22 julho 2017

Um reforço de...


... se lhe tirar o chapéu.

Três jogos, três golos (um no primeiro encontro frente ao Neuchâtel Xamax, zero no segundo jogo frente ao Young Boys e dois tentos na taça do Algarve frente ao Bétis de Sevilha) é um excelente cartão de visita para um jogador que chegou a custo zero e com fama de marcar poucos golos, o que desde cedo fez desconfiar os adeptos encarnados menos por dentro do futebol.



De facto, é essa má percepção da maioria das pessoas que o Benfica com o seu investimento em data sports science, poderá retirar muitos dividendos. Existe muitos milhões de euros e, muitos títulos, em jogadores como o Seferovic espalhados por esse mundo fora. Jogadores esses que os adeptos comuns não lhes passariam cartão em condições normais. Contudo, a ciência desportiva e de dados actual, permite dizer-nos, com elevado grau de fiabilidade que perante determinado contexto, que o jogador fulano ou sicrano irá ou não singrar. É pois, através do moneyball que o Benfica tem de competir nesta indústria do futebol, se é que quer permanecer na mesa dos grandes, pois infelizmente a dimensão nacional não permite competir com os outros de uma forma mais tradicional. É também por esse motivo que nós adeptos temos também de rever as nossas expectativas e exigências quando chegamos aos defesos. Todos nós gostaríamos de ver de águia ao peito jogadores como Cristiano Ronaldo, Messi, Neymar, ou até mesmo um Ibrahimovic, mas tal é impossível, neste momento (confesso que acalento que num futuro a médio prazo possamos manter os maiores jogadores do mundo).


Bem, feito este parêntesis, gostaria de destacar três coisas sobre o avançado suíço. Em primeiro lugar, o rapaz tem golo apesar de não ter grande histórico de golos. O que é importante é o contexto que ele tem. No Benfica ele tem o acompanhamento para poder realçar essas características do seu futebol. Noutros lugares, ele era o tal avançado trabalhador que abria espaços para outros poderem marcar, quase sempre em equipas de contra-ataque. Ou seja, o Seferovic era o pivôt ofensivo que permitia o último passe ou a criação de espaço para outros avançados poderem aparecer e marcar golos. Num Benfica que se quer dominador, essa capacidade de trabalho será fundamental para criar espaço e tempo suficientes para jogadores como Jonas e Rafa criarem jogo ofensivo. Em retorno o suíço irá receber muito mais bolas dos seus companheiros, porque deixa de ser o mordomo de serviço para ser servido de bandeja. A parceria que vemos a ser forjada nesta pré-época com o Jonas, denominada de Seferojonas, é disso um belo exemplo, conforme podemos ver pelos golos do camisola 14 frente ao Xamax e, mais recentemente, frente ao Bétis.


Em segundo lugar, ele é um jogador muito inteligente na forma como joga com e sem bola. A ocupação de espaços é muito boa. Para além disso, destaca-se a sua concentração e leitura de jogo. É aqui que ganha aos pontos tanto ao Mitroglou como ao Raúl, na posição 9. Enquanto o grego tem a capacidade física para impor um estilo de jogo de choque com os centrais, não o sabe fazê-lo tão bem como o suíço, pois muitas vezes parece estar fora do jogo, i.e., no local errado e na hora errada. Onde o grego se sente realmente bem é no momento de encostar a bola nas redes adversárias. Pouco mais que isso, apesar do golo na época passada na pedreira estar ainda muito vivo na memória de alguns, parece-me pelos anos que vemos dele de águia ao peito uma excepção à regra. Com o Seferovic, parece-me que é realmente a regra. Já o Raúl emprega uma energia fantástica ao jogo e à equipa. Mas, falta-lhe maior precisão e qualidade de decisão. Algo que o suíço, sem ter a mesma energia consegue ser globalmente superior ao mexicano neste momento. Reparem como o suíço marca o segundo golo frente ao Bétis. Um lance onde emprega uma energia e velocidade que muitos não anteviam ter.



E, em terceiro lugar, já viram o que ele joga sem bola? O que ele cria em termos de espaços para os colegas? O que ele consegue ligar com o resto da equipa, mesmo estando muitas vezes sozinho lá na frente? Têm dúvidas? Então vejam o video do jogo em que ele ficou em branco esta pré-época, frente aos Young Boys, aqui em cima, e vejam o quanto ele jogou e fez jogar a equipa. Talvez por isso mesmo, ele diga que pode jogar ao lado do Jonas, ou até ao lado do Mitroglou (e do Raúl), pois qualidade tem ele a potes. Aliás, neste momento, parece-me claro a seguinte equação: 9+10+11 = 14.

6 comentários:

  1. Ora aí está, PP! Subscrevo tudo, como já ficou claro no post anterior. A jogada do segundo golo é um tratado! Quem tem Jonas e Rafa, e ainda lhe vai juntar Pizzi, Grimaldo e Zivkovic, tudo com este 9+10+11 na frente, tem tudo para nos dar muitos mais tratados destes!!

