25 fevereiro 2016

Histórias...


Procurando entender o que se passou e o que se passa nestas situações.

O namoro encarnado
Só um leigo em futebol não reconhecerá talento no internacional sérvio Filip Djuricic e basta tê-lo visto no jogo frente ao Olympiakos para perceber a importância de um jogador deste calibre na frente de ataque. Trata-se pois claramente de um dos jovens valores do futebol mundial e como tal, o interesse do Benfica em adquirir este jogador tinha a sua razão de ser. Aliás, num artigo do jornal belga Dernière Heure (Última Hora em português), à duas semanas atrás, o sérvio confidenciava o seguinte:
«Sim, o Rui Costa, o director técnico, queria-me verdadeiramente. Ele próprio doou-me o número 10 que envergava. Era muita pressão, mas fiquei contente. O clube pagou oito milhões e deu-me um dos maiores salários. Pensava ter todas as condições para evoluir. Escolhi o Benfica embora tivesse outras propostas, nomeadamente da Alemanha, de Itália, de Espanha. Pensei que era a altura ideal para chegar ao topo. Depois houve esta tal discussão com o treinador.»
Ou seja, foi bem clara a campanha de charme por parte de Rui Costa para assegurar que o Djuricic assinasse pelo Benfica, como também a posição da restante direcção sobre esta aquisição ao fazer um investimento avultado na aquisição e vencimento do jogador. Então, qual foi o problema?

"Judas" sendo "Judas"
Aparentemente, ele ocorreu devido ao antigo treinador do Benfica Jorge Jesus, segundo a última frase do parágrafo acima e segundo o que o Filip diz nessa mesma entrevista:
«Vamos colocar as coisas da seguinte forma. Uma semana depois da minha chegada ao Benfica, Jorge Jesus, o treinador, veio falar comigo e disse-me: “Não preciso de um número 10 porque eu jogo sem número 10”. Eu respondi: “Está bem, mas então por que estou aqui?”. De facto a direcção do clube acreditava muito em mim, mas o treinador não precisava de mim e fez-me ver isso. Fui apenas uma contratação dos dirigentes. Foi muito complicado.»
Aparentemente isto até acaba por colar um pouco na imagem que os adeptos ficaram sobre as ideias fixas do antigo técnico encarnado e que tantos talentos acabou por desprezar ao longo dos seus 6 anos de águia ao peito, como por exemplo Bernardo Silva e outros que "teriam de nascer 10 vezes". Este tipo de situações até foi uma das razões para que a direcção do Benfica estivesse flexível para uma saída de Jorge Jesus da equipa encarnada no final da época passada. Dessa forma, e com um treinador com uma visão mais partilhada com os restantes departamentos, permitiria que este tipo de situações deixassem de existir. Notar, que os resultados operacionais (quer desportivos, quer financeiros) do Jesus, começavam a ser muito diminutos face aos investimentos que a direcção fazia na equipa para a dotar de talento suficiente para conquista de títulos. Por exemplo, foram gastos 8M€ na aquisição de Djuricic e 1.5M€/anuais brutos no seu vencimento, mas os resultados europeus da equipa no último ano foram paupérrimos. Ou seja, não acompanharam os investimentos feitos. E, isso era sinal de que as coisas não estavam a correr totalmente bem e que deveria haver convergência para resolver isso.

A (falsa) questão táctica do 4-4-2
Mas, há mais... reparem no que o sérvio diz a seguir, nesse mesmo artigo:
«Não joguei mal, mas era um 4-4-2 onde era um avançado puro, não era coisa para mim. Esperar pela bola para resolver os lances, não sei fazer. Preciso de estar em contacto com a bola. Tentámos algumas vezes mas não resultou verdadeiramente. No entanto, se perguntarem a 90% dos adeptos, eles vão dizer que eu merecia ter jogado mais. Enfim, é a vida.»
Posso dizer que faço parte desses tais 90% de adeptos que direi que merecia ter jogado mais e ter tido tantas ou mais oportunidades que outros tiveram (como o Ola John), no período jesuíta na Luz. Não acho que o problema seja do 4-4-2 em si, até porque o Filip no Anderlecht joga nesse esquema e em dupla com o outro avançado dos belgas. Penso que o problema estava no ser "um avançado puro", em que tinha de "esperar pela bola para resolver os lances", quando na realidade o sérvio é um jogador da mesma estirpe do Jonas, que "precisa de estar em contacto com a bola". E é isto que me faz confusão como adepto! Tínhamos (ou temos?!) o substituto perfeito do craque brasileiro e não o soubemos aproveitar. Como é isso possível?

