22 janeiro 2016

Venderiam-lo...



Se amanhã chegasse uma proposta de um "Manchester United" para comprar o passe do Renato Sanches, e tu fosses o presidente do Benfica, o que farias?




O futebol e os futebolistas são para nós adeptos autênticos casos de amor e de ódio. Então quando se tratam de jovens jogadores super talentosos e que se identificam em tudo com os nossos clubes, o lado emocional tende-nos a tomar conta da razão. Por isso entendo perfeitamente o leitor cuja resposta à questão seja um "Estás maluco?! Nem pensar!!". Ou então um "Quero vê-lo crescer um pouco mais no Benfica, fazer-se jogador de verdade e depois logo se vê."

Eu também gostava de pensar assim, mas a realidade e a experiência de vida diz-me que perante uma proposta deste tipo, ou seja, de um "tubarão" de um dos melhores campeonatos do mundo, com um valor de transferência que bateria o recorde a nível nacional por um só jogador, e muito provavelmente um contrato de sonho para o jogador, contrato esse que seria impensável qualquer clube nacional igualá-lo... acho que nessa situação não haveria muito mais a fazer do que senão aceitar. Isto, partindo do pressuposto que também fosse desejo do Renato Sanches, como é óbvio.

"Mas, ninguém dá esse valor pelo Renato!" Então, mas não deram 50M€ pelo Martial que nem sequer jogava para ser campeão no campeonato francês? Porque razão não iriam dar estes 65M€ por um jovem médio-centro, com enorme potencial e demonstração do mesmo, e que joga para ser campeão nacional em Portugal? Penso que aqui temos de ser um pouco mais firmes a vender o nosso peixe e não irmos com a tentativa de rebaixar o valor dos nossos miúdos. Para os adeptos mais leigos da modalidade, estes valores por um miúdo com ainda tanto para provar pode parecer muito, mas a realidade é que se trata de reforços de uma carreira para os "Uniteds" desta vida. De notar, no caso especial do Manchester United, esta equipa está em renovação e precisa claramente de talento com margem de progressão para reconstruírem uma equipa campeã. Mais a mais, o Sanches não é apenas um jovem com potencial. Pelo que já fez e demonstrou em campo, é já uma confirmação. Agora, é óbvio também que tem muita margem para crescer ainda.

"Mesmo que nos dêem esse valor, devemos mantê-lo por cá, nem que para isso tenhamos de obrigá-lo a isso, metendo-o no banco de suplentes se ele se portar mal connosco!" Pergunto, qual a vantagem disso? Desportivamente, e essa seria a maior razão para querermos mantê-lo, com o "castigo" de ir para o banco ou para a equipa B, significaria na prática que não iríamos jogar com ele, pelo menos durante algum tempo. A equipa sairia prejudicada sem o seu contributo em campo. Os colegas também começariam a olhar de esgueira sobre a direcção, criando um mau ambiente dentro da equipa. Depois, o próprio jogador não iria evoluir futebolisticamente. Ou seja, não vejo vantagem nenhuma a nível desportivo. Depois a nível financeiro, sem jogar o jogador iria desvalorizar-se, o clube não iria conseguir maximizar a rentabilidade do seu activo, o que já de si iria representar um prejuízo, face ao que estaria em jogo inicialmente. Em suma, acho que mais vale um pássaro na mão, do que dois a voar, se é que me entendem. E, isto para não querer abordar a questão dos nossos valores morais ao entrar neste tipo de estratégias de poder.

"Mas, não podemos vendê-lo porque não temos ninguém para aquela posição!" Antes de mais, calma! A proposta nem seria para ser vendido já neste mercado de inverno. Seria sim, para o defeso de verão, depois do europeu em França. De qualquer forma, o actual plantel encarnado tem jogadores para a posição "8". Têm características um pouco diferentes do Renato, mas podem igualmente fazer a posição, tais como o Samaris, o Talisca, o João Teixeira (da equipa B) e até mesmo o Pizzi (conforme fez na época passada). Depois, com um pouco mais de inovação no sistema de jogo, o Rui Vitória até poderia adoptar um sistema de jogo, que envolvesse um Djuricic (entretanto já foi emprestado ao Anderlecht da Bélgica) ou um Taarabt, como um 4-4-2 com um meio-campo em diamante, fazendo do Pizzi uma espécie de Ramires no modelo de 2009-2010. Para além disso, há depois jogadores que temos sobre empréstimo como o Raphäel Guzzo, o Diego Silva, o Pelé, o Cristante,... jogadores que poderão entrar no meio-campo. Em último recurso (ou primeiro, dependendo da perspectiva), com 65M€ no bolso, penso que o mercado abre-nos com as duas mãos. Aqui, e mantendo sempre um controlo sobre custos, mas olhando um pouco pela identidade do clube e do seu projecto, poderia-se com pouco esforço financeiro resgatar o Manuel Fernandes ao Lokomotiv de Moscovo. Que acham?

