11 março 2017

O que nos faltou em Dortmund?


Ou, por outras palavras, uma estratégia mais energética.


Falar depois do jogo é fácil. Aqui todos os treinadores acertam e todos os adeptos têm razão. Infelizmente, por motivos pessoais, na última semana não consegui partilhar convosco qual seria a minha estratégia, mas não seria muito diferente daquela que vou descrever nas próximas linhas. Antes de continuar, chamo a atenção para duas coisas muito importantes. A primeira, é que há muitas estratégias vencedoras e, por isso, torna difícil a compreensão destas, para muita gente habituada a viver uma vida repleta de receitas e regras fixas. O segundo ponto, é que se perguntarmos a uma maioria de adeptos encarnados sobre como jogariam nesta segunda mão frente ao Dortmund, provavelmente responderiam que apostariam no reforço do meio-campo e numa estratégia de contra-ataque com linhas recuadas. Eu próprio poderia aceitar essa estratégia, mas com algumas reservas. Ah! E não me venham com desculpas que se o Cervi tivesse marcado naquela oportunidade, tudo teria sido diferente. Poderia até ser, mas estamos a falar de um ou outro lance encarnado.

A minha maior reserva face a essa estratégia vai muito em conta com uma análise energética em comparação com o adversário. Se olharmos para a equipa de Tüchel, facilmente identificamos duas grandes lacunas nela: o sector defensivo e a dificuldade de jogar em momento ofensivo. A muralha amarela até pode ter estado muito bem no lance do Cervi, mas está muito longe de ser imune aos atacantes adversários. Que o diga o Hertha Berlin que venceu-os esta tarde por 2 a 1 em casa. O técnico bávaro tem uma equipa tendencialmente de contra-ataque, muito por culpa do ADN enraizado pela passagem de Jürgen Klopp sobre os amarelos e pretos. Contudo, ele pretende introduzir um estilo de futebol que faça a ponte entre alguns princípios de jogo do Klopp com aqueles que fizeram apaixonar metade da Europa: os de Guardiola. Ora, esta filosofia e persecução de um estilo de jogo mais de posse, levou a que Tüchel, apostasse mais no 3-4-3, pois precisa da qualidade de Weigl com a bola na segunda fase de construção, mas, que ao mesmo tempo não perca qualidade ofensiva com jogadores como o Abaumeyang, que frente a defesas compactas e de bloco baixo teve sempre muitas dificuldades. Com uma defesa de 3, constituída por dois centrais e um lateral adaptado, permite uma polivalência posicional que em certos momentos, o 3-4-3 do Dortmund se transforme no 4-3-3 (ou 4-2-3-1) de outros tempos. Isto liberta o Weigl para o meio-campo e por sua vez o aproxima de outro criativo, o Dembélé. Ora, embora o ataque do Dortmund seja muito dinâmico e recheado de jogadores que tanto gostam da bola no pé como no espaço, ou seja, é um ataque muito energético, por outro lado, a sua defesa não é tanto.



E é aqui que penso que o Rui Vitória poderia ter explorado melhor. A minha ideia seria ter utilizado dois pontas-de-lança e um futebol mais directo para esta dupla possante com o apoio dos dois extremos velozes e intensos. O objectivo destes seria tão simplesmente dificultar ao máximo que o Dortmund mantivesse as linhas defensivas e de meio-campo compactas. Com esse espaço criado, e atendendo que o Dortmund joga com uma linha de quatro médios, das duas uma: ou passaria a jogar com uma linha de 4 defesas destapando o ataque e com isso libertar a pressão sobre a nossa defesa, ou partiria o jogo em nosso favor, porque Pizzi e Samaris seriam sempre superiores à dupla Weigl e Castro, neste 2x2 local. Mas, para isso, era necessário colocar em campo energia. Verdade que o André Almeida até é um jogador energético. Mas, o problema é que estava numa zona do terreno já de si com um nível elevado de energia. Enquanto isso, no nosso ataque o nível de energia era bem mais baixo que o do da defesa alemã. Reparem que no ataque encarnado jogou o Mitroglou, que mesmo com o apoio de Pizzi e de Salvio e Cervi, era muito pouco. O melhor seria o grego ter o apoio do mexicano Raúl, ficando o primeiro mais fixo e sendo referência do jogo directo, enquanto o segundo ficava atento às segundas bolas. As terceiras bolas seriam para Cervi e Salvio e as quartas para Pizzi, Semedo e Eliseu. Acredito que os dois pontas-de-lança jogando próximos um do outro poderiam ganhar duelos aos centrais do Dortmund. Mas, acima de tudo, ganhariam metros para a equipa, desgastariam os defesas germânicos que fisicamente não são assim tão potentes quanto isso. Por outro lado, com um Ederson com uma colocação à distância da bola como tem, seria sempre meio-caminho para por a equipa do Tüchel a correr para trás. O desgaste que isto causaria no adversário seria imenso. Como é óbvio, o Benfica também ressentiria desse esforço, mas teria no banco opções como Rafa, Carrillo, Zivkovic e André Almeida para substituir jogadores energicamente mais potentes como Raúl, Salvio, Cervi e Samaris, respectivamente. Por outro lado, para controlar o jogo poderia fazer entrar o Jonas para o ataque, libertando outro avançado móvel lá na frente. Mas, aí o adversário já tinha sofrido o desgaste brutal e sem Reus para fazer entrar seria mais difícil à equipa de Tüchel reagir em sintonia. Não podemos esquecer que para o Benfica bastaria apenas marcar um golo, mesmo que estivesse a perder 2 a 0...

