Não havia algo mais para dar numa das piores exibições do Benfica de Jorge Jesus?
"Jota-Jota" em discurso directo
«Foi um jogo difícil, mas já sabíamos que ia ser assim. Jogar em casa do Nacional é sempre difícil. Normalmente têm boa equipa, como a deste ano, jogando um futebol agressivo. Ainda por cima, ao primeiro minuto já estão a ganhar. Tornou o jogo mais difícil, mas o Benfica reagiu bem e ainda nos primeiros 45 minutos deu a volta ao resultado. Chegámos ao intervalo em vantagem e na segunda parte poderia ter sido comandada por nós.»
«Não foi como queríamos, tivemos dificuldades, sentiu-se o jogo de terça-feira. Foi intenso, os jogadores correram muito e, por exemplo notou-se na condição física do Talisca. Tivemos alguma dificuldade para acompanhar o jogo agressivo dele. Mesmo assim, a equipa que esteve mais perto do 3-1 foi o Benfica, com aquela grande oportunidade do Salvio de cabeça. Foi um resultado justo, contra uma equipa que fez tudo para empatar, que nunca se deu por vencida. Mas isso já é habitual no Manuel Machado, com equipas bem disciplinadas.»
«O golo que sofremos estávamos preparados para ele, sabíamos como joga o Nacional, quais as características com bola e tentámos estar prevenidos. Mas não o conseguimos logo na primeira jogada. Não é fácil. O Nacional tem jogadores que seguram bem a bola, são muito agressivos no centro e não são uma equipa fácil de vencer. Face ao jogo de terça-feira, tivemos jogadores em défice, como o Gaitán, o Talisca e até mesmo o Enzo. Isso notou-se, porque tivemos de fazer um forcing muito grande nessa partida.»
«Notou-se que era preciso algo mais e não havia, estava tudo gasto.»
A leitura de Jesus é perfeita e assenta-se em dois vectores: (1) a combatividade e organização da aguerrida equipa do Nacional; e (2) o cansaço físico dos jogadores encarnados. Contudo, será que não se poderia ter feito melhor? É que no final do encontro, e olhando para a exibição da maioria dos jogadores do Benfica, ela foi paupérrima. Não houve nenhum que tenha merecido uma nota com distinção. E, isso é preocupante...
O excesso de individualismo do trio argentino é um dos maiores problemas do colectivo encarnado. Não só não ligam o jogo ofensivo, como desfazem o equilíbrio defensivo da equipa de Jorge Jesus. |
O que preocupa os Benfiquistas
Falo por mim, mas penso que poderei falar pela maioria dos adeptos encarnados. O Benfica não apresenta um fio de jogo capaz de ser ele a controlar o ritmo dos encontros. Por exemplo, é verdade que a equipa encarnada possa estar mais cansada, devido ao jogo a meio da semana para a Liga dos Campeões. Também é verdade que o adversário entrou num ritmo forte e agressivo. Mas, os jogadores do Benfica já vinham sobre-avisados sobre o comportamento do Nacional, e deveriam conseguir implementar uma estratégia que passasse por maior controlo da posse de bola e do ritmo de jogo.
Infelizmente, a equipa encarnada não sabe fazê-lo! Não sabe, por exemplo, circular a bola pelos seus jogadores, de forma a fazer correr o adversário. Não sabe, por exemplo, sair de zonas de pressão com a bola controlada através de combinações e triangulações entre os seus jogadores. A bola quando chega ao meio-campo encarnado, quer seja aos seus extremos ou ao número "8", estes aceleram logo o jogo e tendem sempre a transportar a bola. Raramente, procuram o apoio ou a combinação.
O problema está em utilizar esse transporte sempre e não somente nos momentos que o devem fazer. E, até vou mais longe. Há tempos, Jorge Jesus criticou que Talisca, Tiago (Bébé) e Nélson Oliveira não sabiam ainda o que são os momentos do jogo. Para mim, nem sequer o Gaitán, o Enzo e o Salvio o sabem, quanto mais aqueles miúdos!?
As consequências do excesso de individualismo
Ao exagerarem no transporte de bola, Gaitán, Enzo e Salvio acabam por fazer um mal terrível ao meio-campo encarnado. Por um lado, acabam por desperdiçar a utilização dos 2 avançados da equipa, quer seja em situações de apoio, como de ataque do espaço vazio. Não é à toa que toda a gente elogia o trabalho dos nossos avançados, mas lhes aponta a falta de rendimento... Por outro lado, em termos defensivos, o excesso de individualismo do trio argentino, faz com que fiquemos "apenas" com 5 jogadores atrás da bola - neste caso em particular do jogo contra o Nacional ficavam apenas 4 lá atrás, porque Talisca não tem a rotinas necessárias. Isto, numa altura que o mais normal é a maioria das equipas jogarem com mais de 8 jogadores atrás da bola. Resultado? O Benfica é altamente vulnerável nas transições defensivas. Para agravar ainda mais a questão defensiva, este tipo de movimentos inconsequentes do trio tendem a partir o jogo, desgastando a equipa encarnada. Chega mesmo a quebrar a equipa - esta deixa de manter a compactação, a organização e a coesão necessárias.
