07 junho 2015

Porque não uma solução fora da caixa?


O Benfica terá mesmo que contratar um treinador Português? O que realmente a nossa equipa precisa? Qual a melhor opção?


A saída de Jesus, poderá ser vista como uma tragédia ou como uma oportunidade. Depende, como é óbvio, da perspectiva e da mentalidade que cada um tem. Tendo em conta que as mudanças, apesar de terem esse grau de ambiguidade quanto ao futuro, convém debruçarmos sobre uma atitude construtiva, pois só essa irá possibilitar crescimento. É por esse motivo que tenho pensado muito no que o que é que a nossa equipa precisa? Quais são as suas principais deficiências e virtudes? E, como podemos tornarmos-nos ainda mais fortes para atacar o tricampeonato?

Olhando para o Benfica de Jesus, sempre pareceu-me uma equipa que em Portugal era quase ímpar em todas os momentos do jogo (momento defensivo, momento ofensivo, transição defensiva, transição ofensiva e bolas paradas). Contudo, na Europa e face a equipas mais bem organizadas e com melhores valores individuais, verificou-se que o Benfica de Jesus nunca convenceu por completo, sobretudo na organização do momento ofensivo. Por isso mesmo, é que em muitos jogos não conseguimos ter o controlo do jogo. Inclusive, no jogo do título deste ano, apesar do desperdício de chances de golo falhadas, na segunda parte claudicámos no controlo ofensivo do jogo. Ou seja, muitas vezes parecemos uma equipa sem ideias ofensivas e que vive muito da inspiração de Jonas, Gaitán, Salvio e Pizzi. Tudo isto porque talvez "Jota-Jota", tal como muitos treinadores nacionais, incluindo os referidos para seu lugar (Rui Vitória, Marco Silva, Paulo Bento, Vítor Pereira,...), pensam que a organização ofensiva está a cargo da criatividade intrínseca dos seus jogadores.

Ora, olhando para a exibição do Barcelona na final da Liga dos Campeões desta temporada, frente à Juventus, com trocas de posição, movimentações com e sem bola, um ou dois toques, pequenas acelerações, de forma intensa e concentrada, com uma pressão de todos os jogadores e todos os sectores unidos, fiquei com a clara sensação de que "é isto que falta ao meu querido Benfica"! Não se trata do sistema de jogo. Trata-se sim dos princípios de jogo, sobretudo os ofensivos, onde há uma clara desorganização posicional organizada. Onde há princípios claros de ocupação de espaço e de troca de bola para controlar o tempo e o pulmão da equipa. Fiquei com um enorme desejo de ver isto no meu Glorioso.

Sendo assim, quem poderá dar-nos esse factor extra à nossa equipa principal? E, já agora transmitir esses conhecimentos à nossa formação? A primeira pergunta que coloquei foi: haverá algum treinador português com essa capacidade de operacionalidade? Eu penso que não! Tendo em conta as duas principais referências do treino futebolístico serem mais adeptos do futebol de transição, como são Jesus e Mourinho, facilmente percebemos que no universo nacional haverá mais discípulos destes dois do que propriamente da escola "espanhola". Talvez a excepção à regra seja mesmo o Peseiro. No entanto, nem no seu apogeu o futebol que apresentou se assemelhou ao futebol que o Barcelona pratica.

A questão perdura: quem poderá colocar o Benfica a jogar de forma verdadeiramente total? Ao alcance das nossas bolsas, só vejo um e é espanhol. Seu nome, é Paco Jémez. O que este "nuestro hermano" tem feito no modesto Rayo Vallecano, colocando uma equipa de caramelos a jogar um futebol atraente, personalizado e dominante, mesmo quando joga contra os grandes espanhóis, não é para todos. Dentro das quatro linhas é um treinador muito interventivo, com muita atenção aos detalhes e muito exigente com os seus jogadores, levando-os a atingir outros níveis competitivos e exibicionais. Fora delas, Paco é igual a si mesmo. Tem uma opinião concreta daquilo que quer e de como fazer. Não pensa por outros. Pensa pela sua própria cabeça. Sabe-se estar em frente às câmaras e sabe-se estar nos "mind games". Em suma, um idealista e um romântico com muito carácter.

