Querem reforços?

Porque não reaproveitar estes três?

Victor Andrade: o projecto de lateral direito

A meu ver o jovem brasileiro que um dia foi apelidado de novo Neymar na Vila Belmiro, tem todas as condições para abandonar uma carreira discreta como avançado e abraçar uma carreira a alto nível como lateral direito ofensivo. Tenho esta ideia já há algum tempo. Do ponto de vista técnico e físico o Andrade tem tudo para singrar nessa posição, como o drible típico de jogador gingão brasileiro, a sua capacidade explosiva conferindo-lhe uma aceleração e velocidade desconcertantes. A meu ver é um desperdício de talento se não for devidamente aproveitado. Talvez faltará-lhe alguma noção táctica, mas isso é algo que se trabalha e que penso que poderá até ser a salvação da sua carreira, pois o tornará um jogador mais inteligente e abordará o jogo como ele deve ser abordado: um jogo e não uma demonstração de técnica individual. Num momento em que Pedro Pereira e Aurélio Buta, por sinal dois jovens que começaram também as suas carreiras nas camadas jovens como avançados (isto faz-me lembrar uma saída do Gary Neville sobre como nascem os laterais...), estará aqui uma solução que com a experiência já acumulada do Andrade e uma maior maturidade, poderá em curto espaço de tempo fazer uma adaptação mais rápida à posição e apresentar-se como uma boa solução para a posição de lateral direito. Depois seria engraçado ser ele, que outrora foi um dos substitutos de Neymar no Santos, poder ser o jogador que anularia o craque de 222 milhões, num possível próximo encontro da Champions.

Adel Taarabt: renascer a médio-centro

Não foi dessa maneira que o Pizzi fez-se jogador de classe mundial? Porque não fazer o mesmo com o talentoso marroquino? Tendo em conta as últimas palavras do jogador, mas também a imaturidade de algumas soluções (Chrien e André Horta) e outras lesionadas ou em fase de adaptação (Krovinovic), quem sabe se o Taarabt não poderá ser a solução de curto prazo para uma eventualidade do Pizzi? Com um Filipe Augusto a ser cada vez mais uma solução de "8" de circulação e não tanto de transporte como o camisola 21 encarnado e, com o interesse de vários clubes pelo grego Samaris, claramente o brasileiro passa a ser solução para substituir o Fejsa, abrindo uma vaga para o meio-campo. Penso que é aqui que o marroquino poderá renascer para o mundo do futebol. Sem ritmo de jogo, torna-se mais difícil conseguir competir com os actuais extremos por uma posição na faixa. Agora, no centro do terreno, a sua estatura física até poderá ser bem utilizada (recorde-se que o marroquino não é nenhum anão e pode até acrescentar centímetros ao meio-campo). Depois, com bola no pé, não há pai para o Taarabt. Com a sua técnica prodigiosa, na pior das hipóteses poderá proteger o esférico e ganhar uma falta. Contudo, as suas maiores desvantagens poderão ser as seguintes: (1) leitura do jogo sem bola; (2) compromisso com as tarefas defensivas sem bola; e (3) tomada de decisão/excessivo individualismo nas jogadas. No entanto, esses são os maiores defeitos do Taarabt como jogador, pelo que melhor maneira dele realmente querer evoluir que não numa posição onde ele possa realmente melhorar essa vertente do seu jogo, tornando-o mais completo. Ah! E, ele que não pense que poderá perder protagonismo... basta olhar para o exemplo do Pizzi e ver como ele é idolatrado por todos.

