04 agosto 2013

9+10 > 9+9

Jogar com um "10" moderno, ou na linguagem de Jesus um "9.5", é muito diferente que jogar com dois números "9". Ontem a diferença do resultado foi um pouco essa. Mas, há outras críticas a fazer. Uma equipa como o Benfica não pode ter o comportamento defensivo que evidenciou na 2ª parte.
 
Onze titular encarnado na Eusébio Cup 2013. Em cima da
esquerda para a direita: Paulo Lopes, Garay, Cortez, Matic e
Luisão. Em baixo: Gaitán, Enzo, Lima, Maxi, Djuricic
e Markovic.
Ontem disputou-se no Estádio da Luz a sexta edição da Eusébio Cup, competição de pré-temporada que tem como finalidade homenagear a "pantera negra", mas também apresentar os novos jogadores aos sócios.

Benfica à Bayern... na primeira parte!
Filip Djuricic o "9.5" em grande
destaque ontem, frente ao São Paulo.

O que ressalta ao fim de praticamente um mês de treino, é a adopção do mesmo modelo de jogo do Bayern de Munique de Jupp Heynckes. O outrora claro 4-4-2 (muitas vezes mais um 4-2-4, tal o comportamento dos nossos extremos), deu lugar com o sérvio Djuricic, num 4-2-3-1. Tal como o esquema bávaro do ex-técnico encarnado alemão, também notou-se a polivalência e hibridez do sistema, que mediante as fases do jogo se transformava mais num 4-4-2 ou até num 4-2-4, isto porque o Djuricic consegue facilmente adaptar-se às demais necessidades da equipa. A solução "9+10", muito pedida pelos adeptos do 3º anel, de facto parece ser uma solução viável.

É já a nova "coque-luche" do
Benfica, o sérvio "Marko"
.
Na primeira parte, o jogo foi todo do Benfica. Os encarnados chegaram a ter mais de 70% da posse de bola e inúmeras oportunidades. Contudo, faltou maior acerto no último terço do terreno e por vezes maior objectividade. Markovic é realmente um reforço nesta equipa encarnada. Gaitán parece-me muito mais adulto nesta temporada e muito mais consistente. Estes dois poderão facilmente fazerem o papel de Ribery e Robben no Bayern de Heynckes.

Em termos defensivos, penso que a defesa na primeira parte teve o comportamento correcto. Jogou de forma bem subida no terreno, compactando o 11 encarnado em cerca de 40 metros de profundidade. Gostei muito, pois é algo que já defendo à muito tempo. Desta forma a distância entre os jogadores de todos os sectores é muito pequena, o que retira espaço para o adversário poder jogar.

Apesar dos 2 golos sofridos gostei
muito da exibição de Paulo Lopes.
Destaco dois jogadores da linha defensiva que estiveram particularmente bem: o guarda-redes Paulo Lopes e o lateral esquerdo Bruno Cortez. O experiente guardião português fez esquecer por completo o Artur e se o jogo de pés do português já não me surpreendia, o à vontade com que ele desempenhou muitas vezes o papel de libero, transmitiu-me muita segurança. Entre os postes esteve muito seguro e no contexto geral não teve qualquer responsabilidade dos golos sofridos.

Apesar das críticas, muitas injustas,
penso que Bruno Cortez é reforço.
Já o internacional brasileiro, teve uma primeira parte impecável. Critica-se muito que ele não sabe defender que tem grandes falhas de posicionamento, mas o que vi ontem foi o contrário. E, já agora, dá-me clara sensação de que o jogador do São Paulo aquando do segundo golo está claramente em fora-de-jogo. Era impossível o Cortez sair mais rápido de como saiu e acho ingrato as declarações de Jorge Jesus quando o seu jogador até esteve muito bem no jogo.

Benfica à Jesus... na segunda parte!
Afinal o Paulo Autuori, até
percebe algo sobre futebol...

No segundo tempo, Jesus fez uma substituição que iria fazer com que perdesse o controlo do jogo. Verdade seja dita, que boa parte da culpabilidade dessa perda de controlo deveu-se ao técnico da táctica do "pirilau". De facto, Paulo Autuori soube bem tirar as medidas à equipa do "mestre da táctica". Conhecedor de que o Benfica ainda está em ritmo de pré-temporada e dada a intensidade com que se jogou a primeira parte, ele tinha colocado em campo nesse primeiro tempo um onze de contenção, para na segunda parte transformá-lo com uma substituição (entrada do médio Maicon).