Sinceramente, não sei até que ponto não seria fantástico esta solução. Talvez o único senão seria o facto de ser espanhol e com isso o lobby dos treinadores nacionais tentar criar a guerra Jesus contra os espanhóis (Paco e Lopetegui). De qualquer modo, estou certo que Paco traria muito mais classe e "know-how" para o futebol Português que alguma vez o Lopetegui trouxe ou venha a trazer.




P.S.: Querem conhecer um pouco mais Paco Jémez e suas ideias? Então leiam este artigo.

12 comentários:

  1. Infelizmente o presidente não tem esse tipo de preocupações. Vai escolher com a visão limitada que tem, entre os que conhece e talvez até por uma relação de proximidade ou de amizade. Por isso RV é o que está na calha, infelizmente.

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    1. Infelizmente, também não podemos dizê-lo já. Se o escolhido for o RV este com certeza que virá para agarrar a oportunidade que a meu ver será única para a sua carreira.

      No entanto, penso que esta opção do Paco seria a curto, médio e longo prazo bastante boa. O espanhol é um apaixonado pelo futebol, tal como o Jesus. Depois é um líder dentro e fora do grupo. É um treinador que não tem receio de meter o dedo na ferida e não teme nada nem ninguém. É um treinador cheio de carácter que tanto joga no limite com o último classificado como com o primeiro.

      Depois, tem o tal conhecimento do futebol ofensivo que penso que falta em Portugal. Estou certo que todos os jogadores do plantel principal iriam evoluir imenso. Por outro lado, a nossa formação também iria evoluir.

      Cada vez que penso mais nesta temática do futuro treinador do Benfica, mais me identifico com esta opção.

      Repara que até seria o melhor em termos de popularidade. Rui Vitória está um pouco manchado com o futebol apresentado pelo Vitória de Guimarães, que a bem dizer eu acho que ele pouco ou nada poderia fazer melhor, tendo em conta o orçamento que tinha. Por outro lado, a opção Marco Silva, embora com esperança no potencial do jovem, está pouco clara face ao processo litigioso com o Sporting.

      Em termos de competências, penso que o Paco está mais à frente que os outros por dominar algo que mais ninguém domina em Portugal: momento ofensivo.

      ;)

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    2. Não conhecia o Paco mas pelo que entretanto vi também concordo que um treinador com esse perfil seria capaz de fazer a diferença no mundo limitado do futebol tuga.

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    3. José Ramalhete,

      Se tiveres oportunidade faz uma pesquisa por este treinador e verificarás por ti próprio o quanto se fala dele e o que ele tem feito dentro e fora das quatro linhas.

      Estou certo que este treinador, tendo o mesmo apoio que Jesus teve da "estrutura", é senhor para potenciar ainda mais todo o futebol encarnado e assim assegurar o modelo de negócio à volta do clube, mas melhorando ainda mais a sua performance desportiva. E, tudo isto por um valor mais baixo do que se pagava ao Jesus...

      ;)

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  2. Podia ser uma solução interessante , especialmente se acompanhado por um adjunto que conhecesse bem o futebol português. Mas amanhã deverá ser anunciado Rui Vitória

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    1. Por acaso, já tinha pensado nisso e a minha aposta para adjunto seria o Vítor Paneira.

      Se amanhã for anunciado o Rui Vitória, será uma aposta na continuidade sem os entraves. Vamos ver é se o RV aproveita a oportunidade e dar um cunho pessoal... Mas, confesso que a decisão ainda não deverá ser para amanhã.

      De qualquer maneira, estaria muito atento às movimentações no mercado. Por exemplo, o Danilo Pereira é o típico jogador que fazendo uma temporada na Champions League passa logo a valer o dobro ou o triplo do que vale actualmente (4M€). Era bem capaz de emprestar o Cristante, que precisa de fazer muitos jogos e isso é algo que com Fejsa, Samaris e Rúben Amorim em forma dificilmente poderá fazer. Por seu turno, um Danilo Pereira no banco seria um descanso para o treinador, uma vez que é um jogador basicamente já formado. Esta contratação obrigaria a que em caso de venda do William de Carvalho o Sporting teria que ir ao mercado e gastar uma nota preta e o Porto sem Casemiro teria como opções 3 ou 4 jovens: Rúben Neves e Podstawski da cantera azul-e-branca, e Danilo do Braga e ainda Lucas Silva do Real Madrid. Sendo jovens e não estando no máximo dos seus potenciais, significaria que aquela posição seria sempre mais débil, do que com uma opção já rotinada com um Danilo Pereira. Ah! E este conta como formado pelo clube encarnado...