Se o Renato Sanches fosse vendido, acho que o Manuel Fernandes seria a melhor
solução no mercado para a posição de box-to-box. Aliás, a curto prazo até seria
superior, pois é hoje mais jogador. Depois a médio e longo prazo daria o tempo
necessário para outros jogadores irem aparecendo (como o João Teixeira).

22 comentários:

  1. Para que servem os valores fixados nas cláusulas de rescisão?
    Se o LFV admitisse vender por menos não teria fixado o valor dos 65M.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Outro que de idiota não tem nada. Ainda não percebeu para que servem as cláusulas.

      Eliminar
    2. A cláusula significa que o clube só é obrigado a vender a quem bater o valor da mesma a pronto. Aqui fala-se em hipótese de 50M o que iria contra aquilo que Vieira defende, uma equipa com base nos melhores atletas da formação.

      Eliminar
    3. Se um clube bater a cláusula de rescisão de 80M€ o Benfica aí nem poderá fazer muito mais. Se oferecer 65M€ é caso para poder ou não aceitar.

      Mas, pergunto-te agora José Ramalhete, venderias o Renato por 65M€ no próximo verão ou não?

      Eliminar
  2. Para que o paradigma,de facto, faça algum sentido, Renato primeiro tem que dar títulos ao Benfica, e só depois, pensar em outros voos.
    Afinal qual é o objetivo do Benfica? Ser uma instituição financeira, ou ser,efetivamente, um clube de futebol com adeptos ávidos por títulos?
    Vender o Renato por qualquer preço que não seja a clausula vai contra tudo aquilo que o Vieira tem defendido. O paradigma da formação é para que estes cresçam e vençam no Benfica. Se é para vender cada talento que aparece, então não haverá Benfica de formação que se salve(Até porque o dinheiro das transferências é sempre faseado e nas mãos de Vieira, sabe-la lá para onde vai).
    Em suma, Renato é intocável. Querem fazer dinheiro, que vendam Talisca(É avançado, não 8), ou Samaris(Mentira de futebol). Aí já são capazes de fazer os 20 milhões, com sorte.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Este comentário foi removido pelo autor.

      Eliminar
    2. Jurgen80, concordo com quase tudo. Só não concordo quando dizes que o Samaris é uma mentira. De resto faço minhas as tuas palavras.

      Eliminar
    3. Não entendo qual é o problema jorgen80. E acho que estás a fazer confusão com o paradigma. O paradigma é exactamente isto! Ou seja, apostar em jovens jogadores da nossa formação, valorizá-los o máximo possível a nível desportivo e (consequentemente) financeiro. É óbvio que a intenção é mantê-los o maior tempo possível cá, mas se não for possível é importante capitalizá-los ao máximo.

      Qual a diferença entre um Renato Sanches e um Ramires por exemplo? Se desprezar as idades e as posições em campo, fico com o seguinte: o primeiro foi formado no clube, logo custo 0 e poderá ser vendido (neste exercício) por 65M€ - ou seja 65M€ de lucro, já o outro foi comprado por 7M€ e vendido por 22M€, ou seja 15M€ de lucro.

      Assim vale ou não vale apostar no paradigma?!

      Eliminar
    4. O que tem a ver Renato com Ramires? Um veio do futebol lento e previsível do Brasil, obriga a investimento de risco e acordo de empresários para vender no final da época; o outro é benfiquista desde pequeno, grátis, sabe o que é o clube e tem um potencial que o brasileiro nunca teve. Simples.

