08 fevereiro 2017

O modelo de jogo...


... do Benfica de Rui Vitória.



Este artigo visa apenas introduzir um pouco o leitor ao actual modelo de jogo do Benfica de Rui Vitória de uma forma muito ligeira, para que mais tarde possamos debater vários aspectos sobre este mesmo modelo, de forma mais modelar e consoante certas temáticas concretas que têm suscitado alguns debates na caixa de comentários do blogue, nomeadamente:
  • A importância de Eliseu como lateral esquerdo de raiz na melhoria do jogo encarnado;
  • O que Cervi ainda tem de aprender para ser um regular no onze de Rui Vitória;
  • As lacunas e influência dos movimentos na 1ª fase de construção de jogo do Nélson Semedo;
  • A importância táctica de Salvio no onze encarnado e o porquê de ser muito criticado;
  • As ligações no corredor central entre, Lindelöf, Fejsa, Pizzi e Jonas;
  • A definição do terreno de jogo jogado por Luisão e Mitroglou;
  • O controlo de espaço nas costas da defesa por Ederson.
Assim sendo, um modelo de jogo representa então um mapeamento das referências necessárias para restringir a organização dos processos ofensivos e defensivos da equipa, nomeadamente no que respeita aos princípios (gerais e específicos), aos métodos e aos sistemas de jogo que ajudam os atletas a saberem o que fazer em cada um dos quatro momentos de jogo (momento defensivo, momento ofensivo, transição defensiva e transição ofensiva), mais as situações de bola parada (ofensivas e defensivas). Como podemos ver não é apenas um esquema táctico.

No entanto, nesta versão simplificada, vou apenas esquematizar o modelo com base no sistema táctico preferido pelo Rui Vitória para o Benfica e comentar algumas características genéricas sem debruçar-me com elevado rigor aos princípios e comportamentos mais importantes em cada um dos quatro momentos de jogo, mais as "bolas paradas".

O modelo é assente num 4-4-2, que muitas vezes se desdobra num 4-2-4, tal o seu pendor ofensivo. Destaca-se também por uma linha defensiva muito subida no terreno. E, cuja cobertura seja definida pelo jogo exterior de pés de Ederson, pela velocidade de Lindelöf e coordenação e comando da linha de defensiva no fora-de-jogo por parte do capitão Luisão. No ataque, este modelo contempla dois avançados. Um deles que saiba jogar e ligar o jogo entre linhas (Jonas) e outro que seja acima de tudo um finalizador (Mitroglou) e que defina o posicionamento da linha defensiva adversária, podendo muitas vezes jogar como referência da equipa. No centro do meio-campo, está definida uma dupla com funções bem determinadas. Um fica mais atrás e dá cobertura defensiva, sendo um pêndulo defensivo para a equipa, que é o caso do Fejsa, o outro tem por missão criar rupturas entre-linhas adversárias através do transporte de bola pelo corredor central, ou seja, o Pizzi. Depois, para completar o modelo, tanto os laterais (Semedo e Eliseu) como os extremos (Salvio e Cervi) têm muita liberdade nos movimentos verticais, e alguma liberdade (q.b.) em movimentos interiores.

Notar, para o facto de jogarmos preferencialmente com extremos puros. Isto deve-se porque jogamos com avançados mais posicionais como o Mitroglou e, embora Jonas possua uma mobilidade considerável, é no corredor central que ele se torna muitíssimo perigoso. Sendo assim, e para evitar um congestionamento na zona central porque também o Pizzi tem tendência para jogar nessa zona do terreno, há a tendência para colocar extremos puros para que a verticalidade do nosso modelo de jogo seja assegurada para os três corredores de jogo tradicionais (o esquerdo, o central e o direito). Por outro lado, de referir que o jogo dos corredores é assegurado por sobreposições através dos laterais.

Assim sendo, teoricamente o modelo de jogo parece ser sólido e resistente a falhas. No entanto, a interpretação dos jogadores do modelo e a sua operacionalização, mas também os problemas que os adversários colocam, faz com que alguns aspectos tenham de ser revistos, conforme comecei por mencionar inicialmente neste artigo e que procurarei dar continuidade num futuro próximo.


