28 outubro 2017

Injusto


... ao momento do Benfica.


Tenho estado de férias e, por isso, ausente aqui no blogue. Mas, tenho acompanhado os jogos do nosso Glorioso. Se é verdade que não tenho gostado das exibições, ainda menos tenho gostado de alguns resultados. Por exemplo, acho inadmissível as nossas derrotas e empates nos jogos que começamos a vencer. E, fico completamente fora de mim, quando acabamos por sofrer um golo de uma equipa que pouco ou quase nada ataca. No entanto, entre esse sentimento e começar a apontar dedos, sobretudo ao nosso treinador Rui Vitória, vai uma grande diferença. Até porque tenho visto jogos das outras equipas...

Uma grande diferença que destaco nos jogos do Benfica para outros, é que tirando o encontro com o Manchester United na Luz, o Benfica tem sido quase sempre a equipa mais dominante dos jogos e tem entradas muito personalizadas nesses encontros. Ontem, frente ao Feirense, foi mais uma dessas entradas. Até marcar o primeiro golo, o Benfica jogou praticamente dentro do meio-campo do adversário. Agora, vejam o jogo do Sporting frente ao Rio Ave... a equipa do Jorge Jesus nem sequer conseguia sair da sua defesa a jogar. Vê-se claramente, que o Rui Vitória treina exaustivamente o jogo posicional atacante e o momento ofensivo puro. E, talvez por isso, tal reflecte-se na performance goleadora de Jonas. O problema, não obstante, ocorre após a obtenção do golo, pois a equipa tende a recuar no campo. Parece perfeitamente natural que isso ocorra, mas quando jogas com uma equipa que tem Jonas e tem mais 3 avançados (reparem que para além do brasileiro, os encarnados jogam com o ponta-de-lança Seferovic e, mais dois extremos que são avançados de formação: Salvio e Diogo Gonçalves, ou qualquer outra combinação de extremos que temos no plantel), que são conhecidos pelo comportamento com bola e não sem ela, quando expostos a uma situação de jogo de ter que correr sem bola, as coisas começam a não ser a mesma.

