... aos sadinos do passado fim-de-semana.
Verdade que o Benfica joga amanhã frente ao Porto, no dragão. Contudo, ainda há muito para falar do jogo do passado fim-de-semana frente ao Vitória de Setúbal. Começo por destacar aquele que foi realmente o melhor jogador da partida: o Luisão! O capitão encarnado esteve absolutamente sublime em todos os capítulos. Entrou em campo com um foco e mentalidade de que nada, nem ninguém iria passar-lhe naquela noite. E, assim foi! O girafa conseguiu ganhar para a equipa aqueles 30 a 50 metros à frente da nossa baliza e, colocou a nossa linha defensiva sobre a linha de meio-campo. Inclusive, foi mais além e colocou os encarnados em vantagem com o primeiro golo da partida, após lance de bola parada do laboratório da Luz. Por curiosidade, o camisola 4 encarnado já não marcava para a 1ª Liga à mais de um ano... Para mim, foi sem sombra de dúvidas o melhor jogador dessa noite!
Mas, não foi o único na defesa a ter um excelente desempenho. Na baliza, o Bruno Varela esteve seguro: no pouco que teve que fazer, esteve bem atento e transformou tudo em lances fáceis. Incluindo quando teve que fazer de parede num lance em que foi ao segundo anel agarrar uma bola e levou com um adversário no peito, não deixando cair o esférico. Está mais confiante e focado. Percebeu que não pode errar e aceitou o desafio. Olhando para a entrevista que foi alvo durante a semana, parece-me que o Varela quer definitivamente agarrar a oportunidade. E isso é muito bom para ele e para o Benfica. Vai ser interessante ver este duelo entre o Varela e o Svilar para a baliza que outrora foi do imperador. Com a subida da linha defensiva, tanto o André Almeida como o Alex Grimaldo foram muito mais perigosos em termos ofensivos. E, o facto de jogarmos com três médios, permite que estes laterais em termos defensivos estejam mais bem protegidos nas coberturas defensivas primeiro pelos médios interiores e se for necessário pelos extremos. Somente Jardel parece estar a um nível abaixo dos restantes. Mesmo assim, mais do que o suficiente para lutar nas alturas e servir o seu colega de posição para o primeiro do Benfica nessa noite. Ou seja, está para breve o melhor Jardel. Que seja já no dragão!
Relativamente ao meio-campo, o que dizer da exibição primorosa de Pizzi?! Um autêntico maestro, quer seja como "8", como "10" ou até como "7", como aconteceu na segunda parte, quando o Rui Vitória optou pelo 4-4-2 com a entrada de Seferovic. Reparem que muitos poderão dizer que a exibição do internacional português deveu-se à presença do jovem Krovinovic. Pode até ser um pouco verdade. No entanto, o factor que mais contribuiu para a exibição do camisola 21 prende-se sobretudo pela capacidade de Luisão ter colocado a linha defensiva bem subida no terreno. Perante, adversários mais fortes, temo que tal não seja possível, pelo que irei ver com expectativa a resposta que o tridente formado por Krovinovic-Fejsa-Pizzi, irá dar em campo...
Mas, continuando, o médio-defensivo sérvio até acabou por ter uma noite mais ou menos calma. Dos três foi o que jogou pior, pois teve na segunda parte uma perda de bola na primeira fase de construção muito comprometedora. De qualquer forma, na primeira parte, por mais do que uma vez, vi o camisola 5 a arriscar no passe longo com muita qualidade para variar o centro de jogo. Isso é determinante, para aproveitar os espaços e a incapacidade do adversário conseguir bascular a tempo para fechar o espaço noutro lado do campo. Quanto ao novo camisola 20, já todos o conhecíamos com a bola nos pés, por isso não fiquei surpreendido com a sua qualidade e visão de jogo. Agora, sem bola, foi um autêntico David frente aos Golias adversários. Há um lance em que ele ganha a bola ao adversário com enorme categoria, quando este tinha acabado de recuperar o controlo do esférico e preparava-se para fazer a transição ofensiva. Isto só para não falar das inúmeras vezes que ele mete a bola redondinha a jogar para os companheiros depois de ter sofrido cargas para faltas. É deste tipo de atitude e compromisso que estarei à espera no dragão.