Se Lima ainda teve oportunidades
na 1ª parte, na 2ª secaram-no.
Ou seja, o Jesus retira criatividade e inteligência de jogo, metendo alguém supostamente mais objectivo no último terço do terreno, e o Autuori reforça o seu sector intermediário com um jogador capaz de recuperar a bola e pressionar o adversário. Atendendo a que a condição física dos brasileiros nesta fase estava muito melhor, e que com isso acabavam por recuperar a bola muito mais cedo e em zonas proibitivas do terreno para o Benfica, a equipa encarnada foi recuando, recuando e recuando no terreno.

Pouco Rodrigo ontem na Luz.
Destaco neste ponto a incapacidade de Rodrigo e Lima de conseguirem construir jogo entre eles e com os restantes companheiros. Pareciam dois corpos estranhos, dois desconhecidos. Se ao contrário da primeira parte, pareceu haver trabalho de casa feito, no que à construção de jogo diz respeito, este "9+9" da segunda parte, via-se claramente que não tinha merecido qualquer atenção no treino. E é por isso que não entendo esta opção na segunda parte.

Garay e Luisão poderiam ter feito
mais na 2ª parte.
Depois, o comportamento da defesa foi anedótico. Aloísio marca o primeiro golo aproveitando o espaço entre o Garay e o Luisão. É inamissível esse lance perante dois centrais deste nível e da forma como ocorreu. Completa falha de concentração na marcação. O segundo golo do São Paulo também deixa muitas responsabilidades para o sistema defensivo. Não se avança a linha defensiva sem perder as referências atacantes do adversário, após lances de bola parada. Rafael Tolói acaba por finalizar sem qualquer adversário. O comandante da defesa, mesmo que queira fazer a linha de fora-de-jogo tem de fazê-lo consciente da posição do lateral ou de qualquer outro jogador na zona defensiva. Verdade seja dita, esse golo nem sequer deveria ser validado, pois havia fora-de-jogo.

O plano B encarnado...
Já frente ao Eche, tinha reparado que o plano B de Jorge Jesus é jogar com dois avançados declarados, a solução "9+9". Neste momento, esta solução é bastante inferior à "9+10", mas será que não terá futuro?

Jesus, Lima e Rodrigo que ponham olhos sobre esta dupla
e no 4-4-2 do United dos finais dos anos 90. Poderá
encontrar aí a solução que precisa para o seu 4-4-2.
Sinceramente, eu penso que tem. Mas, para isso, o comportamento e forma de jogar do meio-campo e dos alas tem de ser diferente, assim como o dos respectivos avançados. Em primeiro lugar, tanto Lima como Rodrigo, têm que aprender a jogar de costas para a baliza para temporizar e proteger melhor a bola quando a equipa se sente sufocada lá atrás e num serviço longo lhes coloca a bola. Em segundo lugar, não podem estar constantemente "à mama" e sendo uma dupla com jogadores de características semelhantes, poderiam à vez um deles descer para fazer a ligação. Em terceiro lugar, e dado que os extremos jogam de pés trocados, ou seja, têm tendência para afunilar o jogo, os avançados devem jogar de forma a procurar diagonais que deem largura. Caso o Benfica jogue com extremos puros, um tem de se aproximar para fazer o apoio enquanto que o outro se movimenta para zona de finalização. Existe muitos mais pontos que uma dupla deste tipo possa ser trabalhada. E, nota, não é apenas só trabalho da dupla. Também a articulação com os extremos e restante equipa é importante. Em suma, falta muito treino. Uma boa forma de compreender o que escrevi é olhar para a prolífica dupla atacante do Manchester United do final da década de 90, Dwight Yorke e Andy Cole, e tirar apontamentos.

O terceiro anel pede por Cardozo no ataque encarnado.
É óbvio que com um jogador como o Cardozo, boa parte das competências de cada jogador da dupla atacante ficariam bem demarcadas dadas as diferenças intrínsecas de cada um. Ou seja, já não haveria a indecisão, "vais tu ou vou eu?", pois Cardozo à partida seria o jogador de referência na área, enquanto o Lima ou o Rodrigo iriam movimentarem-se mais. Provavelmente esta seria a forma de jogar mais simples e natural. Contudo, poderá ser das formas mais fáceis de anular, dada o conhecimento à priori das funções que cada um iria desempenhar. Grande sucesso da dupla de Manchester residia no facto de os defesas nunca saberem ao certo como iriam desenrolar as jogadas.

