06 dezembro 2014

Qual o maior inimigo da formação?


Para mim é simplesmente o conjunto de interesses no mundo do futebol nacional...


... pois existe muita - mas mesmo muita - gente que vive das transferências de jogadores e que são autênticas sanguessugas dos clubes. Mas, só o são com a conivência dos seus dirigentes, através de trocas de favores intra e extra-futebol. Se adicionarmos o facto de os clubes terem muito poder dentro dos media, conseguimos fechar o ciclo. É o negócio.

Mas, todos os negócios têm a sua ética e os seus valores. A forma como estamos a fazer os negócios não valoriza os nossos jogadores nacionais. Valoriza os interesses pessoais dos intervenientes e nada mais. Nem todos podem estar entre os melhores, mas custa-me um pouco ver num campeonato nacional, os jogadores portugueses representarem uma minoria dentro dos planteis. O paradigma está a mudar, mas muito graças às dificuldades económicas (afinal os jogadores portugueses não saem mais caros!?).

Mesmo analisando pelo factor económico, o jogador contratado a outros campeonatos, acaba por ter um custo enorme para o nosso futebol. Estamos de facto a importar jogadores, ou seja, estamos a comprar lá fora, pelo que o dinheiro em vez de circular dentro do país acaba por ir para outros. Depois, só uma percentagem ínfima desses estrangeiros é que terão retorno, em forma de transferência. Não é à toa que hoje em dia os clubes brasileiros e argentinos começam a ter estruturas do futebol profissional ao nível de algumas ligas menores europeias, com tanto dinheiro que recebem defeso após defeso.

Com esse capital a permanecer-se mais no nosso país, fazendo apenas importação dos reais valores do futebol mundial (sobretudo jovens - por exemplo os Di Marias - e jogadores mais experientes - por exemplo os Aimars) e aproveitando o nosso "know-how" técnico, mas também aproveitando a publicidade de termos o melhor jogador do mundo, penso mesmo que em pouco tempo poderíamos estar a exportar talento para o futebol mundial. Ou seja, em vez de gastar dinheiro, estaríamos a ganhá-lo. E tudo, com um ténue investimento na formação. Com essa fonte de receitas extra e pura, penso mesmo que o nosso campeonato poderia crescer, pois haveria mais verbas e mais dinheiro a circular.

Agora, digo-vos, para isso acontecer vai ter que haver uma revolução, pois como poderão perceber há muita, mas mesmo muita gente que não iria gostar...



P.S.: Hoje, o Glorioso vai defrontar o Belenenses que tem como principal referência da equipa um ex-capitão dos júniores e da equipa B encarnada: Miguel Rosa. Ele acaba por ser o exemplo perfeito de um jovem que é um pouco vítima do nosso futebol nacional e das suas forças ocultas. Olho para o meio-campo encarnado, e pergunto-me se o Miguel não teria lugar no banco como suplente de um Enzo ou de um Gaitán. Se calhar, não haveria necessidade de termos gasto 6M€ (?) num Pizzi, ou 8M€ (?) num Ola John... Ao Miguel desejo-lhe toda a sorte do mundo, excepto hoje, como é óbvio. Contudo, tenho quase a certeza que ficando no Benfica e tendo oportunidades teria uma evolução futebolística muito maior, pois o contexto e a exigência seriam outros. Não foi por falta de vontade e ambição do atleta... o que e lamentável!

O Miguel Rosa pode não ser nenhum Ronaldinho ou Messi, mas também não temos
nenhum jogador no plantel principal que se aproxime desses dois, por isso, não se
entendeu a falta de oportunidades perante um jogador que foi considerado o melhor
da sua geração... alguém que possa explicar isso apenas do ponto de vista futebolístico?

1 comentário: