09 agosto 2018

A melhoria do jogo interior encarnado...


... mas, e não só!


Muitas têm sido as críticas para com a falta de jogo interior da equipa de Rui Vitória. Aliás, esse tem sido o tópico fulcral após o encontro frente ao Fenerbahçe, na passada terça-feira, na Luz para a primeira mão da 3ª pré-eliminatória da Champions. Um dos motivos para isso acontecer, foi já referido, a imaturidade táctica do Gedson naquela posição de interior. Mas, não é apenas o jovem que está em falha no que toca ao jogo interior. É também da responsabilidade do camisola 5 imprimir o jogo interior, uma vez que pelo seu posicionamento em campo acaba por ser o mais privilegiado para tal. O Fejsa não pode estar inserido na equipa apenas como pêndulo defensivo. Ele pode e deve ter uma intervenção muito maior a nível ofensivo. É isso que se exige a um médio na posição "6" moderno, conforme podemos ver no vídeo seguinte, em que os melhores jogadores do mundo, como o Busquets, entre outros, nesta posição, exemplificam.


Reparem na procura preferencial do corredor central. Os passes laterais, são normalmente para os centrais, e não tanto para os laterais. Estes serão activados apenas na 2ª e ou 3ª fase de construção. Os passes ofensivos destes jogadores são quase sempre para o corredor central e os seus meios-espaços. Normalmente, são passes "pinocados" (conforme vídeo seguinte), quebrando várias linhas de pressão e defensivas do adversário, fazendo uso dos interiores ou dos extremos que fazem jogo interior.


Mas, para isso acontecer, é preciso também que hajam jogadores do nosso meio-campo e ataque que tenham capacidade para perceber o que devem fazer a cada momento, pois muitas vezes não criam as tais linhas de passe. É preciso trabalhar estes movimentos e comportamentos nos treinos. No exemplo seguinte, vemos o que um Gedson e um Fejsa poderiam fazer, através do exemplo do Kanté e do Jorginho do Chelsea, respetivamente.


Outros jogadores, nomeadamente, os nossos centrais também poderão aprender muito com estes vídeos. Pois, haverá sempre um ou outro jogo que o adversário poderá colocar o Fejsa numa situação que o impede sair (por exemplo, tal como a selecção dos Marrocos marcou individualmente o William Carvalho no último mundial e que condicionou imenso o nosso jogo). Sendo assim, tanto o Rúben Dias como o Jardel, ou até mesmo o Odysseas, poderão fazer aquilo que Varane fez no primeiro vídeo, por exemplo. Ou seja, poderão ser chamados para procurar o passe no corredor central, passe esse que acaba por desequilibrar muito mais a estrutura defensiva, que fica a olhar para o foco da bola e dessa forma permite que as movimentações do exterior para o interior e vice-versa dos nossos jogadores possam retirar maiores dividendos. Fiquemos então com uma espécie de masterclass do Busquets.


Por fim, será que o Fejsa poderá dar-nos esta qualidade de jogo interior?

11 comentários:

  1. o fejsa ja todos sabemos os problemas que tem nesse aspecto, mas cuidado, no 1 video a posiçao de destaque e a do pizzi e nao do fesja (alias, o casemiro tem o mesmo problema e tende a nao participar muito na fase ofensiva do jogo no caso do real madrid). o que dizes e verdade, mas esses movimentos muitos deles tem que ser treinador/ensinados/padronizados pelo treinador e o rui vitoria nao o faz, visto que a coisa muda imenso consoante o jogador que esteja a jogar

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    1. Não é não. O Kroos por vezes é o 6...

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    2. O Casemiro não tem esse problema. Ele utiliza é o Casemiro mais à frente para fazer o mesmo que o queria fazer com o Alfa, ter um jogador capaz de pressionar rapidamente o adversário na reação à perda.

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    3. Caro PP
      Excelente post, muito elucidativo para aprender a ver futebol.
      Seria óptimo enviá-lo ao Rui Vitória, a ver se o gajo aprende de uma vez por todas que o Benfica não é o paços de ferreira ou aves...

      Viva o Benfica!

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  2. O problema é que na nossa equipa nem o Odysseas , nem o Rúben ou o Jardel conseguem fazer esses movimentos e o próprio Fejsa não consegue ser mais que o tal pêndulo defensivo . Por ser jovem e parecer ter vontade de evoluir talvez o Rúben Dias possa chegar lá . A inclusão , ainda que mais ou menos homeopaticamente , de Alfa Semedo seria interessante . Estou convencido que este miúdo se calha a entrar na equipa nunca mais de lá sai .