A desculpa (fácil) de ser 10
Era isto que o sérvio dizia em Janeiro deste ano:
«Isso [a questão táctica] foi o problema, sempre. O Benfica normalmente joga com dois avançados. Nesse tipo de enquadramento não tenho espaço e esse foi o problema desde o início. Não era problema meu… Eu sou número 10, normalmente jogo aí. Mas disseram-me que não jogam com número 10 e que eu era segundo avançado. Senti-me algo confuso.»
Se é verdade que o Jesus esteve mal quando ele chega à Luz, também não é menos verdade que o sérvio também não está com a postura correcta nesta situação. A meu ver está a agarrar-se muito a esta falsa questão de jogar ou não jogar como número 10. Porquê? Isso remete-me à questão sobre saber o que é isso de jogar a número 10. A história do Benfica até é bastante elucidativa da subjectividade de jogar com um número 10, senão vejamos. O capitão Mário Coluna era o número 10 da equipa e podemos hoje dizer que era o tal médio 8 e até 6 dos dias de hoje. Isto quer dizer que o Filip sendo número 10 jogava na mesma posição do capitão? Já Eusébio era também um 10, mas jogava como avançado completo, ao lado do Torres. Pelo que percebi o sérvio não se vê como avançado, logo não é um 10 à Eusébio! O Chalana também era um 10 do Benfica e em vez de jogar no corredor central, jogava nas alas. Será que esta é a referência de 10 para o sérvio? E, o próprio Rui Costa? Este jogava no espaço central entre o Coluna e o Eusébio e quanto a mim é o mais próximo que existe na história encarnada de dezes ao que o Djuricic é neste momento. Aliás, até acho que o sérvio tenha mais características de avançado que o Rui Costa tinha, podendo mesmo jogar como 9.5 um pouco como o Johan Cruijff. Mas, para lá chegar é preciso de abandonar esta ideia de que "eu sou um número 10" e abraçar mais a ideia de "eu jogo onde for preciso". Por isso esta minha crítica ao Filip, embora também entenda que há aqui uma desculpa fácil para ele sair bem na fotografia de toda esta situação.

Entre dezes
Por falar de Rui Costa, o Djuricic ainda esta semana falou sobre o que realmente aconteceu no passado mês de Dezembro com o agora director encarnado:

«Antes da paragem de inverno, fui falar com o treinador para lhe dizer claramente que não me queria sentar no banco. Quando ouviu, Rui Costa ficou furioso. Antes que percebêssemos, encostámos a cabeça um ao outro. Continuo sem saber o que fez Rui Costa perder a cabeça. Foi o responsável pela minha contratação e depois mal olhou para mim. Em dois anos e meio, falámos três vezes.»
Realmente, assim descontextualizado parece que o antigo internacional português esteve mal. Mas, a realidade é que ambos estiveram mal. O Rui porque não deveria ter perdido a cabeça, por mais razão que pudesse ter nesse dia com a postura do sérvio antes, durante e após o encontro, pois mesmo que a razão tivesse sido o facto deste não ter cumprimentado os adeptos, acho que era motivo muito fraco para se terem extremado posições. Já o Filip, que apesar de ter cumprimentado os adeptos no início do aquecimento (conforme ele mencionou em entrevista ao jornal sérvio "Danas" em Dezembro do ano passado), poderia ter tido outra postura no final desse encontro evitando também ele o extremar de posições.