Mas, mesmo esse grandioso Manchester United tinha de recorrer a um Teddy  Sheringham ou a um Ole Gunnar Solskjær (aka "baby face"). Cardozo poderia muito bem ser uma opção desse tipo... embora pelo índice de finalização de ontem e pelos cânticos das bancadas, muita gente o quisesse ver era em campo e a titular, o que não é descabido de todo.

As segundas opções...
Não tenho muita confiança no Artur,
e o seu jogo de pés é um desastre.
Paulo Lopes para a maioria das pessoas nem sequer seria uma segunda opção no Benfica. O facto concreto é que com ele em campo sinto maior segurança defensiva, sobretudo ao nível do jogo de pés que esta forma de jogar do Benfica requer que o guarda-redes tenha. Provavelmente, depois do castigo o Artur será titular e quanto a mim mal, pois não tem sido em nada superior a este experiente guarda-redes. Depois há Mika, que tem sido muito desprezado face ao potencial que já evidenciou ter.

Apesar de ter sido muito útil na
época passada, com as novas
contratações, Jardel é carta fora do
baralho para Jesus. Garay deverá
sair mas por outros motivos.
Em termos de centrais, a dupla de "Estevãos" (Steven Vitória e Steffan Mitrovic) estão mais do habituados. Lisandro Lopez parece-me ter muito futuro. E, entre Luisão e Garay um deles deverá acompanhar Jardel e sair do clube, pois 4 centrais são mais do que o suficiente. O mais provável será o argentino sair... Dada a exibição de ontem da habitual dupla encarnada, não sei se concederia a titularidade aos "Estevãos".

Com o empréstimo do "Melga", falta
claramente um lateral esquerdo puro,
para concorrer com o Cortez.
Nas laterais, se há direita há Maxi, Silvio e André Almeida, na esquerda só há Cortez para o tipo de jogo que o Benfica vai querer fazer pelas laterais. Por exemplo, ontem não estava a ver um Sílvio ou um André Almeida a dar a profundidade que um canhoto dá quando à sua frente joga um falso extremo com tendência para flectir para dentro. Por isso, penso que deveria chegar alguém para suprir essa lacuna, visto que Luisinho não parece-me opção. Neste momento, acho que Sílvio e Cortez seriam os meus titulares.

A médio e longo prazo, o jovem
André Gomes poderá ser o sucessor
do Matic no meio-campo. Mas se o
sérvio sair já, será que virá alguém?
No meio-campo defensivo, Matic parece ser ímpar. Há também Rúben Amorim, mas este está muito mais vocacionado para a posição do Enzo. Há a hipótese dos Andrés. O André Almeida já conhece a posição, pois foi aí que jogou muitas vezes. Por outro lado, como já referi noutros artigos, André Gomes poderia ser uma excelente solução nessa posição se for formado para tal. Contudo, no curto prazo, se o Matic sair será uma grande dor de cabeça!

Neste momento Amorim leva
vantagem sobre o Enzo.

Mais à frente no meio-campo, neste momento parece-se que o Rúben Amorim está em melhor forma que o Enzo. Ambos têm uma entrega ao jogo excelente. Mas, parece-me que o português acaba por ter outra visão de jogo alternando o jogo curto com o longo que muitas vezes faz falta no meio-campo, ainda para mais jogando com extremos que mais parecem avançados. André Gomes poderá ser um terceiro homem nestas funções tal a sua polivalência.