Anderson Talisca: o substituto de Jonas

Esse foi o maior problema do Talisca no Benfica. O baiano chegou ao Glorioso cheio de sonhos e com uma agenda pré-estabelecida na sua cabeça: «Titular encarnado aos 20, faço duas temporadas em alto nível, sou ídolo do terceiro anel, um tubarão olha para mim, pisco o olho, eu sorrio, ele passa o cheque de jogador mais caro do futebol português e cá vou eu para a velha Babilónia ganhar o meu peso, o da minha mulher grávida e do meu filho em libras estrelinas», mais coisa, menos coisa, deve ter sido esse o seu plano. Ao longo desse caminho iria todas as temporadas receber aumentos salariais, porque ele também é vaidoso e sabe bem o talento que possui. Nada de mal com as ambições do rapaz. Acho contudo, que ele é acima de tudo demasiado impaciente. Hoje provavelmente, ao olhar para o trajecto de Gonçalo Guedes poderá pensar algo como: «Neste momento já estaria no PSG e a trocar bola com o Ney... se tivesse ficado no Benfica e não tivesse rebentado a corda!» Ora, o mais engraçado é que a oportunidade ainda não terminou para o Talisca, que não se desvalorizou no Besiktas. E, olhando para o Jonas, apesar de ser um jogador acima da média, o camisola 10 encarnado não aguentará 3 jogos semanais de grande intensidade, até porque a operacionalização do modelo de jogo que o Rui Vitória está a preparar para ele render o máximo, não estará pronta nos próximos tempos, uma vez que há muito jovem para fazer evoluir e potenciar até esse nível táctico que permita poupar fisicamente o Jonas durante os 90 minutos. Portanto, nos "entretantos", o Talisca terá com toda a certeza hipóteses de jogar e com regularidade. Regularidade que poderá ser aproveitada pelo jogador e pelo Benfica para chegar o mais rapidamente possível a outro grande clube e numa grande venda. Contudo, para o Talisca regressar, penso que entre Jonas, Seferovic, Raúl e Mitroglou, um destes teria que sair. Neste caso apostaria no grego, que tem muito mercado na Alemanha onde se encontra a sua família, inclusive o seu filho recém-nascido. Verdade que o regresso de Talisca seria brincar um pouco com o fogo, dado que o rapaz ao mínimo distúrbio cria logo ruído para tratar das coisas, quando uma simples conversa resolveria as coisas. No entanto, do ponto de vista técnico, penso que ficaríamos mais fortes no ataque com esta mudança, uma vez que ficaríamos com um ataque muito mais energético. Reparem que com o Talisca, não haveria necessidade de mudança de sistema de jogo sempre que o Jonas não joga (se bem que também tenho defendido que com Seferovic e Raúl, também não há necessidade de mudanças de sistema).

P.S. 1: O lado positivo desta ideia, para além de reaproveitar estes jogadores para a nossa equipa seria o facto de conseguir com esta arrumação potenciar mais duas importantes vendas para o clube neste defeso, com consequente encaixe financeiro (na ordem dos 50M€) pelo Samaris e pelo Mitroglou, que embora jogadores que admiro, antevejo que terão menor utilização esta temporada e como tal, seria importante recuperar o investimento e fazer lucro com as suas vendas, assim como proporcionar a esses talentosos jogadores a oportunidade de poderem assinar possivelmente os contratos das suas vidas (recordo que Samaris tem 28 anos e o Mitroglou tem 29 anos).

P.S. 2: O lado negativo, é que muito provavelmente, nenhum dos três jogadores tem o perfil mental neste momento para aceitar o que estou a propor a eles. O Andrade pode ainda sonhar que poderá ser um Neymar como avançado e que está a culpar a má sorte de opções e das pessoas que tem encontrado pela frente como seus treinadores. O Taarabt poderá ter o ego tão grande e tão inchado que continue a achar que ele é o iluminado e os outros estão em campo como pinos. Em suma, deverá pensar que o talento vence o trabalho 7 dias por semana. E, quanto ao Talisca pode pensar que já esticou demasiado a corda e por outro lado, pode pensar que já não faz nada aqui no Benfica, nem no Besiktas e, como tal, está na altura de dar o salto para a Premier League custe o que custar. Ou seja, por um motivo ou outro, estes jogadores não queiram ser um pouco pacientes e com mente mais aberta. Ou então, que os próprios dirigentes e equipa técnica já perderam esperança nestes jogadores.