A falta de gestão
Sinceramente, eu até consigo entender o desânimo do sérvio na Luz, senão vejamos o que ele disse em Dezembro:
«Primeiro, o clube disse que não contava comigo e depois disse que já contava. Não fui convocado durante três meses, o que diz que as coisas não têm apenas a ver com futebol. Complicaram tudo no mercado de verão. Chegámos a acordo, mas acabou da pior forma para mim e para eles. Queria deixar o clube, tinha uma oferta concreta e eles queriam vender-me. Tinha estado emprestado ao Southampton, deixei lá uma 'história' bonita. Queriam muito dinheiro por mim, por um jogador que não jogava há seis meses.»
Esta declaração também dá uma visão sobre o porquê da postura do Rui Costa frente ao Djuricic no final do jogo frente ao Rio Ave, que originou o confronto entre eles os dois. É que o director desportivo estava sobre pressão para colocar o sérvio noutro clube e tal não estava a acontecer. Reparem que pela declaração acima, o Djuricic era jogador para ser colocado no mercado, quer por empréstimo, quer por venda. Em termos de condições, num empréstimo o clube que recebia o jogador tinha de investir 1.5M€/ano brutos em vencimentos. Por outro lado, uma aquisição do passe do internacional sérvio só por um valor superior aos 8M€ investidos pelo Benfica nele. E, neste caso a direcção encarnada já estava a ser amiga do jogador porque este até tinha uma cláusula de rescisão de 45M€. Mas, aqui o Djuricic até tem uma certa razão: como queria o Benfica exigir esse montante todo por um jogador que não jogava há seis meses? Coloquemos do lado de um clube interessado em comprar o Djuricic ao Benfica... alguma vez iríamos até aos 8M€ pelo sérvio? Ou investiríamos 1.5M€/ano brutos nele? Muito dificilmente... ainda para mais, quando alguém com um mínimo de sensibilidade e conhecimento futebolístico iria olhar para o plantel encarnado e verificar um excedente de jogadores para a posição do sérvio - só o Benfica, para a posição do Filip tem o Jonas, o Talisca, o recém contratado Taarabt, o Gaitán, o Pizzi e até mesmo o Gonçalo Guedes e outros que poderão jogar nessa posição. Ou seja, o Benfica estava sempre numa posição negocial desvantajosa. E é aqui que coloco o dedo na ferida a Rui Costa e seus colegas da direcção encarnada. Como é possível terem criado este embaraço? Como é possível terem deixado de acreditar num jogador cujo investimento foi avultado e que deveria ser não apenas para um ou dois anos, mas sim para 3 ou 4, face à idade dele? Como é possível terem ido buscar ainda mais jogadores para a posição dele como Jonas, Talisca e esta temporada Taarabt? Posso entender que se tenha pretendido assegurar que o clube não ficasse refém da sua adaptação, mas o Benfica não foi ao mercado buscar apenas um valor seguro (Jonas). Investiu em outras opções (Talisca e Taarabt). Posso entender que o Benfica queira aproveitar algumas oportunidades do mercado, como por exemplo a aquisição de um jogador com o talento do Taarabt a custo "zero". Mas, para quê fazer isso quando já se tinha no plantel jogadores como o Jonas, Djuricic e Talisca? O mesmo poderia perguntar, porque razão a direcção contratou o Talisca no ano passado, quando tinha o sérvio como um dos jogadores mais caros no plantel? Porque não exigiu a sua utilização e potenciação à equipa técnica, em vez de ter cedido a este capricho de comprar mais jogadores? Se na época passada havia o Jesus e veio Talisca, esta temporada temos o Rui Vitória e veio o Taarabt. Ou seja, parece-me claro que não é apenas culpa das equipas técnicas. Há pois claro interesse na movimentação de dinheiro em contratações e eu até poderei especular um pouco sobre essa motivação (mais comissões, mais gente feliz e contente, mais "amigos"). Contudo, nem acho que esse seja o problema, pois o Benfica todas as temporadas, devido ao seu modelo de negócio cuja grande parte da receita provém de vendas de passes de jogadores, precisa de ir alimentando o seu pipeline de talento de jogadores. A solução está em canalizar esse dinheiro para as posições carenciadas no plantel e não apenas para tudo o que se mexe no mercado. É preciso também ter muita atenção à gula que parece existir nestes casos, para apenas gastarmos o que é realmente necessário e não em excesso.

