11 maio 2016

Estamos todos a pensar no mesmo...


... até o Renato!
#RumoAo35

O Benfica e o Bayern Munique acordaram hoje a transferência mais cara de um jogador Português para os estrangeiro. São 35 os milhões de euros que a equipa bávara vai pagar a pronto ao Benfica, havendo ainda acordado mais 45M€ mediante a concretização de objectivos contratualizados até dia 30 de junho de 2021, conforme o comunicado à CMVM. Engraçado as coincidências... toda a gente a pensar na possível conquista do 35º campeonato do Benfica e o Renato a ir para o Bayern por 35M€.

Para além dos "títulos" de transferência mais cara de um
jogador português para o estrangeiro, o jovem Renato
Sanches, recebeu o prémio "Revelação do Ano" (2015/2016)
pelo CNID - Associação de Jornalistas de Desporto.
Sobre o valor desta transferência, referir que ela é igualmente a 6ª (7ª se considerar-se que a venda de Jackson Martinez por 35M€ é superior à do Renato) mais cara do futebol Português, atrás, e por ordem crescente, de: Di Maria - 36M€,  Falcao - 40M€, Witsel - 40M€, Mangala - 45M€, James Rodriguez - 45M€ e Hulk - 60M€. Ela é também a 3ª mais cara de sempre aos 18 anos, abaixo apenas dos jovens ingleses Wayne Rooney - 37M€ (em 2004) e Luke Shaw - 37.5M€ (em 2014). Curioso verificar que o Manchester United esteve muito próximo de adquirir o Renato, podendo completar por completo o pódio das contratações mais caras de jovens com 18 anos, o que é notório do tipo de política de investimento em atletas de alto potencial de crescimento por parte da equipa inglesa.

Através de DSO soube que o custo de um jovem craque
da formação encarnada é de cerca de 350 mil euros.
A verdade, é que esta venda do Benfica, abre o clube ao mercado alemão e logo perante o colosso Bayern. Para nós, comuns adeptos isto pode significar muito pouco, mas para a estratégia financeira e posicionamento no mercado do Benfica, vale muito. Estamos a exportar jogadores de enormíssima qualidade e hoje em dia, os jogadores com maior potencial no futebol nacional são quase todos com o selo do Benfica. Isto é muito bom para o nosso plano de negócio. É tão bom, que o próprio Domingo Soares de Oliveira veio já a público salientar que o dinheiro poderá ser canalizado para o reforço da equipa. Quanto a reforços para esta posição do campo, já tive a oportunidade de referir algumas soluções nas últimas semanas, como por exemplo aqui, ali e acolá.

Podemos concordar ou não com os valores de "comissões"
dos agentes, mas uma coisa é certa, nisto o Benfica até é dos
clubes mais transparentes, pois sabemos quem são esses
agentes. Neste caso a sociedade de advogados MLGTS.
Mais pormenores sobre o negócio: a formação de Renato custou cerca de 1% do encaixe, ou seja, 350k€, e os agentes terão recebido 10% do negócio, i.e., 3.5M€ vai directamente para a sociedade de advogados Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva (MLGTS) que assessorou toda esta transferência. Relativamente sobre os 45M€ contratualizados por objectivos, segundo se consta, 25M€ está relacionado com o número de jogos a realizar pelo jogador, enquanto outros bónus estão relacionados com uma eventual escolha de Renato Sanches para a equipa do ano da FIFA ou como jogador do ano da FIFA. Por outras palavras, esta transferência do Renato Sanches para o Bayern de Munique poderá facilmente vir a ser a maior transferência de um jogador em Portugal para o estrangeiro (destronando a transferência do Hulk).

O jovem Renato Sanches terá no Bayern Munique não
apenas um treinador de top, mas também um enorme
tutor para a sua posição, em Carlo Ancelotti.
Para o Renato Sanches, penso que ele tomou a decisão correcta. O Bayern de Munique é um clube muito bem estruturado. A Alemanha é um país que fará com que ele evolua imenso em termos de mentalidade. Não vai ser nenhum mar de rosas inicialmente, sobretudo, para um jovem da Musgueira. Mas, com a sua capacidade de sacrifício e de adaptação, espírito de luta e uma crença enorme de triunfar no futebol mundial, vai ser uma oportunidade única e vantajosa para ele. Basta ver o que acontece a jogadores brasileiros que vão para lá e o que aquela mentalidade germânica os transforma. A propósito, na equipa bávara, vai encontrar muitos jogadores que falam a língua de Camões, pelo que a adaptação será muito mais fácil. Em termos futebolísticos, advinha-se uma evolução ainda mais meteórica que teve neste ano de equipa principal do Benfica, ainda para mais quando sabe-se que a sua contratação foi um pedido expresso do novo treinador do Bayern, o italiano Carlo Ancelotti. Já agora Renato, se por acaso estiveres a ler este artigo, informo-te desde já que o Carletto era o médio "8" daquela equipa fantástica do Milan de Arrigo Sacchi, portanto vais aprender muito meu rapaz.
«A sua desenvoltura física foi desde pequeno a que exibiu neste campeonato. Tem força e uma pujança notável, a que alia uma capacidade técnica muito vincada. O que é que ele não tinha quando chegou? O conhecimento do jogo, consequência do futebol de rua, selvagem, a que estava habituado. Não conseguia perceber que o jogo, a partir de uma determinada idade, começa a ser uma relação entre jogador, colegas de equipa, adversários, espaço e bola. Com o Renato era só ele e bola, não havia mais nada. E na tomada de decisão, e ainda hoje isso ainda acontece, encarava muito o jogo no aspeto individual. E porquê? Porque sentia que era mais forte e, sendo-o, conseguia resolver os problemas sozinho. Pela sua personalidade, queria assumir as dores todas da equipa. Onde estava a bola era onde ele queria estar. Faltavam-lhe as noções coletivas de jogo. E foi esse o nosso trabalho, fazê-lo perceber que há uma relação de fatores num jogo de futebol. Essa parte tática tivemos que a trabalhar muito.»
Por Renato Paiva (treinador dos escalões jovens do Benfica)
Engraçado verificar que muitas das virtudes e defeitos que o treinador dos escalões jovens do Benfica retratava do Renato, continuam a sê-lo. Não porque o Renato não evoluiu, mas sim simplesmente porque o nível de competitividade aumentou. Isto leva-me ao debate de outra ideia que tenho lido um pouco por todos os media acerca do "momento de forma" do Renato, nestas últimas semanas. Ao contrário de muitos, o problema dele não está na fadiga periférica do jogador. Acredito, que possa ser um pouco a fadiga central a falar mais alto, até porque a eminência deste negócio deve ter tirado algumas horas de sono ao rapaz, como é natural. Contudo, o que realmente acho que poderá estar a contribuir para esta redução de performance é aquilo que vimos acontecer nos dois confrontos com o Bayern de Munique nos quartos-de-final da Liga dos Campeões. Ou seja, claramente o Renato Sanches tem de (re)aprender a relação entre jogador, colegas de equipa, adversários, espaço e bola, num nível superior. Esse já era para mim o seu maior desafio neste final de temporada. Agora, na Alemanha será uma necessidade. Que aproveite, pois talento tem a pontapés. Está aqui o craque que alimentará as esperanças da selecção nacional na próxima década, tais como já o fizeram Rui Costa, Figo e, mais recentemente, Cristiano Ronaldo. Quanto a nós Benfiquistas, fiquemos com a nostalgia dos seus importantes golos nesta caminhada "rumo ao 35"...


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