25 novembro 2014

Questões a frio


Em jeito de antevisão do importante encontro da Liga dos Campeões em São Petersburgo, convém fazer um ponto da situação. É disso que este artigo trata.

Avançados lesionados
Com a saída de Cardozo do clube da Luz, a nossa referência atacante passou a ser o brasileiro Lima. Os seus cerca de 50 golos em duas temporadas é um óptimo cartão de visita e que atestam a sua qualidade. No entanto, este início de temporada, com muitas mudanças no sector intermédio, mas também com um abaixamento de forma do camisola 11, fizeram com que o seu rendimento diminuísse drasticamente. Contudo, e embora não marque com tanta regularidade, tem sido bem notória a sua capacidade de sacrifício e de trabalho para com a equipa. Neste importante encontro frente ao Zenit seria muito importante poder contar com a sua experiência e capacidade de luta, na frente de ataque. Mas, visto que está ainda a debilitar de uma lesão muscular, o mais aconselhável seria não arriscá-lo neste encontro, pois o risco de agravar a lesão muscular é ainda considerável - recordar que o Benfica tem um importantíssimo encontro frente ao Porto em Dezembro.

Em situação idêntica está o Derley. No passado sábado, o camisola 9 fez uma exibição de 5 estrelas (teria sido de 7 estrelas caso tivesse marcado...) frente ao Moreirense, no encontro para a 4ª eliminatória da taça de Portugal. Ele esteve praticamente na construção de todos os golos desse encontro. A meu ver é a par do Jonas o nosso avançado em melhor forma física e técnica/táctica. Contudo, teve a infelicidade de se lesionar no final desse encontro. E, como tal, é agora uma incógnita o seu estado físico, daí que tenha de ser avaliado antes do encontro. Na minha opinião, não arriscaria a sua utilização, com o receio de agravar uma situação que neste momento uma semana de trabalho de recuperação poderia resolver.

Com Lima e Derley a recuperar de lesões musculares e sem poder contar com Jonas e Jara para a "Champions", quem será o avançado amanhã?

Avançados sem ritmo
Sem os dois habituais titulares e sem poder contar com o Jonas, nem o Jara, por não estarem inscritos na Liga dos Campeões, Jesus tem no banco à sua disposição apenas mais duas opções para avançado referência da equipa: Nélson Oliveira e Tiago (Bébé). Se o ex-Manchester United é visto pelo técnico encarnado como um jogador anárquico e sem conhecimento dos vários momentos do jogo, já o jovem formado na academia do Benfica apesar de ter "escola" falta-lhe o "doutoramento" no esquema "Jesuíta". A piorar o cenário está o facto de nas últimas duas semanas, ambos terem 0 minutos de jogo nos pés! No entanto, a meu ver, e face ao cenário de lesões e de opções técnicas e tácticas, a melhor opção talvez fosse mesmo a utilização de Nélson Oliveira de início frente aos russos.

Será o Nélson Oliveira a melhor opção para a titularidade no ataque encarnado?

Pensar fora da caixa
Caso o Jesus queira manter o mesmo esquema táctico e as mesmas ideias de jogo com que tem apresentado durante a presente temporada, a solução racional estará na utilização do jovem internacional português ao lado de Talisca, na frente de ataque. Mas, atendendo a que o jogo é fora da Luz, frente a um adversário de alto nível como é o Zenit, onde ainda por cima Javi Garcia e Witsel conhecem bem as ideias de jogo de Jesus, se calhar o mais indicado seria surpreender. Como? Jogando apenas com um avançado e com o reforço do meio-campo, através de um duplo pivot à frente dos centrais.

Se jogarmos com apenas um avançado qual seria a melhor opção?

Talisca a pivot ofensivo
Jogando apenas com um avançado, e tendo em conta a falta de ritmo do camisola 16 encarnado, apostaria na opção Talisca. É verdade que o brasileiro tem dificuldades em jogar de costas para a baliza, pois não tem aquele jogo de cintura do Derley. Contudo, jogando como falso 9 e a orquestrar o ataque encarnado, ora para as alas, ora para o apoio no corredor central, poderia fazer grandes estragos na defesa russa. Não falo em estragos individuais, mas sim em fazer com que por exemplo Salvio e Gaitán - os extremos titulares da equipa - pudessem ser servidos quando efectuassem movimentos interiores em direcção à baliza.