Modelo de jogo simplificado do Benfica de Rui Vitória,
baseado num sistema de 4-4-2/4-2-4. Legenda:
GR - Guarda-redes, DC - Defesa central, CM - Central
de marcaão, LD - Lateral direito, LE - Lateral esquerdo,
MD - Médio defensivo, MO - Médio ofensivo,
ED - Extremo direito, EE - Extremo esquerdo,
SA - Segundo avançado, AC - Avançado centro,
Setas amarelas - principais movimentos,
Linhas brancas - delimitação dos três corredores clássicos
Linhas laranjas - delimitação do campo jogado,
Área sombreada laranja - terreno de jogo jogável,
Área sombreada preta - zona de intervenção do GR.

16 comentários:

  1. Reconheço que tenho contestado o modelo de jogo, é errada a minha observação, o que é contestável é a dinâmica de jogo. Um jogo muito previsível.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Percebi o meu erro +pela forma como explicaste o modelo.

      Eliminar
    2. Percebi o meu erro +pela forma como explicaste o modelo.

      Eliminar
    3. O problema está na execução, ou melhor na operacionalização do modelo. Mas, essa dificuldade pode ser também sintomática de que haverá necessidades de alterar um pouco o modelo, para estar mais em sintonia com a capacidade actual que os jogadores têm e não tanto como aquela que gostaríamos que tivessem ou que estamos a trabalhar para que tenham.

      ;)

      Eliminar
  2. a parte dos extremos trocarem de ala nao faz parte? no que toca ao lado esquerdo eu sinto mais falta e do grimaldo e a capacidade dele nao so entrar para o meio como jogar em esços curtos a combinar com o extremo

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Isso é apenas uma pequena alteração pontual. Repara como o Zivkovic na maioria das vezes entra sempre em campo como extremo esquerdo. Só quando está lá o Cervi, ou quando não está Salvio é que ele vai para o lado direito.

      Mas, sobre o extremo sérvio ainda irei escrever sobre ele. Aliás, penso que ele será um dos jogadores que vai revolucionar um pouco este modelo de jogo, evoluindo-o.

      ;)

      Eliminar
  3. Pois, mas o que eu vejo é muita inconsistência na aplicação deste modelo de jogo...por exemplo, muitas vezes jogamos com extremos puros, canhoto a extremo esquerdo e destro a extremo direito, projectados na profundidade junto à linha; outras, jogamos com os extremos de pés trocados a virem dentro, com os laterais a assumirem a profundidade junto à linha...pessoalmente, prefiro de longe a segunda opção, e nesta jogaria sempre com Zivkovic à direita e Rafa à esquerda - estes dois, com Pizzi e Jonas, garantem sempre muita criatividade no jogo interior, usando a faixa com Nelson Semedo e Eliseu para atrair os adversários.

    Outro exemplo é a nossa saída de bola, na primeira fase de construção: muitas vezes, saímos com 2+4 (2 centrais + laterais e médios centro) e os extremos projectados na profundidade lateral...isto para mim é deprimente e não é saída de equipa grande...há um enorme buraco sem jogadores nossos onde é mais importante os termos - dentro do bloco adversário, no espaço interior...noutras vezes, fazemos a saída a três, com o nosso 6 a descer para juntar-se aos centrais, os laterais projectados na profundidade lateral e os extremos dentro do bloco adversário, com o Pizzi também dentro, atrás da primeira linha de pressão. Isto sim, é saída de equipa grande...

    Mas é tudo muito inconsistente, às vezes chegamos a mudar de um modelo para outro em duas saídas consecutivas, no mesmo jogo...passa-me sempre uma sensação de 'ao Deus dará'...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Um modelo não é algo rígido, nem tão pouco estanque. É algo que se for necessário requer algumas mudanças. Uma coisa é mudar a posição de um jogador, outra é mudar os princípios que ele se baseia.

