13 janeiro 2016

Reforços...


... para a equipa B e como preparar o futuro.


Ano de transição
Esta não é apenas uma temporada de transição para a equipa principal. É também uma temporada de transição para a equipa B do Benfica. Com a entrada de Rui Vitória nos quadros técnicos da equipa A encarnada, e com a mudança de paradigma da política desportiva dos encarnados, fez com que houvesse uma avalanche de jogadores da equipa B a transitarem para a equipa principal. Mas, tal sucedeu-se porque na realidade aqueles que deveriam de forma natural serem apostas esta temporada na equipa principal, foram vendidos. Falo dos casos de João Cancelo e André Gomes (ambos emprestados/vendidos ao Valência), mas também de Bernardo Silva, Ivan Cavaleiro e Hélder Costa (trio emprestado/vendido ao Mónaco). Depois, é importante salientar o elevado número de lesões de jogadores titulares, como Salvio, Gaitán, Fejsa, Sílvio,... que adicionando aos jogadores que supostamente seriam reforços, mas que na realidade por um problema ou outro não se apresentaram nas melhores condições (Carcela teve uma lesão na pré-época e Taarabt é o que sabemos), mais outros que embora mais experientes são igualmente muito jovens (Cristante e Talisca) e as habituais indefinições de início de época com jogadores a serem colocados noutras equipas (Nélson Oliveira, Jonáthan Rodríguez) e reforços de última hora (Raúl Jiménez e Kostas Mitroglou), é perceptível o porquê de RV ter feito subir não só os titulares da equipa B, como muitos dos seus suplentes. Um belo exemplo é a subida à A de João Teixeira e poucos meses depois de Renato Sanches.

Ora toda esta turbulência fez com que a equipa B ficasse desprovida daquilo que é fundamental ela ter: experiência e núcleo duro. Não questiono aqui a qualidade, porque considero que isso já é uma condição sine qua non de uma formação de uma equipa de topo do futebol mundial. Ora, sem estes dois critérios satisfeitos, a equipa B não consegue ter equilíbrio suficiente para se tornar o espaço ideal para jovens miúdos de 18 (e até prematuros craques de 17 ou mesmo 16 anos) poderem entrar no futebol sénior sem sentirem aquele impacto brutal tão normal devido ao facto de irem jogar contra jogadores, que embora não tenham um décimo dos seus talentos técnicos, têm uma experiência futebolística que permite nivelá-los e até superá-los a nível táctico, isto para não falar no desenvolvimento físico. No fundo, é este o problema que Hélder Cristóvão tem vindo a enfrentar.


Trabalhar a solução
A única coisa que o técnico da equipa B pode fazer é trabalhar de forma a conseguir formar um núcleo duro que tenha alguma experiência competitiva, suficiente para assentar resultados desportivos na 2ª Liga e com isso, baixar a pressão da opinião pública sobre os miúdos. A partir desse momento, é possível começar a introduzi-los no contexto desportivo. A opção poderá ser outra ligeiramente diferente: apostar por completo num onze jovem. Quanto a mim, esta opção é arriscada e nunca produzirá uma equipa que fique no topo da competição onde está inserido (a diferença de experiências é enorme entre os jogadores de 18 anos da nossa formação e os trintões das equipas da 2ª Liga). Nesta opção, os jogadores poderão no final evoluir muito, mas corre-se o sério risco da equipa não ter resultados positivos e poder ficar abaixo da linha de descida de divisão. E, isso é algo que não podemos, nem devemos querer que aconteça. Por isso a primeira hipótese parece ser a mais sensata.

Inclusive, essa opção é duplamente favorável para as equipas profissionais encarnadas, pois a equipa B ao utilizar jogadores mais experientes, muitos deles vindos da equipa A, está a fazer com que eles ganhem ritmo de jogo, confiança e até evoluem, visto que temos um plantel principal muito jovem. Dentro do leque destes jogadores com possibilidade de terem mobilidade entre as duas equipas, temos: Ederson, Lindelöf, Renato Sanches, João Teixeira, Talisca, Taarabt, Djuricic, Gonçalo Guedes e Nuno Santos. Neste momento, deste grupo, a meu ver ficariam a treinar na equipa B os seguintes: João Teixeira, Talisca/Djuricic, Taarabt, Nuno Santos (está lesionado). O Talisca e o Djuricic são quanto a mim as maiores interrogações, pois tanto parecem dar boas indicações, como pouco depois portam-se mal. Depois, à medida que a equipa principal for recuperando os seus titulares, as quartas opções poderão dar uma perninha na equipa B. São os casos de Lindelöf (recuperação de Luisão) e de Gonçalo Guedes (recuperação de Salvio). O guarda-redes Ederson convinha poder ter minutos na equipa B sobretudo para ganhar ritmo antes dos jogos em que já se sabe que será ele o titular - jogos da Taça da Liga.


