26 novembro 2017

Difícil de explicar?


Nem por isso!


Valemos mais a nível europeu do que estes zero pontos
A meu ver, estes resultados europeus do Benfica até tem uma fácil explicação e está bem longe das desculpas do costume nestas alturas, ou seja, da falta de sorte, da culpa das más arbitragens, do estado do terreno, das lesões, dos jogadores em baixo de forma, da inexperiência de certos jogadores, de certos jogadores que não têm qualidade para o Benfica, dos "redpasses de relvado" do plantel, etc. Enfim, é sempre as mesmas desculpas mas hierarquizadas de forma diferente quanto a equipa técnica até dá resposta adequada e vai fazendo alterações, o que acaba por não ser produtivo para o debate do que realmente se passa com o Benfica. Quero então começar por dizer, que nem tudo está mal. Mas, como é óbvio, nem tudo está bem.


O 5-2-3 como arma anti-Benfica
Sistema de jogo do CSKA nos jogos contra o Benfica,
nesta edição da Liga dos Campeões: 5-3-2 (3-5-2) na Luz
e 5-2-3 (3-4-3) em Moscovo.
Há claramente uma nova tendência no futebol europeu. Talvez seja pelo sucesso das equipas orientadas por António Conte, que conquistou a hegemonia no futebol italiano com o seu trabalho pela Juventus, como também pela sua conquista na Premier League logo no seu ano de estreia pelo Chelsea. O facto é que o seu 3-4-3 está a fazer escola por essa Europa fora. Por isso mesmo, jovens técnicos começam a perceber as vantagens desse modelo e começam a implementar nas suas equipas. É esse o caso das equipas do CSKA e do Basileia. Tanto o Viktor Gocharenko (CSKA) como o Raphaël Wicky (Basileia), perceberam que para competir no grupo A desta edição da Liga dos Campeões, com os recursos de jogadores que dispunham, teriam que adaptar uma estratégia de jogo que lhes possibilitasse algum ascendente. Perceberam também que o Benfica, apesar de estar no pote 1, e por isso mesmo, ser cabeça de série, é uma equipa de um campeonato periférico da Europa, logo com recursos financeiros idênticos aos deles. Apesar dos encarnados terem maior experiência nesta competição, eles perceberam que a equipa estava em reconstrução. Por outro lado, também perceberam que o próprio Manchester United é ainda uma equipa em construção. Face a isso era possível competir com algum sucesso mediante um modelo e estratégia de jogo adequado para tal.

E é aqui que entram as ideias do transalpino Conte. O 3-4-3 pode ser facilmente transformado em 5-2-3 ou 5-3-2 em momento defensivo, conforme verificado pela figura acima. E este sistema de jogo bem trabalhado e rotinado, perante equipas que ainda têm muito para evoluir no seu jogo posicional ofensivo, criam logo uma vantagem competitiva sobre o adversário que defrontam. Não é à toa que o Benfica e o Manchester United tiveram grandes dificuldades face a estas duas equipas. O Benfica que o diga... Em maior detalhe, embora fico triste com a campanha encarnada, tanto o CSKA como o Basileia, colocaram a nu as debilidades da equipa encarnada. Em primeiro lugar, vou mencionar o trabalho que os tridentes destas duas equipas criaram sobre o nosso eixo defensivo. Os três avançados (o CSKA quando veio à luz jogou com dois avançados mais um número 10 atrás da dupla, mas na prática eram 3 avançados) criaram sempre pressão sobre a nossa linha defensiva. Com bola, faziam com que a linha defensiva encarnada tivesse que estar sempre mais recuada. E, sem bola, apesar de não jogarem em pressão asfixiante, sabiam cortar bem as linhas de passe fazendo com que muitas vezes os centrais tivessem que sair a jogar com passes mais arriscados e longos, logo com menor qualidade na criação de jogadas. Na prática, estes tridentes acabaram quase sempre por alargar o campo de jogo jogável. Facto que a nossa defesa nunca foi capaz de combater e de superiorizar-se.

