25 dezembro 2017

Mais é menos...


... e menos é mais.

Mais é menos!
A abundância de opções acabou por atrapalhar a
integração de muitos jogadores, incluindo a dos miúdos
 Diogo Gonçalves e João Carvalho.
Esta paragem para as festas natalícias e de preparação para o novo ano são sempre um importante momento para reflexão, ainda para mais quando a equipa encarnada está arredada de 3 das 5 competições que entrámos nesta temporada (das duas que sobram, uma já temos no bolso, algo que pouca gente está a desprezar, mas que faço aqui o relevo necessário). É por isso, que escrevi o artigo da lista de prendas de Natal de 2017. Embora o artigo fale sobretudo de possíveis contratações, acaba por apontar a uma das causas para o insucesso do Benfica naquelas 3 competições em que já se despediu. E, essa causa está no optimismo de que o grupo no seu todo seria capaz de incorporar rapidamente vários jogadores jovens, uns mais do que outros (Diogos Gonçalves, Rafas e Gabrieles Barbosas), no contexto competitivo do tetracampeão. Pensou-se que jogadores como Cervi, Zivkovic, Rafa, Filipe Augusto, entre outros jovens-menos-jovens estivessem já encaminhados nesse percurso, uma vez que já levavam uma época de treinos com Rui Vitória. Dessa forma, a equipa técnica poderia debruçar-se mais na potenciação e desenvolvimento dos miúdos como o João Carvalho e de outros que acabavam de chegar, como o Krovinovic. Depois, também fomos demasiado optimistas em pensar que os emprestados Douglas e Gabriel Barbosa era só chegarem cá e começarem logo a pegar de estaca, nos jogos que provavelmente poderiam jogar devido ao acordo de empréstimo, conforme já escrevi aqui. Enfim, o que é certo é que tanta abundância acabou por resultar na escassez de resultados, fruto de uma escassez na operacionalidade do modelo de jogo inicialmente proposto para esta temporada. De tal forma, que Rui Vitória viu-se obrigado a ter que reaproximar o seu modelo de jogo à situação real dos jogadores que tinha à disposição. Estou certo que se aquele grupo de jogadores jovens-menos-jovens que transitaram do ano passado tivessem estado à altura, provavelmente o Benfica ainda estaria a jogar no 4-4-2.


