A estratégia...
Frente ao Marítimo de Pedro Martins, que joga habitualmente num 4-3-3 que evolui para um 4-2-3-1 em situações atacantes, onde pontifica o David Simão como "10" da equipa insular e Sami como falso extremo esquerdo (estes dois ex-canterados da Luz), a melhor estratégia será encurtar os nossos sectores, daí que na figura acima percebe-se que a distância entre a linha defensiva e atacante da nossa equipa é reduzida a meio-campo. Isto só nos vai privilegiar, fundamentalmente em dois aspectos:
- Menores espaços, privilegiam os jogadores mais tecnicistas, i.e., aqueles que saibam executar muito bem a recepção e passe.
- Menores espaços significa jogadores mais próximos, pelo que em termos ofensivos é mais fácil trocar a bola e recuperá-la em jogadores com maior qualidade.
O risco de tal estratégia é o de haver faltas de concentração que permitem que o adversário consiga trocar a bola e lançar um contra-ataque venenoso através da rapidez de Sami, por exemplo. Neste contexto, é fundamental não deixar espaço nem tempo para David Simão poder pensar o jogo ofensivo, pois é talvez dos jogadores insulares aquele que maior qualidade de passe tem. Rafael Miranda é um "8" lutador e tecnicista que irá dar muita luta ao nosso meio-campo.
A troca de bola de um flanco para o outro e a velocidade de execução serão fundamentais para abrir espaços na defesa maritimista. Jogando com dois avançados que não devem ficar em cunha com os centrais adversários, mas vir atrás, ao centro e à faixa procurar jogo com os colegas de equipa, facilmente iremos conseguir desestabilizar o sector recuado adversário. Inclusive, com este tipo de movimentações, quer seja da nossa dupla de avançados, quer seja dos nossos laterais, que têm autorização para subir no terreno, quer seja dos nossos alas, que vão procurar jogo na linha e no centro do terreno, a teórica desvantagem numérica no nosso meio-campo face à do Marítimo acabará por não se sentir dentro das quatro linhas.
Assim sendo, este 4-4-2 (ou 4-2-4, ou 4-1-1-4, ou 2-3-3-2, conforme vos parecer conveniente) do Benfica, tem tudo o que é necessário para levar de vencida a equipa madeirense. Em termos defensivos devemos fazer bem uso da linha de fora-de-jogo, mas também estar atento às incursões nas laterais, sobretudo do lado esquerdo insular, onde Sami e Rúben Ferreira, são dois jogadores que combinam muito bem.
Da nossa parte, em termos individuais, estou a apostar em dois jogadores para fazerem bem a diferença: Nico e Rodrigo. Quando falo de um avançado que seja capaz de descer e trocar a bola com os seus colegas, não falo apenas de Cardozo, mas também do hispano-brasileiro. De facto, o internacional sub21 espanhol tem tido exibições a roçar o medíocre e hoje terá nova oportunidade para demonstrar algo mais e ganhar confiança. Jogar simples é a melhor solução e seria o que pediria ao jogador se fosse o seu treinador. Já o argentino, os minutos finais em Alvalade deixaram-me confiante para apostar nele neste jogo. Penso que poderá funcionar como um terceiro homem do meio-campo quando vem buscar jogo ao centro do terreno, mas também será um "abre-latas" pela ala-esquerda, capaz de servir a cabeça de Cardozo, na grande área, por exemplo. É importante que para além de Salvio e Ola John, Jesus consiga manter os restantes alas em boa forma física e confiantes.
O onze titular...
Na baliza a titularidade é inequivocamente do Artur. Tem sido uma autêntica muralha da China para a equipa de Jesus esta temporada. Ainda na segunda-feira evitou o segundo golo leonino em mais uma saída ao remate de Elias. Isto a culminar uma semana que parou por completo um dos melhores do mundo da actualidade: o argentino Messi.
Na defesa, o quarteto defensivo será o mesmo de segunda-feira, formado pelos laterais Maxi e Melgarejo, e ao centro pelos centrais Jardel e Garay. Enquanto os laterais terão uma função importante na dinâmica da equipa, sendo eles os principais desequilibradores ao avançarem pela linha, dando linhas de passe aos colegas e verticalidade e profundidade à equipa, os centrais também deverão ter um papel importante na construção de jogo recuado, quer seja pelo passe longo em diagonal para servir o extremo oposto, quer seja em quebrar uma primeira linha de pressão insular.
