"Se o Matic não jogar..."

... qual destes é que irá jogar?

As opções disponíveis
Existem neste momento 4 opções no plantel da equipa A e B válidas para a posição e função de Matic: Rúben Amorim, Ljubomir Fejsa, André Almeida e André Gomes. Poderemos juntar a este núcleo mais opções do plantel da equipa B, mas penso serem irrealistas neste momento.

O vice-capitão do Benfica, o internacional português Rúben Amorim é um polivalente médio que já demonstrou ao longo da sua carreira ter capacidade para fazer todas as posições do meio-campo. Desde jogar como médio defensivo, até médio ofensivo, Amorim já passou por médio centro de transição, de interior e até de ala. Em todas as posições do meio-campo desempenhou-as sempre com grande qualidade e utilidade. A meu ver é o médio que está em melhor forma física e mental. Alimentando a esperança de ir ao mundial, Jesus poderá ter nele um grande aliado para solucionar o problema que surgiu com a saída do gigante sérvio para o Chelsea. Será sempre uma solução que acrescenta qualidade técnica no meio-campo, mais até do que a componente física. Mas, não me interpretem mal, pois o Rúben arregassa as mangas se tal for necessário. No entanto, em termos de jogo aéreo a equipa perde um bocado... mas, nada que não possa ser resolvido com pequenas alterações/afinações de funções no onze. Salientar que não vejo inconveniente nenhum numa dupla formada por Enzo Pérez e Rúben Amorim, muito embora à partida ambos seriam concorrentes um do outro para a mesma posição.

O internacional titular sérvio, Ljubomir Fejsa, é visto pelos adeptos encarnados como um médio defensivo puro, ao estilo do Javi Garcia. Mas estão um pouco enganados, até porque a sérvia tende a jogar numa espécie de 4-4-2 (4-2-3-1), pelo que os médios-centros são normalmente dois médios "box-to-box". Ok! O Fejsa dentro desse sistema acaba por ser o médio com funções mais defensivas... Contudo, não quero que os leitores pensem que ele é muito limitado tecnicamente. É óbvio que não é um Matic, mas também não é apenas um jogador para ficar ali parado à frente dos centrais. E se observarem bem, já repararam na quantidade de vezes que ele tenta fazer passes mais arriscados para o ataque. Aqueles passes que tiram-vos do sério em pleno estádio... Temos de ter um pouco mais paciência com ele, pois temos de recordar que o rapaz chegou esta temporada e está a entrosar-se com os  companheiros e com os métodos de trabalho do treinador. Vejo no Fejsa muito potencial, apesar de não ser como o Matic - este é único! É um jogador agressivo, intenso e físico, o que é muito importante tendo em conta as características dos restantes jogadores. Depois tem um bom jogo de cabeça, o que é muito importante para os lances de bola parada. E, com a qualidade de passe que já demonstrou, penso que poderá ser retirado maior rendimento. Uma opção a ter em conta para a titularidade e sobretudo em jogos mais complicados, onde seja necessário maior rigor defensivo.

O mais recente internacional A encarnado, o agora lateral direito/esquerdo André Almeida, é também um médio-centro capaz de jogar como médio-defensivo. É pois mais um polivalente. Gosto muito deste miúdo, pois acaba por ter velocidade, destreza técnica, inteligência táctica, mentalidade vencedora, agressividade, intensidade, jogo aéreo, capacidade de passe e... bem, a meu ver falta-lhe é mais oportunidades a meio-campo. Que me recorde... apenas o vi a jogar como médio na época passada frente ao Celtic, na Luz, para a Liga dos Campeões. Fez uma bela exibição. Eu gostei! Contudo, com Enzo e Matic como habituais titulares, era difícil. Agora, o futuro também não se avisinha lá muito fácil no meio-campo encarnado dadas as opções, sobretudo as duas anteriores que mencionei, pois têm maior estaleca competitiva fruto de mais anos ao alto nível que o Almeida. Depois, há outro pormenor: com a saída do Cortez, o Benfica fica agora com Maxi, Siqueira e Sílvio para as alas, se o Almeida for opção apenas para o meio-campo. Sendo assim, penso que o Jesus deverá continuar a apostar no rapaz para as laterais direita e esquerda. Mas, também deve ir treinando-o para as funções de meio-campo, pois poderá ser benéfico para a equipa possuir esse tipo de polivalência dentro do onze. Poderemos estar na presença do futuro "Phillip Lahm" português... quem sabe?!