A solução
Como sou um adepto do futebol do sérvio, esta minha opinião de querer que ele no final da temporada volte à Luz e seja aposta pode ser um pouco criticada, sobretudo depois do que ele falou nesta última semana:
«Estou a pedir para ficar. Numa coisa, o Anderlecht tem vantagem: o Benfica já me perdeu. Se todas as partes trabalharem nesse sentido, pode acontecer uma transferência final.»
Mas, a minha insistência para que ele regresse prende-se com dois factores importantes. O primeiro, é que esta declaração é apenas campanha de charme para o clube belga possa adquirir o passe dele, pois o que ele mais quer neste momento é jogar futebol. Ora, se ele regressar ao Benfica e tiver a confiança de todos de que será um jogador para a titularidade e não apenas para fazer número, estou certo que ele não se importará de jogar na Luz. O segundo factor, é que o marroquino Taarabt parece estar cada vez mais com um pé fora da Luz do que com dois pés na sua reabilitação. Por outro lado, o jovem Talisca parece cada vez mais uma aposta para meio-campo e já começa a dar sinais de que ali poderá ter futuro. Sobra Jonas, que se fizer uma excelente temporada na Luz e for assediado com vários milhões de euros e com o Benfica a receber uma verba avultada pelo seu passe, decerto que por mais que gostemos dele, ele sairá da equipa. De qualquer maneira, retirando os outros dois da equação e mesmo mantendo o craque brasileiro, as hipóteses de jogar com regularidade do Djuricic aumentariam exponencialmente. Contudo, se a divergência é muito grande cuja solução seja mesmo a saída do sérvio da Luz, e se a equipa belga for incapaz de apresentar um valor que bata os tais 8M€ que o Benfica parece estar a pedir neste momento, então penso que o Benfica poderá tentar fazer com que o Anderlecht adicione outros jogadores à equação. A minha sugestão para o Benfica seria o extremo esquerdo e internacional ganês Frank Acheampong, uma vez que falta(rá) ao plantel encarnado um extremo esquerdo puro como ele, sobretudo, se o Gaitán sair ou for opção definitiva para outra posição em campo. Outro talento belga que nos possa interessar é o do jovem médio Youri Tielemans (excelente caso o Renato Sanches saia no final da temporada), mas que duvido um pouco que saia tendo em conta o seu actual valor no mercado.

19 comentários:

  1. se ha algo que nunca entendi no futebol em geral, e pk so se da 1/2 anos de adptaçao para um jogador se adaptar a equipa, quando ele e jovem, ou quando se ve claramente que ele nao teve hipoteses para se mostrar (falta de tempo de jogo).

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    1. alexanderson, para mim o Benfica nem sequer deu, até ao momento, 6 meses de adaptação ao Djuricic. Tivesse o rapaz mais de metade das oportunidades que outros tiveram e estou convicto que já seria um baluarte da equipa. Talento e potencial têm ele. Por isso, mesmo é que critiquei toda esta situação no artigo, tal como tu referes.

      ;)

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  2. Tem qualidade, mas não a aproveitou. Temos pena.

    Claro que gostava de o ver a jogar no Benfica novamente. Foi para isso que foi emprestado. Mas sinceramente não acredito muito nisso.

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    1. Kamikaze, aqui a culpa a meu ver nem sequer é do jogador. Este deverá ter no máximo, no máximo uns 30% de culpa em toda esta situação. Os restantes 70% têm de ser distribuídos pelas equipas técnicas, elementos da direcção e do departamento de prospecção e contratações.

