Podem criticar o ataque do Benfica, mas somos a equipa que apresenta maior diversidade atacante.
Muitas têm sido as críticas ao ataque encarnado na última semana, sobretudo depois do jogo frente ao Moreirense. É verdade que o Jonas ainda não está 100% fisicamente, nem tão pouco está com ritmo de jogo. O campeão da Europa, o internacional português Rafa também procura consolidar o seu jogo na equipa encarnada. E, depois, o Fejsa e o Grimaldo regressam de lesões prolongadas, pelo que o ritmo de jogo não é o mesmo. Se juntarmos a estes factores aqueles que o Benfica não consegue controlar e que deveriam ser aleatórios, mas que na realidade não o são, percebe-se um pouco do porquê se criticar muito a qualidade de jogo encarnado: tentativa de desestabilização. Por exemplo, não acho normal que o Rafa tenha sido consecutivamente travado em falta, muitas delas com entradas por trás ao jogador, e o seu marcador directo não ter sido admoestado com o cartão amarelo. O Luisão a primeira vez que teve de recorrer a uma falta desse tipo levou logo amarelo. As equipas que mais se têm queixado das arbitragens, como o Porto e o Sporting, sempre que um adversário entra sobre um seu jogador nessas condições, quer seja ao primeiro segundo de jogo ou não, leva logo com o amarelo. Se assim é, porque nos jogos do Benfica, o adversário é sempre perdoado durante 60 a 80 minutos do jogo? É para nivelar o campeonato? É para dar hipóteses aos adversários? Isto não é beneficiar a mediocridade? Só pode! Não deixa de ser engraçado que a imprensa esteja a fechar os olhos a esta leitura...
Bem que tentam desestabilizar a equipa, mas quanto mais o fazem, mais nos unem rumo à vitória.
Eles preferem criticar nada mais, nada menos que a equipa nacional que maior diversidade apresenta na forma como ataca. Tal como o Rui Vitória disse e muito bem, o Benfica marca utilizando o jogo exterior. Marcar, jogando por dentro. Marca com cruzamentos tirados da linha do fundo, mas também marca com penetrações em tabela pelo corredor central. Marca de livres directos e indirectos. Marca de pontapés de canto e de futebol directo. Apenas só não marca assim tanto, como os mais directos rivais, da marca dos 11 metros. E, porque acham que isso acontece? Porque tem havido e continua a haver uma enorme coacção sobre a arbitragem, sobretudo nos jogos do Benfica. O lance do Luisão na grande área do Moreirense é disso mais um belo exemplo de como a pressão sobre estes vale a pena. Depois, existe agora o caso do Samaris... é verdade que o grego teve um gesto irreflectido. Contudo, a imprensa rapidamente ficou por detrás de Sporting e Porto, que tentam desesperadamente fora das quatro linhas aquilo que ainda não conseguiram fazer dentro delas: ganhar vantagem sobre o Benfica! Engraçado, como facilmente se fazem juízos de valor das atitudes de Samaris e das palavras de Jonas, através da boca de um jogador do Moreirense que em campo teve a conduta repugnante de não devolver a bola ao Benfica depois deste ter atirado para fora do campo por causa de um jogador deles. Realmente o "fair-play" é uma treta e entramos já numa fase onde "vale tudo", infelizmente. Por toda esta situação, sinto-me tentado de, no lugar do RV, lançar o camisola 7 para a titularidade no onze. No entanto, o Fejsa precisa de jogos nas pernas depois de prolongada ausência... talvez 60 minutos para o sérvio e depois entrar o grego? Dêem-me a vossa opinião.
Nos lances de falta sobre o Rafa não houve dramas para o Dramé. De qualquer forma, a articulação Rafa-Grimaldo, Rafa-Jonas e Rafa-Pizzi pode ser mais desenvolvida.