O benjamim do futebol encarnado e internacional sub 21 nacional, o médio André Gomes, é visto por muita gente como o futuro médio-centro "8" e até "10" do Benfica e da selecção nacional. A meu ver, e já tive a oportunidade de partilhar convosco aqui, a sua posição será a "6". André Gomes tem a capacidade física ideal para jogar naquela posição e o facto de ter aqueles pézinhos mágicos só lhe trará uma carreira de enorme sucesso. Ele até poderá depois mais tarde ir subindo um pouco no terreno, mas se começar como médio-centro mais defensivo será o ideal para si e até para o Benfica. No curto prazo, não vejo-o a roubar a posição aos dois primeiros que mencionei acima. Mas, se estiver num grande momento de forma, conseguir agradar ao treinador nos treinos e souber aproveitar cada oportunidade que tiver para jogar... se calhar até ganha o seu espaço no onze titular mais cedo do que a gente imagina. Se o Benfica quer ter uma época tão competitiva como a anterior, certamente que jogos para ele demonstrar o que sabe não faltarão. Depois, já percebi que o Jesus e todo o Benfica gosta do André Gomes, mal não seja pela forma como apostam nele nos jogos da Liga dos Campeões... ele que seja humilde e aceite um pouco o que o treinador pretende dele neste momento, mesmo que isso signifique jogar um pouco mais atrás do que ele desejava no terreno. Neste momento tem de lidar com esta situação como um teste à sua competitividade. Uma nota final sobre um aspecto que tem de trabalhar e melhorar no seu jogo, tem haver com a velocidade com que joga. Ou seja, tem de elevar o seu ritmo de jogo normal. Para fazer isso, ajuda jogar simples e rápido (ele ainda adorna muito as jogadas).

As adaptações tácticas
Todas estas opções vão requerer afinações, adaptações e até alterações ao nível do sistema e/ou do modelo de jogo do Benfica. Poderemos continuar a jogar num 4-4-2, como usualmente fazemos. Contudo, as funções defensivas e ofensivas que com Matic estavam distribuídas de uma maneira, terão que ser reajustadas. Isto dará muito trabalho de treino ao Jesus e esse é um dos pontos mais negativos desta venda do Matic para o Chelsea. O Benfica já não está em pré-época e o mês de Fevereiro com os seus 3 jogos por semana está aí à porta. Outro senão que vejo na continuação da utilização do 4-4-2 sem o Matic, é que falta ainda muita maturidade táctica ao quarteto da frente, formado pelos dois avançados e os dois extremos. Sem o Matic, um dos médios centro terá menor liberdade ofensiva, pelo que as despezas de criação de jogo ofensivo terá que ser entregue sobretudo aos nossos extremos e avançados. Um pouco à imagem do que acontece no Manchester City com o David Silva, Nasri e Agüero. Vejo qualidade em Markovic, Nico Gaitán e Rodrigo para funções idênticas, por exemplo.

A solução mais conservadora após esta saída de Matic, foi aquela que Jorge Jesus aplicou no jogo para a Taça da Liga frente ao Leixões: o 4-2-3-1. Ao fim e ao cabo, é um pouco a continuação do modelo do City, mas desta feita como se o Agüero jogasse atrás do ponta-de-lança. Talvez o melhor exemplo actual desse sistema e do modelo que defendo para ele será o do Arsenal. Reparem que o modelo do clube inglês permite ter um duplo pivot de meio-campo com grande qualidade técnica: Arteta e Willshere ou Ramsey. O Benfica tem Enzo e Amorim (e o Gomes). Como possível terceiro homem, e a jogar como "10" mais clássico, os Gunners têm o Özil. Já o Benfica tem um jovem super talentoso chamado Djuricic que precisa de jogos nos pés para evoluir. Parece-me um bom modelo, não acham? Quando regressar o Salvio e dentro deste sistema de 4-2-3-1, o Jesus pode até apoiar-se num modelo tipo Dortmund, com um futebol mais vertical e intenso. A dupla de meio-campo poderá já comportar elementos mais agressivos como o Fejsa, por exemplo.


Qual seria a vossa opção?
Neste momento, e porque nos próximos encontros o Benfica joga em casa e a dupla Rodrigo e Lima estão a bom nível, apostaria num modelo de 4-4-2, com a dupla de médios-centro formada por Enzo e Rúben Amorim, dando maior liberdade aos dois extremos (falsos), Markovic e Gaitán, pois o Amorim está em melhor forma.

Daria minutos a Fejsa nestes jogos para ele se adaptar melhor a esse esquema de 4-4-2 e entrosar-se mais com os colegas para ser opção nos jogos mais agressivos, como são os fora da Luz. Nesses jogos fora, tentaria apostar um pouco mais no 4-2-3-1, dando minutos a outros jogadores, como o Djuricic. Ao mesmo tempo chamaria para treinar com a equipa A o André Gomes para medir a evolução do miúdo e jogar os jogos das taças que iremos ter nas próximas semanas.

Durante esses encontros e como o Benfica também precisa fazer rotação dos laterais, poderia substituir um dos médios por um lateral e subir o André Almeida para a posição de médio só para ele ir tendo rotinas para uma eventualidade.

Estou convicto que se planearmos desta forma, não iremos sentir tanto a ausência do Matic. Pelo menos a nível interno... quando a liga Europa começar, aí veremos se muitos destas soluções estarão prontas para esse nível.