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    2. Eu que sou assumidamente critico desta direção, neste caso não acho que tenham estado mal de todo.

      O Filip teve opurtunidade de mostrar o que vale. Não o fez. Foi emprestado na esperança de voltar com mais garra, que é o que lhe falta, e mais picado com vontade de singrar no Benfica.

      Pelo menos é assim que eu vejo.

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    3. Para mim, não teve oportunidades suficientes. Compara lá as vezes que o Jesus insistiu com o Rodrigo na posição de segundo avançado, com as vezes que foi dada a confiança ao Djuricic. Até o Talisca que acabado de chegar levou vantagem sobre o sérvio... Aqui tenho de dar razão ao sérvio. Quem contrata por 8M€ e um dos melhores vencimentos do plantel, não é para fazer número no plantel...

      O empréstimo não foi nada para ele voltar com mais garra. O empréstimo foi pura e simplesmente para aliviar a tesouraria do vencimento que ele ganhava. Isso dá para ver pelo tipo de equipas que ele foi emprestado. Todas elas equipas já feitas e que precisavam apenas de um bom jogador para ir rodando de quando em vez. Só agora este empréstimo ao Anderlecht faz sentido. E, neste caso, acredito que já o tinham tentado, mas não pagando a totalidade do seu vencimento, daí as negas do Benfica.

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  3. Tinha potencial, mas não o aproveitou. Tem 24 anos, e não vai ser com todos estes tiques de vedeta que chegará ao topo. É jogador de Liga Holandesa, de muitos espaços. Quando eles se fecham, tem dificuldades, porque o seu jogo é maioritariamente feito de fortes arranques ao estilo Kaka.
    Se se vende Jonas para manter Filip, muito mal estamos. À melhor, é Talisca que deve ocupar a posição do veterano internacional brasileiro.

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    1. jorgen80, faço da minha resposta a ti a mesma que dei ao Kamikaze.

      Quanto ao vender o Jonas para manter Filip, é importante não se distorcer o que foi escrito no artigo. O Jonas no final desta temporada vai ser muito sediado, tal como já foi neste defeso, sobretudo de campeonatos como o Chinês. Acredito que no verão, se surgir uma oportunidade irrecusável para o jogador e para o clube, que remédio teremos nós que vê-lo partir da Luz, por muito que nos custe. Mais, não vejo porque não mantê-lo os dois. Aliás, os três, contando com o Talisca. Neste caso, este recuaria para o meio-campo, onde tem estado a melhorar.

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    2. (assediado) Para mim, é precisamente o contrario. Djuricic tem 70/80 por cento de culpa no que se está a passar com ele. E cada dia, o demonstra mais. Pensa que é Maradona, mas nem qualidade teve para se impor num Southampton com um treinador que muito bem o conhecia.
      Talisca é a avançado onde rende mais. Um jogador com faro tão apurado, só pode jogar perto da baliza.

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    3. Quem é ele para afrontar Rui Costa? Está muito bem onde está.

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    4. Bem por onde é que isto já vai... jorgen80, és livre de pensar como quiseres, mas já vejo estas situações acontecerem inúmeras vezes no futebol profissional (não apenas no Benfica) para dizer que a responsabilidade é mais do jogador.

      O problema começou logo com o facto da direcção ou Rui Costa ou quem quer que seja da estrutura que tenha carta branca para contratar jogadores, tê-lo feito e depois o treinador da altura não ter aceitado o jogador. Logo ali Rui Costa ou quem de direito deveria ter metido o treinador no seu lugar. Ao invés, preferiu-se investir num Talisca para a mesma posição, gastando outros tantos milhões. O mais engraçado é que ambos podem coabitar no mesmo onze, mas isso é outro assunto.