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    1. O Alfa Semedo a entrar não sairá mais do onze do Benfica, mas se entrar na posição que eu tenho como certa para ele, então daqui a uma temporada está a ser treinado pelo e com os melhores do mundo.

      ;)

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  3. Belo post, PP! Subscrevo tudo.

    O Fejsa, se fosse tão bom com bola como é sem bola, se calhar já não estava no Benfica há muito tempo...

    Houve uma altura em que ele estava a arriscar mais, já fazia um par de passes 'pinocados' por jogo, sobretudo na Luz, mas recentemente parece que deixou de o fazer outra vez.

    Mas não é só o Fejsa nem só o Gedson. É o posicionamento e a dinâmica de toda a equipa, em organização ofensiva, que tem de mudar, para termos mais jogo interior. A questão dos laterais que mencionas é muito importante. Se nós começamos a construir, como é habitual com RV, com aquele 2+4, com os dois laterais, o Fejsa e o Pizzi na linha de quatro muito baixa, só uns metros acima da linha dos centrais, depois os extremos bem abertos a 50 metros, só sobra o Gedson para dar linha de passe entre linhas...aí se calhar nem o Busquets era capaz...

    Agora, se iniciarmos a construção com os laterais mais projectados, o Pizzi bem mais alto, juntando-se ao Gedson dentro do bloco adversário, e pelo menos um dos extremos também dentro do bloco, vamos ter muito mais jogo interior e desequilibrar muito mais a estrutura adversária. Foi isto que vi contra o Vitória de Guimarães - finalmente! Começávamos a construção e, no espaço entre linha média e defensiva deles, tínhamos lá o Pizzi, o Gedson e o Cervi...o portador da bola tinha várias linhas de passe interior disponíveis, e isso fez toda a diferença na qualidade do nosso ataque, no perigo que criámos e nos golos que marcámos!

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    1. Eu acho que o Fejsa é bom com a bola. Agora, nunca ninguém deve ter-lhe exigido o que estou aqui a pedir.

      É bem verdade que o posicionamento e a dinâmica não são de todo as melhores. Agora, se acho que o trabalho de treino tem de ser mais exigente, confesso que tenho sérias dúvidas que estes jogadores conseguirão cumprir com essas exigências. Mas, é preciso testar.

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    2. Eu destaco a frase do BP sobre posicionamento e dinâmicas. Vamos assumir que o Fejsa não é o jogador para esse tipo de passes, como de resto eu acho que não é. Vamos assumir então que a única hipótese que temos é lateralizar e jogar pelas alas.

      Não é que haja algo inerentemente errado, mas a forma como o Benfica o faz não facilita que se criem situações de finalização. Quando vejo a envolvência do RM no primeiro vídeo o que se nota é abre e faz tabela com o jogador dentro e torna à ala; está fechada, roda para o outro lado. Ou seja, a lata abre-se pelas bordas, não pelo centro. Mas não se abre à martelada.

      Mais pobre do que o Benfica adbicar de desequilibrar pelo meio, uma opção, é o processo rudimentar que utiliza e que não favorece as situações de finalização.

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    3. Se o Fejsa não for capaz de fazer esse tipo de passes então pura e simplesmente não é o tipo de médio-defensivo que precisamos para a nossa equipa. Mas, pode ser o tipo de central que precisamos...

      Quando lateralizas já estás a perder metade das opções de passe e para o adversário é fácil de anular.

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    4. Por um lado quando lateralizas perdes um terço a metade das opções, por outro dificilmente vais conseguir criar vantagem numérica no corredor central contra adversários organizados.

      Se o Fejsa não consegue ser esse jogador, então o treinador tem de arranjar um processo que tire o melhor do que tem. A questão é: consegues ter futebol de qualidade que rebente com o bloco adversário e que coloque os teus jogadores em posições de finalização favoráveis? Eu acho que sim!

      Vamos a ver, as críticas à falta de jogo interior que se fazem ao RV têm de ser bem dissecadas. O facto de o Benfica só tentar construir por fora acho que desviam o foco daquilo que é a grande falha da construção Benfiquista: não é o jogar por fora, é o jogar na base da bola longa sem critério e da posse de repelões para a frente, com o critério entregue ao melhor discernimento dos intérpretes da hora.

      O contrário disso é visto em clubes como o Feirense, o Tondela ou o Belenenses, clubes de recursos muito inferiores ao Benfica (será que os orçamentos somados serão iguais ou superiores ao Benfica?) mas onde as perdas de bola no ataque se devem normalmente mais a limitações técnicas do que erros de processo.

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