Menos é mais!
Emprestaria o Rafa e retornaria o empréstimo do Gabriel
neste defeso de inverno.
Sendo assim, pegando no contexto competitivo que sobra ao Benfica esta temporada, ou seja, a luta pelo pentacampeonato (título da 1ª Liga NOS), mas também perceber que é preciso fazer um trabalho de reconstrução da equipa que levará um pouco mais tempo, penso que o emagrecimento do plantel já neste defeso de inverno será uma necessidade para o aumento da competitividade do mesmo. Conforme já tinha mencionado aqui no blogue, os primeiros jogadores que cortaria seriam os emprestados Douglas e Gabriel Barbosa. Sem a Liga dos Campeões, são jogadores demasiado caros para a nossa bolsa e para a qualidade que apresentam para a nossa realidade. Depois, nem podemos considerar investimentos futuros, pois por exemplo, para a posição do Gabriel Barbosa temos o Zivkovic e o Douglas com 27/28 anos dificilmente poderá sair por um encaixe que cubra o investimento que o Barcelona pede. Os segundos a saírem - por empréstimo - seriam os miúdos João Carvalho e Diogo Gonçalves. Manteria apenas o Rúben Dias, até porque pegou no lugar com a garra necessária nas chances que lhe deram. Podemos desculpar ao João a concorrência de Krovinovic e de Pizzi, pelo que com apenas uma competição dificilmente terá minutos nas pernas, que é o que ele precisa neste momento na sua carreira. Mas, ele terá que evoluir muito, sem bola e, sobretudo, na mentalidade de querer realmente agarrar a posição. Quanto ao Diogo, teve bem mais oportunidades que o seu colega de meio-campo, mas não as agarrou. Depois, para jogar à esquerda prefiro colocar aí o Raúl ou até mesmo o Seferovic, se tanto Cervi, como Zivkovic ou até mesmo o Eliseu não poderem jogar aí. Então e o Rafa, pergunta-me o leitor? Bem, na minha opinião e, apesar de ser um fan incondicional do seu futebol, a melhor solução para ele e para a equipa será um empréstimo que lhe possibilite jogar, de preferência no estrangeiro, numa liga mais competitiva e numa equipa em que pudesse ser titularíssimo. A ideia não é desfazer-se do jogador, mas sim valorizá-lo para depois regressar e ser referência da equipa. Só não defendo-o a ficar cá, porque sei que o modelo actual não lhe vai beneficiar. E, para fazer de extremo direito, temos o Raúl que pode jogar aí e até pode ser uma espécie de 2º avançado camuflado de extremo, como também temos o Zivkovic. Depois, o Rafa precisa de jogar com regularidade para ganhar confiança. O plantel ficaria assim reduzido a 21 jogadores conforme mostra a figura no final do artigo. Pode parecer poucos jogadores, mas acreditem que há espaço para reduzir um pouco mais, conforme irei explicar de seguida. Contudo, um grupo menor, permite ao Rui Vitória fazer evoluir um núcleo de jogadores que provavelmente não sairão no próximo defeso, mas que servirá de base para a próxima temporada. Falo de jogadores como Bruno Varela e Svilar na baliza, de Rúben Dias na defesa, de Filipe Augusto (se entretanto não o conseguir transferir, como veremos mais adiante), Samaris, Krovinovic, Cervi e Zivkovic no meio-campo, de Raúl e Seferovic no ataque, por exemplo.


É possível reduzir mais?
O central argentino é um dos jogadores mais cobiçados
neste mercado de inverno e que poderá sair já em janeiro.
A estes 21 jogadores, penso que é possível reduzir um pouco mais, mesmo tendo em conta possíveis lesões. Estamos somente envolvidos numa competição, que teoricamente se jogará de semana a semana, mas que devido às outras competições em curso e aos compromissos das selecções, na prática jogaremos mais espaçados no tempo. Isto permite não só fazer uma melhor gestão física, como planos de recuperação e de protecção mais correctos. Por outro lado, permitirá maior tempo para o Rui Vitória trabalhá-los noutros aspectos do jogo, como é espectável. Por esse motivo, não tenho receio em responder que é sim possível reduzir um pouco mais o plantel. E, aqui menciono três nomes. O primeiro a ter o meu aval para sair é o argentino Lisandro. O jogador tem mercado e quer ser titular para ambicionar em ir para o mundial da Rússia. No Benfica, apesar de pessoalmente achar injusto, tem sido relegado constantemente para 4º central, atrás de Luisão, Jardel e, agora, do Rúben Dias, que parece ter uma certa protecção por ser produto referenciado da formação. Dessa forma, não vale a pena cortar as pernas ao jogador. Até porque há outras soluções no plantel, incluindo a descida no terreno de Samaris, por exemplo. Deste modo, estamos a dar ainda mais minutos de jogo aos jogadores através de algo que permite solidificar ainda mais um grupo de trabalho: a diversidade e flexibilidade de jogarem em várias posições. O assédio pelo Grimaldo é crescente e pode ser concretizado já neste defeso de inverno. Por uma excelente proposta (acima dos 30M€) poderia ser transferível, apesar de saber que muitos iriam ser contra e de acharem que seria um passo em falso na luta pelo penta. O lateral espanhol é de facto um belíssimo jogador. No entanto, está longe daquilo que muitos adeptos fazem dele. Em termos defensivos, o mau-amado Eliseu, é capaz de ser mais eficiente que o jovem camisola 3. Por outro lado, o facto de Cervi já ter feito largos minutos nas segundas-partes na posição e com bons desempenhos, deixa-me com alguma confiança de que a função do Grimaldo será sempre bem substituída por estes dois jogadores, ainda para mais, quando os adversários são do nível que temos na 1ª Liga NOS. Também é bom recordar que o espanhol tem um histórico de lesões elevado e como tal dificilmente será transferível pela sua cláusula de rescisão (cifrada em 60M€). Já agora, o Eliseu para mim seria intransferível. É jogador para acabar a carreira na Luz. Carreira essa que quanto a mim ainda está longe de terminar. O actual campeão da Europa por Portugal, jogando com regularidade será presença quase certa no mundial da Rússia, dada a sua fiabilidade. Depois, na equipa encarnada não só chega para qualquer extremo adversário em Portugal, como também penso que poderia evoluir como um Azpilicueta no Chelsea, jogando como falso lateral direito ou até como central do lado esquerdo numa defesa a 3 (já estou a pensar no desenvolvimento do actual modelo encarnado). A terceira saída, à condição (vão perceber de seguida), seria a de Filipe Augusto. Apesar de gostar de ter um canhoto no meio-campo encarnado, entendo que o camisola 6 não tem o amor dos adeptos, ainda por mais depois daquela saída em substituição. Ali o Filipe revelou pouca inteligência emocional, por mais razões que ele até possa ter. Dito isto, também compreendo que se não sair, o Augusto poderá ter aqui uma oportunidade quase única e definitiva para lutar por um lugar na equipa e no onze, pois terá mais tempo de treino e atenção da equipa técnica para evoluir o seu jogo neste modelo de Rui Vitória.