      Continuando com o caso Djuricic... imagina que és o sérvio. Chegas à Luz com um enorme contrato. Depois de saberes que o treinador não te quer e se tu não tivesses tão virado para o futebol como seria suposto, tornarias-te num Fábio Paim. Ou seja, contentarias com o teu contrato de 5 anos a ganhar 1.5M€/ano brutos até terminar. O que é que o sérvio fez? Não se importou de ser emprestado para qualquer clube que o Benfica conseguisse encontrar e que aceitasse pagar-lhe o vencimento. Por isso é que o sérvio nunca foi um problema para a Luz até então. O Djuricic estava sempre em clubes que pagavam o seu vencimento por inteiro. Nem sequer, pensaram em colocá-lo num clube em que realmente ele pudesse desenvolver as suas capacidades. E, verdade seja dita, qual o clube no mundo é que vai desenvolver as competências de um jogador para depois não ficar com ele? Só um clube satélite. Não um clube como o Southampton, que o adquiriu por empréstimo para poder ir rodando com o Mané ou o Long em jogos menos importantes, numa EPL de grande intensidade. Daí que digas que ele não se impôs em Inglaterra. A razão é porque os Saints nem o contrataram para isso.

      O problema aqui não está no jogador. Estas declarações que o Djuricic está a dizer é para poder sair do Benfica e refazer a sua carreira noutro lugar onde apostam nele. Ele não se acha um Maradona, mas se ele não se achar que é jogador para outros voos e para jogar de início, então digo-te já que nem merecia estar no Benfica, só por essa falta de ambição.

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    5. E sobre o Rui Costa, apenas escrevo o seguinte: um ex-jogador de futebol não tem necessariamente de ser um bom dirigente ou treinador de futebol.

      Escrito isto, e partindo do pressuposto que a responsabilidade do futebol encarnado é do Rui, este tem muita, mas mesmo muita responsabilidade nesta história. E, sendo um antigo jogador de futebol, deveria até ter mais sensibilidade para lidar com estes assuntos.

      A leitura que faço é que ele à um ano ele perdeu o braço de ferro com o Jesus por causa do Djuricic, facto comprovado pela aquisição do Talisca e novo empréstimo do sérvio. E, esta temporada já meteu os pés pelas mãos com a contratação do Taarabt e esta pressão sobre o Djuricic.

      Se a culpa não é dele, convinha o Rui Costa começar a assumir as suas responsabilidades e funções, porque quem está a ficar mal na fotografia é ele.

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    6. A questão aqui é que Djuricic teve oportunidades suficientes- chegou a ser titular com Jesus nos primeiros jogos a sério, no ano em que foi contratado. Até marcou um golo a este mesmo Anderlecht. O problema é que com o decorrer do campeonato, foi demonstrando que não tinha capacidade para ser titular naquele Benfica que tinha um onze muito forte. É simples. Depois não consigo chorar ou sentir arrependimento por um jogador destes, quando Bernardos Silvas, André Gomes, talentos puros, tiveram que sair por causa da mania de Jesus. Jogadores com outro potencial que o sérvio. Djuricic já teve muitos treinadores desde que chegou a Portugal, e o resultado tem sempre sido o mesmo. Já viajou por Inglaterra, Alemanha, Portugal e agora foi para a Bélgica. Não será de certeza nessa liga de qualidade fraca que vai demonstrar o tal valor fenomenal que possivelmente já teve em potencial, no passado.

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    7. Ou melhor, até pode demonstrar, mas o facto de o fazer numa liga daquelas, não chega como argumento plausível.

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    8. Ou melhor, até pode demonstrar, mas o facto de o fazer numa liga daquelas, não chega como argumento plausível.