Apesar do talento, Ola John é curto
para as necessidades do Benfica
na posição que actua.
Nas alas, Salvio continua a merecer a minha preferência para a titularidade. Já agora, sobre o argentino, ainda não entendi o porque é que ele no Benfica só joga como extremo direito, penso que sob a esquerda poderia neste 4-2-3-1 ser muito mais mordaz. Gaitán é para mim o titular da ala oposta. Depois há Sulejmani, Markovic, Ola John e Urreta. O sérvio Markovic já deu para perceber que ele quer é jogar, seja à direita, à esquerda e ao centro. Neste momento é talvez a terceira hipótese para as alas. Sulejmani é mais cerebral e tem uma forma de jogar diferente, mas que poderá ser igualmente útil. Vê-se que sabe temporizar e proteger a bola, ao contrário de Ola John que quanto a mim defende-se muito a jogar para o lado e frente a adversários que pressionam bem não consegue reter o esférico. Por isso é que não vejo grande futuro dele neste Benfica. E, olhando para o Urreta que decide bem e tem uma qualidade técnica e atlética (veloz e capacidade de aceleração) acima da média, não entendo como o uruguaio nem sequer faz parte dos planos ou é preterido pelo Ola John, que pouco ou nada dá à equipa. Há um excesso de jogadores nesta posição. Tendo em conta a polivalência deles para outras posições, apostaria em reter 5 deles: Salvio, Gaitán, Sulejmani, Markovic e Urreta. Se o Benfica vender um deles, ficaria com 4. Ola John para mim seria dispensado e vendido.

Atenção a este diamante puro. Da
mesma geração que Markovic, não
deveremos desaproveitar o Bernardo
Silva, que tanto pode jogar no centro
como nos flancos.
Como segundo-avançado, ou "9.5", Filip Djuricic é a referência da equipa. Mais nenhum no plantel tem exactamente o mesmo perfil. Contudo, alguns jogadores que coloquei nas alas poderiam jogar nessa posição. Aliás, penso mesmo que todos eles, pois a sua maioria fez formação como avançado móvel. Não obstante, as minhas preferências para segundas opções nesta posição são por ordem: Gaitán, Markovic e Sulejmani. Depois, se um dos 5 extremos escolhidos sair, quem iria buscar para esta posição seria o jovem Bernardo Silva, que também poderia jogar nas alas. Por fim, André Gomes também poderá jogar nessa posição, embora tenha dúvidas se consegue atingir o nível exibicional exigido num Benfica.

Cardozo poderá ser o maior reforço
desta temporada.
Como avançados neste momento,não sei se colocaria o Lima a titular se iria integrar o Cardozo. Rodrigo é claramente uma segunda/terceira opção e quanto a mim começa a ser algo preocupante pois tende a perder o barco que fazia querer que iria apanhar...

A evolução da Eusébio Cup...
Olhando para os torneios de pré-época de verão, como a Audi Cup e o Emirates Cup, não sei até que ponto não seria positivo organizarmos um torneio quadrangular similar. Percebo que o formato da Eusébio Cup seja este de uma final, em que uma das equipas tem de ser o Benfica, mas para além desse jogo acho que há espaço para fazer algo semelhante aos dois torneios referidos. Fica aqui a ideia. E, fica aqui os parabéns para os campeões desta edição da Eusébio Cup: o São Paulo!

Parabéns São Paulo! Não deixa de ser curioso o número da
camisola do Rogério Ceni, um 01 como que a dizer 10.

12 comentários:

  1. Excelente análise do jogo, quanto é que vai a aposta que quando for a doer a aposta do mestre vai ser na versão á JJ, sem cabeça, tronco e membros?

    Rodrigo não pode jogar como segundo avançado é uma nulidade, menos um em campo, ele é bom é a ponta de lança,já estou saturado do inventor mudar o que está bem e funciona devido ás suas manias.

    Também não percebo com o Urreta nunca foi aposta do JJ, a sua velocidade e raça aliadas a uma técnica decente e bom remate podiam dar muito jeito como 2º opção mas é apenas mais um para queimar. Quero ver se o Cancelo (o Bernardo t gostava de ver) consegue ter oportunidades porque o Maxi já está a passar a validade, irrita especialmente dar sempre mais um toque e querer fazr mais uma finta em vez de jogar simples e assim perder n bolas que podiam criar perigo.

    Marko e Djuro grandes jogadores cerebrais, intensos e velozes, vão ser muito importantes se forem bem aproveitados!

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    1. Anónimo,

      Se quiseres assinar o comentário está à vontade. ;)

      Sobre o Rodrigo, tens razão, ele é um avançado. Mas, também eram o Yorke e o Cole. Não acho que o Rodrigo seja um avançado do mesmo perfil do Cardozo, pois o hispano-brasileiro gosta de deambular na frente de ataque.

      Eu acho que o Rodrigo está demasiado formatado no 4-2-3-1 espanhol, no qual ele é o avançado. Acho é que o Jesus não tem sabido ensinar o Rodrigo nas novas missões que tem de desempenhar no 4-4-2 que referi. Aliás, tenho a convicção de que o Jesus deixa as movimentações ofensivas muito ao gosto dos jogadores, quando acho que poderia e deveria ser mais interventivo.