No meio-campo, a dupla maravilha entre Matic e André Gomes deverá manter-se. Enzo Pérez recém recuperado deverá só entrar no decorrer do jogo para evitar alguma recaída ou quebra física no decorrer dos 90 minutos. Com o português em campo, o sérvio poderá deixar de ter apenas tarefas defensivas e gostaria de ver eles revezando-se nas suas funções, criando uma espécie de carrossel de movimentações neste duo no meio-campo.
No ataque, as alas serão entregues a dois argentinos, Salvio e Nico Gaitán. Do camisola 18, espero verticalidade, profundidade à ala direita do ataque, pois penso que Maxi não terá tantas liberdades ofensivas quanto isso, muito devido a ter o Sami do seu lado. Por outro lado, antevejo um duelo de elevada qualidade entre o argentino e o português Rúben Ferreira que é neste momento um dos melhores laterais esquerdos do nosso campeonato. Será um bom desafio para o Salvio provar as suas qualidades no um-contra-um. Quanto ao camisola 20, espero um espelho do Salvio no lado esquerdo. No entanto, antevejo que o Nico procure um pouco mais dos espaços interiores, ajudando na manobra do meio-campo, libertando o corredor esquerdo para o Melgarejo. De qualquer das formas, deveremos também ver alguns duelos com o lateral direito maritimista. Em ambos os jogadores, esperam-se assistências para a nossa dupla atacante, formada por Cardozo e Rodrigo, finalizarem. Conforme já foi escrito acima, estes dois não deverão ficar colados aos centrais adversários. Aliás, se há alguma aprendizagem do jogo de Alvalade, prende-se com a dinâmica que a dupla atacante tem de ter com o resto da equipa. Quanto mais ausentes eles estiverem do último terço do terreno na fase de construção e quanto mais presentes eles estiverem nesse terço do campo, na fase de conclusão, melhor!
O banco...
No banco sentariam-se os seguintes jogadores: Paulo Lopes, Miguel Vítor, Luisinho, Enzo Pérez, Bruno César, Nolito e Lima.
Paulo Lopes seria o guarda-redes de reserva. Como opções defensivas, contaria com Miguel Vítor e Luisinho. Este último até poderia ser titular na vez de Melgarejo. Enzo Pérez seria a única opção para o duo de meio-campo e entraria no decorrer do encontro para refrescar esta zona do terreno e dar-lhe ritmo de jogo. Também para o meio-campo/ala/ataque, teria o Bruno César, jogador que gostaria de testar como 2º avançado. Nolito seria opção para refrescar a ala esquerda e Lima o ataque.
Para este encontro deixaria de fora por opção o Ola John, não porque ele tem jogado mal, mas por uma questão de gestão de esforço e de equipa. Penso que o holandês será igualmente importante nos próximos encontros das taças.
As expectativas...
Gostaria de ver o Cardozo a consolidar a sua posição de melhor marcador do campeonato com pelo menos, mais um "hat-trick" e com assistências para golo de Nico Gaitán, Salvio e até mesmo de Rodrigo. Aliás, gostaria de ver uma excelente exibição deste quarteto atacante.
PS: O artigo foi escrito ainda não sabia qual seria a lista de convocados para o jogo desta noite, que entretanto já saiu e é formada por:
- Guarda-redes: Artur Moraes e Paulo Lopes;
- Defesas: Maxi Pereira, Jardel, Garay, Sidnei e Melgarejo;
- Médios: Ola John, Matic, Nicolás Gaitán, André Gomes, Salvio, André Almeida, Nolito e Enzo Perez;
- Avançados: Rodrigo, Lima e Cardozo.
Como tal, os sacrificados, relativamente aos meus 18 escolhidos foram o Miguel Vítor, o Luisinho e o Bruno César. Se posso compreender as inclusões de André Almeida e de Ola John, pois estão num bom momento de forma, não posso entender a convocatória de Sidnei que pouco ou nada tem merecido uma oportunidade na equipa A com as exibições medíocres na equipa B.
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