      A questão aqui é se utilizas os jogadores da formação como pontos de venda, maioritariamente, então não faz sentido a cantiga de ter um Benfica made in Seixal. Vai contra a filosofia que o Vieira quer implementar. E para isso, deixava-se estar o Jesus(Fui a favor da sua saída) e continuava-se a vender Renatos a 20 milhões packs(não seria difícil tal o sucesso dos últimos), não tirando, assim, espaço de crescimento e consolidação no onze principal a outro jogador.
      Vender um Renato por 65 milhões, com mais de 10 épocas de grande nível pela frente, na minha opinião, é uma pechincha. O que são 60 milhões daqui a 5 anos? Valerá pouco mais de metade do dito valor. Não tenho dúvidas. Por um jogador, já ele competitivo, e que dá garantia de sucesso por muitos anos.
      A continuação desta política de aposta na formação para vender, apenas levará a médio prazo a que o Benfica se torne uma equipa menos competitiva e com necessidade de mudar, mais uma vez, de paradigma. É preciso perceber que a colheita de Seixal, nem todos os anos trará Renatos, Gomes e Bernardos, e quando tal acontecer, serão os Rebochos que ocuparão o lugar no onze do Benfica. Jogadores medíocres, portanto.
      Em suma, atenção ao ciclo. Caso Renato seja vendido, temo um Benfica de Sporting, de glorificação pelas vendas de jogadores de formação, mas com museu vazio de títulos.

      Abraço

      Eliminar
    5. Esquece o primeiro parágrafo do texto anterior. Estamos de acordo. Só um ponto importante de realçar. Como sou contra negócios estilo Ramires, como também sou contra a venda de jogadores com qualidade que ainda nada deram ao Benfica. Quero antes 5 troféus e 30 milhões que 0 troféus e 60 milhões.

      Eliminar
    6. Jorgen80,

      Mas, com o Judas, jamais o Renato seria o titular. Neste momento, na pior das hipóteses era o Talisca o titular. Caso contrário estaria a ir buscar mais um zuca da série D do brasileirão.

      O paradigma do Benfica é apostar na formação, fazer com que os miúdos cresçam no Benfica e se tiverem que sair, que possam sair por valores condignos com a sua qualidade.

      Mas, se o miúdo for realmente um fora-de-série, como é o caso do Renato, é óbvio que os tubarões o quererão. Nesse caso, que poderá fazer o Benfica se vierem cá e baterem a cláusula? Ou até mesmo dar estes 65M€?

      É muito difícil contrariar isso, até pela forma como a cabeça do jogador fica.

      O exemplo do Ramires é para perceberem a vantagem financeira que está por detrás de tudo isto. Tu até dás mais razão à aposta no paradigma ao dizeres que um jogador da formação vive mais o clube. Isso poderá ser muito bem utilizado por nós na altura da negociação e até mesmo na gestão de carreira do jogador (por exemplo, se ele ainda é muito novo e o melhor até será nem sair do clube), mas num caso de 65M€... assim de repente esse valor todo por um médio, só me recordo do Zidane, quando sai da Juventus para o Real Madrid. É muito difícil resistir. Depois, para o jogador que estamos a falar... também não deverá ser fácil, por mais que o queiramos que fique e por maior "amor" que nos tenha.

      Eliminar
    7. Zidane aos 18 anos não era nada. Nem perto do jogador competitivo que é o Renato. O francês custou 75 milhões de euros, com 27/28 anos. Tivesse ele vinte e poucos, e provavelmente o preço dobraria. E isto há 15 anos. Agora pensa o que pode valer uma futura estrela mundial, literalmente, como Renato Sanches(Acima de Bernardo Silva, André Gomes, etc). 80 milhões pelo Renato, daqui a uns anos, será considerado pechincha!

      Eliminar
    8. 80M€ pelo Renato neste momento é uma pechincha!

      ;)

      Eliminar
    9. Jorgen, acho que estás a ver as coisas pelo lado errado...
      A questão que o PP coloca é simples:
      Perante uma proposta de 65 milhões para sair no fim da época, e sabendo que o jogador quer arriscar sair já, pois oferecem-lhe um ordenado muito acima do tecto salarial do SLB, devemos vender e encaixar a massa, ou manter um jogador contrariado?
      É a isto que ainda não te vi responder. Eu nem hesitava: perante um cenário destes, tinha mesmo de vender.

      Eliminar
    10. Duvido muito que o Renato Sanches, um miúdo que deve tudo ao Benfica, forçasse a transferência( Pelo menos neste momento da sua vida). Se há alguma vantagem em querer jogadores da formação no plantel principal, é pelos valores e afectos que o jogador tem necessariamente que demonstrar para o seu clube de coração. Além disso, há a questão Jorge Mendes. Todos sabemos como hoje por hoje, as decisões sobre as transferências, são em 99 por cento dos casos tomadas pelos empresários. Sendo Jorge Mendes um empresário que sabe mexer muito bem os cordelinhos na área em que se encontra, não vejo o mesmo, a afrontar o Benfica, ou a pressionar o Renato para sair, sem o consentimento prévio do clube. Como o próprio referiu, a academia do Benfica neste momento é das melhores da Europa, ou mesmo a melhor. Criar um clima de animosidade, apenas levaria a que as portas forçosamente se fechassem para o empresário em futuras transferências e agenciamentos.
      Daí que, a palavra pertencerá a Vieira, sem qualquer dúvida.