O que eu recomendaria?
  1. Que mantivessem a pressão através da manutenção da linha defensiva subida. Aliás, penso mesmo que é isso que o Rui Vitória quer que a equipa faça, pois não é à toa que ele esteja a apostar no miúdo Slivar à baliza. Agora, é preciso compreender que estas mudanças comportamentais não se fazem de um momento para o outro e com uma equipa pouco confiante como aquela que tem jogado, é preciso ter um pouco mais de paciência... e, trabalho!
  2. Gerir o ritmo de jogo com a bola nos pés. Com essa subida da linha defensiva, os espaços ficariam mais curtos e, mesmo que o Benfica precisasse de gerir um pouco mais os ritmos de jogo, poderia baixá-lo com a bola nos pés e assim respirar em posse. Mas, para isso acontecer, há ali muito jogador que terá que evoluir na leitura de jogo. A maioria dos nossos jogadores tem muito bom toque de bola. A nível técnico são os melhores em Portugal. No entanto, estão na sua maioria formatados para um jogo de "esticões", ou seja, um jogo de transições. É preciso incuti-los num estilo de jogo de equipa grande. Por exemplo, quando a bola chega aos pés de um Salvio ou de um Diogo Gonçalves, estes não podem fazer sempre o mesmo, que é irem para cima do adversário. Têm que atrair o adversário e depois passar rapidamente para outro colega, para que esse depois possa fazer a variação do centro de jogo. Ou então, atrair o adversário em zonas através de triângulos que possam desenvolver com colegas, para depois novamente libertar para um colega mais livre e, desta forma, manter a posse de bola com um consumo de energia baixo, mas provocando no adversário um desgaste físico e anímico brutal. Físico porque o adversário fica a correr atrás da bola e, anímico, porque ele não consegue cheirá-la, quanto mais tocá-la.
  3. Jogando mais subido e com gestão de ritmo de jogo, o Jonas poderia ser novamente fundamental para a equipa, ajudando-a nesse momento a circular a bola. Não estou a pedir para o Benfica jogar em "rodriguinhos", mas sim criar um momento de recuperação do fôlego deixando o adversário correr atrás da bola. A fixação do adversário até poderá ser menos arriscada, i.e., esperar apenas o tempo suficiente com a bola nos pés para o adversário orientar-se para o portador da bola e não tanto até ele estar realmente muito próximo. Fazer isso seria o mais arriscado e, se repararmos bem, é aqui que muitas equipas falham em entender este momento. A equipa em posse de bola não pode esquecer que quer descansar com a bola nos pés, mas que o adversário vai tentar dar ainda mais intensidade aos lances. Para contrariar isso, a equipa não pode pura e simplesmente desligar a corrente por um lado, e por outro, não poderá deixar que o adversário possa ter a chance de lutar pelos duelos. É portanto um momento que requer muito foco da equipa portadora da bola.
Outro ponto que tenho notado nos jogos do Benfica é que após o 1º golo, a equipa até cria novas chances para marcar o 2º, mas não o consegue. Aliás, ontem se o Benfica tivesse marcado o segundo tento, estou certo que a motivação do Feirense viria abaixo, porque notava-se claramente que eles estavam a dar o máximo para poder acompanhar apenas o nível dos encarnados que nem sequer estavam a fazer um jogo por ali além. É por isso que considero muitas críticas que leio e oiço injustas. Muitas delas devem-se porque os adeptos olham para as goleadas dos outros e pensam que estão a jogar muito, quando na realidade, na maioria das vezes, deve-se a este efeito de marcar o 2º golo logo a seguir ao primeiro, desmoralizando o adversário que apenas vinha com um plano de jogo meramente defensivo e sem grande capacidade para dar a volta ao marcador. É isso que tem acontecido nos jogos do Porto. Não é à toa que na taça da Liga como não conseguiram ser eficazes não conseguiram um bom resultado.

Por fim, destaco um ponto que durante este início da temporada fui fazendo referência aqui no blogue: a necessidade da equipa encarnada ter mais energia. Essa energia vem com a inclusão de jogadores como Svilar, Rúben Dias e Diogo Gonçalves. Eles correm por eles e por outros colegas de equipa. Ontem, no intervalo do jogo, o ex-capitão encarnado, o Sr. Benfica como ele se auto denomina, o António Simões, disse umas boas verdades, algo como: "quando a equipa não consegue atingir os objectivos com uma qualidade técnica elevada, deve fazê-lo com mais empenho, mais intensidade", ou seja, com mais energia. Já agora, não é à toa que a equipa do Benfica nas últimas épocas se tenha transformado para melhor quando Renato Sanches, Gonçalo Guedes, Victor Lindelöf e Nélson Semedo entraram na equipa.




P.S.: Gostava de destacar um jogador que apesar da injustiça do resultado ontem à noite deixou transparecer estar ao mesmo nível físico, técnico e táctico que William Carvalho e Danilo Pereira. Estou a falar do nosso conhecido Pelé. Fico muito contente que depois dos infortúnios da época passada possa estar de regresso e em grande estilo. Gostava também de destacar a reacção de José Mourinho no final do jogo deste sábado à hora do almoço frente ao Tottenham... Por vezes, gostava que o Rui Vitória fizesse o mesmo com os seus críticos, pois é o que mereciam tal a injustiça e a ingratidão que as críticas escondem. 