      ;)

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  3. De facto, estaria aqui uma bola solução, pois nesta fase é importante entusiasmar os adeptos, caso contrário iremos ter imensas dificuldades.
    Carrega BENFICA.

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    1. É preciso ser-se muito inteligente nesta fase. Emocionalmente, podemos estar a cometer erros desnecessários.

      Percebo a intenção de LFV, porque entendo o modelo de negócio do Benfica, o qual até estou em sintonia. Para tal, o presidente precisa de ter uma equipa técnica que realmente saiba potenciar jogadores num contexto de vitória e de títulos. Rui Vitória e Marco Silva servem? Provavelmente sim, ainda para mais se tiverem o apoio incondicional da "estrutura", tal como teve o Jesus. Agora, será que estes dois terão o necessário para dar aquele factor extra que o Benfica precisa e que falei no artigo? Eu penso que não!

      Já agora, sabes o que me entusiasmava? Era o LFV e o Mendes irem resgatar o Bernardo Silva ao Mónaco. Isso sim era de coragem e um acto de gestão soberbo a todos os níveis. Já o estou a ver com a camisola 10 a nascer umas 10 vezes em frente ao Jesus na final da Supertaça já em Agosto...

      ;P

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    1. JP,

      A saída do Gaitán é mais que certa face ao que já sabemos...

      Quem mais poderá vestir a mítica "10"? Deixo-te o seguinte convite:

      http://o-guerreiro-da-luz.blogspot.pt/2015/06/sera-que-o-retorno.html

      ;)

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  5. "o Benfica de Jesus nunca convenceu por completo, sobretudo na organização do momento ofensivo"

    LOL então na final contra o Chelsea em que toda a europa elogiou o ataque lol

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    1. Toda a Europa elogiou a exibição do Benfica, mas será que foi assim tão boa? Pelo menos a exibição ofensiva?

      O jogo que referes é uma final, onde todos os jogadores querem jogar e mostrarem-se. A meu ver a exibição nos primeiros 20 a 30 minutos desse encontro mais se deveu à motivação da equipa do que propriamente a um trabalho pensado durante a semana quanto aos momentos ofensivos.

      Recordo-me perfeitamente das exibições muito elevadas de Gaitán e até de Rodrigo. Estavam diabólicos e ao mesmo tempo perdulários nesse encontro.

      Quando escrevo sobre "convencer por completo na organização do momento ofensivo", refiro-me a ter o controlo do jogo e estar constantemente no momento ofensivo. Encostar o adversário na sua grande área e criar lances de perigo. Um pouco como o Barcelona e o Bayern Munique fazem.

      Recordo, que nessa final, o Benfica tinha transições ofensivas muito fortes, mas não períodos de cerco completo ao Chelsea.

      Depois do golo do Torres, viste o ocaso, o vazio de ideias, que assombrava o nosso ataque? Não fosse aquela mão do Azpilicueta e se calhar nem tínhamos empatado...

      E, já agora, como é possível sofrer aquele golo do Torres? O lance se fores ver bem começou com um passe com a mão do Cech para o meio-campo do Chelsea. Onde esteve o tal trabalho defensivo exemplar do Jesus?

      É óbvio que a culpa não é do treinador. São os jogadores que jogam e estes não estão imunes aos erros. Contudo, em termos ofensivos viu-se o deserto de ideias do nosso ataque. Sobretudo, quando Gaitán ficou sem pilhas...

      Já agora, se fossemos tão seguros no momento ofensivo, porque raio é que quando íamos ao Dragão, por exemplo, jogávamos sempre na retranca?!

      ;)

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