      Eliminar
  3. O problema nem é tanto quanto oferecem por um jogador mas o salario que lhe propõem. Os Manchester desta vida podem dar,sem grandes problemas, 3 o 4 milhões por ano ao jogador e a partir desse momento não tens a minima possibilidade de segura-lo. Como bem sabem as clausulas raramente são acionadas, assim de repente não me lembro de um só caso no Benfica que tenhamos vendido um jogador pela clausula.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Exacto.

      Quanto às cláusulas, o que eu penso é que na prática, o clube que quer comprar ao saber que a cláusula é de 80M€ é capaz de seguir a seguinte estratégia de negociação: apresentar uma proposta de 65M€ ao clube e um contrato 5 anos de 3M€/ano para o jogador. Ou seja, no total o clube comprador investe os tais 80M€, mas segue essa estratégia para seduzir o jogador e este pressionar um pouco o clube onde está.

      O que eu faria como presidente era ter uma cláusula nos contratos com todos os meus jogadores que qualquer interesse num deles a conversa tinha de ser feita primeiro com o clube e só depois deste dar o aval poder-se falar com os jogadores/empresário.

      Mas, tudo isto é muito giro no mundo teórico. Na prática, há tanta gente que pode facilmente dizer à boca pequena ao jogador que poderá ter um contrato milionário se fizer pressão para sair por um valor inferior de cláusula. Enfim, mas há também tantas maneiras de combater isso, que...

      Eliminar
  4. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  5. Águia Preocupada24/01/16, 01:55

    Ui! "venderiam-lo"? Isso é português de onde? Será o novo acordo pateta ortográfico? Minha nossa... Até arrepia ver a língua portuguesa tão maltratada!
    É claro que o magnânimo negociador "vendê-lo-ia" se lhe oferecessem os tais 65 milhões!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Vai dar aulas e deixa o gajo escrever em paz. Que se foda o bom português.

      Eliminar
    2. Que LOL! "Vendê-lo-ia"?! Ou será que tu querias escrever "vendê-lo-iam"?!

      Primeiro que tudo, o tempo verbal aqui exposto é aquilo que se chama Futuro Condicional. A terceira forma do plural do verbo vender no futuro condicional é "venderiam".

      Segundo, quando o sujeito da oração é indeterminado, também se emprega a forma da terceira pessoa do plural. Daí o "venderiam-lo" na questão.

      Terceiro, o futuro condicional (ou o futuro do pretérito), em diversos casos, pode ser substituído pelo verbo no pretérito imperfeito. Por exemplo:
      "Se alguém se metesse, ele furava." (Verissimo, 1996) Substituição pelo pretérito imperfeito

      Quarto, outra forma de substituição é a formação pelo verbo ir no pretérito imperfeito, seguido do verbo principal no infinitivo. Por exemplo:
      "Ninguém ia descobrir, ninguém ia vê-la." (Verissimo, 1996) Formação do verbo ir seguido do verbo principal.

      Quinto, esta última forma é aquela que tu defendes. E mesmo assim, o "vendê-lo-ia" não está correcto. A forma correcta é a conjugação pronominal do verbo vender no futuro do pretérito do indicativo, 3ª pessoa do plural: "vendê-lo-iam".

      Portanto, embora possa não te soar familiar, a forma aqui está correcta. Mais, a forma que tu sugeres nem sequer é a mais correcta, como podes verificar.

      Por fim, quando se quer corrigir alguém, convém estar muito seguro sobre a correcção e deve-se explicar os motivos de forma clara, ao invés de fazer o espalhafato que acabaste por fazer.

      Como podes verificar a nossa língua é tão rica que permite ter duas ou três opções para dizer o mesmo, e isto só em termos gramaticais. Agora imagina a riqueza que existe a nível do vocabulário.

      Eliminar
    3. Anónimo, aqui nem se trata de escrever mal, como podes verificar pela minha explicação acima.

      O mais asqueroso nisto tudo, é o tipo vir cá constantemente só embirrar com a gramática, que ele próprio desconhece por completo.

      Um autêntico LOL!

      Eliminar