01 agosto 2015

Os dois últimos jogos na ICC (Parte 1)


1ª parte da análise aos dois últimos encontros do Benfica na
International Champions Cup de 2015.

Jogo frente ao New York Red Bulls
O último jogo em solo americano, realizou-se na "Big Apple", frente aos New York Red Bulls perante um estádio repleto de Benfiquistas americanos. Em termos de promoção da competição, a organização não pode estar mais satisfeita com o convite endereçado ao bicampeão Português. Foi um sucesso a todos os níveis. Quanto ao jogo, houve melhorias e analisando friamente, o resultado final não espelha com exactidão o que aconteceu nas 4 linhas.

Onze titular encarnado frente aos americanos do New York Red Bulls. Da esquerda para
a direita: Ola John, Nelson Semedo, Carcela, Taarabt, Lisandro López, Luisão, Ederson,
Samaris, Pizzi, Sílvio e Jonathan Rodriguez.

Os encarnados entraram em campo com um onze repleto de novidades e das supostas segundas escolhas. Na baliza, o estreante Ederson. O quarteto defensivo foi formado pelo miúdo Nelson Semedo na direita, Sílvio na esquerda, Luisão e Lisandro ao centro. O núcleo do meio-campo foram os habituais titulares da época passada: Samaris e Pizzi. Nas alas, Ola John e Carcela iam-se revezando à vez na direita e na esquerda. A dupla atacante foi formada pelo estreante Taarabt e pelo Jonathan Rodriguez. Com uma intensidade superior aos jogos anteriores, o Benfica chegou à vantagem, por intermédio do médio Pizzi após combinação com o marroquino Carcela. Isto, apesar de uma entrada forte por parte dos americanos. Com o passar do tempo, alguns jogadores que tinham actuado em menos de 48 horas, como por exemplo o Luisão, davam sinais de claro cansaço físico. O capitão encarnado teve uma série de lances caricatos com passes mal medidos para o guarda-redes, deixando o jovem Ederson muitas vezes com a batata quente. Até que antes do intervalo, borra por completo a pintura, ao falhar um passe para o guardião e este se transformar numa assistência perfeita para o avançado Bradley Wright-Phillips, repor a igualdade no marcador.

Percebi o porquê de Rui Vitória ter colocado este onze em campo: o Benfica tinha feito um jogo em menos de 48 horas, pelo que não seria correcto colocar o habitual onze titular. Penso que Rui temeu que a sua defesa ficassse sem referência sem Luisão em campo, daí que este tenha sido titular. No entanto, ficou patente que o melhor teria sido apostar no jovem sueco campeão europeu de sub21. Penso mesmo que perdeu-se a oportunidade perfeita para o Lindelöf limpar a imagem da "escorregadela" frente aos parisienses no primeiro jogo do torneio, e evitar que o "girafa" tivesse um passe daqueles. Outra oportunidade que ficou por concretizar, foi a de verificar a capacidade de liderança de Lisandro López no sector mais recuado.

As dificuldades físicas não só recaíram sobre o Luisão. Se o capitão e o Sílvio podem ter desculpas, já jogadores como Taarabt e sobretudo Ola John não! Bem, o marroquino já não jogava à algum tempo, portanto, aqui o puxão de orelhas vai cair, por inteiro, sobre o holandês. Como é possível o Ola John não se ter preparado convenientemente nas férias? Comparar a forma física com que se apresentou nesta pré-época e aquela que o jovem Nelson Semedo apresentou, é como da noite para o dia. Por falar neste miúdo, conformo já tive oportunidade de escrever, é para mim o titular da lateral direita neste início de temporada. O técnico encarnado não pode ter medo de apostar nele.

Disposição táctica e substituições do Benfica
frente ao New York Red Bulls.

