Esta seleção...

E já agora, fiem-se na Virgem e não ponham o Rafa a jogar!

Dúvidas houvessem sobre as necessidades de um Pizzi na seleção, hoje ficaram bem dissipadas. Apesar de Fernando Santos ter colocado no onze titular o Bernardo Silva - que é um criativo por excelência - a jogar pela ala direita, do lado oposto quem aparecia? O João Moutinho? Não! O Adrien! É óbvio que a intenção era a de anular as subidas do lateral suiço, mas jogar Adrien e João Moutinho é o mesmo que jogar com dois jogadores iguais. Ora o que acontece é que ambos farão as mesmas coisas e tendem a duplicar funções, atrapalhando-se mutuamente. Basta olharmos para o autêntico episódio dos trapalhões na 1ª parte para percebermos disso. Por outro lado, esta clonagem deixa órfã a equipa do que mais necessita: de ter um criativo sobre a ala esquerda. Alguém que saiba aproveitar as subidas do Raphäel Guerreiro (cada vez que joga confirma mais os motivos porque o queria no Glorioso na época passada), mas também explorar o corredor central fazendo uso de passes para os avançados quer por cruzamento, quer por passes para desmarcação. É aí que faz falta o Pizzi!

O camisola 21 do Benfica é dos poucos jogadores a nível nacional que consegue reunir essa capacidade técnica e inteligência de jogo. Não só é o criativo que a seleção necessita sobre a esquerda, como também se transforma no jogador que equilibra o meio-campo nas tarefas defensivas. E, ele permite poder trocar de posição com Bernardo Silva no lado contrário sem perder rendimento no seu jogo.

E vou mais longe, por tudo aquilo que vi neste encontro, ao dizer que o João Mário não conseguiu cumprir com estes pressuposto quando entrou na 2ª parte para aquela posição de ala esquerdo. De tal forma que o Fernando Santos viu-se obrigado a colocar o Ricardo Quaresma. O senhor 40+5M€ é um bom jogador, mas naquela posição não tem o nível técnico, nem a visão de jogo que se exige. A começar denoto logo uma enorme lacuna técnica, ao nível da recepção da bola. O João Mário raramente recebe com o pé mais fraco. Utiliza sempre o pé dominante, o que lhe retira o tempo da jogada (uma vez que tem de dominar em duas passadas enquanto os outros que utilizem o pé menos dominante fazem-no numa só passada). E quando enfrenta defesas laterais como o Lichtsteiner, tem imensas dificuldades, dada a segurança como estes defendem e sabem atacar a bola no momento certo. Por isso, a continuação por 30 minutos de um jogo enfadonho na ala esquerda.

Depois, também não entendi a "opção técnica" de jogar na primeira parte com um ponta-de-lança como o Éder se não jogou com alas que lhe fornecessem bolas, conforme a utilização de Adrien na esquerda implicava. Pior, no corredor central ficavam Éder, Nani, João Moutinho e Adrien. Ora o Éder está lá para fixar os centrais, o Nani deveria estar ali para desmarcar-se nos meios-espaços entre os centrais e os laterais, mas nada. Depois, Moutinho e o Adrien pareciam dois cavalheiros amigos à beira numa porta, ou seja, muita cerimónia para subir e procurar criar superioridade no espaço vazio. Em suma, não havia dinamismo nenhum. Não havia sequer profundidade para servir o "herói de Paris". Mas, depois na segunda-parte, já havia. Entrava Ricardo Quaresma, mas o ponta-de-lança agora era um André Silva que é um avançado mais móvel, que como ele se define, é antes um segundo-avançado. Ora esta ideia foi genial não foi, ó senhor engenheiro?

Como é que se diz... auto-sabotagem? Acredito pouco nisso. E acredito que o senhor engenheiro é um tipo muito mais inteligente para cometer este tipo de erros. O que me parece é que esta seleção é feita de interesses terceiros que não se adequam ao nível em que ela está neste momento. Era bom que os responsáveis da Federação olhassem bem para o exemplo da sua congénere brasileira e perceberem o mal que interesses de terceiros, de clubes podem minar uma equipa. Fica aqui uma pergunta, porque é que o André Silva entra na segunda parte para o lugar do Éder, quando a ideia era envolver o adversário na sua área, usando flanqueadores? E, o Rafa?