24 outubro 2012

Desculpas e mais desculpas...


<<O Spartak é uma boa equipa, fomos surpreendidos por toda a envolvência, o sintético torna o jogo muito mais rápido e promove mais ressaltos de bola. Tivemos alguma dificuldade nos primeiros minutos com a intensidade da bola.>>
por Jorge Jesus após o encontro frente ao Spartak de Moscovo

A culpa das derrotas encarnadas quase nunca são devidas ao técnico encarnado, na sua visão. Neste encontro a culpa é do relvado sintético, dos ressaltos de bola que provocam e da velocidade com que se joga, o que torna o jogo muito mais intenso. Será que Jesus não se ouve a si próprio?

Estádio Luzhniki em Moscovo, casa do Spartak. Devido às condições atmosféricas
na maior parte do tempo em Moscovo e de ser um estádio algo fechado, optou-se
pela utilização de um relvado sintético, em prol do espectáculo futebolístico.
Sabendo de antemão das condições que iria ter em Moscovo, não poderia ter replicado essas mesmas condições nos treinos anteriores a este encontro? Não haverá em Portugal campos sintéticos para poder treinar e adaptar os seus jogadores a esse estilo de jogo? Lamento, mas o Jesus não tem qualquer razão nesta desculpa e deveriam fazer-lhe ver exactamente isso.

Se o problema era a adaptação a um relvado sintético, porque é que o Jesus não
aproveitou este mesmo à porta de casa e que por acaso até é nosso?
E, quanto à intensidade da bola/jogo, o Benfica teve mais 48 horas de descanso relativamente aos comandados de Unai Emery, que só jogaram no passado sábado. E, recordando que a maioria dos internacionais encarnados não jogou frente ao Freamunde, ainda mais "fresquinhos que nem alfaces" deveriam estar para este encontro. Ou seja, teoricamente os jogadores do Benfica estavam preparados fisica e mentalmente para este ritmo de Liga dos Campeões. Ora Jesus a desculpar-se com isto não estará a sacudir água do capote e a admitir indirectamente alguma incompetência na preparação deste encontro tão importante para as aspirações europeias?

Apesar do erro do Matic, ele tem estado sempre em bom plano esta temporada.
Acho um erro crucificá-lo, até porque é mais uma vítima da estratégia Jesuíta.
Quero ver é quem o vai substituir no próximo encontro da Liga dos Campeões?
Sabem quantos jogadores habituais titulares o Spartak não pode contar neste jogo? Não puderam contar com o seu máximo goleador nas competições europeias, o nigeriano Emenike, o extremo irlandês McGeady, o médio ofensivo brasileiro Rómulo, assim como o central patrão da defesa, o argentino Insaurralde e o guardião Pèsyakov. No Benfica, as ausências de Luisão e de Aimar, não explicam tudo o que se passou...

Bruno César é talvez dos jogadores mais injustiçado neste modelo de jogo
 do Jesus, que o coloca como extremo esquerdo, quando ele é um
 "10"/segundo avançado.
Sinceramente, eu acho que Jorge Jesus deveria fazer uma introspecção profunda sobre o estado da sua equipa, pois a meu ver não é um problema da falta de qualidade dos jogadores encarnados. Quanto a mim, há uma clara má avaliação por parte do treinador relativamente a alguns jogadores encarnados, que se reflecte depois na forma como ele os coloca em campo e no seu plano de jogo.

Rodrigo a "10" é uma presa
 fácil para jogadores mais
experientes e de qualidade,
como é o Rafael Carioca.
Jardel é um excelente central se as
suas tarefas forem somente
defensivas, mas será que para um
Benfica isso serve ou fica aquém?
Por exemplo, Bruno César há muito que evidencia que não se sente confortável a jogar no lado esquerdo do meio-campo/ataque, mas Jesus persiste nesta opção. O próprio Rodrigo, não se sente confortável a fazer de falso "10" da equipa. Aliás, só a espaços e apenas durante curtos períodos nos jogos é que ele consegue ter um ou outro movimento minimamente aceitável para as funções que o técnico lhe pede para fazer. O que não deixa de ser curioso é que se calhar uma troca posicional destes dois poderia ser uma solução. Outro que é vítima da má observação do Jesus é o Jardel. Quem lhe disse a este brasileiro que deveria passar pelos pés dele a primeira fase de construção de jogo? Até o próprio capitão de equipa, o uruguaio Maxi Pereira, tem sido vítima das tarefas que o Jesus pede para fazer em campo e que não o salvaguardam na sua posição. Não possível exigir ao Maxi que suba no terreno e que não preveja um sistema de compensações que permita ter sempre alguém que tome conta do lugar na sua ausência. Percebo que é importante que Maxi suba para fazer o desequilíbrio ofensivo, mas é também tão ou mais importante um sistema de compensações bem rotinado e que não passe apenas por utilizar o "bombeiro" Matic, ou o "motor" Enzo, de forma isolada.

Maxi é quanto a mim mais outro dos jogadores ultimamente injustiçados
pela estratégia de jogo encarnada. Ele não pode ser omnipresente.
E, com isso a equipa reflecte-se ofensiva e defensivamente. Depois, a nível estratégico e táctico, Jesus não ajuda minimamente os jogadores encarnados. Continuo a ver uma equipa com os sectores muito afastados um dos outros. Continuo a ver uma equipa com os jogadores muito mal posicionados em campo, fruto da não compreensão das tarefas e limites dos atletas. Continuo a ver uma equipa que quando em posse, não sabe o que fazer com a bola, ou seja, está demasiado formatada para transições rápidas, a.k.a. contra-ataques. Continuo a ver uma equipa que não sabe pressionar e roubar a bola em sectores mais próximos da área adversária. Mas não tem rotinas treinadas de como fazer circular a bola em ataque continuado, mudança de flanco para descobrir uma desmarcação isolada, etc.

Enzo Pérez tem sido o verdadeiro motor da equipa. Contudo, este e Matic não 
podem fazer tudo sozinhos... e muito já fazem os dois naquele meio-campo!


1 comentário:

  1. Excelente texto, o mestre da táctica devia ler, mas ele já nasceu ensinado, sabe tudo, pena é não assumir os próprios erros. É teimoso como o nosso presidente. Benfica entregue a dois teimosos

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