Amanhã só há um resultado possível: a vitória!
Um clássico decisivo
Ainda sem terminar a primeira volta do campeonato, muitos poderão dizer que ainda é muito cedo para dizer que o jogo deste domingo possa ser decisivo para as aspirações das duas equipas na discussão do título nacional. Nada de mais errado e perigoso. Errado, porque o fosso entre estas duas grandes equipas e as restantes da 1ª liga nacional (exceptuando Sporting e uma ou outra) é imenso. Como tal, a maior parte dos jogos serão quase como um passeio para o Benfica e o Porto. Perigoso, porque a pensar assim poderemos estar a relaxarmos para estes importantes duelos e assim pensar baixar o nosso nível de exigência e ambição.
Um Porto invicto mas não convicto
O momento para o Benfica é agora! Amanhã, o Glorioso tem uma importante oportunidade de ferir por completo quaisquer aspirações que a equipa azul-e-branca possa ter no campeonato. Ao conseguir retirar a invencibilidade portista nesta competição, não estará apenas a derrotar um dos seus mais acérrimos adversários das últimas décadas, mas sim colocar a nu todas as suas debilidades, que muitas vezes são escondidas por conveniência de muita gente.
A equipa do espanhol Lopetegui está longe de convencer. Em primeiro lugar, o basco ainda não apresentou um onze portista com certa regularidade. Existem umas traves mestras no seu onze, como por exemplo, o guarda-redes Fabiano, o lateral direito Danilo, o central Martins Indi, o médio-defensivo Casemiro, o extremo Brahimi e o ponta-de-lança Jackson Martinez. Todos os restantes que completam o seu 11 têm variado muito. Têm-no, porque o técnico azul-e-branco, também tem estado a experimentar vários sistemas para poder entender qual o que servirá melhor seu conjunto: desde o tradicional 4-3-3 (que tem sido o mais estável nos encontros mais importantes), até ao mais arrojado 4-4-2 (que levou-o à eliminação prematura na Taça de Portugal, frente ao Sporting), passando pela nova tendência do 4-2-3-1 (que tem sido mais trabalhado pelo espanhol). As maiores dificuldades do espanhol encontram-se no centro da defesa e no meio-campo, onde ainda não conseguiu achar os elementos certos para combinarem de forma equilibrada.
Na minha opinião, o melhor onze que o Porto poderá apresentar no Dragão amanhã, será o seguinte: Fabiano na baliza; quarteto defensivo formado por Danilo à direita e Alexsandro à esquerda e Maicon e Martins Indi no centro da defesa; Casemiro a médio-defensivo, coadjuvado pelo mexicano Herrera e pelo criativo Oliver; Tello e Brahimi serão os extremos e o ponta-de-lança será o colombiano Jackson Martinez. Este onze deverá assentar-se numa base de 4-3-3, com capacidade para se transformar num 4-2-3-1, com o benjamim espanhol Oliver por trás do ponta-de-lança. Poderá haver, dúvidas sobre se o preferido para este encontro para a posição de médio-ofensivo não será o colombiano Quintero. Mas, olhando para a preferência pelo "pibe" espanhol por parte de Lopetegui, penso que a escolha recairá conforme mencionei. Notar, que acredito que Herrera seja titular. O mexicano é muito importante no apoio ao Casemiro nas tarefas defensivas. Para além disso, é o jogador mais intenso no meio-campo que o Porto possui nas suas fileiras.
Em termos de dinâmicas, estou à espera de ver um Tello mais vertical na ala direita que o Brahimi na ala esquerda. O algerino sendo destro e jogando na ala esquerda, tenderá procurar sempre o slalom para o corredor interior. Isso permitirá que o lateral esquerdo seja mais vertical que o direito, para manter o equilíbrio. No corredor central, vejo o Maicon a ficar nas sobras enquanto o Indi procurará mais a marcação. Casemiro será o ponto de equilíbrio da equipa, enquanto Herrera será o responsável pela aceleração e Oliver o criativo que procura servir o trio da frente. Jackson funcionará como pivot ofensivo, como tem sido habitual vê-lo nos últimos clássicos.