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    9. Eu não acho que o Djuricic teve assim tantas oportunidades quanto isso. Na primeira época de águia ao peito (2013/2014) pode até ter estado presente em 22 jogos, mas olhando para os minutos em campo nessa temporada - 1063 minutos - significa que fez pouco mais de 11 jogos nessa época. É muito pouco para dizer que o jogador teve imensas oportunidades. (Podes consultar essa informação aqui:
      http://www.zerozero.pt/player_results.php?id=131984&epoca_id=143 )

      Mais, se olhares para o link que te coloquei acima, verificarás que o Djuricic nunca teve uma série de jogos consecutiva constante durante essa temporada que lhe permitisse adaptar-se melhor e mais rapidamente. Apenas teve em Fevereiro de 2014 uma série de jogos consecutiva, sendo que muitos deles eram jogos europeus e logo de nível mais elevado. Ou seja, tanto jogava os jogos das taças da Liga frente a um Gil Vicente, como depois jogava frente a um Tottenham. E pior foi o que fizeram com ele na primeira parte da temporada: num dia estava a jogar com o Cinfâes para a Taça de Portugal e no jogo seguinte, após 2 semanas, estava a jogar frente ao Olympiakos para a Liga dos Campeões. Não acho que seja a forma mais correcta de fazer a adaptação do jogador.

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    10. Sobre a passagem do Djuricic por outros clubes, sobretudo em 2014/2015, e o facto de não ter tido muito sucesso, prende-se com o seguinte: o clube apenas o colocou em clubes que poderiam pagar-lhe o seu vencimento elevado. O Benfica não colocou-o em clubes onde realmente ele teria oportunidades para ser titularíssimo e assim evoluir o seu jogo. Ou seja, foi uma solução que o Benfica arranjou para ele.

      No Mainz, na Alemanha o treinador preferia jogadores mais físicos e para um futebol mais directo, pelo que o Djuricic só entrava em campo para jogar em determinadas circunstâncias de jogo, por exemplo, para reter a posse de bola e segurar um resultado. Isto é péssimo para um jogador quando não se tem um treinador que aprecie completamente as suas qualidades.

      Já em Inglaterra, o que aconteceu foi o seguinte: os Saints precisavam de alguém que pudesse dar descanso a jogadores como Mané e Long em alguns jogos menos importantes. Esse alguém era o Djuricic.

      A política de empréstimos só resulta se houver também evolução do jogador. O problema é que este tipo de soluções encontradas como neste caso do Djuricic ocorrem vezes demais no Benfica, quando deveriam ser no máximo pontuais. E, isso não consigo culpar o jogador, mas sim todos os órgãos que têm essa responsabilidade.

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  4. Acredito que o Filip só deve entrar no plantel no final da época, porque o Rui não vai querer inventar.
    Eu também vejo que ele tem talento e que podia muito bem fazer o lugar do Talisca(para mim é fraquinho), ou do Pizzi.
    Mas como disse, só na próxima época é que o Rui vai avalia-lo a ver se fica ou vai, e tens razão, um jogador hoje em dia não pode ficar agarrado a uma posição!

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    1. A minha questão é que o Rui Vitória já o viu nestes primeiros 6 meses. E, a sensação que me dá é que ele não tem muito voto na matéria. Repara como Rui Costa e o seu departamento tentou lidar com a situação do Djuricic. Com uma equipa técnica nova, o sérvio poderia ganhar outra vida. Mas, o que o departamento de Rui Costa fez? Foi contratar mais um jogador para essa posição: o Taarabt.

      Eu até posso aceitar que foi uma oportunidade de mercado, mas bolas! Já percebemos que o marroquino não foi totalmente a custo 0 (prémio de assinatura), nem tão pouco é barato mensalmente (elevado vencimento). A intenção era clara por parte de Rui Costa/direcção (partindo que todos eles estã em sintonia) e bem patenteada pelas palavras acima do Djuricic: emprestar ou vender (preferível) o sérvio por uma quantia superior ao que foi comprado e substituí-lo pelo Taarabt.

      O problema é que quem está no mercado não é parvo de todo e tentou jogar com esta necessidade do Benfica e do sérvio.

      E, para piorar o esquema, Rui Costa e sua equipa com a contratação de Taarabt, pelo que já vimos está a criar outro problema que deverá estar prestes a explodir nas mãos daqui a uns tempos (próximo defeso). Por isso, mesmo vai esta minha crítica.

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