02 março 2019

Mensagem...


... para o clássico.


Nestas horas que antecedem o importante encontro que nos pode colocar finalmente no lugar onde merecemos estar, em 1º lugar, a tensão começa a subir. É normal. A parte reptiliana do cérebro começa a funcionar e vê-se tudo sobre a lente do risco. O risco de perder parece muito maior do que o risco de vencer. Ainda para mais, quando envergamos a camisola da única equipa cujo único resultado que verdadeiramente nos interessa para atingirmos os nossos objectivos é a vitória. Ao contrário dos azuis-e-brancos, que se podem contentar com o empate, caso não consigam vencer o jogo, aos encarnados só interessa a vitória. Se adicionarmos a todo este contexto, a pressão que o Porto exerce fora de campo para poder retirar dividendos quando entrar nas 4 linhas, quer seja com utilização de protocolos de recuperação física e médica ainda não aprovados para recuperar os seus principais jogadores, quer seja a tentar perturbar o sono dos atletas encarnados na noite que antecede o clássico usando as suas claques, passando pelas tentativas já usuais de "mind games" como esta última do Sérgio Conceição tentar dizer o onze do Benfica na véspera, ou das demais notícias encomendadas quer seja com o André Villas-Boas a explicar como prepararam o clássico na sua altura, quer seja com estórias do João Félix ainda como jogador da formação do Porto, passando pela velha táctica de assédio dos jovens jogadores encarnados por parte de grandes tubarões europeus. Tudo isto só serve para tentar retirar o foco dos nossos jovens atletas. E, por serem jovens, muitos ainda demasiado jovens, é que sinto necessidade de libertar esta mensagem de motivação.

É uma mensagem maravilhosa que tenta retratar uma daquelas conversas (monólogos) que os pais têm a certo momento com os seus filhos. O poema original é do escritor britânico, nascido na Índia e, prémio Nobel da literatura em 1907, mas cuja tradução do nosso conhecido Félix Bermudes consegue ser ainda mais tocante. Engraçado, porque o antigo presidente é um tripeiro de gema, daqueles à Benfica! Portanto, a mensagem faz todo o sentido.

Se-
«
Se podes conservar o teu bom senso e a calma
No mundo a delirar para quem o louco és tu...
Se podes crer em ti com toda a força de alma
Quando ninguém te crê... Se vais faminto e nu,
Trilhando sem revolta um rumo solitário...
Se à torva intolerância, à negra incompreensão,
Tu podes responder subindo o teu calvário
Com lágrimas de amor e bênçãos de perdão...
Se podes dizer bem de quem te calunia...
Se dás ternura em troca aos que te dão rancor
(Mas sem a afectação de um santo que oficia
Nem pretensões de sábio a dar lições de amor)...
Se podes esperar sem fatigar a esperança...
Sonhar, mas conservar-te acima do teu sonho...
Fazer do pensamento um arco de aliança,
Entre o clarão do inferno e a luz do céu risonho...
Se podes encarar com indiferença igual
O triunfo e a derrota, eternos impostores...
Se podes ver o bem oculto em todo o mal
E resignar sorrindo o amor dos teus amores...
Se podes resistir à raiva e à vergonha
De ver envenenar as frases que disseste
E que um velhaco emprega eivadas de peçonha
Com falsas intenções que tu jamais lhes deste...
Se podes ver por terra as obras que fizeste,
Vaiadas por malsins, desorientando o povo,
E sem dizeres palavra, e sem um termo agreste,
Voltares ao princípio a construir de novo...
Se puderes obrigar o coração e os músculos
A renovar um esforço há muito vacilante,
Quando no teu corpo, já afogado em crepúsculos,
Só exista a vontade a comandar avante...
Se vivendo entre o povo és virtuoso e nobre...
Se vivendo entre os reis, conservas a humildade...
Se inimigo ou amigo, o poderoso e o pobre
São iguais para ti à luz da eternidade...
Se quem conta contigo encontra mais que a conta...
Se podes empregar os sessenta segundos
Do minuto que passa em obra de tal monta
Que o minuto se espraie em séculos fecundos...
Então, ó ser sublime, o mundo inteiro é teu!
Já dominaste os reis, os tempos, os espaços!...
Mas, ainda para além, um novo sol rompeu,
Abrindo o infinito ao rumo dos teus passos.
Pairando numa esfera acima deste plano,
Sem receares jamais que os erros te retomem,
Quando já nada houver em ti que seja humano,
Alegra-te, meu filho, então serás um homem!

