26 abril 2018

Para quê contratar...


... quando já se tem dentro de portas?


Fará sentido contratar este miúdo Lucas Olaza
para lateral esquerdo?
Aproxima-se o final de temporada e começam as novelas dos reforços. Por um lado, há um apetite por parte do próprio mercado. Muitos jogadores de campeonatos mais modestos pretendem chegar a ligas mais competitivas, após uma temporada de enorme esforço. Por outro lado, a possibilidade de novas conquistas com novos heróis faz os adeptos sonharem. É pois o mercado de transferências a funcionar. Por esse motivo, nesta última semana muito se tem falado de possíveis contratações do Benfica, sobretudo, no mercado sul-americano, onde as decisões dos campeonatos estão perto do fim. Muitas vezes, utilizam o nome do Benfica para valorizarem possíveis negociações com outros clubes. É, isso que penso, quando se fala na possível contratação do central argentino Germán Conti, ou do lateral esquerdo uruguaio Lucas Olaza.

Sinceramente, não faz sentido estas duas contratações. Olhando para o perfil destes jogadores, verificamos que numa primeira análise temos jogadores na nossa formação com o mesmo perfil. Querem um central de elevada compleição física que seja forte no momento defensivo? Então não é preciso nenhum Conti. Basta um Ferro ou um Kalaica! Poderão dizer-me que estes ainda estão muito verdinhos e o argentino, embora não sendo muito mais velho, tem mais experiência de 1ª Liga argentina. Pois é verdade. Mas, aqui é que coloco outra questão: é este tipo de central que realmente precisamos? Eu penso que não!

Será este Germán Conti muito melhor do que já temos
na equipa B? Ou que tenha o perfil que necessitamos?
Um dos maiores problemas defensivos na equipa do Benfica prende-se com dois grandes momentos no futebol: o momento ofensivo e a transição defensiva. Relativamente ao primeiro, falta-nos centrais que assumem a posse de bola, que se sintam à vontade em quebrar a primeira linha de pressão ofensiva do adversário e que saibam decidir e executar rapidamente sobre essa pressão. Quanto ao segundo, como jogamos com a linha defensiva muito subida, precisamos de centrais que no momento imediatamente à perda de bola, em vez de começarem logo a fazer contenção, tenham capacidade para aguentar a posição. Por outro lado, nesse momento de perda de bola, o central não esteja tão afastado do avançado de referência adversário que tende a descer muito próximo do seu meio-campo. A maioria dos nossos centrais tende a utilizar como referência a linha de meio-campo, ao invés do adversário. Isto acontece, porque são centrais de raiz.

Foram formados e formatados dessa maneira. Mas, o futebol evoluiu imenso. Hoje o central, leia-se de equipa grande, como tem de jogar 70% a 80% do tempo útil de jogo em momento ofensivo, requer outro tipo de recursos técnicos e tácticos que o central típico. Daí, que se adapte cada vez mais jogadores, como por exemplo médios e laterais, a essa posição. Jogadores que aliem essa componente técnico/táctica com a física. Abro agora um pequeno parêntesis, pois é importante também fazer menção que nas equipas grandes a dupla de centrais deve ser formada por jogadores de características diferentes, sendo um mais posicional (defensivo, que normalmente é aquele que tem raízes de formação a central) e um com maior liberdade (o mais ofensivo, o que arrisca mais na saída para o ataque). Embora, o Jardel seja conhecido por ser um central que gosta de sair a jogar para o ataque e o Rúben Dias tem um potencial enorme para explorar nesse capítulo, a verdade é que a maioria dos miúdos que temos na equipa B, são de centrais de formação, como por exemplo o Kalaica, o Lystcov e o Ferro. Todos eles têm potencial para melhorarem o seu jogo construtivo. No entanto, isso demora o seu tempo. Algo que se contratássemos o Conti também iria acontecer. Agora, precisamos é de uma solução num curto espaço de tempo. Por esse motivo, vejo o Samaris como o reforço para esse lugar, em vez de estarmos a gastar milhões em mais um miúdo que é idêntico a muitos outros na equipa B.