E as possíveis entradas?
Se o camisola 6 encarnado sair, que seja colmatada com
a entrada do Lucas Evangelista, o profeta da bola
Esta pergunta coloca-se porque ainda no último artigo falei em pelo menos duas contratações. À luz do que estou a escrever aqui, penso que poderei abrir mão de uma delas. Já a outra, penso que vai muito ao encontro da possível saída de Filipe Augusto, uma vez que a proposta seria uma troca entre este jogador encarnado e o Lucas Evangelista do Estoril. O jogador da equipa canarinha da linha parece-me ir mais ao encontro das actuais necessidades do plantel encarnado. É pois um "8" enquanto o Augusto é sobretudo um "6". Aliás, considero o Samaris mais "8" que o Augusto, de tal forma que o primeiro substituto do Pizzi no tridente seria para mim o Samaris, enquanto que o primeiro substituto de Fejsa seria o Augusto. No entanto, penso que uma dupla Samaris e Lucas iria complementar tanto ou mais que a de Fejsa e Pizzi e isso seria muito importante para aproveitar o trabalho já feito em 4-4-2 no início da época e que penso que mais tarde ou mais cedo será necessário usá-lo no que resta deste campeonato. Gostaria de realçar, a bem da verdade do contexto e do raciocínio, de que uma dupla Augusto e Samaris também tem tudo para resultar. No entanto, actualmente, é preciso muito mais trabalho para fazê-la funcionar, pois nessa dinâmica, o Augusto terá de funcionar como "6" e o Samaris como "8" dado os perfis futebolísticos de ambos, mas, como o Samaris tem sido adaptado nas últimas épocas a "6" devido à sua envergadura física e o Augusto a "8" desde que chegou ao Benfica, cria-se toda esta salganhada que tem resultado em críticas severas do terceiro anel a ambos os jogadores. A entrada de Lucas funcionaria aqui como um atalho para melhorar o futebol encarnado, assim como aliviar um pouco a tensão sobre o grupo por parte dos adeptos.