Ao exagerarem no transporte de bola, Gaitán, Enzo e Salvio acabam por fazer um mal terrível ao meio-campo encarnado. Por um lado, acabam por desperdiçar a utilização dos 2 avançados da equipa, quer seja em situações de apoio, como de ataque do espaço vazio. Não é à toa que toda a gente elogia o trabalho dos nossos avançados, mas lhes aponta a falta de rendimento... Por outro lado, em termos defensivos, o excesso de individualismo do trio argentino, faz com que fiquemos "apenas" com 5 jogadores atrás da bola - neste caso em particular do jogo contra o Nacional ficavam apenas 4 lá atrás, porque Talisca não tem a rotinas necessárias. Isto, numa altura que o mais normal é a maioria das equipas jogarem com mais de 8 jogadores atrás da bola. Resultado? O Benfica é altamente vulnerável nas transições defensivas. Para agravar ainda mais a questão defensiva, este tipo de movimentos inconsequentes do trio tendem a partir o jogo, desgastando a equipa encarnada. Chega mesmo a quebrar a equipa - esta deixa de manter a compactação, a organização e a coesão necessárias.
Como ultrapassar isso? Existem duas vertentes de solução. Uma pressupõe uma mudança de sistema de jogo - a incorporação do 4-2-3-1, com consequente entrada de mais um médio centro, retirada de um avançado e subida do trio argentino no terreno. A outra solução é basicamente fazer com que o trio argentino joguem mais em posse e não tanto em transição.
Uma forma expedita e transitória é aproveitar a utilização de André Almeida a "lateral" (leia-se defesa) esquerdo. Com esta utilização, as tarefas do suposto "lateral" esquerdo passam a ser mais de "defesa" esquerdo. Ou seja, André Almeida não subirá tanto no terreno para apoiar o ataque, mas será mais um elemento pendular defensivo no combate à transição defensiva. Actualmente André Almeida tem-se comportado como um lateral esquerdo ofensivo. Basta para isso vermos o seu posicionamento muito subido em campo. Claramente, que tal posicionamento é exigido pelo treinador encarnado e é igualmente um dos pontos que mais merece uma crítica, até porque o jogador acaba por não conseguir render, tal como outros não renderam...
Alterando o posicionamento - por exemplo, fazer com que o André Almeida não suba tanto no corredor e até mantenha uma posição mais interior (tal como o David Alaba faz no Bayer Munique) - permitirá que o Benfica ganhe mais um médio atrás do tal trio desequilibrador, melhorando o posicionamento encarnado face às transições defensivas. Outra vantagem desta revisão posicional de André Almeida, é que este poderá ser fundamental na melhoria da performance na primeira fase de construção de jogo encarnado. Notar que com André Almeida numa posição mais recuada, permitirá que Samaris se sinta mais protegido e apoiado, Gaitán mantenha largura na ala, Enzo mais liberdade ofensiva e Talisca tenha mais espaços para receber a bola.
Críticas construtivas
Houve claramente falta de preparação nos treinos do Benfica para implementar este tipo de nuances que poderão ajudar e muito o rendimento da equipa. Muito provavelmente, só houve tempo para recuperar os jogadores em termos físicos e um ou outro treino mais táctico para preparar a equipa para com o adversário.
Um segundo ponto que penso ser pertinente criticar é a falta de utilização de mais jogadores na equipa principal, de forma a poder rodar a equipa e ir dando ritmo de jogo a outros. Por exemplo: Tiago, Nélson Oliveira, Pizzi, Cristante, Benito, Hélder Costa, Sulejmani, são alguns desses exemplos. Posso compreender a relutância em usar Tiago, Cristante e Benito, mas quanto aos restantes, nem por isso. O Nélson tem escola e já sabe muito das ideias de jogo do Jesus. O Pizzi é um jogador muito inteligente e de aprendizagem rápida. O "menino" Hélder Costa é formado no clube e tem talvez as melhores bases para o Jesus poder integrá-lo facilmente na equipa. E, o sérvio Sulejmani, precisa apenas de minutos para ganhar condição física e confiança após longa ausência por lesão. Do que é que o Jesus está à espera?!
Claramente, o técnico encarnado precisa ir fazendo uma rotação na equipa, nem que seja nas segundas partes dos encontros. A continuar assim, sem essa rotação, o Benfica bem que poderá mais tarde ou mais cedo ir abandonando algumas competições. É que por enquanto, os adversários das taças são de menor nomeada e podem permitir que se utilize jogadores menos rodados (ou inclusive estreias absolutas), mas daqui a umas semanas, tal já não será possível. Esta é a altura certa para trabalhar em soluções de futuro a médio e longo prazo!
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