O melhor companheiro nas costas (ou melhor, na frente) do internacional canarinho, seria o astro da companhia: o Enzo. Com Talisca a jogar entre linhas, ao invés de no meio dos centrais, e com o argentino a estar próximo dele, o Benfica poderia criar pressão sobre a zona defensiva do corredor central russo. Com isso, fixariam mais o médio defensivo do Zenit, o nosso conhecido Javi Garcia. Por seu turno, Witsel tenderia a não ligar tanto o meio-campo com o ataque, e como o Danny - que joga à frente destes dois - não é tão acutilante defensivamente, libertaria o Benfica na sua primeira fase de construção de jogo. Recordar que foi por aqui que o André Villas-Boas conseguiu criar problemas ao Benfica no primeiro jogo.

Se o Talisca joga a "9", o Enzo a "10", quem jogará a "6" e a "8"?

Enzo a "10"
Se o camisola 35 encarnado jogar atrás do avançado, como um "10", as opções para as posições "6" e "8", não deverão variar muito do seguinte leque de jogadores: Samaris, Cristante, André Almeida e Pizzi. A meu ver, e do ponto de vista teórico, a dupla mais forte seria a formada pelo internacional português e pelo internacional helénico, André Almeida mais defensivo e o Andreas Samaris mais ofensivo. No entanto, muito provavelmente o lateral esquerdo da equipa será precisamente o André Almeida, pelo que sobra-nos para aquela posição o grego, o jovem italiano e o projecto de "8", chamado Pizzi. Apostar em Samaris e Cristante pode ser um sucesso, como um profundo fracasso. O italiano tem dado bons sinais, frente a equipas da realidade portuguesa. A questão é que na Liga dos Campeões, poderá ser um pouco mais curto. Ainda por cima, com o grego à procura do seu espaço na equipa titular encarnada. Do ponto de vista teórico, eles formam uma excelente dupla, que com o apoio de Enzo poderiam formar melhor. Depois há as combinações possíveis entre Samaris mais Pizzi e Cristante mais Pizzi. Qualquer uma destas deveriam significar que Enzo, em vez de ser o elemento do tridente mais avançado, passaria para o que jogaria a "8".

E, se for o Gaitán a jogar atrás do avançado?

Gaitán o camisola 10
Caso seja o argentino Nico Gaitán, o escolhido para a posição "10" atrás do avançado, o Enzo deverá manter-se na posição "8" do meio-campo, fazendo dupla com o grego Samaris, pois esta dupla é aquela que mais jogos efectuou esta temporada. Contudo, a mudança de posição de Gaitán, implica que haja uma nova entrada para a posição de extremo esquerdo da equipa. Para aqui existem as seguintes opções: Ola John, Tiago e Pizzi. O holandês pelo que já percebemos parece ter vantagem sobre os restantes caso haja essa mudança táctica. Tiago, a meu ver seria o mais indicado naquela posição, pois com Salvio colado à faixa direita, Gaitán no centro e o Talisca como falso 9, seria importante ter alguém imponente fisicamente capaz de entrar a romper numa diagonal para o centro do ataque, mais até do que um organizador de jogo na faixa, como é o Ola John. O português Pizzi, embora seja a terceira opção, seria talvez a melhor opção, pois acaba por ser um misto de dois mundos. Aliás, neste momento, até poderia funcionar quase como um 3 em 1 - faz de médio ofensivo, de extremo e de avançado/2º avançado. De salientar que deixando Sulejmani em Portugal, Jorge Jesus só tem destros para a extrema esquerda do ataque. Ou seja, caso pretenda alguma profundidade ofensiva pelo ala esquerda, deverá ter que apostar num lateral esquerdo de raiz. O único que possuímos neste momento nas nossas fileiras é o suíço Loris Benito.

Tendo em conta as lesões, as ausências por falta de inscrição
na competição e os jogadores que estão em forma e com
ritmo de jogo, este seria o meu onze encarnado frente ao
Zenit. Notar para o posicionamento do Talisca e do Nico.
Notar também, na preferência do ataque pelo lado direito.

2 comentários:

  1. Num jogo com este grau de dificuldade prefiro optar por uma equipa mais conservadora. O mais conservadora possível. Por essa razão optaria sempre por Oliveira ,caso Lima e Derley não pudessem jogar. Por outro lado não sei se não seria interessante ir , a espaços , trocando os extremos potenciando assim o jogo interior de Gaitan e Salvio.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. JV,

      Infelizmente perdemos... :(

      Sobre a troca de extremos durante o jogo é algo que gostava de ver mais vezes acontecer na equipa. Inclusive, considero que o Salvio poderia evoluir imenso jogando assim, pois estando na esquerda e a flectir para o centro teria que jogar mais em apoio, desenvolvendo o seu jogo colectivo.

      Eliminar