01 novembro 2016

Estará António Conte a transformar...


... de classe mundial, ou estará a desperdiçar um talento?


Ao invés da "doçura" de ver um programa de taberneiros doutorados, ou até mesmo a ler as "macacadas" nas redes sociais, ou a lamber páginas de relatórios de contas com a calculadora à mão para ver quanto custou-nos o Carrillo, preferi a "travessura" dos tempos modernos e de ver um programa sobre futebol, feito por pessoas do futebol e para os amantes de futebol: Monday Night Football (em bom português chama-se noite de futebol à segunda-feira). E hoje, foi um programa delicioso, até porque falou de um dos grandes jogadores que passou pelo Benfica nos últimos anos. Falo de David Luiz que foi alvo de análise de Jamie Carragher no programa desta noite.

O ex-central do Liverpool analisou a evolução do internacional A canarinho sob as ordens do técnico transalpino António Conte, conforme se poderá verificar pelo video em baixo. Nesta análise, fica-se com a ideia de que o italiano colocando o David Luiz na posição mais central no eixo de 3 defesas, consegue com que o brasileiro cometa menos riscos com a bola nos pés. Ao mesmo tempo, faz realçar todas as qualidades técnicas, tácticas e físicas do David no momento defensivo, pois é talvez o central mais completo na actualidade. Isto é acompanhado de factos estatísticos que comprovam que a performance defensiva do ex-encarnado é talvez a melhor desde que foi para Inglaterra.

No entanto, pessoalmente, penso que Conte está a perder um jogador que poderia ser fundamental na primeira fase de construção. Provavelmente, o ex-técnico da Juventus, nem quererá ter um "central-lateral" (termo que passarei a usar quando falarmos de sistemas de 3 centrais, para distinguir o central do meio, o normalmente conhecido por líbero) que arrisque muito mais do que circular um pouco a bola de um flanco para o outro. No entanto, o David Luiz não é jogador para estar constantemente a arriscar passes verticais e diagonais de elevado risco, ou até mesmo correr com a bola controlada, se o treinador não o desejar. Contudo, dada a sua qualidade técnica, Conte poderá ter um jogador com enorme qualidade no passe, que não é rentabilizado porque joga como líbero de modelo argentino (ou seja, mais defensivo).

Ironicamente, por oposição ao líbero de modelo italiano (i.e., um terceiro central que pode jogar atrás ou à frente que os outros dois centrais, quando a equipa está sem bola), ou ainda por oposição ao líbero de modelo alemão (no qual o central é o primeiro a iniciar a jogada para depois aparecer mais à frente numa combinação 2 contra um com outro dos centrais). Isto acontece, porque o futebol moderno mudou. Hoje essa liberdade é dada mais aos centrais-laterais, porque não só a maioria das equipas jogam apenas com um avançado ponta-de-lança, como também descem muito as suas linhas. Há pois necessidade de envolver mais defesas na construção de jogo.

Pessoalmente, eu tentava arranjar outro compromisso. Verdade que o David Luiz é o central mais veloz que o Conte tem. Contudo, olhando para o onze titular, vemos o Chelsea jogar sem talvez o seu melhor médio: o espanhol Fàbregas. Sendo assim, porque não recuar o Matic para o tridente defensivo e fazer entrar o espanhol para o meio-campo? Agora, Conte poderia criar uma dinâmica entre Matic e David Luiz no tridente defensivo, para que cada um à vez fosse ocupando a posição de "líbero". Isto libertaria o David Luiz para outras funções de construção e a dinâmica entre ele e o sérvio, poderia ser benéfica sobretudo frente a equipas mais pressionantes e que dificultam as saídas para a primeira fase de construção de jogo. No meio-campo, a entrada do Fàbregas fazia o Chelsea ganhar outra inteligência de jogo, que uma dupla formada por Kanté e Matic não concede.



6 comentários:

  1. Adorava que houvesse um programa como este em Portugal,mas aqui gostam mais de passar o tempo a falar de vouchers ou se o JJ fala ou nao com BdC.

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    1. É mais barato fazer como estão a fazer. Pelo menos poderíamos pensar dessa maneira se fosse um programa de um canal público ou privado generalista. Contudo, quando vemos que são programas de canais de cabo, pagos a peso de ouro, é caso para perguntarmos se não estamos a pagar gato por lebre.

      Cada vez há menos futebol na televisão e mais conversa de café nela.

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    2. para fazerem isto tinham de ter pessoal pago que saiba de futebol. Ou acham que o Rui Santos percebe alguma coisa de bola jogada? Assim ate eu via programas de futebol

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    3. E é aí que não se entende. Se existem televisões que são pagas pelo público através dos contratos com as operadoras de cabo, porque raio não investem em programas decentes?

      Acho que o mal está na falta de exigência do público. E, para ser sincero, ainda bem que existe este modelo inglês que podemos ver. Assim talvez comecemos todos a exigir mais e melhor programação futebolística.

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    4. O programa "titulares" com Ricardo, Simão e Chaíno tem-se revelado uma boa surpresa. Obviamente não ao nível do MNF, mas ainda assim

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    5. Mas, por cada programa desses existem uns 3 ou 5 dos rascas... :(

      Vamos ver o que o futuro nos reserva.

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