12 comentários:

  1. mas o benfica desde que o rui vitoria esta ca que tem essa reacçao apos marcar o 1 golo, nao sera estrategia dele controlar o jogo mais em organizaçao defensiva que e onde se sente melhor que em posse? o mourinho tb faz o mesmo com este united. a diferença penso que passa para o desnivel da defesa de um ano para o outro, agora que o ruben e o svillar conseguiram fazer esquecer um bocado o ederson e o lindlof so falta alguem na direita para voltarmos a ganhar como antes. entretanto gostei de ele lançar o meio campo com felipe augusto e fesja parecendo que nao o nosso meio campo ficou mais forte pelo menos defensivamente

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Estive a reparar no Porto hoje frente ao Boavista e fez exactamente o mesmo. A diferença é que tem dois avançados poderosos do ponto de vista físico, sendo que o Marega consegue facilmente adaptar-se à posição de extremo direito se for necessário.

      O Benfica se quisesse poderia fazer o mesmo, pois conta nas suas fileiras com jogadores como o Raúl e o Gabigol que podem tanto jogar no corredor central, como esconderem-se na ala.

      Quero com isto dizer, que apesar dos números fantásticos do Jonas, a verdade é que ele condiciona o nosso processo de jogo. Por isso, eu ter feito a observação que fiz no texto.

      É um pouco como o Barcelona de Guardiola. O Pep jamais poderia deixar que aquela equipa com Messi, Iniesta, Xavi, Villa e Pedro (todos pigmeus), pudesse jogar de outra forma que não fosse em posse, pois jamais teria sucesso com eles a jogarem sem bola. O mesmo o RV tem de pensar se quer que o Jonas jogue e jogue bem.

      Caso contrário, tem outras soluções mais "normais", como aquela que apresentei com o Raúl ou o Gabigol. É que com estes, ele pode fazer o que o Sérgio Conceição fez para trancar o jogo, i.e., tirou um extremo, colocando mais um médio centro como o André André, escondendo o segundo avançado na linha. Algo que com o Jonas não é possível, por exemplo, pois o brasileiro sozinho lá na frente não tem o poder de choque para lutar com os centrais, e na ala, não tem a potência física para explodir da linha para o centro.

      Quanto ao Filipe Augusto, até que enfim encontro alguém com uma visão semelhante à minha. De facto o brasileiro tem jogado muito e bem. Ele tem sido fundamental para que o Diogo Gonçalves esteja a entrar bem na equipa. Se lá tivesse o Pizzi, o mais certo era ficar o Fejsa sozinho para o meio-campo adversário, pois tanto o transmontano, como o miúdo iriam para a frente. A ideia que o RV quer é ter mais energia com e sem bola no flanco. O Cervi dava essa energia, mas por outro lado a cada recuperação perdia uma bola. Ele está a testar o Diogo e ver como ele se incorpora. Pessoalmente, gostava que desse uma oportunidade ao Rafa, mas apenas com uma tarefa para o pequeno genial: criar jogo para os colegas da frente. Mas, se calhar o Rafa está num momento de pouca confiança e arriscar nele sem ver que ele quer dar a volta, pode ser pior a emenda que o soneto.

      Eliminar
  2. o controlar em posse torna se dificil na nossa equipa por causa do andre almeida e do luisao pk nao sao tecnicos o suficiente para isso, dai ate perceber o recuar da linha, mas ai o jonas tb acaba com o seu jogo, ou seja temos 3 problemas XD mas se com o semedo nao o faziamos tb agora nao o iremos fazer. isso seria possivel com uma mudança para 3 centrais em que podiamos ter o pizzi mais solto como medio criativo o joans com outro avançado (quando ele falou em mudanças tacticas achei isso uma opçao...) quanto ao felipe augusto e mais hate dos adeptos que falta de qualidade do jogador e pior e que o coitado tem o jorge mendes como agente coisa que os adeptos nao querem saber.... mas ele tem estado muito bem e ate melhor que o pizzi no meio. o porto e sporting nao tenho visto, so vi o derbi e pareceram me bem organizados mas tecnicamente nao tem melhores jogadores que os nossos, dos rivais so reconheço qualidade no bruno fer, dost, william, patricio, gelson, brahimi, danilo, abubakar,marcano e oliver de resto e banalissimo

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eles nem precisam de o ser. É necessário haver sempre jogadores mais posicionais e acho que o Almeidinhos e o Luisão podem fazer esse papel. Seria preferível outro tipo de jogadores... por exemplo, adaptaria o Salvio e o Samaris a lateral direito e a central, respectivamente.

