17 dezembro 2018

Afinal o escolhido para...


... da Madeira foi o Cervi!


Compreendo que na cabeça de Rui Vitória e de muitos adeptos está o grau de entrosamento que o "pequeninos" Cervi e Grimaldo possuem, fruto de uma relação de amizade dentro e fora dos relvados. Contudo, se muitas vezes essas combinações 2 para 1 entre eles tem enorme sucesso, culminando em jogadas vistosas, são muitas mais as vezes que não resultam. Melhor, resultam sim em perdas de bola e consequentes ciclos de recuperação que tendem em desgastar ainda mais a equipa. Não tenho os números ao certo, mas frente ao Marítimo nesta noite, foram mais as vezes em que a dupla hispano-argentina perdeu a bola em combinações, do que aquelas que resultaram efectivamente em criação de jogadas ofensivas de enorme perigo para o adversário. É aqui que reside o problema, Rui!


Na minha opinião tem tudo a ver com a (não ou má) utilização do princípio do terceiro homem. Um dos mais importantes princípios de jogo no futebol é levar a bola para o ataque. Como desporto que requer a invasão do campo adversário, cada jogada acaba por ter um objectivo inerente: alcançar o limite do campo adversário e marcar golo. Contudo, com o desenvolvimento e aprimoramento de modelos de pressão e de contrapressão, cada vez mais elaborados e eficazes, torna-se mais difícil entrar no campo adversário. É por esse motivo, que as combinações entre dois jogadores para desequilibrar localmente já não é o suficiente na maioria das situações de jogo. Daí que, seja necessário adicionar um terceiro homem nas combinações. A ideia é baseada no seguinte: dois jogadores executam uma combinação de passes, atraindo um defesa adversário, para depois descobrir um terceiro jogador (daí o "terceiro homem") livre e disponível para tomar a vantagem do espaço criada. Este princípio é bem demonstrado pelo seguinte vídeo do Guardiola, aplicado neste caso ao corredor central, mas facilmente se aplica aos corredores laterais (se bem com certas condicionantes que não fazem parte deste texto por razões de simplificação).



Ora, o que acontece é que tanto o Grimaldo e o Cervi têm grande facilidade em jogar entre si, mas enormes dificuldades em jogar com os restantes colegas. Até poderia desculpar quando têm que jogar com o Gedson, pois o miúdo ainda tem grandes lacunas ao nível de adoptar os melhores posicionamentos e movimentos para fomentar este princípio do 3º homem. Agora, quando a ineficácia perdura com a tentativa de combinações com o Pizzi e o Jonas, jogadores de elevada cultura táctica, é porque algo vai mal. E de facto, algo vai muito mal. Em primeiro lugar, o tal terceiro homem (que alguns treinadores denominam do terceiro homem que corre) deveria ser o Cervi ou o Grimaldo, enquanto o primeiro homem deveria ser o Grimaldo ou o Cervi, respectivamente. Isto atendendo ao desenvolvimento da construção de jogo pela ala esquerda. Segundo, o segundo homem deveria ser ou o Pizzi, ou o Jonas, i.e., ou o médio-interior, ou o avançado de referência. Terceiro, para o Cervi ser o segundo homem, é preciso que o terceiro homem possa ser o médio-interior ou o avançado centro. Neste caso aconselharia jogadores como o Gedson ou o Gabriel (interiores de maior capacidade atlética), e como o Seferovic, o Castillo e o Ferreyra (avançados que gostam de explorar os espaços nas costas das defesas contrárias).



Contudo, faço uma ressalva, porque com o Cervi a ser o 2º homem e com a jogada a desenrolar pelo lado esquerdo, significa que das três uma: (1) ou está de costas para a baliza adversária, pelo que terá de fazer um passe sempre para trás e não para a frente onde o médio ou o avançado pudesse correr mais livre, criando uma situação de risco elevado de perda de bola e, consequentemente, da perda do equilíbrio defensivo encarnado devido a menos uma unidade do meio-campo (caso do 3º homem ser o médio-interior); (2) ou está de frente para a baliza adversária, pelo que terá sempre um defesa adversário a fechar o corredor central, pelo que o passe para o 3º homem terá que ser demasiado vertical, fugindo dessa maneira do corredor central, o que poderá não servir os propósitos ofensivos; (3) ou está de "perfil 3/4" para o corredor central, situação que melhora a combinação com os colegas, mas como terá o "pé forte" do lado do defesa, o risco de corte é elevado. Daí, que defenda que o melhor posicionamento para um extremo esquerdino é no flanco direito. Já agora, não é inocente que o desempenho do Zivkovic no flanco direito tenha sido muito superior ao do extremo argentino. Aliás, o momento áureo deste neste encontro foi precisamente quando foi para o lado direito, arrancar aquele cruzamento de trivela para o Jonas.





18 comentários:

  1. Cada vez me parece mais que as pessoas não percebem nada quando vêm futebol.
    Os maritimistas entraram com o propósito claro de INTIMIDAR alguns jogadores do Benfica, o Cervi, o Pizzi e o Gedson. Isso ficou claro desde o princípio do jogo que, com a complacência do árbitro, mais se acentuou.
    Cervi foi um saco de pancada.