Samaris e Rúben Dias formariam a minha dupla de
centrais na próxima temporada.
Por outro lado, estaríamos a tomar uma excelente decisão a nível de gestão de pessoal e carreira para o grego e para a equipa. O Samaris foi um investimento avultado de 10M€. Sinceramente, em termos de valor já pagou face aos troféus que nos ajudou a conquistar. Aos 28 anos, e apesar de ser titular na selecção helénica, não deverá sair por esse valor, ainda para mais com a pouca utilização que tem tido na Luz. Nem tão pouco a melhoria salarial que poderia vir a ter noutro grande campeonato seria interessante para ele, face ao prestígio que tem cá. Pois, ele é um jogador muito acarinhado pelo público e muito importante no balneário. Para mais, numa altura em que possivelmente o Luisão sairá da equipa, é importante, mantermos continuidade da mística, até porque o Jonas já tem 33 anos, o Jardel para o ano fará 32 anos, ou seja, num espaço de 1 ou 2 anos, se não mantivermos um núcleo (que será formado por André Almeida, Fejsa, Pizzi, Salvio e o Samaris) poderemos perder a tal mística. Depois, jogando mais atrás o grego pode relançar a sua carreira. Não só se tornará verdadeiramente uma figura de proa da equipa, como também ajudará colegas de sector a atingirem outros patamares (já estou a ver a equipa a conseguir ganhar mais uns 30 metros à frente do que joga hoje em dia, com ele e o Rúben Dias juntos).

Quanto ao lateral esquerdo, é provável que o Grimaldo saia este verão. O Eliseu ainda não lhe renovaram o contrato. Pessoalmente, eu renovaria o contrato com o açoreano, pois possivelmente, o Luisão e o Paulo Lopes sairão esta temporada, abrindo espaço para um "ancião" no plantel. Depois, tecnicamente eu desafiaria o Eliseu para jogar como defesa central, um pouco na óptica do que escrevi acima quanto à forma da equipa sair a jogar. Esta adaptação também seria feita para explorar uma variante táctica que penso que o Rui Vitória deverá tentar explorar na próxima temporada: o esquema de 3 defesas (e não 3 centrais). Aqui o Eliseu como defesa mais à esquerda poderia trazer algo de enriquecedor à equipa. Por outro lado, se houvesse necessidade de mais um central tradicional, poderíamos ir buscar um Kalaica à equipa B, por exemplo. Sendo assim, ficaríamos sem laterais esquerdos. Uma solução é o regresso do Yuri Ribeiro do empréstimo ao Rio Ave. Penso que não há dúvidas, até porque o jogador formado no Seixal, tem feito uma excelente temporada e merece ser chamado, nem que seja para suplente nessa posição.

Grimaldo deverá passar o testemunho ao Cervi no que
toca à titularidade da lateral esquerda na próxima época.
Falta-nos a personagem principal, que seria para mim o Cervi. O Chucky já está no Benfica vai para a terceira época e ainda não convenceu por completo como extremo esquerdo. Falta-lhe melhor capacidade de decisão e confiança. Já defendi que para ele evoluir nesse aspecto deveria jogar na actual posição do Zivkovic. No entanto, o sérvio é com toda a certeza um activo para ser potenciado por completo na próxima temporada. Aliás, o mesmo para o Cervi. Como não vejo nenhum deles a fazer bem a posção de extremo esquerdo, prefiro reorganizar da seguinte maneira: o Zivko mantem a sua posição actual e o Cervi desce para o lugar do Grimaldo. Se consideramos que a linha defensiva vai jogar mais à frente, isso significa que o posicionamento do Cervi em campo será mais de extremo que de lateral, ou seja, a de carriello, tão ao estilo da selecção de Sampaoli.




P.S. 1: E, não devemos esquecer que para a posição de central temos ainda emprestados o Lisandro López, o Dawidowicz e o Ponck. Estes dois últimos têm, inclusive, formação de meio-campista.

P.S. 2: O vídeo seguinte, sobre os centrais do Bayern Munique, explica um pouco do que pretendo em termos técnico/táctico/físico para os nossos centrais.



17 comentários:

  1. Também já dei comigo a pensar num sistema de três defesas para o Benfica: entre outras vantagens, permitia conciliar Jonas e Raúl/Rafa na frente com os três médios no corredor central - no caso dum 3x5x2, com Fejsa, Ziv e Krovi no meio!

    Também concordo, como já defendi no passado, com a descida de Samaris para central, sem dúvida. Cervi descer para médio ala dum sistema desses também me parece bem.

