"Ola" Europa!

O Benfica conseguiu ontem assegurar pelo menos o acesso à Liga Europa. Mas, para além do regresso de Luisão aos grandes palcos, e das recuperações físicas de Garay, Enzo e Maxi, quem deu "show de bola" foi o holandês, nascido na Libéria, Ola John!

Muito trabalho tem vindo sendo desenvolvido sobre o Ola,
trabalho que começa a ser compensado com excelentes jogos.

O camisola 15 foi uma das grandes contratações deste defeso de verão. Foi um investimento de cerca de €9M, por um miúdo à altura com 19 anos. É verdade que o Ola é um talentoso jogador, e vê-se a olhos vistos que potencial futebolístico não lhe falta. Contudo, uma avaliação de €9M por um jogador que tinha apenas meia temporada de futebol profissional na 1ª divisão holandesa, achei (e continuo a achar!) muito puxado, sobretudo para a realidade nacional (o Salvio, 2 anos mais velho e bem mais experiente, custou-nos pouco mais que o Ola).

Como era de esperar, os seus primeiros jogos pelo Benfica não foram dos melhores. Muito trapalhão com a bola nos pés, muito desconcentrado do jogo, falta de entrosamento com os colegas, dificuldades com a língua, as realidades de um país diferente, a imaturidade própria da idade, a falta de experiência... enfim, são tudo factores que já antevia para a sua maior dificuldade de adaptação e por isso mesmo não entendia o porquê de tal avultado investimento num produto ainda em forma bruta. E, a falta de um lateral esquerdo de nível ainda era discutido, não só pelos adeptos, como também pelo próprio técnico encarnado...

Parceiros de crime, Cardozo tem sido dos mais beneficiados
com a presença de Ola John em campo. Em pouco mais de 3
jogos, pelo menos 2 assistências para golo foram do pé
direito do holandês, nascido na Libéria.

O que vale é que rapidamente a equipa técnica entendeu isso mesmo, pelo que tomou a decisão de formatar o jogador à realidade da equipa. E fê-lo trabalhando-o diariamente e ir aqui e ali, sobretudo em jogos particulares, dando-lhe tempo de jogo para seguir a sua evolução. Mais identificado com as ideias do treinador, mais entrosado com os restantes companheiros de equipa, Ola foi ganhando cada vez mais tempo de jogo e com isso confiança. Começou por conseguir arrancar umas boas jogadas no um contra um. Depois já conseguia ligar com os colegas, em especial com Cardozo. E, agora, já consegue encontrar uma quarta velocidade e eu digo que ele tem pelo menos mais umas duas mudanças por descobrir, tal é o seu poder de explosão. No entanto, falta trabalhar muito mais no aspecto táctico e defensivo, mas o trabalho está a ser feito e isso é muito positivo.

Não devemos é deixar de entender uma coisa: este trabalho só foi possível ser feito, porque o plantel encarnado é rico em opções, em particular para as faixas, como são Nico Gaitán, Nolito e até Bruno César. Se não tivéssemos estes jogadores que pelo menos assegurassem os "serviços mínimos", se calhar teríamos um início de temporada semelhante ao que tivemos em 2010-2011, ano em que formámos o Salvio em competição. Aliás, é engraçado verificar que o Salvio também só começou a "aparecer" em Novembro dessa temporada.

Sentido o apoio do público o seu nível exibicional vai crescer
muito mais e com isso mais conquistas desportivas para o clube.

Futuramente, espero que o Ola possa dar-nos muitas mais alegrias, sobretudo a nível desportivo com conquistas nacionais e europeias. É óbvio que este Ola é visto pela direcção e seu grupo de investidores como um "iogurte com prazo determinado" para sair. E, seguindo a lógica economicista vigente no futebol, prevejo uma valorização financeira muito sedutora, na mesma linha que do Witsel, se continuar a dar "show". Em termos desportivos, porque penso que Nolito e Nico Gaitán não devem ser desprezados e, porque considero que Salvio não tem neste momento um jogador que possa fazer pela vez dele quando estiver ausente, gostaria de ver o Ola a jogar sobre a ala direita, como médio-ala e extremo. Talvez aí descobrisse uma 5ª velocidade e se tornasse um rei das assistências.

Até lá que nos continue a brilhar com o seu sorriso contagiante após fazer diabruras sobre os adversários, passes milimétricos para a finalização do Cardozo ou até mesmo as suas concretizações felinas!

Neste momento, esta é a imagem de marca do Ola John.