Sistema de jogo do Basileia frente ao Benfica na Suíça:
5-2-3 (3-4-3).
O Benfica jogando inicialmente com dois avançados e mais dois extremos puros e com distâncias entre sectores maiores do que seria suposto, foram um petisco para os quintetos defensivos que tanto o CSKA como o Basileia criavam com o recuo dos seus carriellos, muitas vezes eram laterais ofensivos convertidos em médios outras vezes com extremos puros convertidos em laterais. Se adicionarmos a este factor estratégico o erro que o Benfica constantemente comete em querer acelerar o seu jogo ofensivo, a vantagem posicional recaia quase sempre para o adversário, porque o Benfica não tinha tempo para juntar as suas linhas e atacar em bloco. Notar que para atacar em jogo posicional é preciso ter mais paciência e maior qualidade com a bola nos pés. ou seja, saber temporizar com a bola nos pés, sem que o adversário consiga executar as suas acções em pressão. Ora isso requer mais passes entre os seus jogadores de meio-campo e menos transporte com bola nos pés.

E, é aqui que mesmo com dois médios adversários, para dois médios nossos, i.e., em igualdade numérica no meio-campo, o nosso adversário parecia estar sempre em cima de nós e nós nunca conseguirmos dar-lhes réplica. O excesso de transporte de bola para quebrar linhas defensivas adversárias, algo que perante defesas de menor qualidade é possível e é talvez a solução número 1 para criar rupturas nos seus sistemas defensivos, perante este nível competitivo da Champions, é preciso algo mais. É preciso um jogo colectivo de passes curtos misturados com passes médios e longos, para encolher e esticar o adversário até rompê-lo. Mas sempre, com o controlo da posse de bola, o que implicará ao adversário um maior desgaste físico.  


Um 4-4-2 sem um avançado e mais um médio
Sistema de jogo do Benfica frente ao CSKA na Luz: 4-4-2.
Critica-se muito o Rui Vitória, mas penso que injustamente. Primeiro, eu penso que não há uma clara vantagem táctica do 5-2-3 para o 4-4-2 de forma teórica. Há sim vantagens e desvantagens quando colocamos nomes de jogadores sobre os modelos e os sistemas. De qualquer das formas, o 4-4-2 tradicional encarnado, com as suas maiores referências deveriam ter feito muito mais do que fizeram. Para mim, o facto de não terem conseguido não se prende com o treino, pois se assim fosse jamais os teria visto a fazerem o que fizeram noutras épocas em ambientes competitivos tão ou mais intensos que nestes 5 jogos. Por esse motivo penso que no final da época deve ser reequacionada a manutenção de certos elementos na equipa encarnada, nomeadamente no eixo defensivo.

Segundo, o técnico encarnado procurou soluções e tentou dar a vantagem táctica à sua equipa com a adaptação do sistema de jogo 4-3-3. No entanto, os seus jogadores não souberam interpretar este sistema como a equipa técnica provavelmente o queria. De facto, o 4-3-3 que foi apresentado em Moscovo, quando a bola começou a rolar, mais parecia um 4-4-2 com menos um avançado e mais um médio-centro. No entanto, a equipa parecia estar a jogar como se fosse um 4-4-2, pois a utilização de Filipe Augusto como ponto de apoio com a bola nos pés foi irrisória. Basicamente, o brasileiro estava em campo para jogar sem bola. A bem da verdade, quando jogamos em 4-4-2, o avançado ponta-de-lança que joga na equipa - quer seja o Seferovic ou o Raúl agora, como era o Mitroglou no passado - é também apenas um jogador que pouco entra no processo criativo de jogo. Para mim isto está muito errado e é o talvez o reflexo da enorme diferença de qualidade da equipa do Benfica para as restantes do campeonato nacional que faz descurar o treino de processo ofensivo usando todos os elementos, para um processo ofensivo de rasgos individuais.

