Uma segunda parte à campeão!
«Na primeira parte apresentámos um futebol muito denunciado e com alguma lentidão de processos, com pouca dinâmica. Os corredores não funcionaram, também por mérito do Moreirense. Com a entrada do Derley modificámos o jogo e depois fizemos uma segunda parte à campeão.»
Realço para a organização defensiva e ofensiva da equipa de Miguel Leal que tem de estar contente com a exibição dos seus pupilos. Houvessem mais equipas como este Moreirense e o nível da 1ª Liga nacional estaria muito acima.
Realmente, foi necessário um Benfica muito trabalhador e persistente para levar de vencida este astuto adversário. Na primeira parte, o grego Samaris parecia um corpo estranho na primeira fase de construção de jogo da equipa encarnada. Após a sua saída e com o recuo de Talisca para a posição "8" - aquando da entrada de Derley para a posição "10" - e com consequente reposicionamento de Enzo na posição "6", o Benfica ainda teve um tempo a reajustar. Embora Jesus tinha resolvido o problema da dinâmica na primeira fase de construção, agora era a segunda e a terceira fases que teimavam a dar frutos. Talisca, Derley e Lima parecem-me algo desconectados, sem grande entrosamento. Cada um a puxar para o seu lado. Os próprios Gaitán e Salvio estavam muito desinspirados, o que não ajudou o desempenho encarnado no último terço do terreno.
Nota 1: Percebo que o grego é um jogador com créditos firmados. Percebo também que o helénico tenha sido uma contratação sonante e muito dispendiosa para ficar no banco. Percebo também que quanto mais o Samaris jogar, mais ele se entrosará e se identificará com o grupo de trabalho. No entanto, se temos um André Almeida que faz a posição sem comprometer, porque é que temos de arriscar o grego com a titularidade?
Ah! Escusado será dizer que o Moreirense, no seu único remate de registo fez o seu golo, ficando desde muito cedo numa posição de vantagem, em pleno estádio da Luz. Isto poderia enervar a equipa, mas o apoio vindo das bancadas só fez com que os jogadores encarnados tirassem o fato de gala e colocassem o fato de macaco.
Nota 2: Com adeptos assim jogamos sempre com um 12º jogador! Simplesmente espectacular o ambiente que se tem gerado em redor da equipa por parte das bancadas!
O intervalo fez muito bem ao Benfica. Os jogadores encarnados entraram na segunda parte com outra dinâmica, levando o adversário a recorrer mais a faltas e inclusive a acções disciplinares. Numa delas, resultou num primeiro momento de viragem do encontro: a expulsão de um jogador do Moreirense, após jogada individual de Talisca. O brasileiro saiu lesionado, o que fez alterar a estratégia encarnada, pois Jesus teve que deslocar o Nico para a posição "8", fazendo entrar o holandês Ola John para a posição "11". Com menos um homem, e com um Benfica claramente mais ofensivo e dinâmico, foi com naturalidade que começou a cercar a baliza do Moreirense.
Nota 3: Para se jogar no esquema de 4-4-2 (4-2-4) "a la" Jesus, este precisa que o jogador da posição "10" seja algo especial. Seja um jogador capaz de interpretar os vários momentos do jogo, pois precisa de ser um camaleão dentro do esquema. Ou seja, precisa de ser um médio e um avançado quando a equipa requer, mas precisa de ser muito mais que isso. Jogadores como esses escasseiam a olhos vistos no mundo do futebol. E, só as grandes equipas os têm... pelo menos, daqueles que não se encolhem perante adversários de maior nomeada. Sendo assim, e olhando para o plantel encarnado, não vejo ninguém à altura para cumprir esse requisito a 100%. Talisca ainda vai desenrascando, mas estará a uma ou duas épocas do seu auge nessa posição. Tiago (Bébé) é um jogador que eu deposito alguma esperança nessa posição, mas não sendo opção regular, não lhe vejo grande futuro... O mesmo poderei dizer de Nélson Oliveira. Sulejmani poderia ser uma solução para essa posição, tal como o Nico Gaitán, mas depois qual seria o canhoto para jogar nas alas? Pois... Depois estes dois podem ser muito criativos, mas falham em termos de finalização - um requisito muito importante nesta posição "10". Sobra-nos o Jonas. E, é sobre este experiente brasileiro que recai as nossas esperanças para melhorar a ligação meio-campo/ataque. Por tudo isso, pergunto-me se não seria melhor ao Jesus adoptar outro sistema de jogo (4-2-3-1) - pelo menos a nível ofensivo - para a sua equipa?No entanto, faltava o último passe e melhor direcção nos remates, até que... aparece a bomba do Eliseu. Fez-me lembrar aqueles golos do Roberto Carlos tal a potência e colocação do remate do açoriano. Definitivamente o internacional português é reforço e... goleador. Já agora, o seu colega do flanco oposto também está numa forma goleadora impecável, tendo também feito o gosto ao pé, num lance que a bola andou a rondar a baliza até que o "Super" Maxi foi lá à área e pôs um ponto final na jogada.
Nota 4: À falta de qualidade das combinações do nosso ataque, tem sido a nossa defesa que tem destacado. Não só pela qualidade que tem demonstrado no seu capítulo principal - a defesa - como também em termos ofensivos. Sobretudo, através dos nossos laterais ofensivos. Maxi e Eliseu têm sido laterais goleadores. É uma pena que os nossos atacantes não estejam a saber aproveitar as bolas que estes têm dado para golo...
O Benfica passava para a frente do marcador e a reviravolta estava quase concluída. Mas, faltava ainda o golo de Lima. Golo esse que foi uma espécie de tirar o enguiço de cima do brasileiro. Bem merecido, pelo que este autêntico guerreiro tem trabalhado na linha da frente. O jogo poderia ter tido mais um ou outro golo, houvesse maior entreajuda dos nossos atacantes. Aliás, eu penso que Jesus tem ainda muito, mas muito trabalho com a nossa linha ofensiva. Por exemplo, sempre que há um cruzamento, e visto que jogamos com dois avançados, continuo a não entender porque é que um deles não ataca o primeiro poste? Ficam quase sempre os dois no meio.
Nota 5: Volto a frisar - temos de melhorar as jogadas ofensivas - e isto trabalha-se no treino. Agora, será que ter 3 ou 4 opções por posição no ataque é a melhor forma para desenvolver um trabalho de qualidade? Sinceramente duvido e acho que o Jesus está-se a agarrar às qualidades e características intrínsecas de cada um dos jogadores do ataque, para utilizá-las quando considerar que o momento do jogo o exija. O problema é que os jogadores precisam de jogos nas pernas e sequências de jogos para se sentirem com ritmo e confiança competitiva adequadas. E, tendo tanta gente para treinar e para poder jogar, duvido que o trabalho seja feito com qualidade. Por vezes, menos é mais...
Relativamente à componente física da equipa, esta pareceu-me presa de movimentos, muito embora em termos físicos acreditar que estavam todos aptos. Será um problema de fadiga mental? Ou fadiga competitiva? À primeira vista não diria, já que estamos ainda no início da temporada. No entanto, acredito que uma maior competitividade entre os habituais titulares e habituais suplentes, na discussão pela titularidade, poderia trazer os seus frutos em termos de intensidade do onze que o técnico encarnado apresentar em campo. E, num plantel tão rico como o do Benfica, crime seria se tal não fosse feito...
Resumo do encontro:
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