      Os princípios, quer com alteração de posição ou não, são os mesmos. É por isso, que quando olhamos para o Dortmund, como ontem, conseguimos ver uma equipa a jogar com 3 centrais e facilmente durante a partida apostar num quarteto defensivo. Isto porque mais do que o sistema, o que interessa são os princípios de jogo deles.

      Tal como tu, eu também nutro grande simpatia por uma disposição de falsos extremos como essa que apresentas.

      Sobre a saída de bola, essa crítica que fazes é errada. O que tu pretendes com os extremos bem abertos é alargar ao máximo a linha defensiva do adversário. Repara que estou a falar de extremos e não de médios/ala.

      O problema está nas dinâmicas que têm de existir entre o lateral, o extremo, o médio e o central do lado da bola.

      Esse meio-espaço em que pensas que deve ser utilizado pelo extremo, na realidade num modelo total, deve ser procurado também pelo lateral, pelo segundo avançado, pelo médio e até mesmo pelo central, por exemplo, quando tem a bola em posse.

      Mas, fazes bem em falar nisso, porque é aí que percebes da imaturidade do Cervi.

      O modelo do Rui Vitória, não diz para o extremo ficar colado à linha. Aquando da 1ª fase de construção, os extremos podem inicialmente abrir nas alas para tornar a linha defensiva mais estendida, mas depois não devem ficar parados a ver o que os defesas e médios fazem. Devem entender e procurar os melhores espaços para uma linha de passe, consoante os movimentos dos colegas.

      Repara no video que coloquei aqui após o jogo contra o Moreirense:

      http://o-guerreiro-da-luz.blogspot.pt/2017/01/agora-vamos-perceber-o-que-falhou-e.html

      Aqui vez o Pizzi a descer, o Eliseu a subir e a chamar a atenção para o Carrillo sair da ala e ir para o meio-espaço.

      Os princípios estão lá. Por isso custa-me a criticar o Rui Vitória. Agora, claramente que os jogadores ainda não os interiorizaram completamente. Isso pode até ser normal por causa da juventude de muitos deles. Mas, também pode ser sinal para o RV rever os exercícios de treino e verificar o porquê deles estarem com dificuldade para assimilar processos.

      O problema para mim está no acertar dos "timings" dessas dinâmicas e depois noutra coisa que no basquetebol costumam chamar de "momento da verdade", ou seja, o momento em que se efectua um passe ou uma penetração com bola controlada pelas linhas do adversário. Esse momento será fundamental pois decidirá quase sempre a taxa de sucesso da saída. Porquê? Porque é o momento que optimiza o espaço e o tempo que os colegas de equipa têm para receber a bola, controlá-la e seguirem em frente para a segunda fase de construção.

      Eliminar
    2. Juro que às vezes me parece que nem tu acreditas realmente em algumas respostas que dás a alguns comentários...até porque criticas o que bem recentemente defendeste, quando está a ser defendido por um leitor.

      Exemplo a saída a 3 ou a 6 (2+4). Se defendes os falsos extremos a jogar dentro na nossa saída para construção, o mais natural não seria isso implicar os laterais estarem projectados na profundidade junto à linha? Esse alargar da linha defensiva adversária não pode ser dado pelos nossos laterais, em vez de ser dado pelos extremos puros? É que na saída que o Benfica muitas vezes usa, a 2+4, os laterais estão bem perto dos centrais, numa segunda linha com os médios centro, poucos metros acima dos dois centrais...ora se discordas da minha defesa da saída a 3, com laterais profundos e abertos e falsos extremos dentro, concordas com a saída a 2+4. Neste caso, e como defendes os falsos extremos dentro como eu, como garantes o alargar da linha defensiva contrária, se os laterais estão tão cá atrás?