Uma curiosidade, que acaba por dar mais corpo a esta análise: o André Almeida recuperou cerca de 7 bolas em acções defensivas. Houve um jogador encarnado que foi o rei das perdas de bola, curiosamente com 7 perdas. Sabem quem foi? Exactamente esse que vocês estão a pensar. O próprio André Almeida. A ideia era energizar a zona do meio-campo, mas o facto de termos retirado energia ao nosso ataque, fez com que não só o André conseguisse recuperar a posse de bola num instante, mas depois perdia no instante a seguir porque não havia ninguém com energia suficiente para dar a bola no ataque. Notar que por "energia suficiente" estou a falar de um jogador que esteja solto e veloz sobre a bola para poder-la receber. O Mitroglou que até esteve impecável com 5 duelos aéreos ganhos, pouco poderia fazer se não havia alguém para aproveitar as segundas bolas. O Pizzi estava entre dar auxílio a Almeida e Samaris e tentar ganhar as segundas bolas. O que une estes dois jogadores é que nenhum deles é verdadeiramente explosivo ou gosta de jogar na antecipação. Preferem sempre bola nos pés e não tanto na briga. Claramente precisávamos de ter um jogador mais enérgico no ataque em vez de no meio-campo.


Com Mitroglou e Raúl teria uma dupla atacante mais enérgica
que com Salvio e Cervi poderiam reequilibrar as nossas
forças no ataque, criando espaço para libertar o nosso
meio-campo e defesa. Por outro lado, teríamos vantagem
numérica local em duas zonas. O facto de partirmos um pouco
o jogo seria benéfico para os nossos extremos argentinos.
Defensivamente, para além da vantagem numérica local,
a defesa subida jogaria com o fora-de-jogo. Depois tinhamos
o Ederson que não só é óptimo no controlo da profundidade,
como também no lançamento para o futebol directo para a
nossa dupla atacante.

35 comentários:

  1. O que nos faltou? Concentração. Os dedos de ambas as mãos não chegam para contar as vezes em que ficamos em dificuldades por desalinhamento da linha recuada. Eliseu, principalmente, abusou nessa situação. Que não tem qualidade para ser titular no Benfica todos sabem, mas exige-se, no mínimo, concentração e rigor tático. Salvio também fez uma exibição ridícula, dentro do seu padrão de decisões estapafúrdias. Se a ideia de RV era sair com critério para o ataque, espanta-me a opção ter recaído neste, com Rafa, Zivkovic e Carrillo disponíveis.

    Feirense

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    1. Não dá para sair em critério porque nem só os nossos jogadores têm a concentração e a precisão exigida para sair de zonas de pressão como o Dortmund faz, como também os alemães são exímios nisso.

      Por isso a solução seria sempre de um futebol mais directo e musculado, ou seja, energético.

      Jogando dessa forma aliviaria a nossa defesa de forma directa e indirecta. De forma directa porque ao colocar bolas para a dupla atacante estaríamos a alongar a distância entre as linhas defensivas e de meio-campo do Dortmund. Isso levaria a um atraso na saída e na recuperação de bola dos alemães. E, indirectamente, o desgaste que acarrataria neles, iria aliviar a pressão sobre a nossa linha defensiva.