      Eliminar
  3. Excelente análise.
    PP não achas que a entrada do Pizzi para uma das alas, como Rui Vitória fez na primeira época, mantendo a dupla Fejsa e Filipe Augusto para dar consistência ao meio campo, poderia ajudar o Benfica a melhorar nesses aspectos que referistes? Melhor gestão da posse de bola e a capacidade para sem bola, condicionar a posse de bola logo na sua primeira fase de construção.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Dá uma vista de olhos ao meu artigo de hoje... ;)

      Eliminar
  4. Voltas e voltas logo em grande. São muitas letras juntas não consigo responder a tudo, mas consigo responder a algumas coisas.

    No que à análise do momento do Benfica diz respeito, o que menos interessa é mesmo o que o SCP fez contra o Rio Ave. No que ao SCP diz respeito, só me interessa o que o SCP fará nos jogos com o Benfica. Até lá espero é que alguém na "estrutura" esteja a ver o que o SCP faz.

    Quanto ao Benfica... O Benfica desce sempre as linhas depois de marcar contra a vontade do treinador? A linha só sobe depois de Svilar entrar, mas Svilar só ficou "mesmo no ponto" quando a vida dos outros dois se tornou insuportável? Falamos de Jonas ser um impedimento, mas seria interessante rever os últimos dois jogos, os do meio campo canastrão, para perceber quem é que vem buscar jogo atrás. Aliás, Jonas tem sido fundamental para o Augusto começar a recuperar moral, mas a pergunta mantém-se: quando o Fejsa partir, é o Samaris que vai fazer de Fejsa? É que um meio campo de Samaris-FAugusto aguenta com muito choque, mas será mesmo o que o Benfica precisa?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. 1 - A linha pode descer contra a vontade do treinador, mas porque o adversário o impõe e os nossos jogadores não têm capacidade para reajustar isso. É algo que precisa de ser trabalhado. E, por incrível que possa parecer, precisa de ser trabalhado não sem bola, mas sim com a bola. Perde-se muito facilmente a bola e isso deve-se também a um certo desfoco no jogo, mas também ao que escrevi no artigo de domingo, i.e., os jogadores mastigam mais com a bola e permite uma acção energética do adversário que invariavelmente ganha a segunda bola, deixando-a redondinha para a transição ofensiva deles. Isto origina o recuo da linha defensiva.

      2 - A linha não sobe só depois do Svilar entrar. Acontece que o controlo de profundidade é melhor com o servio-belga em campo. Ele demorou a entrar na equipa porque primeiro é muito miúdo e, segundo, era preciso enquadrá-lo primeiro dentro do grupo de trabalho, pois não é ainda um jogador consagrado, embora tenha potencial para tal.

      3 - O Jonas não vem buscar jogo atrás da forma como parece quereres dar. É capaz de fazê-lo em alguns momentos, mas depois perde o fôlego ou é engolido pelo meio-campo adversário.

      4 - O Sporting de Braga do Paulo Fonseca teve grandes exibições com uma dupla de meio-campo tipo Vukcevic e o Luiz Carlos. Aliás, para mim, seria fundamental ter uma dupla de meio-campo mais defensiva e dar maior liberdade criativa aos extremos, que deveriam jogar de pé contrário ao flanco que ocupam. Isto até vai de encontro com a maioria dos nossos extremos, como por exemplo, o Rafa e o Zivkovic.

      Eliminar
    2. 1 - Não acredito que a linha desça por vontade exclusiva dos jogadores. Acontece demasiadas vezes, com demasiada frequência para um qualquer treinador papar isso e insisitir em meter sempre os mesmos. A menos que seja de facto um banana. Não acredito que RV se sujeitasse a 2 meses de uma revolta dos jogadores sem ou mudar a linha toda ou bater com a porta. Como nenhuma delas aconteceu, a linha desce com o beneplácito do treinador, e não dá para ter qualquer outra conclusão.

