Análise às tentativas de explicação de Jorge Jesus sobre alguns dos temas quentes da política de contratações e não só.
As conferências de imprensa desta semana de trabalho foram profícuas no que toca a entender algumas das opções que Jorge Jesus e esta direcção encarnada têm tido relativamente a alguns atletas.
Contratar jogadores para depois dispensar
Sinceramente, por mais que o Jesus possa dar como exemplos de casos de sucesso como o Enzo e o Rodrigo, não acho que o Benfica tenha assim tanta necessidade de fazer contratações que não sejam para serem vistos como reforços e não apenas para serem opções do plantel. Aliás, qualquer contratação deveria ter como finalidade máxima o de reforçar a equipa principal.
O Benfica é o maior clube nacional e tem capital mais do que suficiente para adquirir jogadores que realmente necessita, evitando criar uma espécie de "piscina de talento" no qual todas as temporadas vai buscar um ou outro jogador para suprir dificuldades. Reparar que o futebol é o momento, é o agora. E, os jogadores que irremediavelmente ficam nessas "piscinas" acabam por perder o seu brilho em prol dos jogadores que estão sempre aparecendo. Ou seja, o Benfica ao sentir-se atraído por tudo o que reluz, acabará por não criar uma piscina, mas sim um autêntico oceano de jogadores. Não é à toa que temos mais de 100 jogadores com ligação contratual com o Benfica...
Depois, face aos valores envolvidos nas contratações, na ordem dos vários milhões de euros, são investimentos muito elevados para andarmos aí a brincar aos empréstimos. Mais ainda, não compreendo, como se pode fazer evoluir decentemente certos jogadores em ambiente de claro excesso de competitividade. Notar que a competitividade é excelente na dose certa, i.e., por escassez, os jogadores titulares tendem a relaxar, mas por excesso, essa competitividade tende a estrangular as exibições, pois todos os candidatos vão querer serem eles os focos das atenções e com isso o jogo colectivo perde-se. Não é à toa, que muitas vezes nas pré-épocas, vemos muitos desses jogadores a serem demasiado egoístas nos jogos.
Para mim, este tipo de estratégia não tem razão de existir e as explicações avançadas são fracas. A quem eu penso que elas servem é às entidades que saem a lucrar destas políticas: agentes ligados ao futebol, empresários e demais comissionistas envolvidos, quer sejam internos ou externos.
Tiago e Talisca
Não percebo como o técnico encarnado consiga dizer que tanto o Bébé de 1,90m, como o internacional sub20 brasileiro, não sabem o que são os momentos do jogo, e que tenha-os preferido a jogadores da formação como o Ivan Cavaleiro e o Bernardo Silva que tiveram uma formação de qualidade e sob a chancela do técnico encarnado, no que respeita aos conteúdos programáticos da respectiva formação futebolística.
Mesmo que a explicação seja de que os jovens canterados não têm muita experiência, tirando o Tiago, também o Talisca não tem mais experiência que os dois canterados encarnados, pelo que esta não deverá ser a explicação mais plausível.
Sendo assim, só encontro explicação com força suficiente, quando olho para o sistema de contratações que uns e outros acarretam, e a quantidade de pessoas e prémios envolvidas num e noutro sistema...
"Jota-Jota" até poderá invocar a capacidade atlética destas duas recém-contratações em contrapartida com os dois jovens da formação, mas será que isto é fundamental para montarmos uma excelente equipa de futebol? É claro que não. Há outras formas de resolver o problema da questão física ou outra qualquer, e penso mesmo que Ivan e Bernardo, poderiam fazê-lo... até porque não estou a defender as suas titularidades, mas sim as suas oportunidades.
O que eu vejo é que facilmente encontram-se desculpas para não se apostar nos jovens de qualidade da nossa formação, sejam elas a falta de experiência, a falta de qualidade, etc. Contudo, poucas ou nenhumas questões são levantadas sobre quem contrata ao exterior.
Mais do que promessas eleitorais, eu penso que o Benfica de Luis Filipe Vieira poderia já arriscar um pouco mais com os jogadores saídos da formação, até porque: a) a qualidade da formação aumentou, b) a qualidade do jogador formado aumentou, c) a criação das equipas B diminui imenso o fosso entre o futebol de formação e o profissional que existia. Ou seja, deixa de haver razões para não se apostar, a não ser outras de estirpe menos clara e transparente.
