12 abril 2018

Quase... quase...


... à italiana.


É nestas alturas que vemos o quão é importante a mente em tudo o que fazemos, em particular, na alta competição. A vitória e reviravolta na eliminatória da Roma, no dia anterior, abalou o mundo futebolístico tal como o conhecemos. Apenas, porque uma equipa acreditou mais em si, do que preocupar-se pura e simplesmente com o adversário. Isso, fez-lhes abrir a mente para a possibilidade bem real de vencer o colosso Barcelona. Como é óbvio, não se transporta a bola apenas com o poder da mente (perdoem-me aqueles que pensam que o Buffon consegue defender as bolas apenas por telepatia), é preciso ter uma estratégia bem montada. Foi isso que aconteceu no Olímpico de Roma no dia anterior e foi isso que quase acontecia ontem à Juventus no Santiago Bernabéu, não fosse aquele golo no último minuto de Cristiano Ronaldo (já leva 14 golos na Champions esta temporada!), após grande penalidade controversa para os italianos.


Mas, mais do que o resultado desta eliminatória, trouxe este artigo não para assinalar a provável despedida de Buffon da prova rainha de clubes na europa, nem tão pouco de mais um feito do CR7, ou até mesmo do abraço e beijinho destes dois no final do encontro. Trouxe este tema pela astúcia com que o Massimiliano Allegri montou uma Juventus em 4-3-3 e, mesmo assim, jogando com dois avançados: Pipita Higuaín e Mario Mandžukić. Foi uma aposta ganha, porque a Juvetus venceu o jogo (apesar de não ter passado a eliminatória) e limpou a imagem do jogo da primeira mão. Destaco o posicionamento do poderoso avançado croata que como falso extremo esquerdo, foi determinante a nível táctico para a Juve. Sem bola, o camisola 17 transalpino soube ajudar o Alex Sandro a fechar o flanco esquerdo. Com bola, ora era o primeiro a tocar para os meio-campistas (Matuidi ou Khedira) que depois davam logo de primeira para o Pjanić que como sucessor de Pirlo desenhava, com régua e esquadro, passes longos em diagonal para a ala direita do seu ataque. Aqui, quer Douglas Costa, quer com o "overlap" de Lichtsteiner, surgia o cruzamento para o segundo poste, onde advinhem quem aparecia? O Mandžukić, pois claro!


A estratégia era simples e eficaz. Reparem no mapa de passes da Juventus acima. O Pjanić com bola raramente jogava com pressão do adversário, pois Casemiro estava uns bons 15 metros à sua frente. Apenas Isco estava mais próximo pelo que poderia dar-lhe trabalho, mas o espanhol é mesmo muito bom com a bola nos pés, porque sem ela... mas isso é outra história. Com espaço e tempo para preparar o passe longo o bósnio jogou como um autêntico "quarterback", que ainda por cima tinha a protecção de dois autênticos "fullbacks" como são Matuidi e Khedira, facilitando-lhe a vida alimentar o seu "wide receiver" Douglas Costa, com passes de 30 a 50 metros. Depois, é procurar o segundo poste, onde aparecia o poderoso croata, que ganhava de cabeça em quase todos os duelos, pois apanhava o duelo aéreo com o pequeno Carvajal. Esta é uma estratégia que vejo que o Benfica pode utilizar se pretender utilizar o Raúl Jiménez como falso extremo esquerdo. Embora, com algumas alterações, porque Fejsa não é Pjanić, assim como Zivkovic e o Pizzi não são, respectivamente, o francês e o alemão do meio-campo da Juventus. Mas, a vantagem ao segundo poste está lá, assim como está lá o Rafa que poderá servir muito bem o Raúl, como aconteceu no primeiro tento encarnado no Bonfim. E, tal como o croata é compatível com o argentino na frente de ataque da equipa de Turim, também considero que o Raúl e o Jonas seriam compatíveis nesse onze, até porque a presença do mexicano na grande área, atraia a si muita atenção dos defensores adversários, deixando o Jonas mais liberto, até para a fase de construção.



10 comentários:

  1. Nem que seja na última jornada, depois de termos sido pentacampeões em Alvalade, hás-de conseguir que o RV implemente isto! 🤣😉

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    1. Porquê? Até é uma forma de ir gerindo a forma do Cervi e do Grimaldo...

      😉

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    2. Achas mesmo Chama?

      No jogo contra o Setúbal as melhores chances de golo na primeira parte foram do Cervi. Ele até tem aparecido nas zonas de finalização, mas uma coisa é ter o Raul, outra ele.

      Visto que o argentino não tem criado muito, penso que o mexicano fazia o mesmo sem bola que o #22 e com a bola nos pés metia-a lá dentro.