    Agora, Eliseu? Esquece, está em pré-reforma. André Almeida sim, pode ser um dos três defesas.

    Mesmo assim, precisaremos sempre de reforçar a defesa, ainda para mais num sistema de três defesas - seis será o mínimo e Luisão, Lisandro e Grimaldo estão de saída.

    Quem vês para ala direito? Salvio é uma opção óbvia, mas não me agrada voltar a tê-lo numa função mais de médio pois iria voltar a participar muito nas fases de construção...Particularmente se mudarmos para os três defesas, temos de reforçar a posição de ala direito.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O sistema com 3 defesas seria para o caso do Eliseu ficar, numa óptica de adaptação como aconteceu com o Azpilicueta no Chelsea. O açoreano é muito bom em termos defensivos e o peso dele no balneário é muito importante, sobretudo numa época em que o Luisão possivelmente sairá.

      Gostaria de contratar um central/lateral/médio-defensivo canhoto que o pudesse adaptar como central do lado esquerdo, mas os bons já estão tomados. Depois, temos jovens que devemos ir investindo. O Conti, se vier será para gastar dinheiro, pois vejo nele um Ferro, um Lystcov e um Kalaica com tempo de jogo na 1ª Liga.

      Para lateral direito, faria outras duas adaptações: Vítor Andrade e Óscar Benitez. Depois dava nova oportunidade ao Pedro Pereira. Só depois é que iria ao mercado. Na equipa B, estão todos muito verdinhos. Os dois primeiros, facilmente se adaptariam à função de carriello.

      ;)

      Eliminar
    2. O Eliseu, muito bom a defender?? Oh pá, bota optimismo nisso! ;) sempre foi um jogador que demora a adquirir ritmo competitivo, imagina na próxima época, com a idade que tem...

      Nova oportunidade ao Pedro Pereira, talvez o Benitez - até concordo, vá. Agora o Vítor Andrade? O Candide de Voltaire era um céptico, em comparação contigo! :-)

      Impõe-se a contratação de um titular de caras, se a opção for pelo novo sistema com três defesas e o André Almeida for incluído no grupo dos defesas, com Rúben Dias, Jardel e...mais três!

      Independentemente da questão Eliseu, não achas que o 3x5x2 pode fazer sentido? Ou isso ou consolidar o 4x3x3, voltar ao 4x4x2 é que não...

      Eliminar
    3. Nesse contexto, o Luisão e o Jardel eram piores em adquirir ritmo de jogo. Depois, não era essa ideia que tinha do Eliseu. Muito pelo contrário.

      Acho que o Andrade daria um excelente lateral, pois tem uma velocidade que tem de ser bem aproveitada. O Óscar é um tanque... E o Pereira, é neste momento, uma incógnita.

      A defesa a 3 não será a titular. Nem tão pouco utilizaria assim tanto. Era uma espécie de nuance táctica. O Rúben Dias e o Samaris são a dupla por excelência. Tens o Jardel para jogos mais duros, e até o Almeida para uma eventualidade. Para uma nova experimentação, tens o Eliseu para a defesa a 3. E caso precises de mais um central vais buscar o Kalaica que deverá ser o titular na equipa B, pois acredito que o Ferro será para emprestar a uma equipa da 1ª Liga.

      Eliminar
    4. O Vítor Andrade tem velocidade, mas falta-lhe tudo o resto. Até a atacar, falta-lhe mais que ao Douglas! E a defender, então, ui ui...

      Eliminar
    5. Dava-lhe a chance... Assim como ao Benítez e ao Pereira.

      😉

      Eliminar
    6. Vocês são uns idiotas. Naquele sentido que popularmente se dá de "pessoa com ideias". A ideia, por muito boa que fosse até se podia conseguir com aquela variante que o Tüchel (saudosamente) usava no BVB de ter um lateral a fechar por dentro no momento defensivo, com o extremo do lado da bola a assumir as funções de lateral. Não tens é no Benfica nada que ande perto das dinâmicas que isto pede (já lá voltamos!).