Distribuição de passes do Benfica frente ao CSKA em Moscovo.
Notar para o número de passes entre Fejsa e Filipe Augusto.
Terceiro, se por um lado a crítica que aponto no ponto anterior pode ter dedo do treinador, por outro lado, também pode ser uma consequência do estado evolutivo da maioria dos nossos jogadores mais criativos. Os jovens jogadores como o Cervi, o Zivkovic, o Rafa e o Diogo Gonçalves são jogadores muito individualistas, devido ao estágio de maturação futebolista em que se encontram. O sentido colectivo e táctico do jogo vem com os jogos e muita reprimenda em cima. Não é solidificado da noite para o dia. E, talvez por isso mesmo, o processo ofensivo esteja assim tão primitivo, estando o Vitória mais preocupado neste momento, em dar equilíbrios para que essas acções possam ter maior sucesso. Contudo, ele tem de fazer mais trabalho específico com esta gente.
   

Aprender com os bons exemplos actuais
A meu ver, o Benfica teria conseguido ganhar em Moscovo se não tivesse precipitado tanto para o ataque rápido com a bola nos pés. É verdade que Salvio e Diogo Gonçalves são jogadores muito velozes. Também é verdade que o tridente de centrais moscovita são um pouco rijos de rins. Contudo, as tais distâncias que o CSKA conseguiu impor sobre o Benfica, mais a aceleração demasiado rápida para os maus posicionamentos que a equipa possuía no momento de transição deitaram tudo a perder.

Distribuição de passes do PSG frente ao Celtic em Paris.
Notar para a ligação entre Rabiot (o "6") e o Verratti (o "8"). 
Olhando para as estatísticas de passe do Benfica neste jogo, o que me salta logo à vista é a quase ausência de ligação de passe entre Fejsa e Filipe Augusto (ver figura com distribuição de passes acima). Aliás, há mais passes entre o brasileiro e o camisola 21, do que propriamente com o sérvio. Razão? O camisola 5 sempre que efectuava uma recuperação entregava rapidamente ao Pizzi, como está acostumado fazer quando joga em 4-4-2. Contudo, sem jogarmos com dois avançados, o Pizzi tem de estar um pouco mais próximo de Jonas para haver ligação entre meio-campo e ataque. Mas, isso significa aumentar a distância entre o meio-campo defensivo e o meio-campo ofensivo, que já de si está mais distante do normal, devido ao que expliquei acima. Mas, é precisamente aqui que deve entrar o Filipe Augusto, para colmatar essa distância e criar mais um ponto de apoio nessa caminhada para o ataque.

O PSG, actual equipa do Neymar, joga igualmente em 4-3-3 tal como o actual Benfica. Apesar de ter enormes jogadores, também já os tinha em épocas passadas. Contudo, o que esta temporada tem catapultado a equipa para outros níveis, não é apenas a presença do astro brasileiro. É sim a coesão do seu meio-campo, fundamentalmente, devido a dois grandes jogadores: Thiago Motta (ou Rabiot) e Marco Verratti. Na prática eles formam quer com o Rabiot, com o Draxler ou com o Pastore o tridente de meio-campo dos parisienses. Olhando para as estatísticas dos últimos encontros (ver figura acima), é fácil verificar a quantidade de passes trocados entre o Motta e o Verrati (ou entre o Rabiot e o Verrati, quando o francês joga na posição "6"). Essa ligação não é à toa. Não só permite que a defesa possa ter ali um apoio para a construção de jogo, como também é fundamental para que a equipa se reposicione em campo para a fase ofensiva. E, não é por isso que a equipa deixa de ser igualmente perigosa na transição ofensiva. Mais, estes dois médios combinados com os dois centrais formam um quadrado defensivo muito forte para bloquear a maioria das transições ofensivas dos adversários. Para além disso, ambos os médios têm cultura táctica suficiente para adoptar quando necessário a forma de duplo pivô ou de médio defensivo mais médio interior, criando assim uma flexibilidade muito interessante. Penso que isto poderia ser facilmente replicado com Fejsa e Filipe Augusto, deixando nestes casos o Pizzi para tarefas puramente criativas, como acontece com o Rabiot, o Draxler, o Pastore ou até o Lo Celso, quando jogam na posição de interior com liberdades ofensivas.