»
- "If..." - Rudyard Kipling tradução por Félix Bermudes




19 comentários:

  1. António Madeira02/03/19, 18:13

    Excelente. Tinha lido o poema com a tradução do Félix e ouvido o Villaret precisamente esta semana.
    Não podia vir em melhor altura. Que seja um momento histórico e o início de uma caminhada que se quer marcante para esta geração.
    Vai, Benfica!

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    1. É de facto um poema que segue os nossos valores e aqueles que queremos passar para as gerações mais jovens.

      Hoje o Porto vai ser igual a si próprio, vai instigar, vai corromper, vai picar, vai caluniar e no final, se perder, jamais irá reconhecer o valor do adversário.

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  2. Eu acho que é ao contrário. O empate para nós serve mais porque eles querem concentrar-se na Champions. Se empatarmos ainda ficamos com 10 jogos para recuperar um ponto.

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    1. Não serve pelo simples facto de não dependermos de nós próprios. Pode ser um mal menor, mas continua a ser um mal.

      Btw, nos últimos 5 anos, o Porto venceu 2 jogos, houve 2 empates e o Benfica venceu apenas uma vez. Uma vitória hoje seria o culminar de um equilíbrio no campo deles. Seria criar o ponto de inflexão face à hegemonia que conquistaram nas últimas décadas, sobretudo, em casa.

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  3. A RTP Memória estação pública, achou por bem neste dia, evocar e transmitir um jogo disputado no estádio das Antas em 1978 que o Porto ganhou por 1-0 e foi nesse ano campeão nacional.

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    1. Os dragartos estão todos muito bem colocados e protegem-se entre si. Sempre foi assim e sempre o será, ao contrário do que querem muitas vezes dar a entender. São as minorias que controlam.

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    2. É deixá-los entretidos. Por este andar, conquistas dragartas nos próximos tempos só mesmo na RTP Memória.

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    3. Ora nem mais The Man in Red.

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    4. Ou, posto de outra forma, sempre é melhor ver vitórias em directo do que em diferido... hehehe

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  4. Em primeiros outra vez! Com arbitragem de sentido único para variar, mas hoje estivémos invulneráveis. Grande atitude, estamos a jogar excelentemente e a continuar assim vamos ser um caso sério até na Europa.

    We're baaaaaaaaaaaack

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  5. E este poema foi quase profético! Vejo-o por exemplo naquele momento em que o nosso Félix estende a mão ao treinador frutista...😁

    Lindo lindo lindo! O futebol total ganhou à corrupção total!

    Bruno Lage já é para o Benfica o novo Eriksson, um dia será também para o futebol o novo Guardiola!...

    Três vitórias em Guimarães, Alvalade e Antro Frutista - eis o terrível calendário na segunda volta que os dragartos não se cansavam de apregoar...

    Carregaaaaa Benficaaaaaaaa!

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    1. «Se podes encarar com indiferença igual
      O triunfo e a derrota, eternos impostores...»

      Isto é tão Bruno Lage. Tão mesmo! Lembrei-me desta parte do poema quando ele ontem falou no final do jogo, exactamente sobre a forma de estar na vitória e na derrota.

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  6. Boas PP, ainda bem que ganhámos, mas ontem um empate também servia, aliás, até uma derrota por um golo de diferença e com golo(s) nosso(s), poderia servir, ficaríamos em vantagem no confronto directo em qualquer um destes cenários menos felizes que aquele que, para alegria nossa ocorreu.

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    1. Uma derrota ou empate faria com que não dependêssemos de nós próprios. Logo aí era uma tremenda desvantagem. Merecemos a vitória, porque fomos de facto a melhor equipa em campo.

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    2. Como o nosso histórico lá é o que sabemos, com qualquer um dos outros cenários confesso que não entraria em depressão, claro que com a vitória estou, estou... nem sei dizer bem, talvez o melhor termo seja mesmo tranquilo.

      Os nossos rapazes estão de parabéns, não só pela vitória, mas também por nunca terem mostrado medo deles, aliás, eles é que tinham medo dos nossos, e com razão como se veio a comprovar.

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    3. Se queremos ter resultados diferentes, temos de ter uma atitude diferente. E essa atitude reflecte-se também na exigência que temos para connosco. Se treinamos arduamente e somos melhores que o adversário, porque não esperar o melhor resultado possível?

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