Preparar o futuro
Esta revolução pode ser igualmente aproveitada para reformular o modelo de jogo da equipa B. Este tem sido mais em acordo com o modelo da formação, assente no 4-3-3, variante 4-2-3-1, o que é diferente do 4-4-2, variante 4-2-4 que o Benfica muitas vezes usa e que aliás, é a sua imagem de marca desde os gloriosos anos de Eusébio. O leque que o Hélder Cristóvão tem da equipa principal, da formação e agora com estas recém contratações de inverno - mais a actual situação desportiva - permite que ele tenha o aval para fazer estas mudanças. Mudanças que não serão assim tão dramáticas de serem concretizáveis. O que é certo é que os jogadores irão evoluir muito melhor dessa maneira, pois é um modelo mais exigente de futebol apoiado. Por seu turno, a transição para a equipa principal será muito mais fácil para eles. Um bom exemplo para explicar o quanto ainda parece ser difícil para um jovem conseguir encaixar-se bem na equipa principal, é o do Renato Sanches (e do João Teixeira). Ambos estão habituados a jogar como médio mais ofensivo num meio-campo a três, pelo que os posicionamentos quando chegam à equipa principal são bem diferentes, obrigando a eles e ao treinador a um trabalho suplementar para ficarem bem enquadrados. Notar que com outros treinadores, pura e simplesmente iria-se ao mercado... logo o sucesso do novo paradigma também passa por estes grandes pormenores!

Estas recentes contratações faz-me pensar que estamos no rumo certo. O central Kalaica é um central muito forte no jogo aéreo, vindo de uma formação croata com créditos e que com 17 anos, vai fortalecer a nossa equipa de júniores. Já o ponta-de-lança Saponjic vem de um campeonato que devido a não ter muitos recursos financeiros aposta facilmente em talentos, pelo que estes jovens mesmo com tenra idade já estão habituados a jogar com gente graúda. Quantos avançados, Portugal forma com esta estampa física e jogo aéreo? E quantos deles o Benfica forma? E, não é verdade que o Benfica joga sempre com um avançado referência na sua equipa principal? Então faz todo o sentido que a equipa B possua um. Para além do mercado balcã onde se consegue ir buscar alguns talentosos jogadores que possuem uma componente física que não deve ser desprezada, para o modelo de jogo do Benfica, também a aposta e atenção no mercado africano - com a vinda do moçambicano Mandava - é de salutar. Ao contrário de muitos, eu concordo com esta política de contratações de jovens estrangeiros de grande potencial ainda nos escalões de formação. Não só permitem dar outras soluções aos que formamos naturalmente, como também acabam por dinamizar a competitividade interna, permitindo que os jogadores cresçam muito mais rapidamente.

Esboço do plantel da equipa B, para o que falta desta
temporada 2015-2016. Há aqui muitos miúdos que não são
matéria para a equipa principal, mas haverá outros que sim.
Notar quantos são sub19 (1 ano de experiência sénior)?
Sub 20 (2 anos de experiência sénior)? E sub 21 (3 anos
de experiência sénior)? 



P.S. 1: E o que se passa com os jogadores uruguaios? Porque não jogam? Recordar que são tudo jogadores que foram vice-campeões do mundo de sub17 em 2011. Sobretudo o canhoto Elbio, que deles todos é o mais talentoso e que poderia dar uma grande ajuda a esta equipa B. Decerto que a resposta será técnica, mas tendo em conta que o empresário era o mesmo que o do "Mini" Pereira... era bom clarificar as respectivas situações.

P.S. 2: Bem vindo Saponjic! Desejo-te as melhores felicidades de águia ao peito!

2 comentários:

  1. Na minha opinião o cancro da "B" é mesmo o treinador.

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    1. Para mim, não é. E passo a explicar.

      1 - Se fosse o treinador, como se explica o facto de ele na época passada ter feito uma excelente temporada, ficando à frente das outras equipas Bs?

      2 - Quantos treinadores do mundo do futebol estão habituados a treinar nas condições dinâmicas que esta equipa B tem? Ou seja, com tantas entradas e saídas ao longo da temporada?

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