      Mais, com a possível frustação de não estarem a conseguir o plano de jogo, surgiria mais erros deles e com isso, oportunidades para a nossa equipa.

      Para mim essa falta de concentração deve-se a não termos conseguido sair das situações de sufoco.

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  2. Não podem ganhar-se duelos tácticos com um professor de ginástica como treinador.

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    1. Não é bem assim. Já na época passada o Rui Vitória esteve muito bem tacticamente frente ao Bayern de Munique.

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    2. António Madeira12/03/17, 12:48

      É pá, ó Ramalhete, tu és benfiquista?
      É que se és, digo-te já que não fazes cá falta nenhuma. Professor de ginástica? Há com cada troglodita...

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    3. Malta, não vale a pena andarmos a discutir. Precisamos neste momento unir forças.

      O lema do clube vai até nesse sentido: E Pluribus Unum.

      ;)

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  3. Nesta eliminatória não nos faltou nada , o Dortmund é muito superior ao Benfica!

    O que eu espero que nos deixe de faltar até ao fim da época , e que tem faltado desde o inicio , é o meio campo...se não houver mudanças nos médios tenho sérias dúvidas que ganhemos o campeonato.

    Sou só um "treinador de bancada" , como todos nós , mas parece-me evidente que o Pizzi tem que voltar para o lugar onde é realmente forte , medio interior direito , e entre Fejsa , Samaris , F.Augusto e A.Horta , dois deles têm que jogar no meio.

    Com todos aptos para jogar o meu onze titular é: Ederson , Semedo , Lindelöf , Jardel , Grimaldo , Pizzi , Fejsa , Horta / Augusto , Cervi , Jonas , Mitroglou.

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    1. Não os acho muito superiores e a comprovar isso está o jogo deles ontem em Berlim, em que perderam.

      O Pizzi é o melhor médio "8" português. O problema do meio-campo não é ele. É sim do excesso de individualismo do Salvio e da sua passagem na 2ª fase de construção de jogo, quando deveria ser intérprete na 3ª fase.

      O Filipe Augusto lesionou-se frente ao Estoril. O Fejsa ainda é uma incógnita quanto à sua recuperação. O André Horta está sem ritmo de jogo. Portanto, não tens grandes hipóteses. E, sinceramente, frente a equipas do "tugão", Samaris e Pizzi são muito fortes.

      Com essa equipa que falas, não vejo energia suficiente nesses jogadores para contrariar o nível energético que o Dortmund dá em campo na Liga dos Campeões. Do quarteto ofensivo, apenas Cervi parece ser o jogador com maior disponibilidade física. Os restantes é mais bola no pé. Frente a equipas que sabem pressionar e retirar linhas de passe é mais difícil.

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    2. Não os achas muito superiores???!!? Em 180 minutos não a cheirámos, não levámos 4 em Lisboa porque o Ederson defendeu o impossível e o Aubemeiang teve uma noite infeliz.

      Em relação ao meio campo é como te digo , é um buraco constante , só que a Liga portuguesa, excepto 2 ou 3 jogos, é de baixo nível e por isso vai dando para ganhar , mas sentimos enormes dificuldades assim que o nível aumenta.

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    3. Não! Não os acho superiores. São sim do ponto de vista físico. Mas, são-o na Liga dos Campeões porque é uma clara aposta deles esta temporada. Basta ver que frente ao Hertha de Berlim perderam, muito porque o Hertha soube ter a energia necessária no ataque.

      O nosso meio-campo não é um buraco tão grande como falam. O problema está em definir bem o que cada um tem de fazer na 2ª e 3ª fase de construção de jogo.

      Pessoalmente, vejo muita gente a criticar o Pizzi, mas duvido que hoje em dia haja um jogador que decida tão bem naquela zona do terreno em Portugal e também na Europa, tendo em conta os jogadores que tem ao seu lado, sobretudo nas alas, que ao contrário de em outros grandes clubes europeus, sabem perfeitamente que comportamentos devem adoptar em todas as fases do jogo.

