17 dezembro 2014

13ª Jornada: Porto - Benfica


Gloriosa vitória do Benfica no Dragão! E ainda por cima com um "bis" de Lima!

Surpresa no onze titular
Lima foi a grande surpresa no onze titular para o clássico de domingo. Praticamente toda a gente estava à espera que o titular fosse o Jonas, eu inclusive. E, o porquê de toda a gente pensar assim, prendia-se com as exibições e momento de forma do camisola 11 encarnado. Ainda na última semana, no encontro frente ao Bayer Leverkusen, todos vimos um Lima demasiado perdulário. Mas, quem treina com os jogadores todos os dias é o treinador. E, aí temos de dar razão ao "Jota-Jota" e retirar o chapéu por ter introduzido a alteração que veio mudar o jogo encarnado.

Sendo assim, o Glorioso entrou no Dragão com Júlio César na baliza; Maxi Pereira, Luisão, Jardel e André Almeida a completar o quarteto defensivo; Samaris e Enzo no centro do meio-campo; Salvio e Nico nas alas; e, Talisca e Lima lá na frente de ataque. Já o Porto alinhou praticamente como estava à espera. À excepção de Maicon - Lopetegui preferiu utilizar o espanhol Marcano ao lado de Bruno Martins Indi - o Porto alinhou com: Fabiano na baliza; Danilo, Martins Indi, Marcano e Alex Sandro como quarteto defensivo; Casemiro, Herrera e Oliver como tridente de meio-campo; Tello e Brahimi nas alas no suporte ao ponta-de-lança Jackson Martinez.

«Foi um jogo de  duas grandes equipas. Conseguimos, defensivamente, ser uma equipa que controlou bem os movimentos do adversário e, ofensivamente, soubemos esperar pelos momentos do jogo em que tivéssemos oportunidades para concretizar. Estando em vantagem, a equipa ficou mais confortável no jogo. Fomos uma equipa muito bem organizada, realista, eficaz e que mereceu vencer este jogo. Fomos uma equipa com muita experiência, qualidade em termos defensivos e serena. Marcámos dois golos e podíamos ter feito outro. Fomos justos vencedores. Neutralizamos os corredores do FC Porto. Soubemos esperar pelos nossos momentos e jogámos muito confiantes. Já trabalhamos juntos há seis anos, não entramos em situações de desconforto quando as coisas não nos correm bem. Ficamos com mais três pontos que os que tínhamos, é muito melhor ter seis do que três de vantagem. Mas há muito campeonato. Temos que trabalhar como temos vindo a fazer, sermos humildes e saber que o mais importante é defender os interesses da equipa. Trabalho todos os dias com os jogadores do Benfica, conheço-os. As características que, normalmente, vocês possam ver nas qualidades técnicas de um jogador eu vejo além disso, eu e outro treinador qualquer. Há condições que o Lima tem que o Talisca, o Jonas e o Derley não têm. Por isso mesmo é que lancei o Lima, é claro que não sabia que ele ia fazer dois golos, mas sabia que iria fazer coisas melhores que qualquer um deles, principalmente quando não tivéssemos bola.»
por Jorge Jesus 

Consistência defensiva e pragmatismo italiano
Talvez a forma de melhor caracterizar a exibição encarnada no Dragão seja mesmo essa. Em termos defensivos, a equipa encarnada não foi ao Dragão estacionar o autocarro em frente à sua grande área. Se bem, que essa estratégia defensiva tem muito que se lhe diga, pois é muitas vezes má conotada na opinião pública, falando-se mesmo de anti-jogo, Jesus foi muito mais ambicioso. Ele armou uma estratégia defensiva muito mais avançada: os avançados do Benfica marcaram os centrais do Porto na sua primeira fase de construção. O médio centro mais ofensivo (Enzo) perseguia sempre o pêndulo defensivo portista (Casemiro) quando este recuava para entre os centrais. Os extremos encarnados marcavam os laterais. Em suma, a saída de bola do Porto tinha de ser feita através de passe longo pelo seu guarda-redes ou central. Resultado? O Benfica defendia quase sempre de frente para a bola e recuperava facilmente a posse de bola.

