18 fevereiro 2014

Considerações da equipa encarnada


Penso ser pertinente fazer umas quantas considerações sobre a equipa encarnada, num momento em que entramos numa fase da época onde iremos ter novamente 3 jogos por semana, mas também numa altura em que se debate vários temas da equipa do Benfica. Fazemos então a análise por sector...


Baliza
O esloveno Jan Oblak é o principal responsável pela melhoria da performance defensiva, muito por causa da confiança e segurança que ele transmite ao restante quarteto defensivo. Soma já 10 jogos (7 na 1ª Liga) em todas as competições oficiais da equipa principal do Benfica e apenas sofreu 1 golo. Por exemplo, o seu antecessor, o guardião Artur, em 22 jogos sofreu 23 golos (13 jogos, 12 golos sofridos na 1ª Liga). Inclusive, apenas conseguiu manter por duas vezes em dois jogos consecutivos a sua baliza inviolável. Havia claramente um problema na baliza.

Neste momento, Oblak é o titular indiscutível para os jogos do campeonato e da Liga Europa. Artur deverá ser o guarda-redes titular na taça de Portugal, assim como na taça da Liga. Contudo, Paulo Lopes poderá ambicionar a ser o guarda-redes na taça da Liga. E, resta saber se, tal como em épocas anteriores, Jesus dará ao guarda-redes titular a titularidade na taça de Portugal nas meias-finais e final (caso passemos)...


Defesa
As questões defensivas de início da temporada não deveram-se apenas ao guarda-redes. Houve também responsabilidades do quarteto defensivo e também dos restantes sectores da equipa. Do ponto de vista defensivo, destaco dois pontos que contribuiram para tal: má forma e lesões de alguns importantes jogadores. Por exemplo, Luisão e Garay começaram a época muito mal em termos físicos. Estavam lentos quer fisicamente, quer mentalmente. Também Maxi Pereira começou a época em baixo de forma. Depois, houve vários casos clínicos. Desde o Siqueira e Sílvio, passando pelo André Almeida e até mesmo o uruguaio Maxi Pereira. E, não esquecer do erro de "casting" chamado Bruno Cortez, jogador que já regressou de empréstimo ao São Paulo.

A verdade é que agora, a defesa está em forma e estabilizou o seu nível exibicional. No entanto, jogando 3 vezes por semana é preciso ter mais jogadores para ir rodando com os habituais titulares. Jardel e Sílvio parecem ser os preferidos a sair do banco, pelo que Jesus deverá conceder-lhes vários minutos nos próximos jogos. Por sua vez, preocupa-me o facto de Steven Vitória e André Almeida terem poucos jogos esta temporada. Convém que o "Jota-Jota" não se esqueça destes dois. O central português já demonstrou na época passada, no Estoril, que pode ser um elemento muito útil para a equipa, na posição do Luisão. Por isso, se não joga na equipa principal, nem vai para o banco, deve jogar na equipa B, para estar em forma. O mesmo poderei escrever do camisola 34. O André na época passada foi um dos melhores, sendo mesmo o titular indiscutível na lateral direita e hoje é relegado para 3ª opção em qualquer uma das laterais. Não faz sentido deixá-lo nessa posição desmotivante. Dar-lhe minutos na B, também poderá ser uma solução pois estamos em pleno inverno e poderá haver lesões em jogadores cujas posições este polivalente jogador pode efectuar.


Meio-campo
No meio-campo é importante fazer duas considerações. Uma prende-se com a dupla de jogadores no centro do terreno. E outra, é sobre os dois jogadores responsaveis pelas alas ofensivas da equipa. Algo que reparei neste último encontro, é que vejo os mesmos problemas de dinâmica de construção de jogo e penetração no último terço do terreno, quer tenha uma dupla de meio-campo formada por Fejsa e Amorim, quer seja com a formada pelos antigos titulares Matic e Enzo, passando pela mais recente dupla titular formada por Fejsa e Enzo. Continuo a ver que só através de lances individuais é que a bola chega ao último terço de terreno e em situações de finalização. É verdade que em termos defensivos, Jesus tem feito um excelente trabalho, pois a forma como a dupla de meio-campo trabalha neste capítulo (realço no momento da transição defensiva) tem sido excelente. Agora, em termos ofensivos (e estou também a incluir a transição ofensiva), muito pode ser melhorado. Não tanto a articulação entre os dois médios, mas sim entre eles e os restantes jogadores, destacando aqui os atacantes e os extremos. A dupla de médios-centro que quanto a mim poderá melhor interpretar o futebol ofensivo, e também defensivo, é a formada por Enzo Pérez e Rúben Amorim, conforme já mencionei aqui. Agora, também é certo que o André Gomes não pode ser opção para fazer apenas 2 minutos no final da partida! Para isso, é preferível que ele jogue na equipa B, para ganhar ritmo competitivo. É importante o Jesus também dar minutos a este jovem jogador português, pois pode contribuir para descansar um dos outros três habituais titulares.