Um olhar financeiro sobre esta temática
Fala-se imenso da necessidade do Benfica vender, ora para cumprir as suas obrigações com a banca, ora porque o mercado assim o implica, ora porque os fundos o requerem, ora porque os jogadores querem, ora porque toda a gente, menos o Benfica clube, sai a beneficiar... mas, pouco se tem falado sobre o quanto o Benfica já gastou esta temporada em contratações...
Para os menos atentos, o Benfica já gastou esta temporada tanto ou mais do que ele é capaz de gerar em toda uma temporada (Receitas - Custos = Resultados) em contratações neste defeso, i.e., cerca de 20/25 M€. Numa altura em que a contenção de custos é a palavra de ordem em todo o mundo empresarial e futebolístico, o Benfica faz ouvidos de mercador perante umas coisas e outras não.
Mais uma vez, só consigo ver uns quantos a saírem beneficiados deste tipo de política... gostava de saber porque são sempre os mesmos e o que eles têm a mais do que os outros na estrutura encarnada. Gostava de saber qual a mais valia para o Benfica deste tipo de política de contratações.
O que eu sei é que mesmo que a política desportiva encarnada não seja a mais transparente, a mais racional e a mais sustentável, a diferença que existe entre o Benfica e os restantes clubes da primeira liga (exceptuando os outros grandes) é de tal forma enorme, que mesmo com uma política desportiva desequilibrada, o clube consegue sair vitorioso. E, perante estes factos torna-se muito difícil mudar as coisas...
Boa postadela. Continua !!!
ResponderEliminarÓ pra mim a vir aqui ler o post e dar de caras com dois "pesos pesados" da blogosfera Gloriosa em completo antagonismo!
ResponderEliminarVou ali beber uma Cuca com uma jinguba a acompanhar e já volto!
Diácono Remédios não entra na ideia do texto anterior!
ResponderEliminarpelos vistos os meus comentários também foram por água abaixo. Problema informático concerteza.
ResponderEliminarOs teus comentários foram eliminados porque se encontravam como resposta a um comentário que avaliei como impróprio e que em nada contribuía para uma debate saudável sobre estas temáticas das políticas desportivas e financeiras do Benfica.
Eliminar"Não é à toa que temos mais de 100 jogadores com ligação contratual com o Benfica..."
ResponderEliminarCaro PP, tenho sentido da tua parte uma onda negativa surpreendente, ainda para mais com dados imprecisos, o Benfica não tem mais de 100 jogadores sobre contrato, fica a lista para a tua base de dados...
Aqui vai a nova lista de jogadores seniores sob contrato profissional:
Guarda Redes:
Artur Moraes Plantel Principal
Paulo Lopes Plantel Principal
Bruno Varela Equipa B
Thierry Graça Equipa B
Miguel Santos Equipa B
Defesas:
Maxi Pereira Plantel Principal
Luisão Plantel Principal
Jardel Plantel Principal
César Plantel Principal
Lisandro Lopez Plantel Principal
Steven Vitória Plantel Principal
Sidnei Plantel Principal
André Almeida Plantel Principal
Eliseu Plantel Principal
Loris Benito Plantel Principal
Pedro Rebocho Equipa B
Nélson Semedo Equipa B
Victor Lindelof Equipa B
Joao Nunes Equipa B
Alexandre Alfaiate Equipa B
Bruno Gaspar Equipa B
Fabio Cardoso Equipa B
Marcos Valente Equipa B
João Cancelo --> Emprestado (Valência)
Luis Felipe --> Emprestado (Criciuma)
Serginho Neves --> Emprestado (Belenenses)
Carlos Ascues --> Emprestado (San Martin)
Gianni Rodriguez ?
Rudinilson ?
Médios:
Nico Gaitán Plantel Principal
Enzo Pérez Plantel Principal
Salvio Plantel Principal
Ruben Amorim Plantel Principal
Fejsa Plantel Principal
Ola John Plantel Principal
Anderson Talisca Plantel Principal
Pizzi Plantel Principal
Miralem Sulejmani Plantel Principal
Daniel Candeias Plantel Principal
Pawel Dawidowicz Equipa B
João Teixeira Equipa B
Rúben Pinto Equipa B
Raphael Guzzo Equipa B
Rochinha Equipa B
Nuno Santos Equipa B
Hélder Costa Equipa B
João Amorim Equipa B
Urreta Equipa B
Carlos Martins Equipa B
Airton --> Emprestado (Botafogo)
Jorge Rojas --> Emprestado (Gimnasia de la Plata)
Filip Djuricic --> Emprestado (Mainz)
Bernardo Silva --> Emprestado (AS Mónaco)
Luis Fariña --> Emprestado (Deportivo Corunha)
Ivan Cavaleiro --> Emprestado (Deportivo Corunha)
Jota --> Emprestado (Vilaverdense)
Didi ?