Durante a primeira parte, até Maxi, Samaris, Salvio e Luisão acertarem o sistema de compensações e entre-ajudas nas marcações, o Porto conseguiu, em dois movimentos pistão entre o extremo esquerdo (Brahimi) e o médio interior esquerdo (Oliver), com que este último explorasse o espaço nas costas de Maxi, através de um passe longo dirigido para aquela zona. Foi num desses lances que o Porto criou perigo junto da baliza de Júlio César. Era a tentativa de resposta táctica de Lopetegui perante a estratégia adoptada por Jesus.

Tais movimentos, tiveram algum sucesso, não porque o Maxi acompanhava o movimento de Brahimi - tinha de fazê-lo pois senão o argelino poderia receber a bola a meio-campo e virar-se para a baliza encarnada com a bola controlada - nem porque o Salvio não estava a cobrir o lateral esquerdo para este não subir, nem porque o Luisão estava a marcar o Jackson em cima. Aconteceu naqueles raros momentos em que a equipa do Benfica não conseguiu ficar tão compacta. Por isso mesmo, foi notória nesses minutos os "berros" de Jesus para a sua defesa avançar no terreno. É que com o Talisca e o Lima lá em cima, o Enzo também subido, Samaris ficava para Herrera e Oliver e se a linha defensiva não avançava, os encarnados não ficariam compactos e essa desvantagem numérica de Samaris para esse duo do Porto seria notada, tal como foi nessas situações. Notar, que isto não tem a ver com a menor ou maior qualidade do atleta. É claramente um assunto da competência técnica do treinador, pelo que devemos elogiar o comportamento de Jesus no banco.

1º momento da noite de domingo: 1º golo de Lima a silenciar o Dragão. As faces dos adeptos
azuis-e-branco dizem tudo!

Quando a equipa encarnada acertou os tempos, os espaços e as marcações, o máximo que o Porto conseguia era um balão perdido na defesa encarnada. Foi então que o Benfica começou a ligar melhor o seu jogo. Samaris, Enzo, Gaitán e Talisca eram quase sempre os jogadores que conseguiam trocar um pouco a bola. Em termos de alas ofensivas, a dupla Maxi e Salvio praticamente não existiu em progressão de jogo jogado. Do lado contrário, Almeida conseguia combinar com Nico, mas depois este não conseguia ligar com o Enzo e o Talisca, ora porque o passe era interceptado, ora porque eles não recebiam bem, ora porque eles depois seguravam em demasia. O que é verdade é que faltava alguma ligação entre meio-campo e ataque. A meu ver, essa ligação não estava a acontecer, porque Talisca não conseguia após a pressão elevada, recolocar-se numa posição vantajosa para receber a bola de perfil ou de frente para a baliza adversária. Tentando encontrar uma visão que melhor explique isso, se considerássemos estar num jogo de Rugby, o Talisca estaria sempre "off-side" relativamente à linha de bola, quando no mínimo deveria estar em linha (perfil ou de frente para a baliza). São nestes pormenores que se vê ainda a imaturidade do jovem brasileiro. Nesse e na (falta de) capacidade física... mais uma vez o camisola 30 não aguenta 90 minutos de jogo desta intensidade. Uma aposta em como para o ano o Talisca vai estar muito melhor nestes dois capítulos?! Referir que mesmo assim, ele ensaiou o remate de meia-distância na primeira parte. Tanto ele como o Nico... mas, ambos sem muito perigo para a baliza de Fabiano.

Bem! Sendo assim, e visto que a ala esquerda perdia bolas, e a direita o máximo que conseguia era lançamentos de linha lateral ou pontapés de baliza. Foi através de um desses lançamentos que Maxi conseguiu meter a bola no coração da área, onde apareceu o Lima para concluir de... "barriga". Zero a um para o Glorioso e o público encarnado no Dragão tirava a barriga de misérias. Até ao final da primeira parte, não há muito mais para assinalar a não ser a incapacidade de reacção azul-e-branca.