      Mesmo no 4-2-3-1 que apresentámos ontem, acho que houve muitos lances em que poderíamos ter sido mais objectivos, leia-se rematar mais à baliza.

      Muito trabalho falta ainda aprimorar, mas muito talento tem o Jesus ao seu dispor.

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  2. Rodrigo não pode jogar como segundo avançado porque decide muito mal.
    Jesus não muda tanto o perfil dos jogadores que eles passem a decidir bem em certas zonas do campo.
    Em construção e a jogar entre linhas Rodrigo é medíocre.
    Para jogar como ponta de lança, de certeza marcaria mais golos que Lima ou Cardozo, porque aí ele nem precisa de decidir bem para se revelar decisivo.

    Quanto ao resto concordo com a análise, só que há uns erros de interpretação.
    Quando jogas zona, como jesus joga, não podes falar em marcações, tens de analisar o erro da perspectiva de defesa zonal, sabes o que é?
    Depois, novamente, Jesus sabe que naqueles lances, como outros toda linha defensiva sobe para bem perto do portador da bola, só que o Brasileiro não sabe disso ainda, ainda não sabe defender como jesus quer e comprometeu toda linha defensiva.
    Depois, o brasileiro parece-me lento a decidir, muito lento mesmo, e noções defensivas tem zero. Ainda. Vamos ver se Jesus também faz deste um bom lateral ( a defender zona), a mim pelas dificuldades evidenciadas para já, mesmo com este pouco tempo de trabalho, não o vai conseguir.

    Cumprimentos

    Carlos Franco

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    1. Franco,

      Ele dá-me a sensação que está habituado a receber e rematar.

      A minha ideia é que Jesus não deveria insistir nele como um "9.5" ou algo do género. Nem ele, nem o Lima. Acho é que deveria dizer aos seus jogadores para colocar os olhos na dupla do United, como o Cole e o Yorke. Eram ambos avançados, mas tinham uma complementaridade brutais. E eram exímios no jogo de apoio e de desmarcações.

      Acho que o plano B deveria passar sempre por uma solução desse tipo.

      Quanto ao erro defensivo... verdade que o Benfica joga zona, mas isso não impede que quando saiem para fazer a linha de fora-de-jogo, não percam as referências do adversário.

      É que foi confrangedor o posicionamento do Tolói. Ele marca golo na zona central. E marca porque tanto o Luisão e o Garay subiram sem olharem para os restantes companheiros de equipa. Verdade seja dita, o Tolói estava mesmo em fora-de-jogo...

      Quanto à crítica ao Cortez, depois de rever novamente o lance, mesmo assim acho injusta, pois foi ele que fez pressão sobre quem centrou após canto curto do São Paulo. Podia ter saído mais rápido a fazer o fora-de-jogo, mas bolas, quem diria que o Garay e o Luisão não ganhavam a bola ao central adversário que assistiu o Tolói?! E esses o Jesus já não os critica... Eu até acho que o Cortez fez uma grande exibição ontem, quer em termos ofensivos, quer defensivamente. Preocupa-me é não termos uma solução do banco como ele, como temos para o lado direito.

      Achaste-o lento? Olha eu até não achei. Vi é que muitas vezes ele está no vértice esquerdo da grande área, olha para ela e não vê nenhuma desmarcação do Lima, por exemplo, que fica entre os centrais e não procura a frente junto ao primeiro poste. Assim dificulta a vida ao rapaz.

      Defensivamente acho que ele até esteve muito bem, muito melhor que o seu primeiro jogo. Muito muito aguerrido e praticamente nas divididas ganhou-as todas.

      E, cá para nós, depois de termos tido o Coentrão... é muito difícil contentarmos com outros, não é verdade?

      ;)

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  3. O problema é que para jogar zona ele tem que ser muito mais do que forte no 1x1 e ganhar bolas divididas. Na maior parte dos lances ele vai ter de agir em correlação com os colegas, isso vão ser a maior parte das acções defensivas dele no jogo, daí já consegues depreender depreender o quanto ainda lhe falta.

