17 setembro 2014

Jornada 1: Benfica - Zenit


Uma análise fria à derrota frente ao Zenit.

O Benfica perdeu pela primeira vez na Luz esta temporada para uma competição oficial, ontem, frente ao Zenit de São Petersburgo no 1º jogo do Grupo C da fase de grupos da Liga dos Campeões. Uma competição no qual o Benfica já não perdia em casa há pelo menos dois anos. O último adversário dos encarnados da Liga dos Campeões que saiu da Luz com uma vitória foi nada mais, nada menos que o Barcelona de Messi.
Expulsão de Artur é um mal que vem por bem
Os pupilos de Jorge Jesus entraram acusaram a pressão de jogar nesta competição, nomeadamente, jogadores como Artur, Jardel, Samaris, Talisca e Lima. O guarda-redes brasileiro já se sabe que acusa a pressão dos jogos mais exigentes. Não é que tenha estado muito mal, mas a verdade é que transpira a insegurança. Basta verem a sua linguagem corporal com e sem bola, basta notar na forma como defende remates de livres frontais a dois tempos, basta notar como está desatento e sai da baliza com hesitação no lance da expulsão. Quanto ao companheiro do eixo defensivo de Luisão, o brasileiro Jardel, foi para mim uma desilusão, na forma como algumas vez entregou facilmente a bola. Onde está o Jardel super confiante da época passada? É esse o Jardel que precisamos e queremos ver! A bem da verdade, muita gente pode culpabilizar o central no primeiro golo do Zenit, por causa da perda de bola através de um passe errado, mas, também a falta de dinamismo do nosso meio-campo contribuiu para que isso acontecesse. E, aqui, entra a minha crítica ao reforço grego. Samaris fez ontem o seu segundo jogo a titular pelo Benfica. Nota-se claramente que ainda não se sente como peixe na água naquele meio-campo. Por outro lado, noto que não está fisicamente no ponto. A contextualizar isso, são alguns atrasos nas marcações e nas antecipações na zona central do meio-campo defensivo. Talvez Jesus deveria ter arriscado a titularidade de André Almeida ou então utilizar este para reforçar aquela zona do terreno com mais um jogador... para isso teria que retirar um dos dois avançados, e nesse caso o candidato seria o brasileiro Talisca. Tendo em conta os quase 20 minutos em que esteve em campo e no qual efectuou 4 passes e apenas um deles foi completo, talvez fazia mais sentido essa opção de reforçar o meio-campo com outro jogador, libertando Enzo Pérez para criar jogo e jogar entre-linhas, solto, atrás do avançado. Talvez assim, Lima não se desgastasse tanto em correrias e tivesse mais bola nos pés para poder atacar com mais perigo e energia. Vi o avançado brasileiro a ser igual a ele próprio em termos de trabalho, ou seja, um autêntico guerreiro. Faltou-lhe o discernimento em um ou outro momento, mas também alguma sorte e frescura.
Javi + Witsel  >  Samaris + Enzo por enquanto
Esquemas tácticos do Benfica e do Zenit
neste 1º jogo do grupo C. Notar na
vantagem numérica do tridente russo
face à dupla portuguesa.
Após este vitória do Zenit de André Vilas Boas começaram logo a surgir os elogios exagerados ao técnico português ao serviço do clube russo e num deboche ao técnico encarnado, no que toca a competências tácticas. A meu ver, a leitura deveria ser outra. É muito fácil dizer-se que uma equipa foi melhor do que outra tacticamente, quando dali resulta uma vitória para ela. No entanto, é preciso verificar que o Zenit tem uma dupla de meio-campistas com pelo menos uma época de entrosamento... nada mais, nada menos que com Jorge Jesus. Ou seja, para além de já se conhecerem futebolisticamente, também conhecem as ideias de jogo do treinador agora adversário. Perante um Enzo e Samaris a realizar o seu segundo jogo juntos, era mais do que espectável que o Benfica tivesse algumas dificuldades. Ainda para mais, quando o Benfica depois ficou reduzido a 10 unidades... Mesmo assim, o meio-campo encarnado, com muito suor, conseguiu equilibrar um pouco essa diferença, resultando numa segunda parte do encontro muito mais equilibrada.
Jogadores do Benfica correm mais com a bola do que os jogadores do Zenit (71 ocasiões contra 64) e efectuam menos passes que o adversário (391 passes contra 577)
O maior reparo que posso fazer aos nossos jogadores é que continuam a transportar demasiado a bola, quando poderiam e deveriam recorrer mais ao passe curto-médio-longo, para fazê-la circular e fazer com que o adversário corresse atrás da bola. Percebo que neste encontro, com menos um jogador, tal fosse mais difícil, pois para fugir à pressão do adversário, era necessário fintar um ou outro jogador, para libertarem-se da marcação. Mas, fazer isso é correr o risco e entrar na estratégia defensiva do adversário. Assim sendo, a equipa encarnada deve posicionar-se de tal forma a estarem próximos uns dos outros e manter as linhas de passe disponíveis. Tudo isto requer treino... muito treino.
Tanto tempo para mexer na equipa significa que não há um plano de contingência?
A minha solução para o Benfica reduzido a
10 jogadores, frente ao Zenit. Realce para o
reforço da zona central e liberdade para o
trio de argentinos (Salvio, Enzo e Nico).
É verdade que ficar reduzido a 10 jogadores logo aos 20 minutos de jogo, numa competição tão intensa como a Liga dos Campeões, não é tarefa nada fácil de gerir. Olhando para a equipa encarnada, praticamente, tirando a substituição de Talisca por Paulo Lopes, efectuamos as nossas substituições após jogada no banco do técnico André Vilas Boas. Ou seja, fomos sempre reaccionários e não proactivos. E, na minha opinião, fizemos mal. É também verdade que Jorge Jesus é que treina a equipa e saberá melhor do que ninguém quando e como deve optar pelas soluções do banco. No entanto, penso que o Jesus deveria ter reforçado na segunda parte - a partir dos 60 minutos de jogo - o meio-campo, tirando o desgastado Lima lá do centro do ataque pela entrada do jovem português André Almeida, libertando o Enzo para criação de jogo e Salvio e Gaitán como avançados interiores, explorando diagonais, ora para as faixas, ora para o centro. Mais tarde, apostaria num Tiago, fazendo descansar o Samaris e com isso recuar o Enzo (para jogar em parelha com o André Almeida) e o Nico para "10", deixando o ataque entregue ao Tiago e ao Salvio. Em vez do 4-4-1 que Jesus jogou ontem, a minha solução seria uma espécie de 4-2-1-2 (ou se preferirem um 4-3-2). A ideia deste sistema está em reforçar o miolo do nosso meio-campo, dando-lhe capacidade para ter posse de bola e atacar os espaços entre os laterais e os centrais adversários.
Os Benfiquistas são sem sombra de dúvida os melhores adeptos do mundo
Se não somos os melhores adeptos do mundo somos com certeza os adeptos mais apaixonados... se não vejam:


2 comentários:

  1. O Hulk demonstrou que é um monstruoso jogador

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  2. O Villa Boas demonstrou que é um grandioso treinador

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