2º momento do jogo: 2º golo de Lima... a vida é realmente uma festa...
quando o Benfica ganha!

Incapacidade que voltou no início da segunda parte. Contudo, se os portistas continuavam iguais a eles próprios, Jesus não só afinou melhor a sua defesa, como também viu a sua ala esquerda a começar a carburar. Foi através de Almeida, Samaris, Enzo e N1c0 (que está num momento de forma brutal!!), que o argentino, após uma jogada que tira o Danilo e Herrera como uma faca a ferver sobre manteiga, acaba por servir o camisola 30 para este desferir um remate frontal. Fabiano apenas consegue defender para a frente/lado, ao qual Lima, sempre oportuno aparece para concluir facilmente. Estava feito o zero a dois com o brasileiro a bisar na partida. E, o Benfica parecia atacar à italiana, i.e., sempre pela certa!

Com esta desvantagem, a equipa portista começa a dar a corda aos sapatinhos, mas sem grande sucesso. É aí que o técnico espanhol tentar mexer na partida. Faz entrar o Quaresma e o Quintero para as saídas do Tello e do Herrera, respectivamente. O internacional A português consegue ter um lance em que ultrapassa o André Almeida e cria uma situação de perigo, ao qual é desfeito pelo excelente posicionamento do grego Samaris, já dentro da pequena área. Salientar, que o Quaresma teve esse e mais um lance que originou perigo, pois de resto o André Almeida esteve exemplar. E, mesmo nesses lances, não se pode culpabilizar o André, mas sim com o desgaste físico da equipa encarnada, esta conseguir manter as linhas. Talvez por isso mesmo, o Jesus tenha respondido com a entrada de Ola John em troca com o Talisca e o reposicionamento de Gaitán para "10" e o holandês para extremo esquerdo. Em termos defensivos, o holandês cumpriu e acabou por em parceria com o André Almeida anular a dupla Danilo e Quaresma.

Por falar em substituições, e na oscilação de prestação da defesa encarnada nesta fase de jogo, muito contribuiu a lesão de Luisão e a respectiva substituição por César. Foi nesse período que após um canto o Jackson manda a bola à barra, por erro de marcação do miúdo César que acabava de entrar sem ter tempo para fazer aquecimento. A outra situação de grande perigo do Porto na segunda parte acontece já quando os azuis-e-brancos, substituem o seu lateral esquerdo Alex Sandro pelo ponta-de-lança Aboubakar. O Porto passa a jogar com três defesas, três meio-campistas (sendo 2 deles organizadores) e 4 avançados (2 pontas-de-lança e 2 extremos bem abertos). Numa situação de reajustamento defensivo encarnado, e após uma perda de bola numa transição ofensiva no corredor central, o Porto consegue meter a bola longa no Quaresma, que tem tempo de dominar e cruzar rapidamente para o coração da área, onde aparece o colombiano a cabecear novamente à barra.

De referir que antes o Benfica também tem uma grande ocasião para dilatar a vantagem, após grande jogada de N1c0 (quem mais poderia ser?!) sobre o flanco esquerdo, ao qual cruza para a entrada de Salvio que fora desarmado in extremis pelo Alex Sandro (quando ainda estava em campo). Por fim, mencionar a entrada de Pizzi para a saída de Salvio. Talvez tenha sido para queimar tempo e cortar um pouco o momento que o Porto poderia ter nos últimos minutos de jogo. Talvez tenha sido para premiar o melhor jogador do último jogo dos encarnados. No entanto, talvez tenha sido mesmo para puxar as orelhas à exibição pouco convincente do ponto de vista ofensivo de Salvio. O argentino até poderá estar muito contente com a sua exibição defensiva. Mas, em termos ofensivos não fez quase nada de jeito. E, teve oportunidades para fazê-lo, por exemplo, não deveria ter-se deixado antecipar pelo lateral esquerdo do Porto, no lance do cruzamento.