Descubra as diferenças entre o 4-3-3 do Benfica e do PSG?
Dica: está numa questão de simetria.
Outro ponto que devemos aprender com os parisienses, é o posicionamento natural dos nossos jogadores (ver figura ao lado). Por exemplo, quando olhamos para o posicionamento global dos jogadores do Benfica no final do jogo contra o CSKA verificamos um 4-3-3 simétrico e quase perfeito. Até penso: bolas, que eles estiveram bem fixos às suas posições. Contudo, uma coisa é o papel. Outra é no jogo e, outra ainda é saber utilizar as diferenças futebolísticas dos vários atletas que temos à disposição. E, é isso que o PSG faz como ninguém neste momento na Liga dos Campeões. Por exemplo, já falei aqui da proximidade que Rabiot tem com Verrati, i.e., entre o número "6" e o número "8" da equipa de Neymar. Também poderei falar aqui da proximidade entre o Draxler e o Neymar que assim tem apoio para combinar e romper linhas. Por outro lado, estando afastado dos outros dois atacantes permite muitas vezes ficar mais isolado no um contra um perante o adversário directo. E, quanto ao Cavani e ao Mabappé estão muito próximos um do outro para funcionarem mais como dupla atacante quando o Neymar lhes serve de bandeja, criando superioridade numérica local na área adversária. E, é isto que também faltou ao 4-3-3 do Benfica em Moscovo. Se por um lado a dupla Fejsa e Filipe Augusto poderia ter trocado mais a bola e estar mais próxima um do outro, por outro lado, o Pizzi deveria ficar mais liberto para apoiar o Salvio nas rupturas ofensivas, enquanto que o Diogo Gonçalves em vez de ficar tão aberto deveria procurar juntar-se mais com o Jonas, para aproveitar as segundas bolas que daí viessem, ou combinações com o "ET do Benfica".


Notas finais
Há pois muito trabalho para ser feito. Há muitas responsabilidades tanto da equipa técnica como dos jogadores, como também da direcção perante este fracasso desta campanha da Liga dos Campeões. Por exemplo, não entendo como conseguimos dois empréstimos de jogadores com o cartel de Douglas e de Gabriel Barbosa e a utilização que estes jogadores tem no Benfica é praticamente nos jogos da Liga dos Campeões. Não faz sentido se são opção para a Liga dos Campeões não terem mais jogos nas pernas para quando entrarem em campo estarem perfeitamente identificados com o modelo de jogo. A mim faz-me muito confusão e a única explicação que vejo é a contratual (se fizerem mais de um determinado número de jogos o Benfica tem de pagar muito mais por eles). E, esta explicação deixa-me alarmado, pois significa que o trabalho do treinador está condicionadíssimo.


Da esquerda para a direita: Douglas e Gabriel Barbosa.
Qual será o futuro destes dois jogadores no Benfica?

15 comentários:

  1. Grande artigo,vê-se que percebe de futebol. Muitos aqui discutem acessorios e não-assuntos. O RV deveria ler e apreender um pouco sobre táctica, se tiveres como fazer chrgar esta analise ao departamento técnico seria espetacular.

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    1. Eu penso que tudo o que escrevo aqui ele já sabe. A questão tem mesmo a ver com a operacionalidade das ideias e a forma como os jogadores aprendem.

      Por exemplo, não posso ensinar física quântica a um miúdo de 6 anos, sem bases nenhumas de matemática. Ou seja, há estágios de desenvolvimento que os jogadores têm de passar. Por isso é que em 4-4-2 e com os extremos que possuímos os equilíbrios são mais difíceis de serem feitos.

      Quanto à questão da bola passar pelo Filipe Augusto, penso que tem a ver com os hábitos de jogo. O Pizzi ora joga em dupla com o Fejsa ora joga em trio com o Krovinovic. Em ambos os sistemas, ele é sempre o parceiro de sector do Fejsa. Talvez por isso, em Moscovo, a bola só passava pelo Augusto em situações muito específicas.