      😉

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    3. Já expliquei porquê há uns posts atrás, não me vou repetir. Lembras-te de eu ter argumentado que o Jimenez não tem capacidade técnica (nomeadamente, técnica de recepção e controle de bola) para fazer tão bem aquele jogo 'combinativo' com o Ziv e o Grimaldo? Pois continuo a achar isso, apesar do cruzamento de letra há um par de semanas...e talvez não tenha sido por acaso que, no Bonfim, com Jimenez a titular, esse nosso futebol não tenha saído tanto e tão bem...

      Que ele é mais competente que o Cervi a finalizar, sem dúvida. Mas a montante da finalização? Se tivermos menos qualidade na construção e criação, muito provavelmente vamos ter menos e/ou piores situações de finalização.

      Ele é um 9 moderno - ou seja, não é um pinheiro, graças a Aimar, mas também não é jogador para a construção e criação neste modelo de jogo. Se o 4x4x2 voltar a ser o nosso sistema, aí sim, posição 9 para ele, com Mestre Jonas atrás. Até lá, deixa-o estar como 'arma secreta' quase sempre decisiva, que está muito bem! 😉

      PS No entanto, para Domingo, se a opção for a que nós não defendemos - dar a bola aos frutistas e apostar no contra-ataque/ataque rápido - até acho que ele é melhor opção que o Jonas...melhor como primeiro a pressionar, sem bola, e melhor a atacar a profundidade, com bola. Só que, pelas razões que abordámos no outro post, essa opção não é a que mais nos aproxima da fundamental vitória!

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    4. BP, acho que tens de estar mais atento aos jogos e às exibições do Raúl. Ficaste parado com a tua percepção da primeira vez que viste o mexicano a jogar no Benfica e agora custa-te a retirar essa imagem.

      Se há jogador que anda a combinar muito bem com o Grimaldo e o Zivkovic é o Raúl. Sinceramente, só vejo vantagens de o usar neste encontro. Até para fixar aquela ala direita do Porto, se o Marega jogar, o Porto deverá jogar numa espécie de 4-3-3.

      A construção deverá ser algo como saída de bola pela ala esquerda, combinação com pivô defensivo, e abrir para o flanco direito, cruzamento ao segundo poste, e golo. Ou então, saída de bola pelo lado esquerdo, bola no pivô ofensivo, tabela para o Pizzi, abertura na direita, cruzamento ao segundo poste, golo. Ou ainda, saída de bola pelo lado esquerdo, bola no pivô ofensivo (Jonas), combinação com Zivkovic, passe em ruptura para a entrada de Raúl, golo ou passe para Jonas e golo. E, por aí fora.

      Penso que estás a ver as coisas de forma muito taxativas. Repara que o Raúl tem muito mais perfil para jogar na faixa, do que um Mandzukic, pelo que se ele for lá colocado, com a qualidade dele, terá bem mais sucesso que o croata.

      Sobre o teu PS, é aí que acho que o Jonas deve entrar, pois nem Rafa, nem Cervi têm a qualidade de decisão e criação do brasileiro. Ou seja, vejo mais o Jonas a lançar o Rafa ou o Cervi para o golo, do que estes dois a lançarem o Raúl para o golo.

      Olha, vou até mais longe. Se o Jonas não recuperar, jogaria com o Raúl na esquerda e com o Seferovic no lugar do brasileiro. E ganharia!

      ;)

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  2. PP, apresentas o exemplo do Mandzukic ter jogado à esquerda como algo raro. Mas não é. Não sei se tens visto jogos da Juventus, mas esse posicionamento é sistemático.

    Zé Pincel

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    1. Não apresento como algo raro. Apresentei como uma estratégia para um jogo intenso. Apresentei porque vejo que o Benfica pode apresentar um onze idêntico em que o Raul pode fazer de croata tão ou melhor que ele.

      Penso que o Raul oferece mais diversidade e objetividade ofensiva que o Cervi.

      😉

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  3. Atendendo ao que podíamos ganhar e ao que podíamos perder, continuo a achar que é um risco desnecessário fazer essa alteração agora. Experimentemos quando já não precisarmos desesperadamente de ganhar...

    Acresce que atribuo muita importância nesta fase a termos o trunfo Raúl no banco, com o seu carisma de "game changer". A crença generalizada de que ele entra e faz golo ou assiste é mais de meio caminho andado para fazermos golo. Não queria perder essa arma.

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    1. Mais dois argumentos: o Porto tem a tendência para sair com a bola através do Felipe. Com Raúl em campo, seria mais fácil pressionar o brasileiro, pois este tenderia a fazer a pressão da ala para o centro, enquanto o Cervi é mais vertical na pressão.

      Quanto ao trunfo vindo do banco, Cervi e Seferovic, parecem-me ser mais do que suficientes. Isto para não falar em Salvio.

      ;)

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