    E porque menciona coisas de que falas aqui neste post, além de outras que já aprendiz aqui contigo, fica aqui o debate que tive no NGB com o caro consócio Jorgen80, sobre este nosso novo achado que de esferovite não tem nada...

    Benfiquista Primário21 julho, 2017 06:59
    'E o Seferovic, Shadows?...;)

    Parece ser mesmo reforço! Não é só 'fixo' de área como o Mitrogolo, também sabe atacar a profundidade como Jimenez, mas ao contrário de Jimenez, sabe receber uma bola no pé sem ela ressaltar dois metros para a frente...e também tem mobilidade, como Jimenez, mas com muito mais critério. A juntar à rapidez do entendimento com Mestre Jonas e à possibilidade de vendermos Jimenez ou Mitro, será que temos aqui nova dupla titular??...

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    jorgen8021 julho, 2017 20:28
    Não é em amigáveis que se tira a prova dos 9. Daqui a nada, é melhor que o Pelé. Lembro-me de uma pré-temporada única de um tal de Alan Kardec. Temos que esperar. É um jogador com números horrendos.


    Benfiquista Primário21 julho, 2017 20:54
    Certo, em geral, mas há sempre uns que não enganam...parece-me ser o caso dele.

    Aliás, li hoje que Mestre Jonas disse que 'Seferovic é um grande jogador'. E não precisou de jogos oficiais.

    Isso dos números no futebol tem muito que se lhe diga...não sei se as equipas em que jogou tinham jogo ofensivo em quantidade e qualidade para ele poder marcar, se tinha colegas inteligentes e talentosos na fase de criação, etc...olha os números do Jonas e Mitroglou na época anterior a virem para o Benfica...

    Mesmo sendo amigáveis, vi um bom avançado, que sabe finalizar mas também sabe descer para participar na criação, sabe atacar a profundidade (importante quando tens extremos e segundo avançado de bola no pé e critério como o Zivkovic e o Jonas...) e tem boa tomada de decisão. E tu, o que é que viste nele? Pergunto muito honestamente porque te considero, Jorgen80.'

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    1. Acabei de escrever um artigo sobre o que ainda há para ver, e em jeito do onze que colocaria hoje frente ao Hull City, testaria o Seferovic com o Mitroglou lá na frente. Acho que o suíço pode perfeitamente fazer de Jonas no modelo de 4-4-2 puro.

      ;)

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    2. Ah! Outro que gostaria de testar na posição do Jonas era o miúdo Diogo Gonçalves...

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    3. o helder cristovao , tb disse que via o diogo nessa posição de segundo avançado, mas verdade e que ele tb e um extremo interessante, vejamos onde tera lugar ou se sera emprestado. o caso do seferovic não deve ser so moneyball, ao que o pedro bouças diz tb temos dos melhores do mundo no scouting e poderá ser por ai que o descobrimos. ate porque mesmo por money ball do goalpoint ele era bom jogador e mostrava que podia melhorar no nosso clube mas o que se destaca nele são as ações que ele tem e isso dificilmente se ve por ai não e?

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    4. Frente ao Bétis não gostei de vê-lo como falso extremo esquerdo. Aliás, já na equipa B, quando estava o João Carvalho lá, ele jogava nessa posição e não entusiasmou. Penso mesmo que ambos jogaram em posições trocadas. Ou seja, se o João Carvalho jogar como falso extremo esquerdo, poderá ser muitas vezes um médio interior fazendo um trio com os outros dois médio-centros. Como tem melhor tomada de decisão e visão de jogo, poderá ser um jogador muito importante para dar fluidez ao jogo ofensivo. Depois, ele também sabe transportar a bola, mas ao contrário do Diogo, que arrisca sempre, o João sabe soltar se necessário. Por outro lado, o Diogo lá na frente sabe procurar os espaços vazios e as costas das defesas contrárias, pois não é um jogador tão de bola no pé como o Carvalho.

      Sobre scouting e moneyball, eles têm de estar juntos. Não há um bom moneyball sem realmente um bom scouting. E, hoje em dia não há bom scouting se não olhar com olhos de se ver para aquilo que se chama de data sports science.

      O goalpoint não é nenhum moneyball. E, não é com aqueles parâmetros que apresentam que vais conseguir descobrir talentos por tuta e meia. No máximo dá-te alguns indicadores. Por exemplo, no caso do Seferovic, se fosse pela pontuação do goalpoint ou do whoscored (site no qual o goalpoint plagia o modelo), o Benfica jamais iria contratar esse jogador. Aliás, foi logo nesses sites que os adeptos começaram logo a torcer o nariz a esta contratação.

      E quanto às acções que um jogador tem no jogo, existe muita parametrização já definida. Isso é um mundo que está em constante evolução.

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