      Eliminar
    3. Benfiquista Primário, tu não podes ter uma única saída. O que estou a querer realçar com os meus comentários é a importância de saber ler os acontecimentos e ter os melhores comportamentos quer ao nível do posicionamento, como nas decisões. A saída a 3 poder ser igualmente eficaz que uma saída a 2, depende muito do adversário e da dinâmica que colocas para criar espaço e tempo suficiente para o portador da bola tomar a melhor decisão e para o receptor da bola conseguir dar continuidade. Cabe aos jogadores perceberem isso. E, tudo isto é condicionado pelo adversário. O que interessa é dotar os jogadores de inteligência suficiente para que quando não dá para sair com 3, que implica uma projecção dos teus laterais, e uma descida para o meio-espaço dos teus extremos e/ou segundo avançado, eles possam utilizar a penetração com bola de um dos centrais ou até dos laterais, pelo corredor do meio-espaço, tentando assim atrair o adversário, fixando-o e posteriormente passando para o colega liberto.

      Repara, em ambos, o objectivo é criar espaço para a recepção na 2ª fase de construção. Agora, a forma como se efectua isto depende do tipo de princípios que estejas a utilizar. No primeiro caso que referi, estás a utilizar o princípio da mobilidade e do espaço, assim como da cobertura ofensiva. Já no segundo estás a utilizar principalmente o princípio da penetração, seguida da cobertura ofensiva e da mobilidade.

      Ou seja, o que estou a tentar escrever aqui, é que não vejo o jogo de uma forma fotográfica/estática. Vejo-o como um filme, i.e., de forma dinâmica. É por isso que não consigo dizer que a melhor saída é esta ou aquela. Repara, como o Porto do Vítor Pereira anulou o Benfica na Luz com mais um médio, o belga Defour, deu cabo da saída de bola a 3 do Jesus (melhor da saída la volpeana). Deu porque eles anularam por completo o meio-espaço para o extremo que tenderia a ir para o centro, e com a superioridade sobre o lateral, facilmente previam que a bola a sair do central só poderia ir para o lateral ou para o guarda-redes. E, foi numa dessas duas opções que eles se anteciparam e fizeram um pouco maior pressão originando o erro do Artur. O que isto demonstrou é que o Jesus não ensinou a defesa a pensar. O que eles deveriam ter feito era penetrar pelas linhas do adversário e depois ir libertando marcações aos colegas com maior concentração do adversário sobre o portador da bola. Como é óbvio os colegas do portador da bola também teriam que procurar melhores espaços para dar cobertura ofensiva a quem estivesse a penetrar e isso iria requerer mobilidade...

      Como podes perceber isto não é estar a entrar em contradição. Isto é estar a tentar mostrar vários contextos e que para cada um deles exista uma solução.

      Eliminar
    4. Desculpa a franqueza (só sou franco com quem o merece ;)), mas isto é, a meu ver, responder ao lado com generalidades LaPaliceanas. É evidente que um modelo de jogo não deve ser rígido, que o jogo não é estático, que não deve haver só um Plano A, etc...

      O meu ponto não é esse. O meu ponto, como diria o JJ, são dois J:

      1. No Benfica actual, no momento ofensivo, não parece propriamente haver um modelo de jogo preferencial (Plano A), obviamente incluindo planos de contingência se jogo/adversário não permitirem implementação do Plano A (Plano B, C,...); o que parece haver sim é a entrega total da responsabilidade de decidir por A, B ou C aos jogadores - daí, talvez, a tão propalada excessiva dependência das individualidades que caracteriza o futebol do Benfica de RV...

      2. Pressupondo que uma equipa grande deve ter um modelo de jogo preferencial, na saída para a construção, eu acho que é mais de equipa grande uma saída a 3, com mais gente no espaço interior dentro do bloco adversário e os laterais a garantirem profundidade, do que uma saída a 2+4, que deixa um deserto no espaço interior entre-linhas e parte a equipa em dois, com os extremos puros profundos e abertos e os dois avançados a 40 metros dos seis da construção - convidando a um futebol directo e de segundas bolas, mais própria de equipa pequena e/ou equipa de outros tempos...

