25 fevereiro 2012

Qual será o Benfica que vai jogar hoje?

Estou curioso por saber como irá Jorge Jesus montar o 11 titular que irá apresentar a "exame" esta noite em Coimbra. Com a recuperação física do espanhol Javi Garcia, pelo duas substituições no onze titular são quase certas de acontecer. A outra deverá ser Jardel pelo Luisão (de fora por acumulação do 5º amarelo no campeonato). No entanto, outras também serão posssíveis... mas, será que Jesus irá manter o mesmo esquema que apresentou em Guimarães, ou irá mudar?



Hipótese 1:
Hipótse 1 - Esquema táctico.
Vai manter a mesma estrutura táctica do último encontro para o campeonato nacional, podendo fazer retirar o Aimar em deterimento do belga Witsel, isto para além da saída de Matic e entrada do Javi. Em suma, será modificar por completo aquele duo de meio-campo. Outra possível alteração seria retirar do onze o lateral brasileiro, Emerson, e dar a titularidade ao espanhol campeão europeu e mundial, Capdevilla, o que faria a delícias de muitos adeptos encarnados. No entanto, será que o "Cap" estaria preparado para o desafio? Só vendo...
A Académica joga em 4-3-3,  com um trio de "estudantes" no meio-campo formado por um pivot defensivo (Diogo Melo) mais dois médios interiores à sua frente (um de transição, Danilo, e outro mais ofensivo, Adrien). Isto representa uma superioridade numérica no meio-campo, ao qual a estratégia do Benfica responderá com um jogo mais directo e comprido tentanto incentivar os duelos individuais com o quarteto defensivo da Briosa. Esta era a ideia que Jesus queria que a equipa concretizasse no D. Afonso Henriques. Talvez agora, com mais descanso e com maior tempo de preparação (leia-se treinos), a equipa responda melhor em campo.


Hipótese 2:
Hipótese 2 - Esquema táctico.
Esta hipótese prevê um regresso a um sistema táctico mais conservativo e equilibrado do ponto de vista defensivo e que tanto sucesso em resultados nos ofereceu no início da temporada. Jesus provavelmente dirá que é um 4-4-2, mas na prática, a inclusão de Aimar como um falso avançado faz com que a equipa se arrume em campo num 4-2-3-1, tanto em termos posicionais, como na sua dinâmica.
Assim, o meio-campo acaba por ganhar mais um homem, igualando o número dos adversários nesse sector, mas também em movimentos ofensivos, acaba por manter quatro homens, uma vez que um desses médios, desta feita Aimar, terá a missão de chegar mais à frente no ataque. Dada a qualidade dos jogadores do Benfica, nomeadamente Witsel e o Aimar, não será de estranhar que num esquema destes, essa missão de apoiar o ataque seja revezada entre os dois.
A questão que se coloca neste esquema, é saber qual o avançado sacrificado: Rodrigo ou Cardozo? São dois avançados muito diferentes um do outro. Se o Cardozo acaba por ser fundamental no jogo mais directo, posicional e até de choque, Rodrigo acaba por oferecer maior mobilidade e capacidade de pressão alta. Na minha óptica, em condições físicas idênticas, penso que optaria pela entrada de Rodrigo no início. Agora, será que o Rodrigo já recuperou daquela entrada em São Petersburgo? Em Guimarães esteve uma sombra daquilo que é capaz, daí que tenha algumas reservas. Por outro lado, Cardozo, com uma semana de recuperação deve estar a outro nível físico que no último encontro, pelo que, sabendo do seu peso na equipa, na sua importância em lances de bola parada, poderá ser mesmo ele o titular.
Continuo a colocar a questão entre Emerson ou Capdevilla, por achar que com o espanhol, a equipa poderia ganhar outra dinâmica ofensiva, melhorando também a qualidade da posse de bola.
Por fim, um último apontamento para a estratégia que este esquema permite utilizar de forma mais eficaz. Este 4-2-3-1, acaba por permitir à equipa jogar tanto numa toada de controlo de jogo, pois permite equilibrar o meio-campo em termos numéricos, fazendo com que a equipa não jogue assim tão comprida no terreno como no esquema da hipótese 1. Mas, também permite jogar num futebol mais directo, sobretudo para as alas e a costa da defesa adversária. Se jogar Cardozo, poderá ser utilizado como referência central nesse estilo de jogo. Se, por seu turno, jogar o Rodrigo, o futebol directo encarnado poderá passar pelo aproveitamento das costas da defesa adversária ou em diagonais para as laterais que o hispânico-brasileiro é capaz de efectuar. Nesse contexto, de desmarcação no espaço, o próprio Aimar poderá também entrar.