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    4. Ao Pizzi falta-lhe capacidade de choque ou árbitros que marquem as faltas que sofre. É tipo JVP na fase final no Benfica. Se marcassem metade do que ele sofria, o Benfica não saía do meio campo adversário.

      O Borussia é mais forte e seria preciso sempre uma superação, não impossível, para passar.

      O teu comentário do Hertha revela mais desconhecimento do que é a Bundesliga do que outra coisa. São uma equipa profundamente equilibrada, bem organizada e com valor. A jogar em casa. Claro que o Dortmund tinha o dever de ganhar, mas o facto de o Tüchel não ser um resultadista, com a conotação negativa que está associada ao termo, sacrifica muito o campeonato que o BVB está a fazer. O comentário em relação ao Hertha daqui a nada é extrapolado para o "Hoffenheim não vale nada" quando tem o mais promissor treinador da Bundesliga toda!

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  4. Não me lixes, PP. O Salvio tem a visão de jogo de uma toupeira com cataratas e a tomada de decisão de um chimpanzé com paralisia cerebral. Não há 'energia' que compense isso.

    O Zivkovic e o Rafa não são velozes também? E não juntam a isso muito melhor compreensão do jogo e muito melhor decisão? A sua criatividade não está muito mais ao serviço do que aproxima a equipa do sucesso do que a do Salvio?

    Temos jogadores tão bons como eles no critério e 'precisão', mas ficaram no banco...por decisão de uma espécie de treinador que tinha dito que teríamos que ter mais critério com bola do que na primeira mão!!!...

    Com dois médios centro teria sido mais um banho de bola como na primeira parte da Luz. Teríamos sempre que ter 3, mas um dos dois interiores, ao lado de Pizzi, teria que ser um jogador com outro critério que o A Almeida não tem. E lá está, André Horta no banco, Filipe Augusto nem isso (mas este ok, vinha de lesão e a convocatória terá mesmo sido bluff)...

    Depois, com bola, teríamos que pô-los em sentido, forçar o erro nos momentos mais fracos deles, a transição defensiva e a própria organização defensiva...criar igualdade numérica pelo menos com os 3 defesas deles. Como não era crível que conseguíssemos isso muitas vezes, não nos podíamos dar ao luxo de escolher jogadores 'burros' que acumulam más decisões pois iríamos desperdiçar as poucas chegadas que iríamos conseguir...

    Touros cegos é no Campo Pequeno.

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    1. O Zivkovic e o Rafa têm o problema de não estarem tão identificados com o processo defensivo, por isso entendo a opção pelo Salvio e Cervi a titulares. Depois, estes tendem a ser mais verticais que era o que pretendia ter com Mitroglou e Raúl como dupla atacante.

      Como é óbvio, depois ao longo do jogo, iria refrescar as alas e o ataque com estes jogadores.

      Já agora, em 4-2-3-1 e para mantermos compactos, se calhar o ideal seria terem jogado Carrillo ou Rafa e Zivkovic, em vez de Cervi e Salvio, respectivamente.

      É exactamente por termos jogadores tão bons no critério e precisão como eles, que não os acho superiores a nós (apesar do resultado volumoso nesta eliminatória).

      Com dois médios centro não teria sido nada um banho de bola como na Luz. A questão não está nos números, mas sim na estratégia. Na Luz quisemos sair a jogar como se estivéssemos a jogar contra o Tondela. Eles sabem pressionar como ninguém na Europa. E foi aí que tivemos dificuldades. Agora, apostando num jogo mais directo, mesmo num 4-4-2, dava para colocá-los em sentido.

      Depois, estás a falar de um Filipe Augusto como se fosse muito melhor que o André Almeida. Só para teres bem a noção, mal o Augusto entrou no jogo da Luz teve uma perda de bola comprometedora. Não é fácil. Jogar em 4-2-3-1 quando estás habituado a treinar em 4-4-2, não é fácil. Depois, André Horta,... estás a falar de não soluções, porque pura e simplesmente o jogador não está com ritmo de jogo. E, se o adversário já tem um ritmo muito superior... tens de ter uma estratégia mais energética, mais de choque, mais combativa, mais de jogar mal.

      O Salvio não é um jogador burro. Pode ser um jogador muito unidimensional no sentido de ter apenas duas coisas na cabeça dele: bola e baliza adversária. Mas, com dois tanques como o Mitroglou e o Raúl lá na frente, seria o ideal para vir detrás e ganhar segundas bolas.

