23 dezembro 2017

Lista de prendas de...


Um olhar sobre as possíveis entradas e saídas de inverno.


O primeiro presente que desejava para o Benfica neste Natal seria a tua presença no estádio. Mas, não uma figura de corpo presente. Queria sim, a tua presença positiva. Num momento em que o clube encarnado é atacado de todos os lados pelos seus adversários e estruturas de influência, numa operação que já dura mais de 7 meses, e com o aval da inércia da justiça, é óbvio que deixa marcas na equipa. Sobretudo, quando a opção de resposta do Benfica é aquela que está a utilizar, ou seja, a de um bom cidadão que tenta resolver estes problemas confiando no sistema judicial nacional. No entanto, este sistema não está preparado para tal e, o tempo que está a demorar a que se faça justiça nos tribunais (e acredito que ela vai ser feita) é muito grande. Maior que o tempo que dura uma temporada e o desgaste da mesma.

Verdade que a própria estrutura do Benfica, também tenha sido demasiada optimista com algumas opções na preparação desta temporada. Por exemplo, incorporar tantos jovens atletas, num grupo cujos veteranos estão cada vez mais veteranos (Júlio César, Luisão, Jardel, Eliseu, sobretudo o Jardel), outros menos veteranos que não estão ainda devidamente integrados nas ideias de jogo ou com rendimento ainda insuficiente (casos de Cervi, Filipe Augusto, Rafa e Zivkovic) e ainda outros cujo espaço ainda não lhes foi dado como deve de ser (caso do Samaris e do Raúl que têm muito mais futebol para dar), não seria a melhor ideia. Acho que houve aqui um erro de avaliação do grupo. É muita gente para integrar e potenciar. Depois, os jovens como o Diogo Gonçalves, João Carvalho, mas também Svilar e Bruno Varela, não me parecem da mesma centelha de Nélson Semedo e de Gonçalo Guedes. Na hora H, em vez de dizerem presentes, escondem-se, tremem e falham por tudo isso. São ainda muito meninos e se a nível técnico são do melhor, a nível mental não têm o mesmo animal competitivo que fez com que Semedo, Guedes e Sanches pegassem no Benfica de Rui Vitória e o ajudassem a chegar ao bicampeonato. Reparem, que nessa época, o resto da equipa era muito mais experiente. No lugar de Cervi, por exemplo, estava o Gaitán que era simplesmente o melhor jogador desse campeonato. No lugar do Grimaldo, estava um mal amado Eliseu, mas que hoje se calhar já muitos perceberam que poderia jogar sem a nota artística do espanhol, mas uma coisa é certa, ninguém fazia farinha dele... e se houvesse alguém que tentasse ultrapassá-lo lá ia ele de mota apanhá-lo.

Em termos de nomes não posso dizer que a época tenha sido mal planeada. Até tentou-se colmatar essa falta de experiência com jogadores de outro traquejo, como o Douglas e o Gabriel Barbosa. E, aqui vai nova crítica à equipa encarnada. Porque é que não os utilizaram mais vezes? Entendo que a aposta seja no projecto encarnado. Contudo, essa aposta só pode ser possível se a equipa mantiver a estabilidade de vitórias, algo que foi interrompido de certa maneira. O que notei é que nem uma coisa nem outra fizemos, i.e., nem demos o tempo de jogo correcto para a dupla de emprestados brasileiros se adaptarem ao nosso jogo, nem os putos foram suficientemente expeditos para terem aproveitado as borlas que lhes demos. E, neste contexto, não podemos criticar o Rui Vitória, que até mudou um pouco o modelo de jogo do Benfica em prol dos miúdos. Duvidam?! Então vejam só, nesta espécie de 4-3-3, tanto o João Carvalho como o Diogo Gonçalves conseguem coabitar sem terem que reaprender a jogar, uma vez que nos escalões mais jovens chegaram a jogar nesse modelo de jogo. Aliás, penso mesmo que este modelo não só beneficia os miúdos, mas também os outros menos miúdos que o Benfica tem nas suas fileiras, entre os quais Cervi. No entanto, aproximamos do momento das decisões. Com apenas uma competição para nos focarmos, o Benfica tem de recontar armas.

