08 novembro 2014

Jornada 4: Benfica - Mónaco


Quem não Talisca... não petisca!
O prometido é devido!
O Benfica já prometia uma vitória na Liga dos Campeões desta temporada e Talisca já tinha prometido uma exibição convincente na Europa. Sinceramente, estava em "pulgas" para ver a resposta encarnada e em particular a do jovem brasileiro. Para adicionar, havia a questão sobre a forma como Jorge Jesus iria resolver as ausências de Eliseu e de Lisandro López. O resultado, foi um Benfica menos fluido que o normal. Não só porque os monegascos vinham com a lição bem estudada e têm uma das mais sólidas defesas da competição - antes do encontro de 3ª feira, não tinham qualquer golo sofrido - como também as ausências referidas e os seus substitutos não permitiam uma maior fluidez.

Num jogo tão "encaixado", a decisão só poderia vir de um lance de bola parada (ou então de uma transição rápida). Foi através de um pontapé-de-canto e após um desvio ao primeiro poste do "panzer" Derley que Talisca apareceu ao segundo poste para desfeitear a invencibilidade dos franceses. Por falar em contra-golpes, tanto o Benfica como o Mónaco tiveram imensas oportunidades para concretizar nesses momentos do jogo. O argentino Salvio e o Yannick Ferreira-Carrasco estiveram muito em foco nesse capítulo. Mas, enquanto a falta de pontaria foi o pior inimigo do "Toto", já para o luso-belga foi um muro chamado Júlio César! Grande exibição do guardião canarinho, que segurou a equipa quando ela mais precisava.

Dinâmicas do jogo entre o Benfica e o Mónaco. Notar na preferência do ataque encarnado
pelo flanco direito e na sua construção de jogo pelo pivôt defensivo. O Mónaco apresentou
uma maior variedade de movimentos e passes, o que lhe conferiu alguma supremacia no
início do segundo tempo, com várias jogadas de perigo.

Rivaldo? Yaya Touré? Não... É mesmo Talisca!
É verdade que tem um "je ne sais quoi" do antigo maestro do penta-campeão mundial canarinho, Rivaldo. Tem aquele toque de magia nos pés, sobretudo no esquerdo. No entanto, não vejo no Talisca as pernas arqueadas de Rivaldo. Da mesma forma, não vejo toda aquela massa muscular do costa-marfinense, Yaya Touré. Mas, vejo aquela condução de bola desde o meio-campo para o ataque que o jogador do Manchester City. Enfim... temos é de começar a vê-lo mesmo como, o Talisca - o craque encarnado!

O jovem brasileiro tem de estar muito contente com ele próprio. Pela primeira vez vi-o a conseguir aguentar o ritmo de jogo em termos físicos. Para além disso, deu sinais que já pensa o jogo a uma velocidade muito mais elevada do que fazia há uns 3 meses atrás. Sinal disso, foram a forma como muitas vezes Talisca com recepções orientadas, passes ao primeiro toque e gestos técnicos sublimes simplificou situações bem complexas, criando espaços para a sua equipa jogar. Mas, atenção! Não foi só ele que melhorou. A própria equipa melhorou na forma como deve ajudá-lo a fazer a diferença. E, isso é algo que temos todos de concordar com as palavras do capitão Luisão no final do encontro de 3ª feira.


Salvio e Gaitán a jogarem para os observadores?
Até posso estar equivocado, mas deu-me clara sensação de que nos primeiros 20 a 30 minutos de jogo - enquanto houve fôlego - os dois extremos argentinos do Benfica jogaram para a lista longa de observadores dos maiores clubes europeus presentes nos camarotes da Luz. Só assim se explica tanta tomada de decisão pela jogada individual, quando a melhor opção era o passe para o colega ao lado.

O camisola 10 encarnado, quando apanhava a bola nos pés, lá metia a cabeça para baixo e corria que nem um louco, tentando fazer dos defesas monegascos meros pinos de treino. O problema é qe facilmente perdia a bola para os franceses e pior, não tinha estofo físico para ajudar o desapoiado André Almeida na lateral esquerda. O seu conterrâneo da faixa oposta não esteve muito melhor em termos ofensivos. Houve imensas oportunidades em que poderia ter feito um passe ou cruzamento para a entrada da área, onde aparecia quase sempre o Talisca sozinho, mas Salvio forçava sempre a jogada individual e a tentativa de ganhar a linha de fundo. O que lhe foi safando neste encontro foi o trabalho defensivo que foi fazendo em auxílio a Maxi Pereira. De qualquer maneira, ambos merecem um belo puxão de orelhas!

O momento do jogo: golo do baiano Talisca. O seu 1º na Liga dos Campeões.

Jardel e André Almeida são bons substitutos?
Não era fácil a missão de Jardel e de André Almeida. O primeiro vinha de lesão que o tinha retirado de competição cerca de um mês. O segundo tinha de actuar como lateral esquerdo, sendo um destro puro, tendo um colega de ala muito individualista e fisicamente em baixo de forma (fruto de uma lesão recente nas costas) e tendo como adversários Ocampos, Ferreira-Carrasco e até mesmo o gigante Traoré. Não foi fácil, mas com a ajuda de Luisão e de Júlio César, a missão foi concluída.

Agora, é importante que os críticos internos percebamos condicionalismos com que ambos jogaram. E só mesmo a qualidade dos jogadores citados, do sistema e estratégia de jogo e dos companheiros de equipa, é que se consegue resultados positivos. Não é com certeza com críticas de "bota-abaixo"! Até porque, e sobretudo com a entrada de André Almeida para lateral esquerdo, a equipa poderá ganhar as dinâmicas necessárias para os respectivos equilíbrios defensivos-ofensivos que tanto tem estado a procurar neste início de temporada. Por exemplo, com André Almeida a lateral esquerdo, o Samaris poderá ter mais liberdade para avançar, pois a defesa terá sempre 3 jogadores no mínimo. Por outro lado, e porque a ala esquerda fica mais retraída, a profundidade, poderá ser utilizada pela mobilidade de Gaitán e Lima, os jogadores da frente com maior liberdade de movimentos. O próprio Talisca poderá refugiar-se na esquerda durante alguns períodos do jogo. Veremos como Jesus irá trabalhar a equipa, até porque Loris Benito deverá querer ter uma palavra a dizer...


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