      Se quiseres responder concretamente a estes dois pontos, tudo bem. Se não quiseres, tudo bem na mesma - desde que a gente ganhe ao Arouca logo! ;)

      Eliminar
    5. 1. Não. E, quanto à responsabilização dos jogadores isso é conversa fiada. Não vás pelo que a maioria diz. Todo o grande jogador tem de ter capacidade para assumir responsabilidades. Quando vez um Iniesta no Barcelona a furar linhas, tem a mesma responsabilidade que o Mascherano quando sai a jogar vindo detrás, ou do Messi no último terço do terreno. Aliás, essa palavra responsabilidade do jogador é o que o Guardiola e o Cruijff sempre defenderam. O que eles querem é criar o melhor cenário para que essa responsabilidade (esse confronto do um contra um) seja efectuado com as melhores hipóteses de sucesso. E, para isso é preciso trabalhar muito sem bola e é preciso teres jogadores inteligentes que percebam facilmente o que está por detrás de muitos exercícios e de movimentos.

      Portanto, quando me vêem falar da responsabilidade do jogador dessa forma, percebo perfeitamente que não estão por dentro do jogo. São frases ocas, descontextualizadas e normalmente debitadas por pessoal que não percebe o jogo ou linguagem do mesmo.

      2. Essa é a tua percepção. Tu tens é que entender que tens infinitas opções de jogar se fores realmente bom. Mesmo essa opção de saída a 2 pode ser óptima, se conseguires criar uma vantagem numérica numa zona avançada do terreno, sobretudo junto de um dos teus extremos, de tal forma que com um passe longo consigas meter a bola já numa zona avançada, muitas vezes definindo já uma 3ª fase de construção.

      Por outro lado, se os teus centrais forem muito bons, um Piqué, ou um Thiago Silva, ou um David Luiz, ou mesmo um Lindelöf, facilmente consegue furar a primeira linha de pressão e fixando o adversário conseguirá ter vários colegas para servir. A tal la volpeana, que transforma a defesa a 3 é para ajudar os defesas menos talentosos com a bola nos pés de arriscar demasiado na penetração. Mas, haverá adversários que não precisas disto. Por isso mesmo defendi a entrada do Samaris para a defesa. Era precisamente para isso, ter dois defesas que soubessem sair a jogar sem medos. Nota que mal quebras a linha de pressão, neste modelo de maior risco terás sempre vantagem numérica em todo o campo, porque já deixaste para trás o teu adversário directo.

      Outra opção, é saíres pelo teu lateral. Mesmo na saída a dois, o lateral poderá ser o jogador que poderá procurar o meio-espaço em vez do extremo que ficará mais fixo à ala. Isso permite atrair a si a marcação da primeira linha de pressão do adversário. Esta é uma solução muito utilizada pelo Guardiola no Bayern Munique.

      Eliminar
  4. Acho que o teu "modelo" ganhava em não colocares nomes mas apenas posições. Digo isto porque ao colocares nomes chamas logo a atenção para "detalhes em falta".

    Deixa-me exemplificar. Quando Cervi joga o movimento mais frequente do Pizzi é a troca com o argentino. Um movimento que ocorre com demasiada frequência para ser fruto de uma vontade estemporânea dos jogadores.
    Ao colocares Eliseu e Semedo com a mesma seta para dentro, parece que quer a vontade, quer a capacidade do Eliseu de jogar por dentro é a mesma de Semedo. Não é.
    No que toca ao Cervi e a liberdade dos movimentos interiores parece-me que esta não é q.b. O argentino tem, como tem o seu conterrâneo na direita a liberdade que quer para fazer movimentos interiores. A forma como cada extremo (Cervi/Zivkovic/Sálvio/Rafa) interpreta a liberdade de fugir para dentro diz-nos que não há ali uma regra clara de ir à linha ou de fugir para dentro. Daí haver tão acentuadas assimetrias nos comportamentos, o que até pode jogar a favor do Benfica.