Hipótese 3:
Hipótese 3 - Esquema táctico.
E se tentar replicar a fórmula de sucesso de 2009-2010? Esta terceira hipótese, demonstra exactamente este pensamento. Em termos tácticos este 4-1-2-1-2 (ou 4-1-3-2 se preferirem), acaba por ser um misto de dois mundos, o 4-4-2 da hipótese 1 e o 4-2-3-1 da hipótese 2, porque simplesmente aumenta a superioridade numérica no meio-campo, mas não retira capacidade nos duelos individuais, nem em termos de números de jogadores que é possível colocar no ataque.
À partida, parece que seria uma aposta ganha, contudo, será que teremos jogadores capazes de executar as tarefas que são requeridas?
Em termos defensivos, a nossa defesa deverá ter que jogar mais avançada por dois grandes motivos. Primeiro, porque evita assim que Maxi Pereira desgaste rapidamente ao longo do encontro, nos vai-e-vens que terá que efectuar para dar profundidade à ala direita, uma vez que foi retirado um médio-ala/extremo direito, para colocar mais um médio (se verem através da hipótese 1) ou mais um avançado (se verem através da hipótese 2). Segundo, porque subindo a defesa, encurta-se as linhas, ficando os nossos jogadores muito mais próximos uns dos outros, aproveitando melhor a sua melhor qualidade técnica face ao adversário, que terá que recorrer mais vezes à falta para tentar nos travar, o que permitirá conquistar livres potencialmente perigosos, mas também admoestações disciplinares que permitirão o adversário diminuir o ritmo.
Face a isto, e olhando para a nossa defesa, era importante que Capdevilla, jogasse. Escrevo isto, porque em termos de controlo de bola, o espanhol é superior ao brasileiro. Para além disso, o campeão do mundo e da europa está rotinado com este estilo de jogo defensivo, muito em voga na Espanha. É que com o brasileiro, a nossa defesa tem dificuldades de subir. O Emerson, tem tendência a subir apenas quando ouve um grito do banco ou de um colega de equipa, o que invariavelmente significa que "já vai tarde". Isto faz com que Garay, não suba tanto, para tentar proteger as costas do colega da esquerda e assim a nossa defesa fica lá atrás, aumentanto o fosso entre defesa e meio-campo. A solução que proponho é para evitar estas situações.
Quanto ao meio-campo, Javi e Aimar mantêm-se desde de 2009-2010, portanto, por aqui não haverá problemas. Nico, pelo que vimos na época passada e no início desta, até consegue disfarçar a ausência de Di Maria, nos duelos do um-contra-um. Fica apenas por saber se em termos de pressão alta, ele conseguirá chegar aos níveis do agora jogador do Real Madrid. Seria muito bom que o fizesse. Do lado direito, a colocação de Witsel a tentar fazer de Ramires é o grande ponto de interrogação para que este esquema possa ter sucesso. É que o belga, é um jogador mais cerebral que o brasileiro, que por sua vez, era mais elástico nas suas movimentações sem bola que o belga. Penso que o Witsel, poderia aprender muito nessa posição tornando-o mais completo, embora estou consciente que não é naquele lugar onde ele rende mais. Fazer dobras ao médio-defensivo e ao lateral ofensivo, mas também dar qualidade de jogo nas transições e também chegar à frente, são muitas mais missões que aquelas que estão habituados a exigir-lhe nesta temporada. No entanto, embora com exibições menos exuberantes, foi aí que por exemplo, marcou um golo ao Guimarães no jogo da taça da Liga...
No ataque, Cardozo é a referência e Rodrigo terá de fazer de Saviola de 2009-2010, mas também algo mais, como conseguir com que a equipa tenha profundidade e largura no ataque, sobretudo para uma referência de combinação para Maxi, Nico, Aimar e, como é óbvio, Cardozo.
Teoricamente, este esquema permite ao Benfica ter o domínio do jogo, controlando todos os ímpetos do adversário. Embora seja um esquema mais de futebol apoiado e com a equipa ainda mais curta em campo, não significa que não possa de vez em quando apostar num futebol mais directo, sobretudo, quando em campo tens jogadores com capacidade de passe longo como Garay. Cardozo e Rodrigo, oferecem duas possibilidades distintas de futebol mais directo, enquanto que Aimar, Nico e até Witsel, oferecem diversas possibilidades de combinações em tabela e soluções individuais.

Quanto a substituições...
A recente convocatória do Nélson Oliveira para a selecção A nacional, a qual merece os meus parabéns ao Nélson e à coragem do Paulo Bento, faz com que o Jesus deva aproveitar o acréscimo de motivação do jovem e ser aposta no desenrolar do encontro. E o Saviola, perguntarão vocês? Penso que não é jogo para ele, a não ser que precisemos de colocar "toda a carne no assador".
Nolito ou Bruno César, deverão entrar para refrescar a equipa. Mas, seria também importante, dar minutos ao Miguel Vítor, uma vez que Jardel deverá ser o titular, devido à suspensão disciplinar de Luisão, que viu o 5º amarelo do campeonato em Guimarães.


Resumindo:
Eu penso que todas estas hipóteses de esquemas e estilos de jogo que o Benfica poderá fazer alinhar esta noite em Coimbra são válidos se a qualidade de execução dos jogadores do Benfica nos diversos estilos for a melhor. Agora, em termos pessoais, gostava de ver o nosso querido Benfica a jogar de forma imperial e isso penso que se consegue, na sua plenitude, com a terceira opção.

Mas, a dúvida irá persistir... qual será a estratégia e o onze que o Jesus irá utilizar?




PS: Pela lista de convocados, o Capdevilla não foi convocado, pelo que a minha opção estratégica para este encontro será a da hipótese 2. No entanto, questiono o seguinte, tendo o Emerson 4 cartões amarelos no campeonato, pelo que se vir hoje o 5º, fica impossibilitado de jogar o clássico, não seria sensato levar o Capdevilla, nem que fosse para depois dar-lhe minutos de jogo?

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