E a aposta na formação?
Willock, Heri, Kalaica, Keaton, e muitos outros poderão
ter mais oportunidades na equipa A no que resta da
temporada, mesmo com esta proposta de redução.
Com esta redução e saídas e entradas de novos jogadores, conseguiria reduzir o plantel em 19 jogadores, incluindo já os 3 guarda-redes. Para precaver qualquer lesão, mas também alguma situação pouco usual, a equipa técnica de Rui Vitória poderia e deve ir à equipa B procurar os jogadores necessários para ir colmatando as necessidades. Pessoalmente, tenho em mim uma pool de jovens jogadores que tencionaria à vez ir buscando, na tal escadaria que Rui Vitória já falou, para a equipa principal. São eles: o Kalaica e o Ferro para o centro da defesa, o Alex Pinto e o Pedro Pereira para as laterais, Keaton Parks para o meio-campo e, o Chris Willock e o Heri Tavares para as alas do ataque. O central croata já se estreou e logo com um golo no estádio do Bessa no jogo da confirmação do tetracampeonato. Fisicamente e tecnicamente estamos perante um central que tem um perfil semelhante ao do Varane do Real Madrid. Já o Ferro, tem em seu favor ter sido o parceiro de sector de Rúben Dias, pelo que ambos possuem uma excelente química que não deve ser desprezada. Para além disso, desde a saída do seu colega para a equipa A encarnada, o jovem central tem evoluído ainda mais. Caso o Lisandro saia neste defeso, estou seguro que um destes dois ou até mesmo os dois poderão subir à vez para o conjunto de Rui Vitória, começando desde já a passagem destes dois para a equipa principal. Os dois jovens laterais poderão também ser chamados pelo técnico encarnado para fazerem parte dos trabalhos com a equipa principal e até mesmo irem a jogo. O Pedro Pereira poderá ter aqui a hipótese de redimir-se da má pré-época que fez este ano, até porque ele pode jogar tanto à direita como à esquerda. E, quanto ao Alex, o jovem tem mostrado na equipa B que é um lateral ao estilo de Semedo e outros que passaram pela Luz, que têm características muito ofensivas. Para serem integrados no grupo de forma a que possam fazer a transição de forma harmoniosa, penso que esta redução do plantel fará maravilhas, pois possibilita de forma natural a entrada destes miúdos, à vez. O próprio Keaton Parks terá assim maiores probabilidades de entrar em campo do que tem agora. E, se o leitor ainda está grilado com a saída do Rafa e sobre quem poderá agitar o lado direito (e o esquerdo) caso o Salvio se lesione, quero apresentar-vos dois nomes: o Willock e o Heri. O jovem inglês tem já muito futebol para uma equipa B. Pelo que vi na pré-época, é um extremo muito esclarecido e sabe tomar bem a decisão de quando deve ir para cima do adversário e de quando deve combinar com os colegas. Depois, é um jogador que se sente bem no último passe. É uma espécie de Zivkovic do flanco oposto. Acredito que para uma utilização casual poderia muito bem fazer esquecer o habitual titular. E, quanto ao Heriberto, do qual sou adepto do seu futebol, caso por ventura haja uma lesão de um dos nossos avançados, penso que será a oportunidade perfeita para ele subir à equipa principal. É um miúdo de enorme talento e tem a mentalidade certa para vingar na equipa. É actualmente um dos melhores goleadores da equipa B e acredito que ainda esta temporada chegará ao topo dessa lista, o que funcionará como um belo cartão de visita e de entrada para a equipa principal. A meu ver, é um jogador na linha de um Dembélé do Barcelona. Enfim, como podemos ver, o facto de reduzir o plantel, incluindo a cedência de alguns jovens da formação, não significa que estejamos a deixar de apostar nos jovens. Faz, sim, parte da triagem e das bifurcações do processo de evolução dos mesmos. Processo esse que não é linear e igual para todos os jovens referenciados na Luz.


Proposta para o plantel encarnado no inverno de 2017-2018.
Não inclui as possíveis saídas de Lisandro, Grimaldo e
Augusto, assim como também as possíveis entradas de
Lucas Evangelista e outros miúdos da equipa B.

