor central. Imaginemos que conseguem interceptar a bola quando o Jonas passa para o Zivko. Esse extremo direito adversário, vai estar sozinho no flanco, com o Zivko e Grimaldo na perna e com os colegas distantes. O mais provável será logo o lançamento em profundidade para o seu avançado, onde o Jardel e o Rúben Dias vão chamar de figo.

      O nosso plano A, o actual, depende muito da velocidade e precisão de execução, mas também da verticalidade dos nossos interiores. São eles que acabam por juntar com o Jonas na grande área. Acontece, que vive muito de combinações, bastando que o adversário interfira retirando energia e momento aos jogadores encarnados ou atrapalharem para tornar as combinações imprecisas. Nesse momento, o adversário pode recuperar a bola e sem estar muito longe do posicionamento adequado para lançar-se no contra-ataque com perigo.

      Cabe a nós criar todo o tipo de movimentos para os desorganizar, de forma que quando eles queiram lançar o contra-ataque tenha dificuldades.

      ;)

      Eliminar
    10. Um tipo vai de férias para a pasmaceira e quado regressa já não vê nada à frente...

      Concordo com o que dizes, mas estou com o António ali em cima (não li a vossa troca toda, mas espero que o António se prenda por cá) sobre o que o nosso actual 433 faz aos adversários.

      Aliás, a conferência de RV depois do jogo de Sábado ilustra bem isso. Se vimos bem o jogo vimos que o Raul desta vez não só se posicionou como fez coisas diferentes do outro jogo em que entra e marca.

      É complicadíssimo para uma defesa que esteve uma hora a contrariar aquelas triangulações terem de levar depois com a Carraça Jimenez ou com um Rafa. São previsíveis? Claro que são e desgastantes. E quando estás desgastado levas com o Raul.

      Concordo que merecia a titularidade, mas nesta fase se isso não afectar a moral do jogador, que continue a ser a arma secreta do penta.

      Eliminar
    11. A questão está no que o adversário pode fazer com o plano A. O Guimarães demonstrou com saídas perigosas que há forma de contrariar a nossa defesa...

      Eliminar
    12. Sim, desde que tu saibas isso.

      Ainda hoje vi uma entrevista do medalha de prata no Rio de Judo em -81kg. Nessa entrevista ele diz, sobre a estratégia para eliminar um georgiano, que o importante era nunca permitir ao outro que o pudesse levantar (num contra-ataque) e que as faltas estivessem equilibradas à entrada para o último minuto.

      Aqui passa-se o mesmo e é isso que se espera do treinador. Aliás, é por isso mesmo que critiquei a equipa técnica no jogo de Basileia: não havia absolutamente nenhuma preparação sobre como e quando dobrar o adversário, como proteger as nossas fragilidades e como armadilhar o nosso adversário nelas.

      Eliminar
  3. Já há muito que penso ue estamos a desperdiçar o talento do Jimenez, este 433 para mim é um 442 disfarçado, o Rafa tornou-se no 2º avançado.
    Com a mudança de tatica o que ganhámos foi a dinâmica de troca posicional nas laterais, do lado esquerdo as equipas adversárias não sabem bem em quem se focar.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O Guimarães soube bem anular-nos essa dinâmica.

      Eliminar
    2. A partir dos 20 30m o pizzi trocou com o zivkovic para tentar os lançamentos para o lado direito e tentar aproveitar a velocidade do Rafa. Com a defesa do Vitoria bem posicionada nao conseguimos nem explorar as trocas de bola habituais na esquerda nem os lançamentos do pizzi. De qq forma tivemos oportunidades de golo antes do jimenez entrar que podiam ter resolvido o jogo através do Grimaldo.

      Eliminar
    3. É nestes momentos que é necessário envolver mais jogadores no ataque. Um dos médios deve subir para o ataque, enquanto lá atrás, um dos centrais tem de subir mais para fazer de médio-defensivo.

      Eliminar
    4. Mouse, tem momentos. Este 433 tem a flexibilidade para ser um 442 ou um 4231 consoante o que o jogo pede. Mas o mesmo se podia dizer do 442 do ano passado que tanto fazia de 4231 como de 4411 ou 4141.

      Com todos os seus defeitos, RV dotou a equipa de maior flexibilidade no decorrer das partidas.

      Eliminar
  4. O Pizzi é que já podia parar de encravar a engrenagem do meio campo, está pouco lucido ao nível do passe e bastante perduario ao nível da concretização!!

    Volta Pizzi contamos contigo!!

    Ass: Madskinn

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ou então é o trabalho defensivo dos adversários que está a melhorar, com maior rigor no posicionamento e comportamento sem bola. Ontem vi muito isso. Vi a aplicação de muitas ratoeiras tácticas, para utilizar a antecipação e sair em contra-ataque.

      Eliminar