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    2. Achas que esses nossos jogadores têm tanto critério e previsão como os deles, mas tê-los-ias deixado no banco.

      Eu acho que devíamos ter jogado num sistema completamente diferente, desde que tivesse sido bem preparado nos treinos. E não era o 4x2x3x1 ou o 4x3x3 tradicional - era o 'italiano' 4x3x2x1 com um 6, dois médios interiores e os nossos dois mais inteligentes jogadores nas costas de Mitroglou, Zivkovic e Jonas (ou Rafa, se Jonas não está mesmo a 100%, ao contrário do que disse no final do jogo). Com o Mitroglou a fixar pelo menos um dos três centrais, acho que a inteligência, a técnica em espaços curtos e as decisões destes dois jogadores, naquele espaço mais promissor para pô-los em sentido, entre a primeira e a segunda linha deles, podia testar mais efectivamente o ponto fraco deles - a transição e momento defensivos. Poria o Ziv a partir do tal meio-espaço direito e o Jonas a partir do meio-espaço esquerdo, alimentados pelos interiores e pelo Nélson Semedo/Eliseu.

      Acho que este trio da frente, pelas suas características face aos três defesas, is fazer mais estrago.

      E sem bola, era um 4x5x1...

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    3. Sim, porque eles iriam mastigar o nosso ataque. Eu queria era jogar em contra-ataque e fazer com que os adversários corressem muito e para trás. De tal forma que quando recuperassem a bola, esta estaria no terço defensivo deles.

      Com Zivkovic, Carrillo e Rafa, o mais certo era a bola passar por eles na 2ª fase e devido à pressão dos alemães, não passar dessa fase. Agora, jogando numa fase adiantada do tempo, as condições dos alemães seriam outras. Ou seja, mais desgastados, os tempos de reacção, tão fundamentais para o sucesso da pressão sobre o portador da bola, já não seria o mesmo e aí a qualidade do Zivkovic, Carrillo e Rafa poderia vir melhor ao de cima.

      Jogar num sistema completamente diferente era dar dois tiros nos pés e isso é tão português. Esse 4-3-2-1 é a táctica da árvore de Natal, ou a táctica do pirilau do Paulo Autuori, pá! ;D

      Se que a tua ideia seria a versão do Ancelloti no Milan, mas estás a equivocar-te ao pensares que o Mitroglou é um ponta-de-lança chato como a putaç@ como era o Pippo Insaghi, ou que o Zivkovic e o Jonas tinham o poder explosivo de arranque do Kaká... O mais próximo que tinhas era o Pizzi a fazer de Seedorf. Já agora, quem fazia de Pirlo nessa táctica? É que se é para meteres um Jamir... é preferível ficar quieto. ;P

      Entretanto, fizeste-me recordar esta equipa espectacular...

      http://i.imgur.com/OnCwHYK.png

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    4. Mas desde quando é que o Zivkovic e o Jonas não têm velocidade, explosão e intensidade??? Por amor de Deus...lembro-me bem da primeira intervenção de Ziv com a nossa camisola: precisamente um contra-ataque em que ele conduziu uns 50 metros, contornou vários adversários, atraíu e soltou no momento certo...a diferença entre eles e o Salvio não está na velocidade, na 'energia' ou na disponibilidade física - a diferença está no facto de, tendo isso em comum com o Salvio, são muito mais inteligentes e decidem muito melhor. Resumindo, são muito melhores jogadores...

      Quanto ao 4x3x2x1, desde quando é que jogadores diferentes, com características diferentes, não podem interpretar bem o mesmo sistema táctico??? Só se pode jogar neste sistema se se tiver clones do Inzhagi, Kaká, Pirlo etc???

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    5. * desde quando é que o Zivkovic e o Rafa não têm velocidade...

      Enganei-me...importante pq o teu argumento até se pode aplicar ao Jonas - mas nunca ao Ziv ou ao Rafa...

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    6. *serem muito mais inteligentes e decidirem muito melhor

      F***-se até erros de português 😒 é o que dá escrever com um olho no ecrã e outro na filha...