Falando agora dos médios-ala/extremos, destaco pela positiva o trabalho táctico e defensivo que Jesus tem tido com eles. Só assim, é que o Benfica pode encarar com confiança e segurança tanto os confrontos com o Porto em Janeiro, e agora no derby da Luz com o Sporting, em Fevereiro, jogando com dois avançados declarados e um meio-campo onde escondiam dois extremos que na realidade são avançados de formação. É precisamente por estes jogadores serem todos eles avançados de formação que depois trazem os problemas de dinâmica ofensiva (quer em posse, quer em transição) que verificamos. Já repararam quantas vezes, estes jogadores procuram as acções individuais sem apoio? Não falo apenas nos dribles do um-contra-um. Falo nas penetrações em diagonais interiores com a bola nos pés, que poderiam procurar nesses movimentos uma tabela ou uma assistência para um dos avançados, mas pelo contrário, tentam serem eles a finalizar. Talvez seja a "genética" de formação destes jogadores. Talvez seja o querer mostrar serviço numa equipa onde existe muita qualidade e competição naquele sector. Agora, cabe é ao treinador conseguir mostrar que o melhor caminho não é o individualismo exagerado. Reparem que não estou a dizer para eles deixarem de serem individualista, mas sim deixarem essa opção para os momentos certos. Por isso é que noutro artigo sobre as melhorias a fazer na equipa encarnada, referia o trabalho que Jesus tem de desenvolver com eles e que uma mudança de dinâmicas poderá ser benéfica para atingir isso, sem que eles se apercebam que estão a melhorar nessas áreas. Como suplentes, Sulejmani é a primeira opção a sair do banco para refrescar tanto a ala esquerda como a direita. O sérvio está a passar por um grande momento de forma e penso mesmo que deve ser-lhe dada a titularidade em mais jogos. O Ivan Cavaleiro também tem merecido a confiança de Jesus e sempre que não é convocado, tem jogado na equipa B, o que acho excelente. Contudo, tenho verificado que joga lá muitas vezes como avançado, o que poderá ser um pouco contraproducente dado o que referi atrás... é preciso ter atenção a estes factores, ok Hélder Cristóvão? Também não podemos esquecer que a recuperação de Salvio está próxima, o que poderá ser um excelente reforço para o último terço da temporada... Referir ainda a possibilidade de usar o argentino Enzo numa das alas ou como médio interior/ala direito, permitindo a inclusão de um núcleo de médios-centro como o Fejsa e o Rúben, mas mantendo a utilização de dois avançados como são o Lima e o Rodrigo.


Ataque
Falando em avançados... já referi aqui que há muito trabalho para potenciar na dupla Rodrigo e Lima. O luso-brasileiro até que começou mais ou menos a pré-época, marcando muitos golos e fazendo esquecer um pouco o Cardozo, aquando da novela pós-taça de Portugal. Depois foi decrescendo de forma no início dos jogos oficiais. Mas, neste início de ano de 2014 a sua forma física tem crescido a bom ritmo. Contudo, continua a não marcar como esperariamos que marcasse. Isso quanto a mim deve-se ao individualismo dos nossos médios-ala/extremos, confome mencionei acima, mas também ao individualismo que o Rodrigo, seu parceiro de ataque, tem. O jogo frente ao Sporting deu uma excelente imagem do que me estou a referir. Nesse encontro, o hispano-brasileiro teve várias oportunidades de golo nos pés, mas também de poder assistir os seus colegas em melhor posição para marcar. Ele tem de melhorar imenso esta componente do seu jogo. Um conselho que lhe dou (aqui) é tentar ver o que o avançado do Liverpool consegue fazer pela equipa inglesa, em que é o melhor marcador da equipa e ao mesmo tempo é talvez o elemento mais criativo (e com assistências) do ataque. Estou certo que o Lima irá agradecer-me o conselho, pois tal permitirá que esta "animal de área" seja melhor "alimentado". E assim, os golos irão aparecer...