      E concordo, pior do que baixar sem bola, onde consoante o adversário pode ter os seus méritos, com bola fica difícil de compreender que nos encolhamos contra portentos como Boavista, Aves, Olhanense ou Feirense. Se os jogadores «mastigam mais com a bola» então o treinador tem de os dotar de outros recursos. A linha que separa o tiki-taka, to titi-kaka é muito ténue. O Benfica agora joga uma espécie do segundo. e isso traduz-se bem no «deixando-a redondinha para a transição ofensiva deles. Isto origina o recuo da linha defensiva.» Bom, mas se a linha já está recuada isso quer dizer que o Benfica sabe que vai perder a bola? Mais, sabe-se que o Benfica vai perder a bola numa situação comprometedora? Sendo assim não é a moral de um jogador que anda pelas ruas da amargura, é a moral de todo o plantel!

      2 - A linha só sobe depois do Svilar entrar. Até lá ninguém confiava no gajo lá de trás! E foda-se o Sérvio estava mais do que preparado para entrar, vá lá, um jogo antes (Marítimo) para não dizer que devia ter jogado já contra o Braga na TdL (ou que desde que chegou que devia ter jogado, COF!).

      3 - O Jonas vem mais atrás do que te parece. Se puderes e tiveres tempo revê os últimos dois jogos, em particular este com o Feirense. Muito do que de bom o FAugusto tem feito tem dedo de Jonas que atrai e fixa adversários para o Augusto brilhar com passes de ruptura e (reduzida) progressão em posse. Nem todos lhe saem bem, mas a verdade é que um Pizzi que beneficiasse de um Jonas tão recuado também teria facilidades que o Pizzi normal não tem. Se acho por outro lado que se devia ter testado outro jogador, o #Gabicoiso ou a dupla #esferovite#pino? Acho. Acho que por entre Aves e Feirense Jonas devia ter descansado mais. Ou mesmo a opção Krovinovic começar mais cedo (de início, COF!). Ou outra coisa qualquer!

      Se quero com isto dizer que FAugusto está a mais no 11? Não de longe. Acho que FAugusto fez nos últimos dois jogos as suas melhores exibições com o Manto Sagrado, mas há nas bancadas quem não o queira ver.

      4 - Isso tem muito a ver com o treino. Das maiores "aberrações" (a palavra é propositadamente exagerada) que tenho ouvido é que o BVB do ano passado jogava com 3 centrais. Não só não jogava com 3 centrais (o 3º central era frequentemente o Schmelzer ou o Durm a fecharem por dentro quando a equipa progredia com bola, ou o Weigl/Sahin a aparecerem descidos para recuperar a posse), como alinhava apenas com um médio "defensivo" (Weigl, bem menos corpulento do que Fejsa ou Augusto e mais ofensivo do que qualquer um deles).
      Simplesmente as dinâmicas eram diferentes... E para falar de corpulência: Weigl, Merino e Sahin perdem em caparro para Samaris, Augusto e Fejsa, respectivamente. Se pudesses trocar não trocavas?

      Tudo isto para dizer o quê? Que o problema do Benfica me parece residir muito mais nas dinâmicas do que "neste ou naquele" (a lateral direita é para mim o único caso de impreparação patológica). Que o Benfica dependa mais de quem joga e não tanto do que faz acho que tem de ser assacado ao treinador.