Falando um pouco do ataque, o craque da equipa, o Jonas, foi com naturalidade considerado o melhor em campo pelos adeptos, muito porque na realidade é ele que marcou os golos, comemorou e ultrapassou a marca dos 100 golos de águia ao peito e, porque teve momentos de futebol com pormenores deliciosos - aquele pontapé à meia-volta é qualquer coisa de fenomenal. Sobre o camisa 10, apenas realçar que no dragão a história será outra. A meu ver, penso que se o Benfica jogar na fase de construção como fez frente ao Setúbal, poderá retirar enormes dividendos. Primeiro, porque os centrais do Porto ficarão baralhados pois o Jonas estará a maior parte do tempo a jogar entre-linhas, como "9.5". Segundo porque se ora não está entre os centrais, rapidamente, nos momentos seguintes, aparece nas zonas de finalização. Criando grandes dificuldades para o sistema defensivo dos azuis-e-brancos.
Para que isso aconteça é necessário que os extremos e os médios estejam em sintonia. Da parte dos médios, parece-me que há confiança para conseguirem fazer ligação com o Jonas, até pelo que escrevi sobre o jovem croata sem bola, pois isso permite que tenhamos um tridente de meio-campo coeso e batalhador. Agora, relativamente aos nossos extremos fico na dúvida, sobretudo, com o Cervi. O Salvio é muito importante - apesar de muitos adeptos não aceitarem isso - na estratégia ofensiva do Benfica. O golo que o argentino marca frente aos sadinos, é um exemplo perfeito de como o Rui Vitória vê o potencial do Toto pelo lado direito. O recuo de Jonas que formará com o André Almeida e o Pizzi um triângulo, que permite libertar o Salvio para explorar o espaço entre o lateral e o defesa central sobre o lado esquerdo adversário e, também, explorar o espaço nas costas dos defesas adversários. Nesse contexto, o camisola 18 é muito mais efectivo que qualquer outro dos colegas que joguem no lado esquerdo, ou até do lado direito. Desse modo, o Cervi em termos ofensivos tem deixado muito a desejar. Ele tem técnica mais do que suficiente para livrar-se dos adversários. Mas, abusa em demasia disso. E, como tal, ou perde a bola para o adversário, ou quando pretende passar ao colega, já perdeu o tempo de passe. Depois compensa em termos defensivos, mas no cômputo geral a equipa não desenvolve muito jogo pelo seu lado. Já o Zivkovic, quando entrou fez o que se pedia, tendo acrescentado até valor, na medida que explorou a sua capacidade de passe para meter a bola no extremo oposto com um passe que cruzasse as costas da linha defensiva do Setúbal, colocando-os em sentido a maioria do tempo. Isso contribuiu para que o espaço entre os centrais e os médios sadinos nunca se encurtasse. Esta é uma arma que o Cervi poderia utilizar e não utiliza. Quanto ao Seferovic e ao Samaris, nada a apontar a este último, mas algo a apontar ao primeiro: exigia-se que aquela bola que teve para golo tivesse concretizado. Entrou claramente pouco focado e se era para isso, talvez tivesse arriscado no Raúl em vez deste, pois normalmente, o mexicano é muito focado e intenso em todos os minutos que tem disponíveis para se mostrar. Termino com o resumo do jogo...
P.S.: Há um tema que irei abordar num artigo futuro, talvez depois do clássico, que prende-se com as nuances tácticas deste 4-3-3 encarnado, comparado com aquele que considero ser melhor para o desenvolvimento dos jogadores e da sua qualidade de jogo. De qualquer modo, o Rui Vitória tem mostrado que há mais caminhos para o sucesso, o que tem sido engraçado ver e que infelizmente muita gente desvaloriza.
Belo post, que subscrevo. Até na parte sobre Varela: embora continue a defender a titularidade de Svilar, que o Varela voltou outro é inegável.
ResponderEliminarAcrescentaria só um maior destaque ainda, mais pelo factor surpresa: André Almeida com bola. Que diferença! Foi este AA que me levou a defendê-lo no início desta época, sublinhando as grandes melhorias no jogo ofensivo dele, desde que chegou até então. Só para chatear ;), ele voltou aos níveis de qualidade com bola que tinha quando chegou, durante uns bons meses desta época. Que o AA da última jornada tenha vindo para ficar e apareça hoje em força no antro frutista! É fundamental que os laterais do Benfica tenham também competências ofensivas.
O Almeida não tem estado muito bem fisicamente. Os seus melhores jogos são aqueles que ele se apresenta bem soltinho.
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