<<O Spartak é uma boa equipa, fomos surpreendidos por toda a envolvência, o sintético torna o jogo muito mais rápido e promove mais ressaltos de bola. Tivemos alguma dificuldade nos primeiros minutos com a intensidade da bola.>>
por Jorge Jesus após o encontro frente ao Spartak de Moscovo
A culpa das derrotas encarnadas quase nunca são devidas ao técnico encarnado, na sua visão. Neste encontro a culpa é do relvado sintético, dos ressaltos de bola que provocam e da velocidade com que se joga, o que torna o jogo muito mais intenso. Será que Jesus não se ouve a si próprio?
não poderia ter replicado essas mesmas condições nos treinos anteriores a este encontro? Não haverá em Portugal campos sintéticos para poder treinar e adaptar os seus jogadores a esse estilo de jogo? Lamento, mas o Jesus não tem qualquer razão nesta desculpa e deveriam fazer-lhe ver exactamente isso.
Se o problema era a adaptação a um relvado sintético, porque é que o Jesus não aproveitou este mesmo à porta de casa e que por acaso até é nosso? |
Sabem quantos jogadores habituais titulares o Spartak não pode contar neste jogo? Não puderam contar com o seu máximo goleador nas competições europeias, o nigeriano Emenike, o extremo irlandês McGeady, o médio ofensivo brasileiro Rómulo, assim como o central patrão da defesa, o argentino Insaurralde e o guardião Pèsyakov. No Benfica, as ausências de Luisão e de Aimar, não explicam tudo o que se passou...
Sinceramente, eu acho que Jorge Jesus deveria fazer uma introspecção profunda sobre o estado da sua equipa, pois a meu ver não é um problema da falta de qualidade dos jogadores encarnados. Quanto a mim, há uma clara má avaliação por parte do treinador relativamente a alguns jogadores encarnados, que se reflecte depois na forma como ele os coloca em campo e no seu plano de jogo.
Bruno César é talvez dos jogadores mais injustiçado neste modelo de jogo do Jesus, que o coloca como extremo esquerdo, quando ele é um "10"/segundo avançado. |
Rodrigo a "10" é uma presa fácil para jogadores mais experientes e de qualidade, como é o Rafael Carioca. |
Jardel é um excelente central se as suas tarefas forem somente defensivas, mas será que para um Benfica isso serve ou fica aquém? |
Por exemplo, Bruno César há muito que evidencia que não se sente confortável a jogar no lado esquerdo do meio-campo/ataque, mas Jesus persiste nesta opção. O próprio Rodrigo, não se sente confortável a fazer de falso "10" da equipa. Aliás, só a espaços e apenas durante curtos períodos nos jogos é que ele consegue ter um ou outro movimento minimamente aceitável para as funções que o técnico lhe pede para fazer. O que não deixa de ser curioso é que se calhar uma troca posicional destes dois poderia ser uma solução. Outro que é vítima da má observação do Jesus é o Jardel. Quem lhe disse a este brasileiro que deveria passar pelos pés dele a primeira fase de construção de jogo? Até o próprio capitão de equipa, o uruguaio Maxi Pereira, tem sido vítima das tarefas que o Jesus pede para fazer em campo e que não o salvaguardam na sua posição. Não possível exigir ao Maxi que suba no terreno e que não preveja um sistema de compensações que permita ter sempre alguém que tome conta do lugar na sua ausência. Percebo que é importante que Maxi suba para fazer o desequilíbrio ofensivo, mas é também tão ou mais importante um sistema de compensações bem rotinado e que não passe apenas por utilizar o "bombeiro" Matic, ou o "motor" Enzo, de forma isolada.
Maxi é quanto a mim mais outro dos jogadores ultimamente injustiçados pela estratégia de jogo encarnada. Ele não pode ser omnipresente. |
E, com isso a equipa reflecte-se ofensiva e defensivamente. Depois, a nível estratégico e táctico, Jesus não ajuda minimamente os jogadores encarnados. Continuo a ver uma equipa com os sectores muito afastados um dos outros. Continuo a ver uma equipa com os jogadores muito mal posicionados em campo, fruto da não compreensão das tarefas e limites dos atletas. Continuo a ver uma equipa que quando em posse, não sabe o que fazer com a bola, ou seja, está demasiado formatada para transições rápidas, a.k.a. contra-ataques. Continuo a ver uma equipa que não sabe pressionar e roubar a bola em sectores mais próximos da área adversária. Mas não tem rotinas treinadas de como fazer circular a bola em ataque continuado, mudança de flanco para descobrir uma desmarcação isolada, etc.
Enzo Pérez tem sido o verdadeiro motor da equipa. Contudo, este e Matic não podem fazer tudo sozinhos... e muito já fazem os dois naquele meio-campo! |
Excelente texto, o mestre da táctica devia ler, mas ele já nasceu ensinado, sabe tudo, pena é não assumir os próprios erros. É teimoso como o nosso presidente. Benfica entregue a dois teimosos
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