08 abril 2018

Não é como começa...


... é como acaba!

Podemos não ter feito o melhor dos jogos, mas a verdade é que desde o primeiro minuto jogámos condicionados. A colocação do Couceiro de dois avançados na equipa titular sadina, não é inocente, assim como não foi inocente as constantes tentativas prevaricadoras de André Pereira e Edinho a Rúben Dias e a Jardel e Fejsa. É por esse motivo que o Rui Vitória falou do condicionalismo que existiu no corredor central. Aliás, a leitura do técnico encarnado foi perfeita, pois com o golo madrugador do Vitória, eles conseguiram levar avante esse seu plano de jogo. De qualquer maneira o Benfica reagiu com cabeça. Emocionalmente falando fomos superiores, pois não só não cedemos à táctica do sururu, como mantivemos a paciência para aplicarmos o nosso jogo após termos começado o jogo praticamente a perder... Ah! E ainda para mais depois de termos perdido o nosso melhor jogador no aquecimento: o Jonas.



Verdade que nem sempre atacámos da melhor maneira. Os tridentes das alas, quer à esquerda com Grimaldo, Zivkovic e Cervi, quer à direita com André Almeida, Pizzi e Rafa, não estiveram particularmente inspirados. Para vos ser sincero, penso que houve muito mérito aqui por parte da defesa sadina, porque estiveram sempre muito bem posicionados, quer seja para anularem as triangulações nas alas, como para cortarem os cruzamentos para a marca da grande penalidade, onde apareciam sempre um vitoriano a jogar na antecipação. A nossa asa esquerda teve um total de 9 perdas de bola, sobretudo por parte de Cervi e Zivkovic (com 4 cada um), se bem que não estão a contabilizar aqui as perdas por passe errados ou sem nexo. Por outro lado, o controlo do espaço central também foi muito bom, dificultando um desinspirado Pizzi, que teimava em fazer uma variação do centro de jogo em qualidade. Há pois uma clara indicação de que os nossos adversários já estudaram bem estes nossos movimentos, pelo que teremos que inovar um pouco nesse aspecto. Ela poderá ser concretizada com a injecção de sangue novo na equipa, pois apesar de contrariedades, há ainda jogadores que podem ser lançados e causar estragos com energias renovadas, como é o caso do Raúl e do Salvio, mas também de Seferovic e até mesmo Samaris.


Por estes motivos, na segunda parte, o Rui Vitória mexeu no onze. Com sensivelmente uma hora de jogo fez entrar o Seferovic, saindo o Rafa. A ideia não foi má. O que foi má foi o técnico encarnado ter mudado o sistema de jogo, do 4-3-3 para o 4-4-2, tendo desviado o Zivkovic para a direita. A meu ver, como o sérvio estava, com mais ou menos dificuldade, a criar perigo aos sadinos com Grimaldo e Cervi no flanco esquerdo do nosso ataque, ele não deveria ter saído dessa zona do terreno. Quem deveria ter ido para o flanco direito deveria ter sido o Pizzi, deixando a dupla sérvia a tomar conta das operações a meio-campo. Posicionalmente, também não optaria por um sistema de 4-4-2 mais tradicional, mas sim de um 4-4-2 camuflado num 4-3-3 com os dois tridentes um pouco assimétricos de tal maneira que se transformassem num 4-4-2 quando em ataque. A saída de Grimaldo para a entrada de Salvio foi positiva, pois reequilibrou o sentido posicional da equipa. De qualquer maneira, ontem foi uma noite mais desinspirada, pelo que foi necessário vestir o fato-macaco, para arrancar uma vitória que nos estava a escapar. Desenganem-se quem pensa que apenas tivemos a sorte do jogo. Não! Esta foi procurada e saiu-nos bem suada. Mas, também é verdade que com este manto sagrado e com o nosso 12º jogador, torna-se mais fácil os maus momentos.


(Não) entendi a conversa do Couceiro na sua entrevista rápida no final do encontro. Este tipo de insinuações camufladas numa postura hipócrita e superior, ao dizer que «no final da época todos "nós" devemos sentar à mesma mesa e falar sobre o estado do futebol português» depois de lhe terem perguntado pelo lance da grande penalidade, diz tudo sobre a forma como esta gente está no desporto rei. Sinceramente, por muito bom que sejam tecnicamente, estão a mais, até porque não os vejo a ter este mesmo tipo de argumento e postura quando perdem com os clubes da sua dimensão ou contra Porto e Sporting. Para além disso, nem sequer tem razão. Não só porque montou uma estratégia que visava apenas e só aproveitar o erro do adversário (ou seja, nem sequer é uma estratégia de futebol positivo e de jogar o que os seus jogadores realmente podem jogar), como também demonstra uma azia profunda ao não querer aceitar um erro do seu jogador que cometeu uma grande penalidade clara sobre o Salvio. Provavelmente, já estava habituado com decisões "à Capela" como na época passada... Mas, vou mais longe, ao afirmar que ele não faz isso de forma leviana. O treinador do Setúbal tem estas declarações porque sabe que vai a ter ressonância devida por parte do departamento de comunicação do Sporting e do Porto.


