Porque a solução para o lado esquerdo do meio-campo da selecção nacional é o Rafa.
Já todos nós percebemos que Fernando Santos está a apostar numa espécie de 4-4-2 (variante 4-1-3-2, dado o dinamismo dos nossos alas) neste Euro 2016 em França. O 4-3-3 é utilizado apenas como plano B. Ora, se neste último esquema, o Rafa já era visto como uma excelente opção para o onze, no sistema de 4 médios é ainda mais solução. O pupilo de Paulo Fonseca evoluiu imenso esta temporada no meio-campo, jogando como falso médio ala/extremo esquerdo. Não só com a bola no pé e a driblar adversários, tanto na faixa como em slaloms da esquerda para o centro, como sobretudo, sem a bola nos pés, no jogo de coberturas e pressão sobre os adversários. Ele foi um dos maiores amigos dos laterais do Braga, apesar de fisicamente não ser um portento.
Ora, olhando neste momento para a selecção nacional, André Gomes, apesar de um belíssimo primeiro encontro frente à Islândia, tem perdido fôlego. A meu ver, não é apenas a questão física, mas sim posicional. Percebo a intenção de FS em ter alguém naquela posição que saiba ter a bola no pé e colocá-la entre-linhas quer em transporte, quer com passes de ruptura. Para além disso, o André tem um "cabedal" de impor respeito. No entanto, naquela posição e como a equipa não possui um fio de jogo mais contínuo (i.e., está sempre a perder a bola e revela incapacidade para reter a sua posse), faz com que se desgaste rapidamente sem a bola nos pés. Ainda para mais, quando invariavelmente tem de fazer face a adversários cujas virtudes físicas são a velocidade e o poder de aceleração (capacidade explosiva). Fosse eu o seleccionador e o André jogaria no corredor central, na posição 8 ou 6, ou em caso de 4-3-3, como interior. Agora, não estando bem fisicamente, era prudente nem sequer ser o titular, abrindo, portanto, uma oportunidade para alguém entrar no onze.
Olhando para o plantel da selecção nacional, a opção mais popular seria a de Renato Sanches. O miúdo-maravilha abanou com o jogo frente à Croácia e para a maioria agarrou a titularidade. Pessoalmente, ganhou, mas não na posição do André Gomes, ou seja, como médio-ala esquerdo. O "Bulo" é outro jogador do corredor central. Aliás, não é à toa que tenha colocado tanto o Renato como o André no mesmo onze e no corredor central, conforme podem ver aqui. Mas, quem tirará agora o Adrien do onze depois de ter anulado o Modric no último encontro? Mais, será que valerá mais apostar no miúdo no corredor central, desfazendo a dinâmica de clube do trio leonino do meio-campo (William Carvalho, Adrien Silva e João Mário)? Na esquerda, parece-me uma má solução, pois não tem hábitos de jogar nessa posição e é aqui que a opção Rafa parece ser a mais racional.
O jovem internacional Português, ainda pertence ao Braga (escrevo "ainda" porque com aquela qualidade outros voos surgirão na sua carreira), é um jogador que conforme já escrevi está totalmente identificado com a posição. Fez uma temporada espectacular e já deu indícios - nos escassos minutos de jogo frente à Áustria - que está num grande momento de forma. É um jogador que é muito importante em termos defensivos, pois tem uma disponibilidade física capaz de estar a morder os calcanhares aos adversários, ajudando imenso o lateral do seu flanco. Depois ofensivamente, poucos jogadores em Portugal e na Europa têm aquele drible curto que ele tem (drible esse que faz-me lembrar um pouco o do Messi). Ora, frente a uma selecção cujo corredor mais forte é o direito, é importante termos um flanco esquerdo muito bem trabalhado. Não apenas em termos defensivos, mas sobretudo, criando dificuldades ofensivas aos polacos. Pois, a melhor forma de defender é ter a bola. O Lukasz Piszczek e o Jakub Blaszczykowski, respectivamente, o lateral e extremo direito, já foram companheiros de clube (no Dortmund) para além da selecção polaca, portanto, têm um elevadíssimo grau de entrosamento. Por isso mesmo, veria com bons olhos a aposta no Rafa com o Raphäel Guerreiro (ou o Eliseu caso o último não recupere a tempo).
Este seria o meu onze para o jogo dos quartos-de-final que vai opor a selecção das quinas à selecção polaca. |
P.S. 1: Penso que seria interessante a Portugal construir o jogo precisamente pelo lado mais forte da Polónia, i.e., pelo nosso flanco esquerdo (flanco direito deles) e depois com variações do centro de jogo rápidas, da esquerda para a direita do nosso ataque, fazer com que os nossos jogadores ficassem em situações privilegiadas para o um-contra-um frente ao adversário.