      De qualquer maneira, agradeço o elogio. ;)

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  2. eu nao percebo muito de tactica, mas do que me salta a vista tb tem muito haver com a qualidade tecnica da nossa defesa, por muitos processos que tenhas, com a defesa que apresentamos em moskovo era impossivel sair a jogar curto, nenhum dos 5 tem qualidade de passe/visao de jogo ou capacidade de conduçao para conseguir criar desiquilibrios a partir da defesa, permitindo assim que tanto pizzi como felipe augusto e os extremos subam no terreno... quanto ao douglas acho muito fraco, ele no ataque da imensas opçoes e torna a nossa equipa mais imprevisivel pela ala, mas defensivamente e muito mau mesmo e um lateral em primeiro tem de saber defender. quanto ao gabigol o problema deve ser o profissionalismo ate pk nos jogos que fez pareceu muito interessante a forma como deambulava no ataque a qualidade tecnica quer na conduçao recepçao ou finallizaçao somente a defender e que ele nao dava muito para as curvas XD. Bom texto

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    1. A questão técnica da nossa defesa é mais uma razão para o Fejsa se apoiar mais no Filipe Augusto na fase de construção.

      Apesar de Thiago Silva e de Marquinhos serem dois belíssimos centrais, não são conhecidos por serem exímios na saída de bola. Por isso mesmo, o Verratti está sempre perto do Motta nas primeiras fases de construção.

      O Douglas (e já agora do Gabriel Barbosa) preciso de ver mais jogos e de preferência consecutivos, para aferir das suas reais qualidades.

      ;)

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    2. penso que nao vas ter essa sorte XD porque plo dito o benfica teria que comprar o douglas apos um certo numero de jogos e garbiel nao sei mas acho estranho nem sequer ser convocado

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    3. Isso para mim é que me deixa de pé atrás. Penso que se vieram para o Benfica e tendo em conta o curriculum de ambos, era para jogarem. Agora se não jogam por causa de nuances financeiras, então porque vieram mesmo?!

      Para fazerem dois ou três jogos na Champions?! Sem terem tido ritmo de jogo antes? Ou um jogo aqui, outro jogo ali espaçado no tempo? Aqui sim, critico a organização do Benfica, pois não faz muito sentido.

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  3. Ora aqui está mais um excelente post, à PP! O que é para mim um post à PP? É um post completo, bem estruturado, cheio de conhecimento do jogo, que consegue sempre:

    1. Ensinar-me
    2. Surpreender-me
    3. Levar-me a concordar com entusiasmo e
    4. Levar-me a discordar com irritação ;)

    Não tenho tempo para discorrer aqui sobre todos os aspectos com os quais concordo e dos quais discordo - e mesmo que tivesse tempo, seria talvez um bocado redundante face aos debates que temos aqui mantido sobre o futebol do Benfica, ao longo dos últimos meses.

    Assim, vou só destacar um par de coisas com que concordo e um par de coisas das quais discordo:

    1. Concordo - distância excessiva entre sectores nossos e tentação para acelerar logo o jogo, não permitindo que a equipa ataque em bloco

    2. Discordo - o problema não está no treino ou no treinador; Zivkovic muito individualista - a sério? Só porque é novo tem que ser imaturo e individualista? Vejo nele exactamente o contrário: sentido muito colectivo do jogo ofensivo, que aliado à sua inteligência de jogo e capacidade técnica, o leva a tomar (quase) sempre a melhor decisão para o sucesso colectivo, face ao que o jogo está a pedir naquele momento e contexto!

    Anyway, obrigado pelo post e muitos parabéns - está excelente!

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    1. O maior problema do Ziv nem é tanto o individualismo (esse é de longe muito maior no Cervi e no Diogo Gonçalves). O problema maior do sérvio é a constância exibicional. Já reparaste que ele teve duas grandes hipóteses na Liga dos Campeões. Primeiro em casa frente ao CSKA e depois em Basileia. Em ambos os jogos não rendem o necessário. Então na Suíça, se não tivesse visto o onze, jamais pensaria que tinha estado em campo. É disto que falo.