6 comentários:

  1. António Madeira29/12/17, 16:50

    É sempre um prazer ler os teus textos. Posso não concordar com tudo, embora concorde com muita coisa, mas o que mais ressalta à vista é a forma como propões coisas sem alaridos, má criadagem e rupturas radicais, principalmente a meio da época. As soluções apresentadas visam uma harmonia do grupo, valorizando sempre o que de melhor cada elemento tem. Uma vez mais, os meus parabéns.

    Uma palavra apenas para falar do Lisandro. É um jogador que facilmente agrada ao adepto comum. Tem toque de bola, marca de cabeça (coisa que nenhum outro central faz no Benfica), faz umas compensações arrojadas nas linhas, mas depois arrisca demasiado em certos lances que já nos causaram dissabores.
    Olhando a quente, confesso que esses lances me deixam exasperado (como por exemplo em Nápoles, que ao contrário dos erros que apontaram ao Júlio, a derrocada começou no Lisandro), mas por outro lado, e mais a frio, penso que terá um pouco a ver com a situação do jogador, que sempre foi suplente e que sabe que tem qualidade. Quando tem essas oportunidades, quer mostrar-se, quer impor-se, quer destacar-se como alternativa viável, e isso tê-lo-á levado a cometer esses erros.
    A sair agora a meio da época (pelos motivos que referiste de redução do plantel por ausência de competições), veria com bons olhos, mais não seja para recuperar a confiança e a autoestima e voltar mais forte, caso não seja vendido entretanto.

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    1. António, a tua leitura vai muito de encontro à minha sobre o Lisandro. E, até poderia estender-la a muitos outros jogadores, como por exemplo, o Rafa.

      Agora, também acho que a equipa está demasiada formatada para o tipo de central que é o Luisão e o Jardel. E, isso acaba por prejudicar um pouco o Lisandro.

      Depois, há muita gente que não vê que a caminhada para o tricampeonato começou precisamente quando o Luisão se lesiona em Alvalade no jogo da Taça de Portugal e é o Lisandro que avança para a sua posição. A partir desse momento a linha defensiva não só ganhou uns 30 metros mais acima, como também ganhou um jogador que sabia sair a jogar, facilitando a vida a Fejsa, Sanches e Pizzi.

      Muitos deverão recordar do Lindelöf, mas foi o Lisandro que impôs esse modelo. Modelo esse que veio a beneficiar as características do sueco, que até então, até tinha dado más indicações na pré-época.

      Já agora, e porque gosto de ouvir outras opiniões, como organizarias o plantel agora neste defeso de inverno?

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    2. António Madeira29/12/17, 22:52

      Um dos pontos que discordo no texto é precisamente sobre o Rafa. Está mais que visto que foi um erro, se considerarmos apenas o que custou (valor inflacionado e que previa uma venda futura por valor superior) e o seu potencial. E digo isto agora, época e meia depois de ter chegado, porque penso que nenhum benfiquista ficou chateado por ele ter vindo para o Clube. A verdade é que ele mentalmente é muito fraco e no momento de decisão não é fraco, é fraquíssimo. Estive a ver a primeira parte do jogo em Setúbal e nota-se o mesmo Rafa de sempre: sem maturidade, sem confiança, mas essencialmente sem coragem. Já exibia esses problemas no Braga, mas o potencial tremendo que tem e a velocidade com bola no pé faziam prever uma evolução que, pelo menos até agora, não ocorreu. Quando se tem muitos anos de futebol e de vida, percebe-se que há coisas que não irão mudar, por muito que se queira. Claro que há exceções, mas não creio que seja o caso. Faz-me lembrar o Ola John, um talento que se perdeu por incapacidade de evoluir mentalmente.

