Cansaço e lesões não explica tudo

Algumas notas sobre a pesada derrota frente ao Arsenal no torneio de pré-época Emirates Cup em Londres.

Acredito como é óbvio que o cansaço e as lesões de 3 defesas centrais do plantel principal, tenha muito a ver com a paupérrima exibição do Benfica ontem no estádio Emirates em Londres. Contudo, quando não somos mais fortes, mais velozes e mais tecnicistas... temos de ser mais inteligentes. E, é aqui que vai a minha primeira crítica!

Jorge Jesus sabendo desde início que tínhamos uma defesa presa por arames em termos físicos, só deveria ter adoptado uma estratégia mais defensiva. Mais a mais, o Benfica estava a jogar frente ao anfitrião do torneio recheado de estrelas e jogadores velozes e muito ofensivos - só para terem uma noção, os centrais dos "gunners" que jogaram nem sequer eram centrais de raiz, um era lateral esquerdo e outro era um médio defensivo. Ou seja, o Benfica deveria ter adoptado uma estratégia de contra-ataque/transição rápida e com um posicionamento em campo de bloco baixo. Ao invés, foi de peito aberto para o jogo... eu sei que o Jesus não teme nenhuma equipa e queira treinar o seu esquema táctico e estratégia de jogo, sem olhar para o adversário. No entanto, isso é contraproducente. Agora terá que lidar com uma equipa descrente e psicologicamente afectada. E, com a agravante, quanto mais jogos perder daqui a diante, mais os jogadores irão ficar descrentes com o treinador e quando chegar esse ponto... as coisas vão ser verdadeiramente preocupantes!

Ontem perdemos uma excelente oportunidade de testar uma estratégia de jogo para os jogos fora na Liga dos Campeões. E, até tínhamos jogadores em campo capazes de cumprir com uma estratégia desse calibre. Por exemplo, tínhamos um ataque ligeiro com Nico Gaitán e Lima - gostei muito do argentino nessa posição - que são jogadores muito rápidos nas transições. Teria sido uma excelente oportunidade para o Talisca poder arriscar o seu passe longo, por exemplo, no lançamento de contra-ataques, ou variações de centro de jogo.

Por falar no jovem brasileiro, foi impressionante a quantidade de passes que errou. E, quase tudo, passes simples. O cansaço pode explicar muita coisa, mas a pressão do palco sentiu-se e de que maneira. Foi um pouco vítima da estratégia do Jesus. No entanto, só não entendo é porque é que uns jogadores têm um tipo de tratamento e outros um tratamento diferente. Falo da diferença de tratamento quando o João Teixeira errou no jogo frente ao Bilbao, no qual foi imediatamente substituído após ter entrado na segunda parte desse encontro, e este Anderson Talisca continuar em campo, mesmo depois de sucessivos erros... Onde está a imparcialidade do treinador?

Quanto ao eixo defensivo, César é um miúdo atirado às feras que tenta fazer o melhor que pode claramente. Precisa de ser trabalhado e acredito que se um dos outros três centrais que estão lesionados estivessem recuperados, este menino estaria era a evoluir às ordens de Hélder Cristóvão. Quem decepcionou-me verdadeiramente foi Sidnei. É certo que a estratégia não ajudou, conforme já referi. Mas, esperava mais do brasileiro que custou mais de 7 M€ com 19 anos, quando veio para a Luz. Era ele o líder daquele quarteto defensivo e não soube o ser. Era ele quem deveria dar o exemplo e puxar dos galões, quando a defesa necessitava e não soube o ser. Muito pelo contrário, patinou na maionese. Não estar bem fisicamente não é desculpa, pois poderia e deveria ter sido mais inteligente na forma como abordou os lances. Por exemplo, se não tem força explosiva e velocidade, não deve tentar a antecipação, mas sim a contenção, de tal forma que o resto da equipa se possa agrupar e ajudá-lo nas tarefas defensivas.

Uma coisa é certa estes jogos são óptimos para avaliar a inteligência de jogo da nossa equipa - inclui equipa técnica e atletas. Agora que vai deixar marcas... isso vai!