De Kostas...

... e o reflexo da incapacidade física e mental para competir 3 vezes por semana.

Gosto muito do Kostas Mitroglou. É um poderoso ponta-de-lança, é tal como o Cardozo um jogador esquerdino, possui até um pouco mais de mobilidade que a referência atacante do Benfica na última década e é igualmente um goleador. Contudo, quando as coisas não estão a correr bem, é importante fazer as devidas referências, mesmo quando se trata de um dos jogadores mais acarinhados dos adeptos encarnados. Por tudo isso, é importante que o leitor tenha uma mente aberta para entender este artigo.

Já há muito que acompanho as suas exibições e tenho reparado que o camisola 11 não aguenta quer fisicamente quer mentalmente três jogos por semana. Muito provavelmente, os indicadores dos índices físicos poderão estar OK, mas o que vemos em campo é completamente diferente. Por exemplo, Em outubro, o Benfica defrontou numa semana o Paços de Ferreira e o Dynamo de Kyev na Luz e depois foi ao dragão. Em todos eles o ponta-de-lança grego foi titular. No entanto, enquanto frente à equipa pacense pressionou os defesas adversários, procurava jogo entre-linhas e diagonais para as laterais, frente ao Dynamo era vê-lo apenas a jogar em 10 metros quadrados entre os centrais adversários e sem fazer qualquer trabalho defensivo sem bola. Pior foi frente ao Porto, onde na prática, foi menos um, uma vez que nem defendia, nem segurava nenhuma bola lá na frente.

Bem, pode ser uma má fase, ou o jogador ainda não atingiu a sua melhor forma, etc. Isso é tudo desculpas, para não conseguir ver o que está à vista. Ainda esta semana verificou-se isso. Depois da pausa para os compromissos das seleções, o grego regressou e fez no sábado passado um excelente jogo frente ao Marítimo. Contudo, na quarta-feira, frente ao Besiktas, a partir dos 60 minutos foi como se não estivesse lá. Para mim é prova mais que cabal que o Mitroglou realmente não é um jogador que consiga fazer três jogos consecutivos por semana de ritmo elevado. Para vos ser franco, só os jogadores de elite realmente o conseguem fazer. E, mesmo esses muitas vezes não conseguem manter a consistência nos 3 jogos todas as semanas. Mas, o Mitro ainda consegue menos. Talvez por isso ele não se tenha conseguido manter-se na fisicamente exigente EPL.

Mas, o mais curioso é que não denoto um desgaste físico brutal nos jogos que realiza. Muitas vezes ele é substituído aos 85 minutos e vejo-o sem uma cara de quem tenha feito um esforço titânico, ou que a sua linguagem corporal transpareça isso. Isso faz-me pensar se não será um caso de fadiga mental. Há jogadores que têm maior fadiga mental devido à competição. Há jogadores que se pudessem jogavam todos os dias. Outros, que embora sem nunca confessarem, preferem passar um certo tempo até a "fome de bola" aparecer. Para mim, o Mitroglou encaixa perfeitamente neste lote.

Tendo em conta que ao Benfica não lhe faltam avançados de qualidade, penso que está mais do que na hora do Rui Vitória espicaçar um pouco o grego, fazendo o que deve ser feito: dar mais minutos ao Raúl Jiménez. Penso que depois de um jogo tão perdulário e tão fraquinho do Mitroglou na Turquia, ninguém levará a mal se o RV apostar no Raúl como titular já no próximo encontro. Isto teria um duplo efeito. Não só mandava uma mensagem explícita para o Mitroglou, como também dava uma oportunidade ao mexicano. Os adeptos ficariam igualmente satisfeitos e a própria direção também, uma vez que o lugar do maior investimento em contratações do Benfica tem de ser o campo e não o banco de suplentes.

Já agora, pelas características futebolísticas do Raúl, penso que seria um acréscimo na qualidade de jogo da equipa encarnada, uma vez que contribuiria muito mais sem bola que o grego e com bola daria outro tipo de opções para além daquelas que o Kostas oferece. Por outro lado, se o treinador manter essa aposta no onze durante 5 a 10 jogos consecutivos, iremos ver o "matador" que temos por detrás da dorsal 9 encarnada. Isto seria excelente, pois o próprio Mitroglou teria que dar a corda aos sapatinhos e elevar ainda mais o seu jogo. Por isso mesmo, penso que está nas mãos do técnico encarnado perceber o que se passa e resolver esta situação.

Penso que este é o momento exacto para dar apostar no mexicano e com isso gerir
esta lacuna do jogo do Mitroglou.