Bem, mas ainda não abordei o tema principal deste artigo. Depois de toda esta contextualização, que espero ter conseguido trazer o adepto mais negativo para um patamar racional mais equilibrado, estamos na altura de falar um pouco mais sobre futebol propriamente dito. Apesar das oscilações de forma, penso que o nosso processo ofensivo pode ser melhorado. E, há três grandes zonas em que ele pode ser melhorado. São elas: (1) o posicionamento e ocupação dos corredores de Jonas e Mitroglou, quando a bola está no lado esquerdo, no centro e na direita, (2) a dinâmica posicional entre Salvio e Semedo e (3) a dinâmica posicional entre Rafa e Grimaldo. A meu ver, a nossa dupla atacante deve tentar jogar o mais próximo um do outro quando a equipa procura o jogo exterior. Nesta situação, se a bola está no corredor direito, estes devem tentar afastarem-se o mais possível da zona da bola, deixando para o lateral, o extremo e os médios, a criação de espaço para o cruzamento ou penetração pelo meio-espaço aberto pelo posicionamento dos avançados. Contudo, quando a progressão do lance de ataque ocorre pelo corredor central, é preciso colocar o Jonas como apoio para o Pizzi, descendo no terreno e libertando espaço nas costas dele onde o Salvio e o Rafa poderão atacar e aproveitar. Em ambos conceitos de ataque posicional, é importante que os jogadores percebam que quando jogam com equipas muito defensivas, irão sempre jogar com uma linha defensiva formada por um mínimo de 5 jogadores (descida do médio defensivo para entre os centrais), e muitas vezes mais um extremo que desce ao apoio ao lateral. Mesmo que possamos responder com o mesmo número de atacantes, ou seja, com os 4 avançados (dois avançados centrais mais dois extremos), mais 1 médio e um lateral que penetra na linha defensiva do adversário, acontece uma igualdade numérica. Ora essa igualdade numérica zonal só será desfeita se conseguirmos criar superioridade numérica local. Se a bola estiver na esquerda, por exemplo em Rafa, Jonas e Mitroglou devem estar no corredor central, mas mais próximos do corredor direito, podendo ocuparem até o meio-espaço direito. Por um lado, com o Salvio na direita, criam um trio que poderão localmente ter vantagem numérica sobre um dos centrais e o lateral adversário dessa zona do terreno. Por outro lado, esta concentração de jogadores encarnados, pode atrair ainda mais marcações dos defesas adversários, deixando que a malha defensiva começa a apresentar buracos, os quais poderão ser aproveitados tanto por Pizzi, como por Grimaldo, neste caso. Já agora, quando falo das dinâmicas posicionais dos nossos extremos e laterais, falo precisamente deste tipo de articulação em combinações e na procura do espaço livre. É muito importante que tanto extremo como lateral não se atropelem no mesmo corredor. Mesmo, quando jogam como apoio, tentarem dar apoio não no mesmo corredor. Assim evita-se o passe vertical puro que é sempre o mais difícil de receber, sobretudo para quem joga colado à linha, uma vez que tem apenas uma opção. Com este posicionamento os jogadores acabam por utilizar mais o passe em diagonal que lhes permite vantagens ao nível da utilização da finta de corpo logo na recepção, o que em movimentos de progressão é meio-caminho para livrarem-se de um ou dois jogadores.
Lista de convocados para a recepção do Benfica aos insulares do Marítimo.
Quanto ao onze que deve entrar nesta sexta-feira Santa, penso que o Rui Vitória deve procurar utilizar o mesmo conjunto que jogou frente ao Moreirense. Sendo assim, na baliza, jogaria o guarda-redes Ederson. O Nélson Semedo, o Luisão, o Lindelöf e o Grimaldo formariam o quarteto defensivo. A dupla Fejsa e Pizzi no centro do meio-campo. O Salvio ficaria com a faixa direita e o Rafa com a esquerda. E, lá na frente, a melhor dupla de avançados em Portugal: Jonas e Mitroglou. É importante repetir o onze, para estabilizar rotinas, o que para o Rafa será excelente. Por outro lado, embora pense que o Samaris e o Eliseu estejam mais fortes que o Fejsa e o Grimaldo, neste momento, é importante estes dois últimos amealharem minutos de jogo, pois no dérbi do final do mês será importante termos o maior número de opções, até porque eles estão a querer castigar jogadores encarnados... Neste contexto, como substitutos, seria capaz de utilizar o Zivkovic, o Cervi e o Carrillo para este encontro, embora reconheça que também Lisandro, André Almeida, Filipe Augusto e André Horta precisem também de minutos...
O meu onze, estratégia e substituições para o encontro frente ao Marítimo.
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