Jim Varela ?
Avançados:
Lima Plantel Principal
Derley Plantel Principal
Nelson Oliveira Plantel Principal
Bébé Plantel Principal
Franco Jara Plantel Principal
Kevin Friesenbichler Equipa B
Victor Andrade Equipa B
Gonçalo Guedes Equipa B
Romário Baldé Equipa B
Rui Fonte Equipa B
Lolo Equipa B
Yannick Djaló --> Emprestado (San José Earthquakes)
Clésio --> Emprestado (Harrisburg City Islanders)
Rogélio Funes Mori -> Emprestado (Eskisehirspor)
Harramiz Soares ?
Juan San Martin ?
Michel ?
Cristián Ramírez ?
Plantel Principal: 27
Equipa B: 27
Emprestados: 14
Indefinidos: 8
Total: 76
Ó Papoilas, eu acho que percebeste onde quis chegar com o número redondo dos "100 jogadores".
EliminarNão se deve atacar aqui a imprecisão dos números, até porque, nem todos são ventilados cá para fora. Deve isso sim, debater a forma.
Em engenharia existem dois conceitos que muita gente tende a confundir: eficácia e eficiência. E é algo semelhante que se passa com estas temáticas e críticas que tento fazê-las de forma construtiva.
Hoje podemos dizer que o Benfica é eficaz, pois é vitorioso e consegue em grande parte atingir os seus objectivos. Quanto à eficiência, eu penso que há todo um percurso ainda para percorrer. Continua a existir muitos custos que não se percebe lá muito bem porque o existem. Continua a existir muito desperdício, em forma de jogador que não se entende.
Poderá haver explicações plausíveis e irrefutáveis. Contudo, não é isso que eu vejo. Não é isso que eu oiço, e não é isso que eu sinto, infelizmente.
Dividi o artigo em três partes.
Na primeira, questionei o porquê de contratar para depois emprestar. Questionei a real necessidade de um clube como o Benfica em fazer isso. Será que temos mesmo necessidade de fazê-lo? Ou será que isso esconde actividades menos claras? É que sejamos sinceros, o futebol português está recheado de chico-espertismo, qualquer que seja a cor clubística.
Na segunda, coloquei em cheque a questão da falta de cultura futebolística de Talisca e Bébé por oposição aos dos miúdos da formação. Coloquei a questão para tentar perceber os critérios de avaliação de Jorge Jesus para escolher os seus jogadores, porque muito sinceramente, não se compreende, tal a volatilidade dos mesmos. Apenas há um critério que acaba por responder a estas opções, critério esse que cria a existência de forças menos transparentes na política desportiva da equipa encarnada.
Na terceira parte, questionei os custos que este defeso já acarreta em matéria de aquisições. Comparei os valores aos valores que temos tido de lucro nas última temporadas (mais ou menos), para perceber o quanto estamos a investir e a qualidade que estamos a ir buscar, pois sinto que há um menosprezo pelos valores que estamos a gastar... talvez porque até agora não tenha havido um nome sonante.
Isso são tudo temáticas que esperaria que desses uma opinião...
De qualquer modo, agradeço-te a colocação dos nomes dos 76 atletas que têm contrato profissional de futebol com o Benfica, até porque nessa lista tens ali uns quantos uruguaios que vieram para as equipas jovens do Benfica em moldes pouco claros e que têm dado muito pouco ao futebol jovem encarnado.
Não achas que este tipo de contratações não bloqueia oportunidades a jovens jogadores nacionais nos escalões de formação?
Casos como o Airton, que foi contratado como um jovem de grande futuro na posição "6" e hoje, com a lesão de Fejsa, a venda na época passada de Matic, a intermitência física de Rúben Amorim e a desconfiança nas capacidades de André Almeida,... não poderia o brasileiro ser alternativa para essa posição que o Jesus procura?
Se não, porque raio tem contrato com o Benfica?