20 janeiro 2013

O filho do vento


Claudio Paul Caniggia, craque argentino da década de 90, que actuou no Glorioso na época de 1994-1995, foi homenageado esta semana na Luz pelas mãos dos artistas do Kamp Seedorf, numa figura do jogador em arte de rua.


Só não sei é se este temporal pelo país todo, não sejam os deuses a quererem ver a figura de um dos seus filhos...

Recordando "El hijo del viento" (o filho do vento), também conhecido por "El Pájaro" (o Pássaro), ou para os amigos "El Cani" (diminuitivo de Caniggia), foi de facto um dos jogadores mais emblemáticos da década de 90, sobretudo quando ele e Maradona eliminaram no mundial de Itália 90 o Brasil, conforme podem ver no filme em baixo.


"El beso del alma"... mas, só entre irmãos, como disse o Cani.
Já agora, estes dois, Maradona e Caniggia, entendiam-se às mil maravilhas ao ponto de darem "el beso del alma" (o beijo da alma), para comemorar o "hat-trick" de Cani no super-clássico argentino entre o Boca e o River-Plate em 1996. O resultado final foi um 4-1 para os "Bosteros". O mais engraçado, é que o Caniggia é talvez o único jogador que é ídolo nos dois maiores clubes da Argentina: precisamente o Boca Juniors e o River Plate. Algo que nem Maradona conseguiu...

Curiosidade: sabiam que em 1987, o
astro argentino vestiu-se com as cores
da Juventus para a revista El Gráfico,
numa altura em que se falava no
interesse de vários clubes italianos,
incluindo a "Vecchia Signora",
a Roma e o Verona?
Começou a jogar no River Plate, o mesmo clube que anos mais tarde deu ao mundo jogadores como os nossos bem conhecidos Aimar e Saviola. Fez-lo entre 1985 e 1988. Depois mudou-se para Itália. Primeiro para o Verona (1988-1989), seguida da Atalanta (1989-1992) onde mais tarde regressaria em 1999-2000, tendo concluído este primeiro período em Itália na Roma (1992-1994). Entretanto participa em dois mundiais: o de 90 em Itália e o de 94 nos Estados Unidos da América, onde também marca um golo espectacular à Nigéria em mais uma parceria com o "El Dios" Maradona. Como era pouco utilizado na equipa romana (15 jogos e 4 golos em duas temporadas) e o Benfica tinha dinheiro proveniente do seu novo patrocinador, a Parmalat (recordam-se?), juntou-se a fome à vontade de comer e veio para os encarnados na temporada de 1994-1995. Depois entre 1995-1998 regressa novamente à Argentina, mas para jogar no rival do River, o Boca. Em 2000, após ter estado uma época em Itália, segue viagem para a Escócia e nessa temporada (2000-2001) actua nos escoceses do Dundee. As suas boas actuações levam a que seja contratado pelos gigantes dos Rangers de Glasgow em 2001-2002. A seguir ao mundial de 2002, onde ele é convocado, mas não joga e até é expulso no banco... segue em busca dos petro-dollars no Qatar SC em 2003-2004, no Al-Arabi (2004-2005) e retornando ao Qatar Club (2005-2006). Mas, se pensam que a história futebolística de Caniggia acaba aqui, desenganem-se. Esta temporada foi convidado para jogar pelo Wembley FC da nona divisão Inglesa para disputa da Copa Da Inglaterra, juntamente com outros craques de outrora, como Graeme Le Saux, Martin Keown e Brian McBride. E sabem que mais? O pássaro ainda voa... Nota: tem actualmente 46 anos (nasceu a 9 de Janeiro de 1967)!

"Eu não sou nenhum santo" lia-se na capa
do Onze Mundial... com as cores do Benfica!
Claudio Caniggia era um avançado móvel que gostava de jogar a partir das faixas e quebrar o fora-de-jogo adversário, aproveitando a sua velocidade. Dizia-se naquela altura que fazia 100 metros em menos de 11 segundos... Recordando o tempo em que esteve no Benfica, o técnico da altura, o mais que conhecido Artur Jorge, quis fazer dele um ponta-de-lança, à força toda. Talvez por isso mesmo, hoje ainda muitos Benfiquistas pensam o quão mal foi aproveitado este craque argentino foi pelo Benfica. Mesmo assim, em 34 jogos fez 16 golos (8 golos em 24 jogos para o campeonato). Era um registo pobre para um campeonato, cujos goleadores foram o marroquino Hassan Nader (Farense, 21 golos), Domingos Paciência (Porto, 19 golos) e o Marcelo (Tirsense, 17 golos). Na época seguinte, o primeiro e o terceiro goleadores vieram para a Luz. No entanto, o Caniggia não era nem nunca foi um ponta-de-lança. Em equipas de contra-ataque, poderia fazer a posição, pois a equipa adversária iria jogar mais avançada no terreno e ele poderia explorar o espaço nas costas da defesa com a sua velocidade e inteligência nas desmarcações. Aliás, basta ver o vídeo do golo frente ao Brasil no Itália 90. Mas, numa equipa como o Benfica, com uma estratégia de construção de jogo e em posse de bola, Caniggia deveria ser utilizado de outra forma. Pedir para ele lutar contra os centrais adversários no alto dos seus 1,75m era e é contra-natura. Pedia-se que o ataque encarnado fosse dinâmico, com jogadores como João Vieira Pinto e também Edílson, mas Artur Jorge preferia povoar o meio-campo com médios como Tavares e Nelos e deixar que João Vieira Pinto e Caniggia lá na frente entregues si próprios e à ajuda do Vítor Paneira, à direita do meio-campo. Basta verem a figura abaixo. Ao lado dela, encontra-se talvez o melhor onze que se poderia fazer com aquele plantel. Verdade, seja dita, o Artur Jorge nessa temporada também teve azar com muitas lesões de jogadores. Por exemplo, o croata Mário Stanic, teve muito tempo lesionado e só apareceu no final da temporada. Era talvez o nosso único ponta-de-lança de raíz... e mesmo assim, anos mais tarde fez carreira como médio-ala direito. Mesmo assim, esteve numa das últimas goleadas à antiga do Benfica, como podem ver pela dúzia de golos ao Marinhense...
 
 
Onze titular frente ao Porto na Luz e
para o campeonato, no empate da
primeira volta (1-1). Notar a presença
de três centrais, mais Abel Xavier e
Tavares como unidades defensivas.
João Vieira Pinto, Cani e Paneira
(e Nelo) que fizessem a diferença...
O Abel Xavier funcionava quase como
terceiro central quando descia para a
defesa, ficando uma linha de 5...

Digam lá se em 1994-1995, esta equipa
do Benfica não tinha tudo para ganhar?
Era preciso inventar colocando centrais
no meio-campo? Ainda sobravam no
banco jogadores veteranos como
Veloso, Neno, William e César Brito,
assim como jovens como Paulo
Madeira, Pedro Henriques, Kenedy,
Akwá, Amaral, Edgar, Clóvis
e Mário Stanic.



























O que é que ele diz da sua passagem pelo Benfica? Vejam aqui.



PS: Já votaram para a eleição do melhor jogador encarnado em 2012 para a posição 9, a de avançado ponta-de-lança?

2 comentários:

  1. great article! Grande Caniggia

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  2. Grande lembrança muito bom, cada vez gosto mais de cá vir!!

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