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    7. PS Concordo que com Ziv, Rafa, Carrillo o mais provável era eles serem envolvidos na 2a fase de construção; agora, daí não segue necessariamente que eles iriam perder sempre a bola, por causa da pressão alemã - é precisamente devido a essa pressão e à sua qualidade que temos que ter jogadores como eles, fortíssimos tecnicamente em espaços curtos e excelentes na decisão rápida (ie pensamento rápido...) sob pressão. Com eles envolvidos na 2a fase de construção - ou no contra-ataque -, a probabilidade de chegar à criação com perigo é maior.

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    8. Desde quando todos esses que mencionaste eram jogadores com a potência do Kaka?

      Repara que quando o Ronaldinho passou pelo Milan tentaram o mesmo sistema, mas o resultado não foi tão bom... e o Ronaldinho também era veloz e dotado tecnicamente. Tem tudo a ver com a forma como os jogadores utilizam o corpo.

      Não acho que um tridente desses teria resultado. A maioria deles são jogadores de bola no pé e para esse sistema dar resultado precisas que eles joguem mais no espaço. Caso contrário concentram-se no corredor central, tornando-se num petisco para o adversário.

      Num jogo destes, em que a pressão do adversário é superior à tua circulação de bola, previsas de nivelar com energia... com mais potência em jogo. E, maior simplicidade de processos. Eu preferia usá-los numa fase mais adiantada do jogo.

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    9. Benfiquista Primário, é precisamente porque considero que a pressão deles é mais forte que a nossa capacidade de sair de zonas de pressão através de combinações dos nossos jogadores que preferia não apostar em jogadores como Carrillo, Rafa e Zivkovic como titulares.

      A minha estratégia inicial não passaria pelo jogo curto, mas sim um jogo mais directo e com passes mais longos para a dupla de ponta-de-lança.

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    10. A ideia era com este jogo mais directo descaracterizar o encontro na primeira parte. Poderíamos não ter um fio de jogo, mas acredito que desta forma também o adversário não teria.

      Isto iria enervá-lo, o que com o desgaste acumulado faria com que perdessem o foco e começassem a disparatar. Aí seria o momento de atacarmos com acutilância.

      😉

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    11. Aaahhh finalmente percebi a tua ideia para o jogo, com este último comentário! Desculpa a minha lentidão 😉

      Mesmo assim, tenho dúvidas que essa estratégia de 'partir' o jogo na primeira parte tivesse resultado, só com Pizzi e Samaris no meio, sendo eles tão bons no contra-ataque.

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    12. A ideia era não ficar o Pizzi e Samaris sozinhos, mas sim o Weigl e Castro...

      ;P

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  5. António Madeira12/03/17, 13:03

    Sejas bem-vindo.
    Estranhei a tua ausência antes de um jogo tão importante, mas espero que esteja tudo de volta à normalidade.

    Esta é uma das hipóteses que me ocorreram, mas mesmo assim eu teria jogado com um avançado, mas não o Mitro. Teria apostado no Jimenez para pressionar mais a defesa deles, com maior capacidade de recuperação de bola e de espaço.
    O problema que vejo nesta tua tática é que continuaríamos a ter pouca gente com capacidade física para pressionar à frente da nossa defesa e fazer as compensações, tal como aconteceu na primeira mão, naquele que terá sido (não vi estatísticas) o jogo em que tivemos menos posse de bola.
    E repara que, com este 4-3-3, conseguimos fazer um bom jogo na primeira parte, tendo saído várias vezes em ataque apoiado até à área deles.
    Já aqui foi referido que a nossa linha defensiva não esteve tão bem, e concordo. O Eliseu desposicionou várias vezes a nossa linha e o Lindelof está irreconhecível (se bem que a jogar do lado errado). Este problema na defesa leva a um outro problema: o mental. Sem a confiança que Jardel e Lindelof transmitiam o ano passado, a equipa não me parece tão segura e hesita mais. Mesmo com um super Ederson...

    E depois, há que convir: sem Fejsa, sem Grimaldo e sem Jonas, fica muito difícil contrariar estas equipas, por muito que elas também estejam desfalcadas.

    No final das contas, lamento apenas duas coisas: o quarto golo deles em fora-de-jogo, que tornou o resultado exagerado e desmoralizador e a reação esquizofrénica de muitos benfiquistas.
    Entristecem-me aqueles que saem sempre da toca para criticar tudo e todos, para dizer mal, para enxovalhar os seus e acharem que sabem mais do que os que lá estão todos os dias e que tanto já nos deram num passado recente.
    O que vale é que somos tão grandes, mas tão grandes, que até esses serão bem-vindos este ano no Marquês.
    E amanhã lá estarei, para apoiar esta equipa rumo ao tetra.