Piada da semana por Lazar Markovic:
«Regressem a Lisboa porque no Porto está frio (-6)»

Nem tudo correu bem
Lima esteve impecável no jogo, sobretudo sem bola. Soube pressionar os adversários quando era necessário fazê-lo e soube ocupar os espaços que deveria ocupar em cada momento do jogo. A melhor forma de demonstrar isso mesmo é como ele consegue fazer dois golos ao Porto. Mais do que desenvolver as jogadas, ele simplesmente bastou estar no local certo à hora certa, para fazer os seus golos. Podem tentar minimizar a forma como ele consegue os golos, mas para mim revela a experiência e a qualidade do jogador. É engraçado como as coisas funcionam... neste encontro, ficamos com a sensação que os golos vieram ter com o Lima, mas frente ao Bayer Leverkusen, parecia que por mais o brasileiro perseguisse o golo, este parecia que não queria nada com ele...

Contudo, nem todos estiveram tão em sintonia com o jogo. Por exemplo, para mim o Salvio, o Talisca e também o Enzo, não fizeram um jogo por ali além. Atenção! Esta minha leitura é tendo em conta as capacidades ofensivas que estes jogadores possuem e que não conseguiram colocar em campo no domingo. Por isso mesmo, é que a minha maior crítica vai para a qualidade de jogo encarnado com posse de bola. Sei bem que o tempo de preparação e treino para este encontro não foi o melhor, apesar deste onze não ter jogado frente aos alemães, mas percebo que com outros jogos os treinos possam não ter sido tão focados em todos os momentos do jogo. Por isso mesmo, penso que o Jesus deve ter sido pragmático o suficiente para treinar os momentos que considerou que iriam ser mais importantes no Dragão. Escrito isto, espero que o Jesus melhore os princípios de jogo no momento ofensivo e na gestão da posse de bola. Por vezes, sinto que faz falta ao Benfica saber respirar com a bola nos pés. E, para isso, é fundamental que o tridente que referi acima esteja completamente sintonizado.





P.S.: Entretanto, esta quarta-feira, nova vitória encarnada no Dragão. Desta feita foi a vez da nossa gloriosa equipa de hóquei em patins (3-7). Parabéns Benfica!

6 comentários:

  1. VAMOS TODOS VOTAR
    URGENTEMENTE
    NOS GRANDES JOGADORES DO BENFICA
    NA VOTAÇÃO PARA JOGADOR DO CENTENÁRIO
    QUE CORRE NA NET
    REALIZADA PELA FPF

    EU JÁ VOTEI

    E VOCÊ CARO BENFIQUISTA JÁ FEZ O MESMO?

    neste momento os lagartos e os azuis estão a votar nos deles
    se não votarmos até o Eusébio ficará em último

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    1. Que votação é essa?!

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    2. Tens aqui: http://quinasdeouro.fpf.pt/
      Já votei na semana passada, e já vi referência em alguns, poucos, blogues benfiquistas.

      Carrega Benfica!

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    3. Obrigado Subutai! Ver se neste fim-de-semana escrevo algo sobre isso.

      ;)

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  2. Gostei particularmente da linha defensiva. Maxi e Luisão estiveram fantásticos mas os "patinhos feios" Jardel e André Almeida não lhes ficaram atrás. Lima , dois golos no Dragão, ficará para sempre na história do clube. Quem diria uma semana antes.
    Foi uma vitória fantástica mas ainda falta muito campeonato.Veremos se Enzo sai mesmo e quem o substituirá.

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    1. Há pessoal que está a ficar com o pito aos saltos se o Enzo sair já em Janeiro. Por acaso, estou completamente tranquilo se ele sair. Acho que será a oportunidade de Pizzi chegar-se à frente e de até o Talisca poder evoluir de outra forma: de trás para a frente... mas isso é assunto para outro artigo...

      Sobre o Lima, eu penso que face à qualidade que temos no banco, e apesar do jogão que fez, temos de começar a preparar a sua saída. Estou tranquilo porque acho que é isso que o Jesus e a sua equipa técnica estão a fazer.

      E, o que dizer de André Almeida?! Uns preferem os Danilos desta vida, mas a verdade é que o português, que ninguém dava-lhe um "tusto", é quem está bem melhor em termos futebolísticos.

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