Após o intervalo, Taarabt e Ola John tinham de sair. Para o lugar deles entraram o Djuricic e o jovem Gonçalo Guedes, respectivamente. Para vos ser franco, não gostei da entrada do "puto-maravilha" da Luz. Achei-o muito lento na reacção e estava à espera de vê-lo bem soltinho, como se tivesse preparado intensamente nas férias. É importante, que estes miúdos da formação, comecem a levar as coisas bem a sério, pois se as oportunidades são difíceis mesmo estando preparados, tornam-se quase impossíveis se virem a pensar que a vaga está ganha. Falando no sérvio, esteve um pouco mais dentro do jogo que o Taarabt. Motivo? Mais uma vez, a condição física.

E, foi exactamente o desgaste físico de muitos dos jogadores que estavam em campo, como por exemplo Luisão e Sílvio, que foram o principal adversário do Benfica nesse encontro. Com o desgaste, o Benfica não conseguia manter a equipa compacta. Sílvio já reagia tarde, quer para atacar, quer para defender. Por seu turno, Luisão já não saía lá detrás, amarrando assim a equipa e pior, colocando toda a equipa nova iorquina em jogo. Mesmo assim, Samaris e Pizzi iam chegando para as encomendas, até que não tiveram reacção para fazer pressão sobre o McCarty que faz um excelente golo num dos poucos remates que eles fazem à baliza de Ederson.

Depois do golo, Rui Vitória resolve injectar 3 dos habituais titulares no jogo: Gaitán, Talisca e Jonas. Destas três entradas, gostei apenas do Talisca no meio-campo. Gostava de vê-lo mais vezes naquelas funções, pois penso que poderá crescer muito ali. Gaitán teve ali uma ou outra jogada e sacudiu um pouco o jogo em nosso favor. Mas, era tudo muito à base do individual. Aliás, por falar de individualismo o que dizer da exibição do jovem uruguaio? Percebo que os jogadores queiram marcar para se mostrarem, mas o Jonathan Rodriguez deveria ter ouvido uns três ou quatro berros bem dados e isto ainda na primeira parte, quanto mais na segunda. Jonas, sem bola e sem apoios, torna-se uma luta inglória.



Por fim, o técnico encarnado ainda faz duas substituições no minuto 82. Pergunto, porquê? Porquê deixar o Luisão e o Sílvio, precisamente os dois jogadores em maior défice físico quase até ao final? Se fisicamente não se percebe, tacticamente muito menos! Luisão, conforme já mencionei não subia no terreno, logo a recuperação de bola era feita no nosso meio-campo defensivo o que provocava ainda mais desgaste na equipa. Por outro lado, com Sílvio a jogar a lateral esquerdo, não havia profundidade nessa ala. Em suma, João Teixeira e Marçal deveriam ter entrado muito antes, para podermos virar o resultado. Mesmo assim, o lateral esquerdo brasileiro poderia ter feito o tento do empate, se a bola não tivesse saltado num tufo de relva no momento em que rematou à baliza. Estou certo que esse infortúnio não teria acabado na bancada, mas sim no fundo das redes americanas.

2 comentários:

  1. "a organização não pode estar mais satisfeita com o convite endereçado ao bicampeão Português. Foi um sucesso a todos os níveis."

    Não consigo concordar. Fomos a 2ª pior equipa da competição. Dificilmente seremos de novo convidados devido à vergonhosa prestação que tivemos. A imagem do SLB está muito fragilizada por não conseguir competir com equipas internacionais, conforme este torneio confirmou aquilo que a Liga dos Campeões tem demonstrado. Sad but true!

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    1. Sendo assim, o mesmo poderia ser dito do Barcelona...

      Foi um sucesso, porque soube chamar a comunidade Portuguesa, que é enorme em Toronto e Nova Iorque (assim como na Califórnia) aos estádios.

      A nível desportivo, penso que os dividendos iremos perceber futuramente.

      A nível financeiro, é óptimo. Não só porque ganhamos logo à cabeça 3.5M€ como estamos na competição referência de pré-época para clubes.

      Mesmo que o Benfica actual tem dificuldades em competir com equipas internacionais, é com este tipo de experiências que podemos evoluir. Decerto que não é a jogar com equipas Bs ou com os amadores dos Alpes que lá vamos.

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