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    1. Olá António!

      Essa hipótese que tu apontas de jogares com um avançado como o Raúl em vez do Mitroglou, foi o que o Hertha fez ao jogar com o Ibisevic lá na frente. Se fores a ver bem o primeiro golo do Hertha, percebemos bem a vantagem de um avançado com essa disponibilidade energética.

      Quanto à minha estratégia, repara que coloquei na representação um posicionamento que penso que seria o normal em caso de contra-ataque encarnado. Ou seja, com bola, embora as nossas linhas permanecessem um pouco mais resguardadas, os dois pontas de lança atacariam logo o espaço nas costas da defesa do Dortmund que teria logo a tendência para descer, criando o tal espaço entre esse tridente defensivo e o resto da equipa. Com um passe directo para o Mitroglou e com o Raúl bem perto deste, criaríamos um 2x1 sobre o Sokatris ou outro central germânico. Estaríamos a criar uma vantagem numérica local que permitiria ganharmos a posse de bola. Depois esse jogador poderia temporizar um pouco para aguardar que Cervi e Salvio aparecessem para o contra-ataque.

      Sem bola, não queria que eles estivessem feitos malucos a correr atrás dos defesas. Queria isso sim que fizessem contenção e que posicionassem de tal forma a impedir que a bola entrasse entre-espaços. Cobrindo com os seus cones de sombra as linhas de passe para adversários, sempre com a bola como referência, convidando os defesas a saírem pelas alas e aí montar a armadilha para recuperar a posse de bola. Isto leva trabalho e é desgastante, mas para isso existe a possibilidade de substituição. E, jogadores como Rafa poderiam depois entrar para fazer o mesmo trabalho, com uma outra nota: a defesa adversária já estaria algo desgastada.

      A nossa linha defensiva ficou desorganizada, porque acabámos por jogar o jogo deles e não o nosso.

      Sem Fejsa, sem Grimaldo e sem Jonas... não ia por aí. Penso que é fácil cair nessa tentação de comparação, mas não acho-a correcta. Na Luz o pior jogador do Benfica foi talvez o sérvio. O mais acertado a nível defensivo nesse jogo foi o Eliseu. E, quanto ao Jonas, a classe dele é fundamental, mas interrogo-me se perante este ritmo ele teria capacidade de reagir...

      Quanto ao que escreves nos últimos parágrafos, também não entendo porque os Benfiquistas dão ouvidos a tantos comentadores que são claramente anti?!

      #RumoAoTr3t6

      ;)

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    2. PP, eu posso falar por mim: primeiro, comentei na blogosfera gloriosa; DEPOIS de comentar, vi posições que corroboravam a minha, de comentadores como o Bruno Pereira, do orgulhosamente lampião, o Bruno Fidalgo e o Pedro Bouças do Lateral Esquerdo e o Rui Malheiro do Grande Área. Não me parece que se possa dizer que qualquer um destes não sabe de futebol - que sabem muito mais que eu, por exemplo, é uma evidência...atribuis a qualquer destes um anti-benfiquismo primário, que se sobreponha ao conhecimento do jogo que têm?

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    3. Eu estava a falar da "reacção esquizofrénica de muitos benfiquistas", ou "aqueles que saem sempre da toca para criticar tudo e todos, para dizer mal, para enxovalhar os seus e acharem que sabem mais do que os que lá estão todos os dias"... o que é muito diferente do que o Bruno e o Pedro fazem, não achas?

      Eu até posso não concordar com as estratégias deles para o jogo, mas isso é normal. Agora, não os vejo a botarem tudo abaixo como muitos comentadores e jornalistas fazem. Muito pelo contrário. Gostam de dar a sua opinião sempre de forma construtiva e sempre pela positiva.

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    4. Estamos de acordo então. Ainda bem :)

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    5. Mas, porque raio pensaste outra coisa? Os verdadeiros comentadores da televisão nem sequer são especialistas na matéria. Daí o discurso sempre de bota-abaixo. O que me aflige mais é ver ex-jogadores da década de 70 e 80 a maltratarem o futebol que tanto lhes deu de comer. Mas, isso é outro tema...