Mas, nada como rever o resumo do jogo para entendermos o sentido deste encontro, apesar de quererem fazer-nos ver o contrário. Provavelmente faltará várias nuances do jogo, tais como as provocações constantes dos jogadores do Vitória aos jogadores da defesa encarnada, ou então a pressão que os jogadores de Couceiro faziam ao árbitro para a mostragem de amarelos aos jogadores do Benfica, ou até mesmo de pequenas variações tácticas promovidas pelo Rui Vitória, como a saída de bola pelo Jardel a deslocar-se pelo flanco esquerdo, com o Fejsa a cobrir a sua posição de origem e o Grimaldo a fugir para a posição do sérvio no meio-campo, abrindo o flanco para o central brasileiro, entre outros pormenores, que pretendo debater nos próximos dias.



Uma última palavra para o Raúl Jiménez. Finalmente, a merecida titularidade, apesar de ter sido ganha devido à lesão de Jonas no aquecimento para o jogo no Bonfim. Esteve muito bem no eixo do ataque. Jogou e fez jogar. Mordeu os calcanhares dos defesas e desmarcou-se nas suas sombras. Combinou com os colegas em tabelas e tentou assistir os seus colegas. É claramente um avançado completo. Para mim, um dos melhores que já passou pelo Benfica.


Com esta exibição torna-se difícil retirá-lo do onze no próximo encontro, como tal, quero ver como o Vitória vai "descalçar esta bota". Por mim, seria simples, como tenho vindo a dizer já há um tempo a esta parte: escondê-lo como falso extremo esquerdo (nem seria necessário mudar de sistema táctico). Agora, o sacrificado, muito provavelmente seria o Cervi, que tem oscilado o seu nível exibicional nos últimos encontros, tal como o Grimaldo. Aliás, dos três anões canhotos que formam a nossa asa esquerda, o sérvio é aquele que melhor tem estado.






P.S. 1: Jonas, Jiménez e companhia, venham cá ver quem quer levar uma sacola cheia de bolas para casa, já na próxima jornada... Se estivesse mais focado em defender a sua baliza em vez de estar a ver os jogos do Glorioso, o Porto se calhar estaria mais bem classificado, não achas Iker? Ah! E, já agora, que é essa coisa de comparar alhos com bugalhos? É que se há algo semelhante nesses dois lances que apresentas é que são ambos faltas sobre os jogadores de vermelho.


P.S. 2: Quantos de nós não comemora um golo do Glorioso como o Jonas?


P.S. 3: E, digam lá se este manto Glorioso não tem poderes especiais?



6 comentários:

  1. Claramente tem de se treinar mais o papel do PL quando o Jonas não está em campo. Este 433 sem Jonas tem de se portar de forma muito diferente, ao nível dos comportamentos colectivos, do que fez no Bonfim, para não nos arriscarmos a termos uns "Maufins".

    Já o tweet do clube a encorajar o jogador: . Comunicação é isto.

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    1. Para mim, o Raúl esteve muito bem. Não foi por aí que senti diferença. Onde senti diferença foi na saída de bola para o ataque (nem sempre foi a melhor, mas houve boas indicações) e nas combinações entre lateral, interior e extremo (muitos passes errados e imprecisos). No ataque penso que faltou mais gente a chegar nas zonas de finalização.

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    2. «Para mim, o Raúl esteve muito bem.» Para mim também, daí ter mencionado que o 433 tem de se portar de forma diferente ao nível dos comportamentos colectivos.

      Nem Raul vai ser um Jonas, na hora de vir buscar jogo, nem Jonas vai ser Raul na hora de prender e forçar o erro a defesas.

      Se Jonas tiver a mínima lesão para o Clássico para mim Raul vai a jogo para limitar a saída do Porto pelos centrais. Não nos iludamos, com Raul em campo o Porto perde 5/10 metros na construção pelo centro.

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    3. É verdade. E se jogarem os dois de início estou convencido que eles não saem da pequena área.
      😉

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  2. E esqueci-me: Jonas a celebrar! <3

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