P.S. 2: Outra nota é para não nos precipitarmos-nos constantemente no ataque. Ou seja, ter mais paciência com a bola nos pés e fazer o tipo de jogo que temos de fazer: circular de um flanco ao outro, mas com rapidez e precisão.
P.S. 3: Quanto a substituições, há duas que faria de certeza absoluta: Renato Sanches e Ricardo Quaresma. A terceira pretendia dar a André Gomes, caso ele recupere minimamente para jogar.
Caro PP,
ResponderEliminarRafa é um grande jogador e merece a sua oportunidade na selecção, mas não entendo como faz este "forrobodó" todo em relação a esse jogador e deixa o Renato Sanches de fora do seu onze?!
É que nem sequer é sentimento clubista, o Renato Sanches é titular de caras nesta equipa, o único médio com intensidade para meter medo a qualquer adversário.
Substituições usam-se para modificar algo, não para corrigir o que devia ser o onze inicial, como o Fernando Santos tem feito até aqui.
Cumprimentos,
Isaías
Caro Isaías,
EliminarSimplesmente porque acredito que Adrien + João Mário + William Carvalho > Renato Sanches + João Mário + William Carvalho, muito embora considere que Renato Sanches >> Adrien. É apenas e só isto. Se estivéssemos a falar de um meio-campo com o Renato Sanches + João Mário + André Gomes, seria bem diferente, pois é para mim o meio-campo mais forte da selecção nacional. Agora, o André Gomes tem jogado condicionado. Por isso, manter o meio-campo "leonino" neste encontro.
Quanto às substituições, é preciso ver três coisas:
1 - O Renato apesar de incutir toda aquela energia, não tem ainda o controlo sobre toda a sua potência e todos os momentos de jogo, pelo que o saldo muitas vezes não é assim tão positivo. Ou seja, embora seja excelente nos contra-ataques, perde muitas mais bolas que possibilitam contra-ataques adversários, ainda para mais quando joga com um meio-campo particular como o da selecção nacional. Como tal, prefiro metê-lo apenas na segunda parte. Para além disso, prefiro conceder ao Rafa o transporte de bola, até porque tem melhor tomada de decisão. Em suma, penso que este quarteto é muito mais coeso e homogéneo, neste momento (muito embora com o Renato tenha maior potencial).
2 - O Quaresma não tem estofo físico para jogar 90 minutos ao mais altíssimo nível. Penso que o depois do jogo frente à Estónia é disso bom exemplo. É uma pena para ele.
3 - Quanto ao André Gomes, quem me dera poder colocá-lo em campo, mas desta forma, penso que é contraproducente.
;)
Caro PP
ResponderEliminarConcordo com a inclusão do Rafa na equipa titular, no flanco esquerdo. A par do Renato, é o único jogador capaz de desequilibrar com transporte de bola a partir de zonas mais recuadas e seria a forma de termos pelo menos um médio-ala natural, já que os extremos jogam lá à frente.João Mário faz bem o lado direito mas não tem explosão e não dá profundidade ao jogo ofensivo. Poderíamos assim jogar num esquema assimétrico (fazendo lembrar, com as devidas diferenças, Di Maria/Ramires). Uma vez que o jogo de Portugal carece de organização ofensiva em termos colectivos, teríamos assim a possibilidade de criar perigo recorrendo a acções individuais do Rafa. Quanto ao Renato, acho que está mais que pronto para assumir o comando do jogo no miolo. Quando é preciso jogar para trás e para o lado ele não falha um passe - recordemos os duelos com o Bayern. Ou seja, acho que ele tem tudo o que os outros têm e algo que mais nenhum tem. No próximo jogo, e sem sabermos ainda qual o adversário, jogaria com um meio campo com: Adrien a 6 (tem mais qualidade de passe que o Danilo e também sabe defender), João Mário na direita, Rafa na esquerda e Renato no meio.
Saudações Lusitanas!
Olá Miguel Costa!
EliminarSobre o Rafa é mesmo essa a ideia. Só não entendo é porque é que o Fernando Santos tendo esta solução fácil, não a utiliza?!
Sobre o Renato, para mim ele ainda é inferior aos outros em termos tácticos. Isso vê-se bem quando ele não tem a bola. De qualquer maneira o meio-campo mais forte da selecção nacional passa por contar com ele. Mas, para que tal aconteça é preciso que quem jogue atrás dele, sobretudo no corredor central, o acompanhe para evitar criar os espaços vazios nas suas costas quando ele perde a bola.
Agora também escrevo: quem nos dera a nós termos mais jogadores assim que assumam o jogo sem problemas.
Abraço! ;)