    Porque razão o jogador mais violento, Fabrizio, que bateu em vários jogadores, Pizzi, Gedson e Cervi e que devia ter sido expulso, estava a chorar no fim do jogo?
    Lembram-se daquele jogador do Setúbal?

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    1. Tem razão. Contudo, os nossos jogadores têm de ser mais inteligentes. Forçar uma arrancada, um 1-contra-1 contra jogadores viris, é errado, ainda por cima quando com uma troca de passes deixa-os pregados ao relvado.

      Repara, num 2 para 1, contra um Fabrizio, este irá entrar duro sobre o portador da bola. Este mesmo que liberte para o colega, vai libertar já a queimar. Como o adversário joga agressivo, a cobertura defensiva do Fabrizio, está à coca. Chama-se a isso uma "armadilha táctica".

      A forma mais correcta e elegante de ultrapassar estas armadilhas tácticas é o princípio do 3º homem, pois envolve uma outra linha defensiva que normalmente organiza-se de forma independente.

      O um contra um, ou o 2 para 1, só deveria ser utilizado quando os nossos jogadores estão perante a última linha defensiva do adversário.

      Por fim, repara, uma coisa é bater numa jogada em que se luta pela posse de bola, corpo a corpo. Aí o árbitro e todos os outros adeptos, vão vir com a ladainha de que o futebol é um desporto de contacto,... mesmo quando é falta claríssima. Ganhamos faltas, mas isso quebra-nos o ímpeto ofensivo, cansa-nos mentalmente, e faz com que o adversário recupere o fôlego. Agora, se trocarmos melhor a bola, o adversário irá chegar sempre atrasado. O choque ocorrerá sem bola e aí sim, a pressão sobre a arbitragem deve ser feita.

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    2. A forma mais elegante de evitar esses contatos é voar!!
      Os nossos jogadores têm de ser ensinados a voar com a águia Vitória!
      Fly Like an Eagle!

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    3. Acho que não percebeste bem o que escrevi. É muito mais perceptível a falta grosseira se o adversário atingir o jogador encarnado já com a bola a caminho de outro colega, do que com a bola ainda nos pés.

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  2. Grande artigo, PP! Tu quando não te forças a defender o indefensável, brilhas sempre!

    Concordo com tudo. Com excepção de uma coisa: embora eu também defenda, como tu, os extremos com pé 'trocado', não concordo que tenha sido só por isso que o Zivkovic tenha tido rendimento muito superior ao do Cervi. É também porque o Zivkovic é muito melhor jogador, em termos de inteligência de jogo e qualidade da sua tomada de decisão! Estive a reparar bem nele nos Barreiros e é impressionante como se movimenta e decide (quase) sempre pela melhor opção para a equipa, naquele contexto do jogo.

    Mas lá está: estava a ser de longe o melhor da equipa, mas foi o primeiro a sair...e o pormenor trágico-cómico, saíu para "fechar o lado esquerdo"!!

    Voltando ao teu texto, se até os triângulos nos corredores laterais já são conhecidos de todos os adversários e facilmente anulados por eles, na maioria dos jogos, imagine-se quando é só os 2 no corredor, sem envolver médio interior ou avançado...

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    1. A meu ver falta ao Zivkovic o poder de explosão do Cervi, para atingir outro nível... Mas, a inteligência de jogo pode compensar, tal como acontece com o Bernardo Silva. 😉

      Os triângulos podem ser todos conhecidos. Agora pará-los é outra coisa... Ou deveria ser outra coisa.

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    2. Está atento porque devo lançar um artigo nos próximos tempos que visa uma reorganização do plantel e que terá em consideração os melhores posicionamentos para os jogadores poderem dar as melhores dinâmicas, respeitando também a facilidade dos métodos de trabalho que essa organização do plantel trará.

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    3. Eu estou sempre atento ao Guerreiro da Luz 😉

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    4. Fazes muito bem. LOL!

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  3. "Agora, quando a ineficácia perdura com a tentativa de combinações com o Pizzi e o Jonas, jogadores de elevada cultura táctica, é porque algo vai mal."
    Epá a sério? Pizzi um jogador de elevada cultura táctica? um Jogador que não sabe defender, que coloca constantemente a equipa em desequilíbrio, para nem falar dos momentos em que se arma em vedeta? Só falta dizeres que também é um bom chefe de família e por isso merece jogar sempre.

    Carlos Gomes

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    1. Lol!

      O Pizzi é dos jogadores que melhor sabe o que tem a fazer. O problema é que à direita e à esquerda está rodeado de jogadores que não sabem o que têm de fazer em cada momento do jogo.

      Ele normalmente, começa os jogos mais perto do Fejsa para os dois conseguirem levar a bola da 1ª para a 2ª fase de construção. O problema começa quando querem passar da 2ª para a 3ª fase.