E, aqui entro no segundo presente que desejaria neste Natal para o Benfica: dois jogadores de baixo custo, jovens e que no imediato poderiam trazer a estabilidade competitiva que precisamos. Essas duas prendas seriam o Lucas Evangelista e o Peter Etebo. Porquê estes dois atletas? Simples. Por um lado, o Benfica estado apenas numa só frente, vai precisar de ter um grupo coeso e mais homogéneo. O Rui Vitória e a sua equipa técnica deverá estar mais focada na preparação dos jogos e não tanto na potenciação e evolução de jovens talentos. Aliás, se formos a ver bem, eles continuarão com esse trabalho, mas não tanto com jogadores que estão no primeiro ano de equipa A. Apenas haverá um ou duas posições para jogadores jovens da formação (Svilar, Bruno Varela e Rúben Dias). Os restantes deverão ser emprestados (João Carvalho e Diogo Gonçalves) ou regressarem à equipa B (Keaton Parks). Para além desta arrumação dos jovens, haverá outras saídas. Antes demais, os dois brasileiros emprestados deverão regressar aos seus clubes, uma vez que sem Champions e com um custo muito elevado de aquisição não são uma solução para o Benfica a curto e médio prazo. Depois, no meio-campo, o elo mais fraco em termos de adaptação tem sido o Filipe Augusto. Apesar de apreciar as suas características futebolísticas, penso que uma troca directa entre este e o Lucas do Estoril, ficaríamos a ganhar não apenas no curto como no médio prazo. E, quanto ao Etebo, não só seria uma demonstração de força e poderio financeiro sobre o interesse do Porto, como também penso que o nigeriano poderia ser uma opção muito boa para... lateral direito. Eu sei que a posição dele no Feirense não é essa, mas também essa não é a posição dele na selecção da Nigéria, por isso, prefiro apostar nele para a posição para a qual eu acho que ele poderá ser realmente uma estrela no futebol mundial e num clube como o Benfica.

Lá atrás, é preciso trabalho, assim como no meio-campo. No ataque é preciso, sobretudo, oportunidades, pois tanto o Seferovic e o Raúl já nos deram provas que tendo oportunidades poderão carburar. Sendo assim, o modelo de jogo encarnado deverá estar compreendido entre dois sistemas de jogo, o 4-3-3 e o 4-4-2 mais tradicional. Ou seja, precisamos de 5 médios-centro (Fejsa, Samaris, Pizzi, Krovinovic e Lucas Evangelista) e 3 avançados-centro (Jonas, Raúl e Seferovic). Em termos de extremos, ficamos com 4 (Salvio, Cervi, Rafa e Zivkovic). Numa eventualidade, o Etebo poderia fazer de 6º médio, por exemplo e o Rafa de 4º avançado. Na defesa, teríamos 8 jogadores (Luisão, Jardel, Lisandro e Rúben Dias a centrais, André Almeida e Etebo como laterais direitos e Grimaldo e Eliseu como laterais esquerdos. Na baliza, seria o sector mais jovem com 3 guarda-redes (Bruno Varela, Svilar e Paulo Lopes).

Se já destaquei um pouco o que o Etebo poderá dar-nos a nível táctico, quero agora tecer algumas considerações sobre o Lucas Evangelista. Este tem rotinas de 4-4-2 no Estoril, pelo que poderá até ser uma belíssima solução caso não tenhamos Pizzi e precisemos de jogar com 2 avançados, pois o Krovinovic ainda deverá estar a ser preparado para tal tipo de jogo. Depois, no 4-3-3 e com aquele pé esquerdo, o Lucas pode fazer um pouco aquilo que o Pizzi muitas vezes faz com o Salvio, ou seja, o português deriva para a ala direita e o argentino procura juntar-se ao Jonas. Com Lucas em campo, este poderia oferecer o mesmo pelo lado esquerdo, pois tendo um excelente pé esquerdo, manteríamos a pressão de cruzamento com ele. Depois, a fluidez com que joga e pensa o jogo é algo que por exemplo o nosso Filipe Augusto não consegue fazê-lo, mesmo tendo pé esquerdo para tal.

Lucas Evangelista (à esquerda) e Peter Etebo (à direita), são as duas prendas de Natal que
gostaria de ver no sapatinho encarnado neste defeso de inverno. A terceira prenda seria
a da união ainda mais forte dos adeptos do Benfica em torno da equipa, pois vamos precisar.

11 comentários:

  1. António Madeira23/12/17, 17:50

    Mais uma vez, um excelente artigo, com soluções que me agradam e uma análise racional ao que foi feito e ao que pode ser mudado.

    Falas nos animais competitivos que eram o Semedo, o Guedes e o Sanches e eu pergunto se não haverá aqui algo que falhou na passagem da equipa B para a equipa de honra deste ano. Se os primeiros três tinham realmente algo mais a nível de atitude, e reconhecendo que a qualidade da nova fornada (e da que vem a seguir) é enorme, não terá faltado alguma preparação mental para que a integração fosse feita de outra maneira? Bem sei que este ano tem sido muito mais conturbado e que as integrações não foram feitas da forma mais adequada, mas os outros três também não entraram em fases propriamente meigas...
    Uma palavra para o Eliseu. É um jogador de que gosto e sempre gostei. Hoje, os que sempre o atacaram e assobiaram são os mesmos que, sem um pingo de vergonha, clamam pelo seu regresso. Eu sempre quis e continuo a querer o Eliseu na equipa. É um jogador à Benfica, que sente o Benfica e que poderá ajudar a estabilizar a defesa a nível emocional e tático.