      E quanto ao Rafa, com base no que dizes ali em cima já vejo que começas aos poucos a render-te à minha teoria do Rafa a "8". ;)

      Eliminar
    3. 1 - Os jogadores são empurrados para trás por dois grandes factores: a) porque desligam um pouco a ficha e, b) porque o adversário o obriga. O treinador tem de ser inteligente emocionalmente para não cair na tentação de começar a disparar em todos os sentidos. E, o pior que ele faria era mesmo disparar com a linha defensiva, pois ela recua porque faz contenção. A estar lixado com alguém é com a sua linha média e avançada, por pura e simplesmente desligarem a ficha ou complicarem demasiado com a bola nos pés. Isso leva a que aumente o número de duelos com um adversário mais intenso, quando na realidade a equipa deveria estar a desgastar o adversário trocando a bola com segurança. E, por segurança não é passar a bola para os centrais. Por segurança é trocar a bola ainda dentro do meio-campo adversário. De volta e meia, pode usar o central, mas este deve procurar um passe diagonal para a frente e só em último caso passar para o colega central ou para trás, para o guarda-redes.

      2 - Quem te diz que o sérvio estava mais que preparado para entrar? Viu-se um pouco no primeiro jogo da Champions... O miúdo tem ainda um grande percurso pela frente.

      3 - Tu falas do Jonas com bola. E, mesmo assim ele é bom em cerca de 60% dos lances com bola nos pés. Eu estou a falar dos restantes 40% com a bola e, mais do que isso, dos 100% sem bola nos pés.

      4 - Então não é isso que escrevo no artigo? Não estou a falar de jogadores. Falo das suas dinâmicas. Falo de maior exigência de trabalho. Falo da melhor qualidade de treino. Falo da maior inteligência e aprendizagem dos jogadores. Falo do facto de ter de haver tempo para jogadores formatados com uma maneira de jogar possam adquirir outras competências e perspectivas do jogo. Por exemplo, tirando o Pizzi, não temos nenhum outro extremo com escola de meio-campista. Se fores a ver bem, são tudo extremos de escola de avançados. Isso é uma grande diferença na visão e leitura, mas também na gestão dos ritmos de jogo.

      Por fim, o Rafa a "8" seria a morte de um grande jogador. O Rafa se tivesse tido a sorte de ser treinado por um Guardiola ou um Sarri estava hoje a dar cartas no nosso ataque. Pessoalmente, já me contentava em vê-lo jogar no flanco esquerdo. Neste momento está pouco confiante, mas acredito que com 5 jogos consecutivos ia lá ao lugar.

      Eliminar
  5. Bom, isto é de facto mais tarde, mas não o mais tarde que queria. Vou começar por aqui, mas se calhar até se pode levar a discussão para tópicos mais recentes.

    Começando pelo fim, a questão do Rafa. Eu não defendo o Rafa a 8 só por pôr o Rafa a 8, defendo o Rafa a "8" (as aspas são propositadas) apenas e só pelo motivo de se aproveitar a capacidade de construção e condução ao mesmo tempo que, muito importante, se lhe retira a pressão de ter de aparecer em zonas de finalização. No fundo nada de diferente de achar que se deve dar «uma oportunidade ao Rafa, mas apenas com uma tarefa para o pequeno genial: criar jogo para os colegas da frente».

    1 - «A estar lixado com alguém é com a sua linha média e avançada, por pura e simplesmente desligarem a ficha ou complicarem demasiado com a bola nos pés.» Concordo a 70-80% com isto. E só não concordo inteiramente porque o Benfica desce em bloco. E o que eu dizia inicialmente era precisamente sobre o Benfica descer as linhas e não a linha. No fundo, eu não me queixava sobre a distância entre o M(eio) e a D(efesa) aumentar, mas sim sobre o espaço que os nossos adversários ganham para construir a partir de trás.

    Depois a natureza do adversário. Sinceramente, mas nos últimos dois meses não me lembro de nenhum adversário, para lá de Braga, United e Basileia, que justificassem um Benfica com as linhas baixas a defender uma vantagem magra durante 40 minutos ou mais. E mesmo assim não estou a dizer que concorde com o baixar linhas, estou só a dizer que compreendo a necessidade.

