22 dezembro 2018

Era só o que faltava!


... não poder jogar a "extremo" esquerdo!


Ainda sobre o miúdo, tenho ouvido muitos adeptos e comentadores a desculpabilizarem as suas exibições, com o posicionamento inadequado que o Vitória lhe confere no seu 4-3-3. Esta malta defende que o Félix deveria jogar no corredor central ao invés de jogar na posição de extremo esquerdo. Inclusive, criticam o treinador encarnado por deixar o Félix muito aberto na esquerda. Esquecem-se é que o João Pinto também vingou na selecção nacional no Euro 2000, exactamente como extremo esquerdo. Esquecem-se é que o Guardiola fazia o mesmo com o Henry, depois com o Villa e, agora, com o Bernardo Silva (este sendo esquerdino, coloca-o a extremo direito). Há uma razão clara para isso, senão vejamos...


Em primeiro lugar, o miúdo está a anos de luz para entender o jogo sem bola, i.e., o rigor posicional e de movimentos que deve fazer sem bola para ir equilibrando a equipa (novamente, a inteligência de jogo que já referi acima). Depois com bola, o miúdo está habituado a jogar ao ritmo dos júniores e da equipa B, o que é bem diferente de jogar com um "cão de caça" colado aos seus tornozelos, em forma de médio-defensivo, dos 4-3-3 que pululam no nosso campeonato e que seriam o seu mais directo adversário caso jogasse no corredor central. Assim. na ala, e encostado à linha, acaba por poder receber a bola com tempo e espaço para decidir da melhor forma.


O problema dele está na decisão. Quantas vezes ele decide mal, quer seja ao nível do passe, quer seja ao nível da movimentação e quer seja ao nível do posicionamento que deve adoptar para com os restantes colegas?! E, são estes erros que fazem com que o plano que existe para a passagem entre a 2ª e a 3ª fase de construção não seja respeitado. Reparem, que o Benfica não faz um jogo brilhante em Montalegre, porque o João Félix, o Krovinovic e o Gabriel tiveram todos uma péssima exibição no que respeita aos movimentos e posicionamentos que deveriam ter entre a 2ª e a 3ª fase. Eles, não sabem diferenciar os momentos de jogo. Por outras palavras, não sabem ler o jogo. Saber diferenciar os momentos, é saber controlar o campo espaço-tempo.


O Félix ficar encostado à esquerda prende-se com uma estratégia de criar espaço para os jogadores do meio-campo poderem circular com a bola e sem bola, da 2ª para a 3ª fase de construção. Serve também para o ponta-de-lança poder participar no processo criativo. Se o extremo respeitar esse posicionamento, os colegas poderão criar jogo e envolver o João no processo criativo, onde ele é de facto predestinado. Depois, na 3ª fase de construção terá liberdade para sair daquela "casa táctica" e procurar as zonas de finalização. É esse o plano de jogo. Mas, agora é preciso compreender que para interpretar este plano de jogo é preciso inteligência de jogo e isso não só nasce com os jogadores, como se trabalha, se treina e, fundamentalmente, se adquire com a experiência de jogos e de competição. Um bom exemplo do que expliquei é o que o Henry faz no seguinte vídeo.


7 comentários:

  1. Helder Silva22/12/18, 16:38

    Queres ver que o Rui Vitória é um visionário?

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    1. Haters gonna hate!

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    2. Visionários são os treinadores de internert como tu.

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  2. Completamente de acordo com o texto. O Ronaldo também foi jogar a extremo, embora possa jogar, hoje, em qualquer lugar.
    O Félix tem de comer muita relva até vir a ser jogador. Técnica e visão não é tudo no futebol. Há formas de ser anulado que se não souber ultrapassar não toca na bola!
    Félix tem de aprender a fugir dos adversários, como faz muito bem o Bernardo, porque os adversários dão-lhe pouco espaço, tentam encostar e ganhar-lhe fisicamente.

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    1. E acima de tudo respeitar os posicionamentos e os movimentos dos colegas. Mas, nesse aspecto, como referi no artigo anterior, tem ele e outros que fazer esse trabalho. Agora, esse trabalho não aparece feito num estalar de dedos. Demora tempo, e se não tivermos um núcleo duro que garanta qualidade e resultados desportivos em campo, torna-se difícil a integração e a evolução destes miúdos.

      Uma coisa é certa, o João Félix é muito talentoso, mas não é da mesma centelha de percentil 99 que talentos como Eusébio, Pelé, Zidane, Messi, Neymar, Ronaldo, Cristiano Ronaldo, Maradona,... que logo que entraram na equipa titular foi para ficarem e nunca mais de lá saírem, porque realmente faziam a diferença. É isso que ele precisa de fazer, a diferença.

      E, para um jogador com as suas características é fazer a diferença pela inteligência de jogo e pela simplicidade de processos e muita, muita, objectividade nas suas acções.

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  3. Certíssimo. Mas uma coisa é partir da posição de extremo esquerdo para vir para dentro contribuir para a posse entre-linhas e o jogo interior, como fizeram/fazem TODOS os que mencionaste, outra é partir dessa posição para...continuar colado à linha, jogando com a proibição de se afastar mais que cinco metros da linha lateral, só levantada dentro da área...

    Independentemente de eu achar que o JF é um puro segundo avançado e um jogador de corredor central, também acho que pode ser uma excelente ideia ele partir da ala esquerda, como destro que é, para vir partir tudo no meio, em vez de habitar logo á partida o território do segundo avançado. Mas não é nada disso que RV pede ao extremo esquerdo do Benfica, seja ele Cervi ou Rafa/JF...muito pelo contrário. RV pede-lhe antes que seja 'vertical' bem juntinho à linha lateral, em todas as fases antes da preparação da finalização, para nesta, das duas uma: se a bola está do seu lado, ganhar a linha de fundo e cruzar; se a bola está do outro lado, tem excepcional permissão para se afastar da linha lateral e entrar na área para tentar finalizar o cruzamento vindo do outro lado.

    Basicamente, é isto. Rigorosamente, passa pouco, muito pouco, disto.

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    1. Se queres entender o jogo, tens deixar de rótulos do tipo "JF é um jogador de corredor central". Isso é simplesmente limitar ideias de um jogador. Isso é simplesmente colar o jogador a uma posição e rotiná-lo a ela. Por exemplo, alguma vez o Messi se define como um jogador de corredor central? O Cristiano? E, sem ir para os grandes nomes, por exemplo, o Mandzukic?

      No artigo acima, fui bastante claro: o posicionamento que os jogadores devem adoptar em cada fase do jogo é fundamental para que o plano de jogo se desenrola bem.

      Pedir a um miúdo, que ainda cheira a leite e que é a mãe que lhe escolhe o corte de cabelo, para perceber tudo isto já também é difícil. Mas, é um trabalho que tem de ser feito asap, caso queiramos chegar a fevereiro com grandes hipóteses de reconquistar tudo.

      Tu não sabes o que o RV pede aos extremos, porque se ainda os médios-interiores não estão consolidados, como podes falar dos extremos?! Isto são processos que para serem rapidamente consolidados, também precisam de jogadores com um determinado grau de maturidade de jogo e jogadores que não sintam que têm de demonstrar mais para agarrar o lugar, porque esses, acabam por depois complicar.

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