    Tu agora parece que fizeste bandeira de defender o Sálvio (só porque o Lisandro está lesionado claramente), portanto vou aguardar pela segunda (e terceira?) parte da análise para comentar o caso específico desse extremo. Mesmo que os spoilers estejam por aí nas caixas de comentários! ;)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Isto é um modelo bastante simplificado e generalista. Para explicar detalhadamente aquilo que penso do modelo encarnado teria que falar de todos os princípios de jogo que cada momento de jogo são realçados e as funções dos jogadores em cada posição, mas as suas variantes.

      Isso que falas do Cervi com o Pizzi é uma variante utilizada em determinados contextos e porque o argentino tem dificuldades em encontrar espaços e trocar a bola. Mas, isso só por si é outro tema...

      Sobre a liberdade do Cervi e do Salvio dependem muito dos adversários. Estás a falar de cerca de 20% do tempo de jogo deles... se tanto. O modelo não é algo rígido ou estanque. O próprio RV ao olhar do banco para o jogo e verificar que o Cervi está muito tapado na esquerda, pode, como já fez em vários jogos, pedir para o argentino ir para outras zonas do terreno.

      Sobre o Salvio, só de pensar nos esquemas que tenho de fazer no photoshop, tira-me um pouco a vontade para te ser sincero. Lol! Mas, não estou a defender. Eu estou apenas a tentar explicar o que está a acontecer de mal ao argentino que já nos provou várias vezes que é bom de bola. Prefiro ver o que está a acontecer de mal, para depois criticar de forma positiva, em vez de deitá-lo abaixo de forma gratuita. Até porque os problemas do Salvio agora, poderão ser os mesmos que o Carrillo e o Zivkovic futuramente.

      Eliminar
    2. Por parágrafos:
      1) Sim, concordo, daí dizer que devias ter deixado os nomes, nem que fosse por agora, de fora.

      2)Exacto, é outro tema, o que reforça o parágrafo anterior.

      3)Sim e não. O comportamento de Sálvio está muito mais fossilizado; o de Zivkovic também está relativamente caracterizado; o de Rafa também (e é um pouco a antítese do Sérvio); o de Cervi está a passar por um processo de mudança que tem tido um impacto na forma como ele se relaciona com o defesa do seu corredor e a equipa tem-se ressentido um pouco disso. Dores de crescimento, no fundo.

      4)A quantidade de esquemas que o Sálvio te obriga a fazer no photoshop é mais reflexo da atitude positiva que queres ter a justificar que o tipo é top, do que propriamente fruto de um conhecimento ultra-espectacularmente-rebuscado que o tipo tem do jogo. Ou para esconder o facto que o RV é obrigado a jogar com ele para ver se um Turco ou uns Chineses pegam na fava...

      Eliminar
    3. Não é isso RB. Para mim o Salvio é das maiores vítimas da nossa 1ª fase de construção. Por exemplo, quando a bola falha em sair pelo lado esquerdo da nossa defesa, eles tentam bascular o jogo, virando-o à direita. No entanto, o tempo que a bola demora a chegar ao flanco direito, já o adversário conseguiu bascular o suficiente para ter dois homens em cima do Salvio.

      E aqui vai a minha crítica ao Semedo: ele em vez de meter o adversário a "dançar" basculando-os novamente para a esquerda, insiste em meter a bola para um Salvio com dois adversários em cima. Nem sequer temporiza para haver um terceiro elemento perto do argentino.

      Aqui o Semedo, deveria fazer uma de três coisas: (1) reiniciar a saída basculando à esquerda, (2) procurar penetrar na linha defensiva através do espaço interior (corredor do meio-espaço), ou (3) procurar a linha de passe no meio-espaço para um médio ou um avançado. Depois tem ainda mais 4 opções, as de quem não sabe jogar muito bem: (4) jogar para trás, para o guarda-redes, (5) colocar a bola fora pela linha lateral, (6) mandar um chourição lá para frente ou (7) passar à queima ao Salvio. Repara como coloquei o passe para o Salvio em último, porque na realidade é o pior que pode acontecer, uma vez que está a ir de encontro com a armadilha táctica do adversário.

      Eliminar