    Noutro plano é quase que imoral que frente a Olhanense ou Feirense o Benfica marque um golo e se acomode. Se vai passar o tempo todo no meio campo adversário? Se calhar não. Mas agora abdicar de querer fazer isso? Isso já não é bem o Benfica...

    2 - Eu não sei se o Sérvio/Belga estava mais preparado para entrar, sei é que as alternativas não estavam. Quer por motivos de ordem física, quer por motivos de ordem psicológica, as alternativas não chegavam. E quanto ao jogo com o United, será que isso também não é consequência do pouco tempo de jogo antes de um jogo daquela dimensão? Quer dizer, eu até compreendo que depois de um jogo como o de Basileia não se rodasse o GR, como que para não sacudir as culpas para a baliza, mas não podia ter jogado para a Taça da Liga? A TdL é assim tão fundamental que não se pode rodar a equipa? É que com esses 90 minutos a mais, se calhar não estávamos a zeros na Champions...

    3 - Eu falo do Jonas quando a equipa tem a bola, mas também quando não tem. Ele não recua quando a equipa recupera a bola, ele já lá está quando a equipa a recupera. E eu só estou a constatar que não é Jonas que serve de impedimento a novas abordagens tácticas. Just that!

    4 - Dizes no artigo, mas pareces esquecer quando voltas a dizer que é por isso que defendes Rafa e Ziv trocados. Eu só ressalvo que não adianta teres Rafa e Ziv, ou Messi e Neymar, se não houver «melhor qualidade de treino (...) maior inteligência e aprendizagem». Porque com tudo isso não importa se tens um extremo com escola de avançado ou com escola de GR... ;)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Estás a esquecer de uma coisa muito importante que o Rafa tem de fazer jogando a "8": jogar sem bola. E, isto para não falar do que é mandares para o galheto a qualidade que distingue de todos os outros jogadores portugueses: o drible em velocidade.

      1 - Desce em bloco na primeira meia-hora, mas quando está constantemente a perder bolas no meio-campo e faz ciclos de transições defensivas - 1ª fase de construção, vai desgastando-se até ficarem blocos separados.

      Não acho que haja intenção propositada de abrandar. Acho sim que há incapacidade física para continuar com o ritmo. E, depois não há muita inteligência de jogo de muitos jogadores. Os posicionamentos estão lá, mas há detalhes que a equipa técnica tem de puxar por eles.

      2 - Ai concordo contigo, até porque eu até pensava que o Svilar ia-se estrear nesse jogo.

      3 - Para o Jonas não ser um empecilho táctico, a equipa técnica precisa de trabalhá-lo a outro nível. Também a equipa. Por exemplo, se com bola ele deve funcionar como o homem que fica entre-linhas, sem bola ele deveria ser o avançado mais avançado no terreno. Isso exigiria e poderá exigir imenso do ponta-de-lança. Se com Mitroglou isso não funcionaria tão bem (falo dos jogos grandes), já com Raúl e Seferovic que são muito mais intensos, poderá resultar e dessa forma o Jonas ganhar outro protagonismo frente a equipas muito fortes. Até lá, penso que será quase sempre engolido nesses grandes jogos.

      4 - Acredito que com Messi e Neymar a jogarem a falsos extremos também teríamos as nossas dificuldades, sobretudo sem bola, até porque ambos jogadores são de escola de avançados, se bem que estamos a falar de dois ETs que vêem e criam futebol. Voltando ao Rafa e ao Zivkovic, embora sejam dois extremos com escola de avançados, vejo no Zivkovic muito mais cérebro na forma como joga. Aliás, nota-se logo, pois o sérvio é mais jogador de bola no pé do que propriamente o Rafa, que sente-se igualmente bem com bola no espaço. O facto de terem características diferentes pode ajudar a sustentar o nosso 4-4-2, qualquer que seja o adversário, pois o extremo mais cerebral poderá muitas vezes ajudar um pouco mais o meio-campo, enquanto o extremo mais energético pode alimentar ainda mais o ataque.

      Eliminar