      Quanto ao repto que me lanças, confesso que não fiz esse exercício, não de forma deliberada, pelo menos.
      Acho que mais do que jogadores que venham ou que saiam para equilibrar a equipa, é preciso conquistar um equilíbrio emocional.
      E isso só vem com vitórias. E um pouco de sorte, que nos tem faltado em alguns jogos que nos custaram pontos e eliminações.
      É muito difícil contratar em janeiro, porque os jogadores bons já estão a jogar. A exceção é a América do Sul e, sinceramente, só se viesse um lateral para fazer concorrência ao Almeida e/ou um médio centro que desse músculo e presença no meio-campo. Referes o Evangelista, que realmente mostra atributos interessantes, mas penso que seria um jogador iria tirar protagonismo ao Krovinovic, que ainda não está totalmente integrado e no pleno das suas faculdades.
      Porque de resto, temos opções mais que suficientes para lutarmos até ao fim. Precisamos de estabilidade (que poderá vir com uma vitória sobre o Sporting, devolvendo à equipa a confiança e fazendo-a acreditar que é possível), mas, e aqui é que volto a bater, precisamos do apoio dos Benfiquistas.
      Só com o apoio das bancadas é que os jogadores conseguirão sacudir a pressão e pôr em jogo tudo o que sabem. Só com energias positivas conseguiremos dar a volta ao texto, tal como aconteceu nas últimas duas temporadas.

      Concordo que o plantel possa ficar mais curto, para unir o grupo e blindá-lo nesta fase que vai ser muito dura. E para isso são precisos jogadores mentalmente fortes. Com menos jogos, também é preciso manter os jogadores com motivação, algo que vem com jogos nas pernas e com titularidades. Isso não vai acontecer para muitos dos que estão.
      Veria com bons olhos uma boa proposta de empréstimo para o Rafa ou o Zivkovic, empréstimo do Carvalho ao uma equipa da liga portuguesa, devolução do Gabriel e do Douglas (que está a jogar...)
      Também não me importaria de ver sair (por venda ou empréstimo) o Seferovic e o regresso do Mitro, algo que me parece muito difícil...
      Por fim, e para terminar as notas soltas, há o problema da baliza. Svilar parece ter realmente atributos interessantes, mas é muito novo. Varela não me convence, por muita simpatia que me suscite, e não sei o que esperar do alemão que irá chegar. É muita indefinição para uma posição crucial, ainda por cima sem o peso da presença de um gigante como foi o Júlio...

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    3. Ora bem...

      Acho que acabo por responder-te sobre o Rafa com algo que escreveste e muito bem: equilíbrio emocional.

      Mas, não é apenas para o Rafa. Ainda agora estive a ver o jogo e empatamos por culpa própria. Aquele Filipe Augusto se em vez de tentar jogar como o Pizzi, o transportador de bola, jogasse no apoio ao Samaris, conseguiria não só apoiar o grego e ajudar a equipa a circular de forma mais segura, como também não iria ocupar os espaços, atraindo adversários, para zonas do terreno onde Rafa e Zivkovic poderiam desequilibrar. Dessa forma libertaria mais o Carvalho para apoiar o ataque. Aliás, foi exactamente isso que aconteceu no início da segunda-parte. E, não é difícil de entender que dessa forma o Benfica facilmente chegou ao empate.

      O Rafa para mim é um enorme talento. Mas, um dos maiores problemas do Benfica esta temporada é saber gerir o talento que possui. Estamos constantemente a querer mais talento, mas espero que toda a gente com poder na estrutura encarnada perceba que demasiadas opções só atrapalham e até prejudicam a evolução e potenciação dos talentos.

      Estamos a falar de pessoas e estas requerem um certo grau de segurança e confiança. Tivesse o Rafa a competir apenas com um Cervi, e não com este e o Zivkovic e mais o Carrillo, e o Pizzi, e o Willock, e o Raúl e por aí fora, mais aqueles que estão sempre a surgir nos tablóides e ele assentaria o seu jogo. O mesmo para o Filipe Augusto. Hoje o camisola 6 deu tudo em campo. Vi-o a correr aos calcanhares dos adversários. Vi-o a querer estar em todo o lado e infelizmente, por causa disso, não estar onde mais devia. Vi-o a querer fintar meio mundo para marcar um golo de placa e, provavelmente, mandar à cara dos seus críticos. Podemos censurá-lo?! Talvez... mas, quem não sente não é filho de boa gente.