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    6. Porque pensei outra coisa? Olha, confesso que enfiei a carapuça do que escreveu o António Madeira, e depois do teu comentário...e porque é que enfiei a carapuça? Porque sempre fui muito crítico de RV e já me foram dirigidos textos como aquele do AM centenas de vezes...e até tu já me atribuiste ser muito influenciado pelos comentadores/jornalistas 'mainstream'...

      Pelos vistos enganei-me ao enfiar esta carapuça - e ainda bem :).

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  6. António Madeira12/03/17, 15:46

    Como já disse, compreendo a teorização dessa tática, mas penso que o Rui terá optado pela opção que lhe desse mais garantias de um maior equilíbrio. E tal como referi, penso que isso aconteceu, principalmente na primeira parte.

    Mas há um outro aspeto que referiste mais acima e que merece uma reflexão mais aprofundada: a componente física.
    Este Dortmund joga numa Liga imensamente competitiva a nível físico. Nesse aspeto, o andamento deles é muito superior ao nosso. Embora em Portugal passemos a maior parte do tempo em processo ofensivo, a ausência de pressão física sobre a equipa em todo o campo reflete-se nestes jogos de alto nível. Repare-se na diferença para o ano passado, em que tínhamos um prodígio físico no meio campo e que ajudou a compensar esse défice competitivo.
    Portanto, não é só a diferença financeira, mas a diferença competitiva entre ligas, que faz ainda mais mossa quando se tem jogadores de alto valor técnico a correrem e a ocuparem espaços como fazem os de Dortmund.
    Uma palavra quanto ao Fejsa. Eu estive na Luz na primeira mão e vi o que todos vimos: o sérvio falhou mais do que o costume. E se falhou não foi porque desaprendeu, foi porque não teve apoio do Pizzi (não o culpo, porque não tem capacidade física para atacar e defender contra uma equipa destas) e porque teve mais adversários no seu raio de ação. O desgaste físico e mental é muito superior, daí eu achar que jogar com três médios foi, dadas as circunstâncias, a decisão acertada.
    Se os jogadores foram os mais indicados, isso já são outros quinhentos.

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    1. Muito tenho para dizer António...

      Verdade que o RV é que treina e sabe melhor do que ninguém os pontos fracos e fortes dos seus jogadores. Também é verdade que a maioria reforçaria o meio-campo com mais um médio. No entanto, para termos resultados extraordinários é preciso pensar um pouco mais além. Eu abordo outra forma de pensar. Uma forma de pensar mais da europa do norte, da Inglaterra, da Holanda, da Alemanha e até mesmo da Itália. Tudo selecções de topo mundial.

      Não acho que fisicamente eles sejam superiores a nós. Se o fossem não recentiam nos jogos do campeonato após jogo para a Champions a meio da semana (perderam este fim-de-semana). O que eu vejo é duas coisas nas equipas alemãs: treinam muito o gegenpressing e têm uma cultura de exigência muito vincada. Isto nota-se no facto de quando estão a ganhar e se podem marcar mais golos eles não abrandam o pé como nós vimos muitas vezes o Benfica fazer.

      Quanto ao Pizzi... para mim está feito um enorme jogador. Tivesse o Rui Vitória apostado mais no treino de contrapressão e puxar as orelhas mais vezes a meninos como o Cervi e o Salvio e podes ter a certeza que já não se falava do Pizzi, do Fejsa e do Samaris.

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  7. "Se o fossem não recentiam nos jogos do campeonato após jogo para a Champions a meio da semana (perderam este fim-de-semana). O que eu vejo é duas coisas nas equipas alemãs: treinam muito o gegenpressing e têm uma cultura"

    Para quê o alemão quando...

    res·sen·tir - Conjugar
    (re- + sentir)
    verbo transitivo
    1. Tornar a sentir.
    verbo pronominal
    2. Ofender-se; mostrar-se ressentido.
    3. Sentir os efeitos de.
    4. Advertir, dar fé.

    "ressentir", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/ressentir [consultado em 16-03-2017].

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  8. Está tudo bem contigo e com os teus, PP? Espero que sim :)

    Está aqui um gajo furioso a precisar de cascar forte e feio no RV e no nosso futebolzinho - e o PP nem vê-lo! ;)

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