      Agora Samaris a médio não sabe nem onde estar nem o que fazer à bola. E piora, como já disse noutro comentário hoje, a cada minuto que passa. Poderia ser diferente a central? Poder podia, uma vez que face ao lote que temos tem mais bola no pé. Só que os posicionamentos... Se Lisandro prima(va! espero) por jogar um jogo só dele, Samaris está no mesmo jogo da equipa mas com 5 segundos de atraso. O que normalmente dá direito a faltas estúpidas. Na defesa esse tipo de erros custam golos ou penaltis. Por mim era experimentar na pré-época. Se correr bem, é lidar!

      Cervi não me parece que desse pior lateral do que o Grimaldo. Por mim ficar com os dois estaríamos bem servidos para o mercado interno. Não sei se na Liga Europa no entanto não passaríamos por dificuldades.

      Fica difícil, a menos que haja aí "outra coisa", justificar que Douglas fez um ano inteiro (espero que seja só isto!) no Benfica e o Pedro Pereira seja despachado sem minutos de responsabilidade dignos desse nome. Se alguém segue o campeonato argentino que comente o Benítez, a ideia que tenho dele não é a de que tenha o perfil para o lugar. Nem o Vitor Andrade. Para mim o Defesa Direito para consumo interno era o Sálvio. Já o disse antes, repito-o.

      Agora a vaca fria. E quem é que implementa essas mudanças? Quem é que vai tornar Cervi um bom lateral esquerdo? E quem é que dá a Samaris os posicionamentos e os timings de um central? Já nem falo dos outros, isso não passa de devaneios de idiotas [;)]

      Não sei se os argentinos são a solução. Neste momento é preciso saber é o que se faz aos emprestados. E qual a estratégia para o clube. E mais do que centrais e laterais, a minha questão é quem faz de Fejsa? É que o jogo com o Tondela começou a perder-se na titularidade do Samaris...

      Eliminar
    7. O problema do Samaris é que não é treinado para ser titular. Não é trabalhado. Apenas o vêem como solução de recurso. Eu sempre achei que ele poderia dar mais.

      Acho que o grego com a sua agressividade até poderia ser muito bom na pressão e na chegada à área se jogasse mais à frente. Acho-o com maior e melhor potencial que o Herrera, por exemplo. Mas, nunca o trabalharam nesse sentido, pois só o viam com aquele cabedal todo a jogar em frente aos centrais...

      Eliminar
    8. O Herrera não faz parte do nosso plantel e para mim, quando o termo de referência é o Herrera estamos conversados. O clube de Matic, Javi Garcia ou Katsouranis, e acho que até o Ramires terá feito um pezinho esporadicamente, está agora a comparar jogadores com o Herrera?

      A questão é mesmo o que e até o como se treina...

      Eliminar
    9. O Samaris poderia ser uma espécie de Khedira, de Emre Can, de Milner, de Vidal, de Nainggolan, de Fellaini,... como médio "8", se fosse trabalhado para tal. Até poderia ser uma espécie de Ramires se assim o pedissem para jogar ali, pois tem mais velocidade do que o Katsouranis, por exemplo. A questão tem a ver com aquilo que o treinador do Benfica vê para o grego. Nisso estamos de acordo.

      ;)

      Eliminar
    10. Estava um dia no café da aldeia a ver uma etapa da Volta e os mais velhos a comentarem voltas de outros tempos. Quando um inevitavelmente diz que "o Agostinho se tivesse mais cabeça tinha sido um fora de série", outro responde "o Einstein se tivesse mais força nas pernas podia ter sido um fora de série, afinal cabeça tinha ele".

      Eliminar
  2. Respostas
    1. Tentar aproveitar o que já temos e valorizar os investimentos.

      Acredito que a maioria dos extremos que contratamos se não conseguem vingar nessa posição, conseguirão vingar a laterais ofensivos, com um pouco de trabalho e empenho.

      O mesmo acontecendo com médios-defensivos

      Eliminar
    2. Tu és mas é maluco. E as comissões? E como é que se justifica acabar com o departamento de olheiros para se contratar uma empresa externa?

      Eliminar
    3. Uma empresa externa para o quê? Que história é essa?

      Eliminar
    4. https://www.abola.pt/Nnh/Noticias/Ver/727658

      É tipo isto. Já vi a coisa mais desenvolvida aí nuns blogs mas não encontro agora.

      Eliminar
    5. Bolas, mas a empresa é de criação de conteúdos digitais... pouco tem a ver com a prospecção de jogadores. Algo está mal.

      Eliminar