    Acho que não percebes muito bem as referências zonais. Elas em nada têm haver com o adversário, têm haver com a posição da bola, posição dos colegas e relação disso com a baliza. O possedebolla.blogspot.pt tem lá uma boa explicação e simples, onde ele não coloca adversários, penso, de propósito, para evitar má interpretação da defesa zonal.

    Depois, Jesus não os critica porque sabe que eles estiveram bem, e mesmo que tivessem cometido o erro que afirmas, isso tinha sido consequência do erro do Cortez, daí ser pouco provável de ser criticado por jesus, uma vez que eles cumpriram com a forma que ele quer que a defesa trabalhe.

    Achei muito lento, tinha colegas perto e optou por sambar a frente deles todo o tempo, e depois soltou no colega que invariavelmente já estava marcado.

    Quanto à Cole e Yorque, não sei, sou muito novo para os ter visto jogar com olhos de ver.

    Cumprimentos,

    Carlos Franco

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    1. Franco,

      Entre o erro do Cortez e o erro do Garay e Luisão no centro da área, é mais grave o da dupla. Aquela bola ganha pelo assistente do Tolói tem de ser de um deles. Porquê? Porque está na zona de intervenção deles.

      As referências zonais não têm a ver com o adversário? Têm é de ter essa referência, porque o propósito é anular as movimentações do adversário. Cada jogador teu é responsável pelo espaço ao seu redor e tudo o que lá aparecer. E, sim, também tem a ver com os factores que mencionaste. A posição da bola, os colegas (para não interferir), o posicionamento da baliza, para proteger sempre esse flanco,...

      A defesa a homem é diferente apenas no facto de cada um ser responsável por um adversário concreto e acompanhá-lo até à casa de banho.

      Qual delas a melhor? Depende do adversário e dos jogadores que tens à disposição. No caso do Benfica, também eu optaria, se fosse o Jesus, pela marcação à zona.

      Quanto à lentidão do Cortez... não foi bem isso que eu vi. Sambou é certo, porque encontrou situações em que poderia aplicar o 1x1 e saiu-se bem na maior parte delas... aliás, assim de repente se perdeu a bola esta saiu pela linha lateral, o que não é mau de todo, pois possibilita a equipa reposicionar-se.

      Fez alguns compassos de espera, para ver se os colegas criavam linhas de passe. Daí a minha crítica ao Lima no artigo. É que este muitas vezes poderia fazer um movimento diagonal para ganhar a frente do central do lado do Cortez e ficava lá no meio entre os centrais do São Paulo. Ou seja, não dava linha ao Cortez.

      Quanto ao Cole e o Yorke, tenta ver sobre eles que não vais dar por mal empregue o tempo.

      ;)

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  4. O Rodrigo está habituado a decidir mal e o Jesus continua a colocar o espanhol a jogar entre linhas e a participar na construção, quando devia colocar o jovem como ponta de lança.
    Lima é óptimo a jogar entre linhas, não tem nada haver com Rodrigo. Ele pode perfeitamente fazer esse papel.

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    1. Por acaso o Lima a mim não me convence a jogar entre linhas... "depende do dia e da inspiração" e frente a adversários mais complicados acaba sempre por não ser a solução perfeita.

      Por isso mesmo, já suspirava por uma solução tipo Djuricic.

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    2. Creio que o Djuricic vai sofrer, neste primeiro ano, dos mesmo problemas do Ola John. Que é: Tem muito talento, muito critério, mas não está habituado a ter pouco tempo e espaço para Pensar/executar.

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    3. O Djuricic é de outra centelha Baggio. É outra casta.

      E, não é só o Djuricic que se tem de habituar ao futebol do Benfica. Também o Jesus tem de modificar, algo que ele já fez e que gostei muito. Os próprios colegas também têm de se adaptar e penso que esses já entenderam bem a forma de jogar do sérvio.

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  5. Acho que me fiz entender mal. Ele tem de habituar-se à maior exigência do campeonato português. Não estou a falar do futebol do Benfica. É dos adversários que vai enfrentar, as equipas são muito mais organizadas que as holandesas. Muitos jogadores na zona da bola, o que lhe vai retirar espaço e tempo.

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    1. Sim, verdade.

      As equipas em Portugal jogam muito em contra-ataque e assumem muito pouco o jogo. Lá na Holanda, embora a qualidade de posse de bola não seja por ali além, arriscam mais no ataque apoiado.

      Vai ser bom para ele, mas se todos os males passassem pelo Djuricic.

      ;)

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