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    2. É verdade, mas quem rendeu bem na Suíça? Precisamente por ser um jogador colectivo, precisa que haja uma equipa a jogar...mas sobretudo, falta-lhe constância no onze, à direita, para ter constância exibicional! E essa constância de utilização à direita ele nunca teve, desde que chegou...conheces algum jogador que renda o seu máximo potencial com uma presença aqui, uns jogos no banco, outros na bancada, outra presença acolá?

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    3. Já não tinha rendido na Luz frente ao CSKA... :(

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    4. O jogo da Luz com o CSKA vi-o no meu lugar e ele até esteve bem, dentro do pouco que colectivamente estávamos a jogar.

      Mas mesmo que tivesse jogado mal, noto que não respondes quanto à constância de utilização, na posição natural, e seu impacto no rendimento dele ou de qualquer jogador. E noto também que não respondeste à minha pergunta. Quem cala consente? ;)

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    5. Qual pergunta? A de jogar à direita? Pelo que entendo do modelo de jogo do Rui Vitória para o Benfica é que ele pretende, tanto no 4-4-2 como no 4-3-3, que os extremos sejam verticais. Isto porque ele quer que Jonas e Pizzi tenham espaço para criar entre-linhas. Em 4-3-3, i.e., quando joga o Krovinovic, este é mais um a jogar entre-linhas. Mas, quando jogamos em 4-4-2, o ponta-de-lança é o responsável por explorar os espaços nas costas da defesa. Já agora, no 4-3-3, com o recuo do Jonas para ajudar na construção, como "9.5", a exploração do espaço nas costas da defesa faz-se pelo extremo, conforme vimos pelo golo do Salvio frente ao Setúbal.

      Em suma, para evitar que os extremos com pé trocado tenham tendência a mastigar jogo quando tentam individualmente atacar o corredor central, o Vitória coloca-os como extremos puros para assumirem a tal verticalidade. O que escreveste do Zivkovic, poderias tê-lo feito do Rafa. Este também tem jogado os jogos como extremo direito puro.

      Pessoalmente, prefiro que os meus extremos joguem de pé trocado. Contudo, se a intenção é colocar os extremos como avançados interiores, muito provavelmente o jogarem com o pé referente ao corredor poderá ser uma vantagem, pois eles irão apanhar a bola em situações de finalização. O problema é quando o adversário impede o ataque de jogar assim e estes jogadores passam a vida a jogar uns 20 a 30 metros atrás. Aí, facilita jogar de pé trocado, para ter o adversário de frente e entre ele e a bola estar o nosso pé de apoio.

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    6. A pergunta 'conheces algum jogador que renda o seu máximo potencial com uma presença aqui, uns jogos no banco, outros na bancada, outra presença acolá?'

      Sim, também é válido para o Rafa - embora inicialmente, na época passada, o Rafa tenha tido mais oportunidades à esquerda do que o Ziv alguma vez teve à direita.

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    7. O Ziv só agora anda a jogar à esquerda... não é por aí BP. Tens de ter atenção às percepções.

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    8. Não é verdade, PP! A grande maioria dos poucos jogos em que Ziv esteve no onze foi à esquerda. Só jogou à direita quando o Salvio esteve indisponível e mesmo assim, alternando com o Carrillo ou o Rafa...

      Deixando de parte aquela que eu acho ser a verdadeira razão - o Red Pass Relvado de Salvio - é como diz um tal de PP (não sei se conheces ;)): o RV sempre preferiu extremos puros, para darem verticalidade no corredor lateral.

      Mas mesmo que Ziv tivesse jogado mais vezes à direita que à esquerda, não belisca a questão da constância de utilização e sua influência no rendimento do jogador! Porque Ziv numa teve essa constância no onze, nem à esquerda nem à direita...

      E entretanto, continuas sem responder à pergunta que já fiz duas vezes. É pena porque és treinador e portanto tens experiência directa que eu não tenho - estava genuinamente interessado em saber a tua 'percepção' sobre isto.

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