    Por último, acabo pelo teu início. Já houve provas mais do que suficientes nos últimos anos (para não ter de recuar mais no tempo) de que, todos unidos, dificilmente somos derrubados. O dérbi será um ponto de viragem no campeonato, para o bem ou para o mal, e muito do que se irá passar nesse jogo dependerá da presença dos Benfiquistas no estádio e, principalmente, do seu apoio à equipa. E perante os ataques incessantes de que temos sido e continuamos a ser alvo, só chegaremos à meta em primeiro lugar de mãos dadas e apoiando a equipa em todos os estádios do país.

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    1. De todos os presentes que pedi no artigo o primeiro é o mais importante.

      A preparação mental depende de cada indivíduo. É a tal característica intrínseca. Agora acho que o facto de antes ser quase ilusório um jogador da equipa B conseguir atingir a equipa principal, fez com que esses jogadores tivessem bem presentes que à primeira hipótese não iam falhar. E não falharam. Mas, também não é isso. Olha para o exemplo do Dias e do Varela e dos outros dois. Para mim é o reflexo das personalidades e das posições em que jogam. O Carvalho e o Gonçalves são mais eles e a bola é não tanto a equipa. Ora para que tenham sucesso têm realmente ser dois foras de série. O que lamento informar, mas não são. Portanto, ou eles mudam a sua maneira de ser em campo ou então daqui a 10 anos serão os Rúbens Ribeiros do campeonato.

      Sobre o Eliseu, disseste tudo. 😉

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  2. "essa aposta só pode ser possível se a equipa manter a estabilidade de vitórias" escreve-se com "mantiver"

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  3. Aos autores de leitores deste Blog ficam os meus votos de um Feliz Natal junto de quem mais consideram.
    Que em Maio surja o presente mais desejado.

    Abraço

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    1. Que Deus te oiça BragattiSLB. ;D

      Votos de umas boas festas junto dos teus.

      Forte abraço.

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  4. Lamento discordar, para mim antes de tudo preferia um Treinador (com letra grande).
    Votos de Feliz Natal para o Guerreiro e a melhor sorte para o nosso Glorioso.

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    1. Olha que em Maio cá estaremos para ver o Treinador que o Vitória nos saiu, ao irmos para o Marquês comemorar.

      Abraço ;)

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  5. Primeiro quero felicitar-lhe pelo trabalho extraordinario que tem realizado e aproveito a oportunidade para o desejar festas felizes!
    Etebo e Evangelista se fossem contratados nao entrariam no onze antes de 3 meses. Rui Vitoria olha a equipa como se fosse familia! A hierarquia eh assumida de forma religiosa. O Carvalho tem pes magicos. Devia ter mais minutos sobretudo tendo em conta a forma do nosso maestro Pizz! Na minha opiniao eh melhorizinho que Felipe Augusto.

    Mas parece que o Carvalho tem um destino marcado: provavelmente as noticias que foram postas a circular que davam conta que ir a Inglaterra sejam veridicas, pois o jornal que as veiculou, o Nojo, eh nojento sim, mas nao costuma falhar quando se trata de contratacoes! Portanto, advinho que Carvalho nao tenha mais minutos porque seja um negocio concretizado.

    Fernandes Mocambique

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    1. Obrigado Fernandes.

      Por acaso, esse ponto que referes da gestão do plantel é algo que se tem notado. Há uma preferência por dois pólos: os veteranos e os putos.

      O Carvalho é dos que menos tempo tem, porque para a posição dele tem o Pizzi e o Krovinovic. Mas, por exemplo, na defesa, tirando o Luisão e o Jardel, vem logo o Rúben e não tanto o Lisandro. No ataque, em vez do Rafa ou até mesmo o Zivkovic, tem preferido o Diogo Gonçalves.

      Boas festas 🎅🎄

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    2. Depois de mais minutos que Joao Carvalho esta a ter nos ultimos jogos, contrariando a minha presuncao acima, gostaria de me penetenciar-me aos leitores benfiquistas, pois lancei suspeitas infirmadas pelos factos: Joao esta a ter mais minutos e, provavelmente, nao tenha nenhuma guia.

      Fernandes Mocambique

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