Um Benfica com atitude e talento
É tudo o que se pede ao onze encarnado que entrar no estádio do Dragão amanhã. Jorge Jesus tem aqui uma oportunidade de ouro de criar o caos no ceio do seu maior adversário na luta pelo título. E, só precisa de ser igual a si próprio. Ou seja, só precisa de colocar o seu onze mais regular neste momento. Escrevo do onze que coloquei na figura de proa deste artigo, onde constam: Júlio César na baliza; Maxi Pereira como lateral direito, André Almeida como lateral esquerdo e a dupla de centrais formada por Luisão e Jardel; Samaris e Enzo no meio-campo; Salvio e Gaitán nas alas; e a dupla atacante formada por Talisca e Jonas.
Embora este onze possa estar assente numa espécie de 4-4-2 (4-1-3-2), a polivalência dos seus jogadores pode transformá-lo num 4-2-3-1, por exemplo. Nesse capítulo, penso que o Benfica leva clara vantagem sobre o Porto. Os métodos de trabalho de Jesus assim o permitem, pois claramente o entendimento dos vários momentos do jogo por parte dos pupilos do técnico encarnado, estão mais bem assimilados. Por exemplo, facilmente vemos o Salvio e o Gaitán a jogarem quase como laterais, quando é necessário fazê-lo, do que propriamente Tello e Brahimi.
São esses desequilíbrios que o Benfica poderá e deverá explorar na estrutura azul-e-branca. Nas faixas, penso que Maxi Pereira e André Almeida estarão mais que aptos para anularem as investidas dos extremos portistas. Por outro lado, os extremos encarnados facilmente poderão controlar as subidas dos laterais ofensivos do Porto. Em termos ofensivos, os desequilíbrios poderão ser feitos através de combinações nas alas. Por exemplo, Talisca e Gaitán na esquerda poderão em certos momentos do jogo trocarem de posição. Isso obrigará a que Danilo se resguarde das tarefas ofensivas, ficando mais isolado e afastado de Tello. Depois, com o jovem brasileiro no seu sector, terá maior dificuldade no confronto físico, dada a envergadura de Talisca. Este, por sua vez, poderá ser o pivôt ideal para em caso de passe, entregar rapidamente a bola a um Gaitán que venha do centro para o espaço vazia atrás de Danilo. Do lado direito, Salvio em progressão apanhará um desposicionado Alexsandro, pois este é o lateral azul-e-branco encarregue de dar profundidade ofensiva à ala esquerda, como já vimos. O argentino sendo forte no um-contra-um poderá criar desequilíbrios. Mas, se combinar com um Jonas, para a tabelinha e progressão no seu sector, poderá não só tirar o lateral esquerdo, como o central desse lado e/ou até mesmo o Casemiro da jogada. Em posse de bola, a projecção dos laterais encarnados deverá ser devidamente aproveitada.
Quanto ao corredor central, Jardel será fundamental no controlo do Jackson Martinez. Luisão procurará ser o homem das dobras, tanto para as movimentações de Jackson, como de Brahimi. Samaris, será fundamental na primeira fase de construção, mas também na compensação defensiva nos três corredores. Enzo, procurará pressionar e juntamente com o grego recuperar bolas a meio-campo. Em termos ofensivos, será fundamental para quebrar linhas de pressão, com a sua excelente condução de bola e protecção da mesma. Depois, Talisca e Jonas serão aqueles que mais deposito confiança em fazer grandes estragos na defesa do Porto. Jonas tem arte e classe para deixar o holandês do Porto a marcar o vazio. Já Talisca, funcionando como "9,5", poderá atrair para si três focos: Maicon, Danilo e Casemiro. Jonas, Gaitán, Enzo e o próprio Talisca poderão aproveitar isso mesmo. Então se houver trocas posicionais... será a confusão total na defesa azul-e-branca.
Uma mensagem de apoio do mago
«Este tipo de duelos é a face mais bela do jogo. A minha mensagem passa por aí: joguem com orgulho, honrem o símbolo que representam, absorvam o ambiente de paixão que vos chega das bancadas. O resto é atitude e talento.»
por Pablo Aimar
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