Por falar em golos, tenho lido algumas críticas na imprensa como que a querer dizer que o Cardozo não é necessário ao Benfica. Nada de mais errado! De todos os avançados que o Benfica neste momento possui, o mais singular é o Cardozo, pois é o que tem características mais diferenciadas dos restantes. Vejo a utilização do paraguaio bastante importante para a rotação da equipa e para um estilo de jogo mais em posse, em particular, quando a equipa joga em casa. Por outro lado, nos jogos mais difíceis, em que o resultado está desfavorável ou precisamos do golo da vitória, o "Tacuara" poderá ser a arma a entrar em campo. Viu-se o quanto foi importante frente ao Gil Vicente, num campo pesado e com menos um jogador em campo... embora tenha falhado o penálti decisivo. É verdade que ele está em baixo de forma, fruto da sua ausência por lesão. Mas, por isso mesmo é importantíssimo que ele vá ganhando ritmo com minutos de jogo. O mesmo poderei pedir para o "9.5" do Djuricic. O sérvio tem muito futebol nos seus pés. Estou convencido, que se retirasse o contestado Lima do onze, subisse o Rodrigo para avançado centro e colocasse o Djuricic, era bem capaz de resolver boa parte dos problemas das dinâmicas atacantes no curto espaço de tempo. O problema prende-se ainda com a capacidade deste sérvio interpretar bem as suas funções defensivas e ter os índices de trabalho necessários. Mas, atenção este não é calão! Tem crescido imenso nos treinos e isso é visível nos jogos das taças. Já vem atrás, já pressiona, já cai nas linhas,... enfim, falta-lhe é minutos para ir ganhando confiança e entrosamento com os habituais titulares, e confiança do treinador para ele libertar o seu futebol. Já o Funes Mori o que precisa para se libertar completamente é de marcar um golo. Atenção que este miúdo tem dado muito bons apontamentos na sua posição e merece também ele minutos. Os jogos das taças poderão ser óptimos para ele demonstrar que pode e sabe fazer mais e melhor. Ter confiança nele nesses encontros.


Formação/Equipa B
Queria só deixar uma nota final para alguns jogadores da nossa formação/equipa B, que penso que não terão mais hipóteses de entrar na equipa principal nesta temporada, a não ser que haja alguma lesão ou imprevisto de força maior que impeça algum dos referidos acima darem o seu contributo à equipa. Nessa linha da frente estarão jogadores como João Cancelo para as laterais direita e esquerda, o central/médio Vítor Linderlöf, o extremo/avançado/lateral Hélder Costa e a coqueluche da equipa, o médio-ofensivo/avançado Bernardo Silva. Com experiência para entrar no plantel encarnado estão ainda o Urreta e o Carlos Martins, embora pense que estes não fazem sequer parte dos planos do treinador...

Pessoalmente, gostava muito de dar minutos ainda nesta temporada ao Bernardo Silva na equipa A do Benfica. Contudo, penso que deverá ser quase impossível, a não ser nos jogos da taça (e mesmo assim como suplente). Isto também reflecte a quantidade e a qualidade que do grupo à disposição de Jorge Jesus.

4 comentários:

  1. Para esta fase final da temporada vai ser preciso essencialmente raça e muita vontade de todos os jogadores do plantel... o Benfica vai ser atacado em todas as frentes, Taça da Liga, Taça de Portugal e principalmente no Campeonato Nacional... todos têm de estar em forma para responder com exibições de classe dentro de campo.
    Saudações.

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    1. Pois vai! Isso já se viu um pouco frente ao Paços, fomos amarelados em demasia e aquele lance em que o Lima é albarruado... enfim!

      Estou é preocupado com o calendário... este constante adiar da decisão entre Porto e Sporting para a meia-final da taça da liga incomoda-me um pouco, pois o Jesus deverá concerteza planear com antecipação o programa de treinos da equipa. Apenas vejo uma abertura para colocar esse jogo na semana de 3 a 9 de Março de 2014, conforme coloquei aqui na seguinte folha de cálculo:

      https://docs.google.com/spreadsheet/ccc?key=0Al4Tf7AwGz8pdEtHbkUyS19kNURNNW9oWDhPa3NHT2c&usp=sharing

      Repara nos dias que temos para recuperar e treinar... nem sei bem como ele dará folgas aos jogadores...

      P.S.: É um calendário optimista, mas tem de ser assim, quero ganhar tudo aquilo que perdi na época passada! ;)

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  2. Olhando para o que fez no passado não me parece que JJ aposte em jogadores da equipa B. Neste jogo , na Grécia , não estarão Garay , Gaitan e Cardozo que deverá começar a entrar nos próximos jogos . Talvez no jogo da Taça da Liga fosse melhor jogarem os habitualmente suplentes como A. Almeida , Vitória , Sílvio , Gomes , Cavaleiro , Djuricic , etc. Uma coisa é certa o plantel é extenso e equilibrado e não há razões para levar os jogadores ao limite e às lesões musculares.

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    1. E verdade JV. Também não acho que o Jesus irá dar assim tantas oportunidades aos da equipa B. Talvez uns dois ou três jogadores na taça da Liga ou na de Portugal, como referiste, mas mesmo assim só para irem para o banco e entrarem no decorrer do jogo, pois o técnico encarnado precisará desses jogos para dar ritmo a quem no plantel principal tem jogado pouco.

      Realmente o nosso plantel é extenso e equilibrado (talvez falte mais um lateral esquerdo de raiz, visto que o Sílvio ou o André Almeida nessa posição é mais uma adaptação).

      Quanto a levar os jogadores ao limite para contraírem lesões musculares e outras, tens toda razão. Agora, veremos se o Jesus tem engenho e arte para tal. De momento, está tudo a jogar do lado dele.

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