      Quantas vezes, o Cervi, o Rafa, o Gedson e o Gabriel não estão nas posições correctas, para facilitar a linha de passe e dar continuidade às combinações? Quantas vezes, estes insistem na jogada individual, em vez de um cruzamento para a grande área, onde está o Jonas e o extremo do lado contrário, mas também o Pizzi a aparecer detrás.

      Se estes jogadores perdem a bola nesse momento, onde está o Pizzi? Obviamente, deslocado, lá no ataque. E, agora pergunto, a culpa é do Pizzi?

      A culpa está naqueles jogadores que emperram a engrenagem toda.

      Se tirarem de lá o Pizzi, o mais certo é a equipa começar a jogar tipo Porto: bola bombeada para a corrida de alguma lebre, aproveitar segundas bolas e cruzar, cruzar e cruzar. Jogo interior igual a 0.

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    2. Se tirares de lá o Pizzi e meteres o Krovinovic, o mais certo é começarmos a jogar à Benfica...ou seria, se tivéssemos um treinador à altura do Benfica...

      Então se também tirares este Fejsa e recuares o Gabriel ou o Gedson para 6, abrindo também espaço para Zivkovic na posição em que rende melhor de todas (médio interior/médio-centro ofensivo), ui ui.

      Este era o meu meio-campo em 4x3x3: Gabriel/Gedson a 6, Zivkovic e Krovinovic interiores...não podemos jogar com dois meios jogadores: o Fejsa que só conta nos momentos defensivos e o Pizzi que só conta nos momentos ofensivos...

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    3. Atenção que o Krovinovic carece de número de jogos suficiente para poderes aferir a isso. Por outras palavras, ainda está para provar se o Krovi conseguirá manter o ritmo e o nível futebolístico jogo sim, jogo sim.

      À primeira vista, tem tudo para triunfar, mas não te esqueças que o croata é também ele um miúdo.

      ;)

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    4. A primeira condição necessária para ele manter o nível jogo sim, jogo sim é estar no onze jogo sim, jogo sim...e isso está muito longe de estar a acontecer...outra vez este ano! Definitivamente, o Mister Fezadas não aprecia jogadores inteligentes e criativos, prefere os cavalos fortes e burros...

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    5. Viste o jogo de ontem? Acho que dá para perceber o porquê do Krovi não ser titular no Benfica. Nem está com ritmo de jogo, nem está entrosado com o resto da equipa.

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    6. Hás-de me explicar como é que ele fica com ritmo de jogo sem jogar...já pareces o meu pai, quando eu era puto e tinha acabado de tirar a carta de condução, que não me deixava conduzir porque eu não tinha prática de condução!...

      Além do mais, ontem foi tudo, colectivamente, muito mau, como de costume, mas quanto a mim o Krovi e o Zivko ainda foram dos menos maus, claramente. Apesar das ordens do Mister Fezadas habituais, segundo as quais o objectivo principal do Krovinovic em campo era estar sempre o mais colado à linha lateral que fosse possível...um médio de corredor central com perfil ideal para futebol total, ligado por dentro, que é suplente e quando joga tem que estar sempre encostado à linha, ele que se livre de usar o corredor central, sem ser como ponto de passagem para a linha lateral do outro lado!!...aliás, como João Félix e Zivkovic! Três jogadores geniais de corredor central, de nível técnico e de decisões elevadíssimo, perfeitos para um modelo de posse em ataque posicional, de futebol apoiado e ligado por dentro do bloco adversário - nenhum é titular e quando jogam, são desterrados para os corredores laterais!! São tiros no coração do bom futebol e no coração da Identidade do Benfica uns atrás dos outros! Com o Mister Fezadas, o Benfica parece uma equipa pequena e as equipas pequenas parecem o Benfica! Já vimos o Chaves parecer o Barcelona, o Portimonense parecer a Juventus, o Tondela parecer o Borussia de Dortmund! E ontem com o Montalegre, como já antes com o Vianense, o Primeiro de Dezembro e o Olhanense: aflitos para ganhar, várias oportunidades de golo flagrantes concedidas...

      Eh pá tragam o Tiririca - pior do que está não fica!

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    7. Fosse o teu pai comprava-te um carro em segunda mão... Isso para não estragar o BMW novinho em folha. Se tivesse um chaço como carro siga com ele porque o risco e, sobretudo, o custo do risco valia a pena.

      O mesmo se passa com estes jogadores. Aqui o que se passa é que a maioria destes miúdos são muito bons e possivelmente de classe mundial, mas não são aqueles talentos percentil 99. Estão ali entre os 75 e os 99. Portanto, estes primeiros 6 meses deveriam servir para peneirar os "percentis 99", pois são os que podem entrar de caras no plantel encarnado. Todos os outros precisas de trabalhá-los muito mesmo. O custo desse trabalho é um misto de horas e de perdas de pontos e títulos. No Benfica não podes perder. Portanto, a esses miúdos que não estão nesse percentil deveriam ir rodar. Tal como acontece com o Chiquinho e o Heriberto.

      Para mim, ontem ficou claro que o Félix é dessa estirpe.

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