Um olhar sobre os problemas da equipa

Apesar de estarmos em 1º lugar no campeonato, um pouco de autocrítica não nos faz mal. Este artigo visa debater isso mesmo.

Os problemas da equipa

Na minha opinião, os problemas da equipa são quatro, um para cada sector do terreno. Ou seja, há (havia?) um problema na baliza, um problema na defesa, um problema no meio-campo e um problema no ataque. Estes dois últimos são quanto a mim aqueles que maior dores de cabeça poderão causar ao técnico encarnado e aos adeptos Benfiquistas em geral.

A baliza

Enquanto Artur era o titular da equipa, havia uma enorme insegurança por parte da linha defensiva. Esta avançava a custo e ficava sempre de pé atrás com o guardião brasileiro, uma vez que a insegurança vivida por este impedia que tivesse uma saída de baliza nos tempos correctos. Para além disso, o nível técnico do brasileiro, em termos de controlo da bola é paupérrimo para o estilo de guarda-redes que se defende para um Benfica. No entanto, agora com o guardião Júlio César, penso que este problema irá ficar resolvido. De qualquer maneira, é importante ter isto em atenção.

A defesa

O maior problema defensivo que Jorge Jesus tem neste momento, é o Jardel. E, mesmo este fico com algumas dúvidas... É que na realidade os problemas que existem na baliza, no meio-campo e no ataque - os quais debaterei mais adiante - não ajuda em nada a função do central que tem por missão sair a jogar. De qualquer maneira, penso que o brasileiro também já demonstrou outra confiança na época passada. Se deverá ceder o lugar para a entrada de Lisandro López? Podemos ter a tendência para dizer sim, mas se calhar seria mal lançar um menino pouco entrosado num sistema defensivo exigente. Por mim, continuaria a apostar em Jardel.

O meio-campo

Nesta região do campo, o maior problema reside na recém contratação do grego Samaris. Atenção! Não é que o internacional grego seja mau jogador. Apenas, é porque não está ainda identificado com as funções e posicionamentos que deve desempenhar na equipa, naquela posição "6". Tendo em conta que Jesus tem no banco um André Almeida que apesar de tudo é um jogador que naquela posição tem sempre deixado excelentes indicações (recordam-se do jogo frente ao Sporting e dos jogos de pré-época naquela posição?), porque é que não o coloca a titular? A meu ver fazia muito mais sentido, colocar um André Almeida a titular e depois ir dando minutos ao Samaris, mediante o trabalho que for feito com ele nos treinos.

O ataque

A posição "10" no 4-4-2 de Jesus é nevrálgica. Aliás, essa posição é a das mais exigentes no futebol mundial e é normalmente aquela que é preenchida pelos grandes jogadores nas grandes equipas. Exemplo? Rooney, Tévez, Agüero, Messi, entre muitos outros. Todos eles avançados que sabem assistir como médios ofensivos, e finalizar como pontas-de-lança. Trata-se pois de uma raça em extinção num futebol que anos após ano muitas das grandes equipas têm adoptado um terceiro médio para essa posição, mais do que um "avançado completo", naquele que tem sido a transformação do 4-4-2 em 4-2-3-1, como o sistema de jogo das grandes equipas. É por isso, que por maior que seja o talento do Talisca, este terá nos próximos tempos exibições inconstantes. Ora isso é algo que o Benfica se calhar não pode consentir. A grande esperança de Jesus está no Jonas. Mas, será que o brasileiro também é a solução que o Jesus precisa para aquela posição? É que não basta ser bom tecnicamente. É preciso ser rápido (Talisca falha um pouco aqui...), inteligente tacticamente (acho que neste ponto, quase nenhuma das opções enche o olho... talvez o Nico seja ainda assim o melhorzito) e com um porte físico invejável (é aqui que Talisca pode ter os seus trunfos). De qualquer modo, nenhuma das opções convence por completo. Se não vejamos: Gaitán perde em termos físicos; Sulejmani e Pizzi idem-aspas; Jonas também parece não ser um portento físico; Talisca e Tiago têm técnica e físico, mas carecem de inteligência táctica; Derley é mais ponta-de-lança do que criador; sobra-nos o Nélson Oliveira que parece-me o mais completo deles todos... mas, torna-se difícil quando não é opção!

E que tal mudar-se o sistema de jogo?

Talvez estes dois maiores problemas da equipa do Benfica desaparecessem, pois os equilíbrios seriam feitos de outra maneira, mais de encontro com as características dos principais e da maioria dos jogadores encarnados. A mudança de sistema que sugeria era o 4-2-3-1. Por exemplo, estou certo que num esquema desse tipo Samaris sentiria-se mais confortável ao lado de outro médio. Por outro lado, Gaitán, Sulejmani, Talisca e o Pizzi, sentiriam-se mais à vontade, quer ao centro, como na faixa. O próprio Tiago, mas também o Pizzi, o Ola John e o próprio Nélson Oliveira a jogarem a extremos esquerdos se sentiriam melhor. Não vejo dificuldades em Jonas, Lima, Derley, Tiago e o Nélson Oliveira a jogarem como avançados centro.

Considerações finais

«No futebol não é tirar um e meter outro» ou palavras idênticas foram proferidos uma vez pelo "Jota-Jota". E quanto a mim faz todo o sentido. Contudo, não entendo porquê não vermos adaptações do sistema encarnado aos seus jogadores. É que o 4-4-2 encarnado vai ter que necessariamente ser diferente do 4-4-2 desta temporada, quer em dinâmicas, quer em funções de cada posição. Tudo isto, porque os jogadores não são iguais. O lado mal disto é se o técnico não é flexível o suficiente para compreender isso, ou se é teimoso o suficiente para pensar que o jogador vai-se adaptar à situação. Outro mal é que no curto prazo e frente a equipas de maior nomeada e mais organizadas, a equipa sentirá maiores dificuldades. No entanto, o lado positivo é que tal poderá fazer desenvolver novas competências nos próprios jogadores. Para além disso, devido às características dos jogadores serem diferentes de temporada para temporada, pode surtir o aparecimento de dinâmicas novas, no mesmo sistema de jogo, criando aqui factores surpresa para os adversários.