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  2. António Madeira30/12/17, 00:46

    Repara que o Rafa a época passada teve inúmeras oportunidades, tendo brilhado de forma intermitente e entrado nesta época a cometer os mesmos erros. E até teve menos um concorrente, porque o ano passado ainda tínhamos o Carrilo.
    O Filipe é um jogador interessante. Já gostava dele quando o via no Rio Ave e acho que tem muito para dar. Infelizmente, tal como aconteceu com muitos outros jogadores no passado, já foi queimado pelo Terceiro Anel, e bem sabemos como isso normalmente acaba.
    Concordo principalmente quando falas na inexistência de estabilidade, resultado das muitas opções. E é algo que se vai agravar mais ainda com a ausência de competição, daí a necessidade de emagrecer o plantel, nos moldes que referiste no teu texto.

    O talento nunca é demais, mas há que ser equilibrado com duas coisas: liderança dentro e fora do relvado e músculo que imponha respeito e que transporte a bola quando o talento não consegue resolver. Todas as grandes equipas, passadas e presentes, tiveram ou têm estas características.
    E se na liderança penso que estamos bem servidos, pois temos jogadores que conhecem o Benfica e sabem o que significa vestir aquela camisola, penso que falta alguém no campo que dê uma outra cara, uma outra presença do meio para a frente. De certa forma, tivemos dois exemplos disso em épocas diferentes: o Enzo e o Mitro. Se o primeiro dava uma presença em campo que não só contagiava os colegas como intimidava o adversário, o mesmo acontecia com o Mitro, com a sua presença na área e movimentações à entrada dela. E se o primeiro foi bem vendido, creio que o segundo foi um erro e uma venda que me parecia evitável. Claro que nenhum de nós sabe as condições, as cláusulas, os acordos de palavra que correm nos bastidores, mas trocámos o Mitro por um jogador que, apesar de ter qualidades, como ainda hoje mostrou, é muito igual ao Jimenez, retirando profundidade à equipa e promovendo uma competitividade na frente que não me parece muito saudável.

    O emagrecimento será uma realidade, mas estou em crer que é com estes que temos que vamos à luta e com estes que alcançaremos o tão desejado penta.

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    1. O Rafa na época passada não teve tantas oportunidades quanto isso. Nem elas foram como a sequência de jogos consecutivos, que por exemplo o Diogo Gonçalves teve já esta época.

      Por falar no jovem, o Carrillo pode ter saído, mas o Diogo subiu à equipa principal e tendo em conta a bandeira da direção para com a formação, torna-se cada vez mais complicado para o Rafa e outros gerirem isso. Acho que é aqui que o clube está a falhar em termos internos.

      Não acho que o Mitroglou seja assim tão necessário e fosse assim tão insubstituível quanto isso. Acho o Seferovic muito mais jogador que o grego, para além de ser mais jovem e mais barato. Se olharmos para o rendimento por jogo do suíço e compararmos com o rendimento do grego não vemos grande diferença. O Mitro também tinha sequências grandes de jogos sem marcar e durante as épocas que esteve cá nunca quis ser ele o melhor marcador. Por exemplo, na época passada, com a lesão do Jonas, ele poderia e deveria ter perseguido esse título individual e não o vi a esforçar-se para isso. Tinha os seus momentos, mas não passava disso, como por exemplo, na pedreira de Braga.

      Sobre o Enzo, tens agora o Pizzi... não acho viável para um clube com a nossa dimensão ter dois jogadores feitos para a mesma posição. Nós somos um clube vendedor, portanto, é necessário ter por sector um jogador consagrado e outro que esteja a aparecer para poder ser alvo de venda. Infelizmente, é assim, porque é a única forma que temos para competir na Europa. E, mesmo assim, é o que temos visto. Mas, penso que a razão para isso ter acontecido é aquela que comecei a escrever.

      #RumoAoP3N7A

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