03 abril 2017

Indiscutivelmente...


... da actualidade: Pizzi.


Há muito adepto do futebol nacional, incluindo muitos Benfiquistas, que não sabe apreciar e dar valor a um jogador que se tem afirmado numa posição que muitos poucos conseguem realmente jogar nela. Falo da posição "8" num sistema com apenas dois médios-centro. E, falo, sobretudo, do Pizzi. No passado recente do futebol nacional, o meio-campo mais comum das equipas nacionais e, inclusive, da selecção nacional, era baseado em 3 médios. Normalmente, era formado por um médio defensivo de raiz e mais dois interiores à sua frente, o chamado triângulo invertido no meio-campo. Contudo, a evolução recente do sistema de jogo de 4-3-3 para o 4-4-2, fruto de vários condicionantes, incluindo o sucesso das equipas encarnadas, tem contribuído para meio-campos com apenas 2 médios-centro. Actualmente, o seleccionador nacional tem tentado fazer esta transição táctica de uma maneira inteligente e que tenta fazê-la de forma mais ou menos natural, com um sistema híbrido entre o 4-3-3 e o 4-4-2, com a utilização de um dos médios-interiores como falso médio-ala.

Serve este contexto, porque é importante para a caracterização do médio-centro típico do futebol nacional e que explica muito do insucesso de alguns jogadores que têm sido utilizados na selecção nacional na posição "8". Sendo assim, começo desde logo com João Moutinho, Adrien e João Mário. Todos estes são médios-interiores adaptados a médio-centro ou a médio "10" ou a médio-ala. Como tal, apresentam vantagens e desvantagens devido a esse pedegree. Por exemplo, o Moutinho, o Adrien e o João Mário são excelentes na reacção à perda. No entanto, a qualidade e visão de jogo sai fora das suas zonas de conforto. Depois, temos o André Gomes e o Renato Sanches. Estes são ainda muito miúdos e ambos jogavam como "10" nos escalões mais jovens. O André falta-lhe talvez mais nervo para arrancar para cima do adversário. Por sua vez, isso é o que não falta ao Renato. Aliás, acho que ele tem excesso e é isso que o atrapalha mais. Sobra-nos o Pizzi. Em primeiro lugar, aos 27/28 anos está no pico da sua forma, tanto física como mental. Em segundo lugar, o tipo de desafios que tem enfrentado com a camisola encarnada e a forma como tem sabido dar a volta às dificuldades, torna-o no nosso médio-centro com mais experiência nessa posição e funções do campo. Em terceiro lugar, o Pizzi é mesmo um grande médio-centro.

No clássico do passado sábado, saíram dos pés dele nada mais, nada menos que 7 passes para golo. Estamos a falar de quase um passe em cada 10 minutos de jogo e, isto, num jogo de elevado grau de dificuldade. Isto são estatísticas de grande médio-centro. Depois, não podemos estar a crucificá-lo no golo do Porto. Verdade que ele perdeu uma bola numa saída para o ataque. Mas, desde essa perda e o golo vai quase 1 minuto de jogo. Toda a equipa deveria ter reagido de outra forma... Quanto ao Pizzi, eu penso que ele ainda tem muito da mentalidade de extremo em muitos momentos do jogo, sobretudo, quando em transição ofensiva. Segundo essa mentalidade, deve-se transportar a bola rapidamente para o ataque, driblando o adversário se necessário. Ora, quando o transmontano decide não fazer o passe para a desmarcação do Rafa na esquerda, decidindo-se por tentar driblar o Corona que intrometeu-se na jogada, depois do primeiro drible, o Pizzi deveria não ter insistido. É aí que aponto para o resquício do ADN de extremo do camisola 21 encarnado, pois caso não tivesse sido, muito provavelmente passaria a bola para o Eliseu que estava ao lado e evitaria que o Corona mais fresco tivesse ganho a posição para recuperar a bola e lançar o contra-ataque. Para mim, o maior conselho que se pode dar ao Pizzi ou a outro jogador naquela posição e naquela situação, i.e., com os teus 4 jogadores da frente a desmarcarem-se, mas teres que fazer um compasso de espera por causa de um adversário que dificulta a linha de passe e depois de já teres feito um pique de aceleração, é de procurar o apoio do colega para desfazer a pressão do adversário. Mas, todos os jogadores falham de uma maneira ou de outra, por isso naquela altura nem sequer pensei em entregar-lhe a responsabilidade pelo golo do Porto, como muitos fizeram. Aliás, antes desse lance, o Porto tinha ganho um canto, porque o 21 tinha feito um corte in extremis quando um jogador portista se preparava para rematar com perigo após cruzamento da direita da nossa defesa, conforme poderemos ver pelo video seguinte desde este momento até este.



20 comentários:

  1. Se jogasse num 4-3-3 seria o relógio perfeito. Não é fácil ser o único médio que o Benfica tem em qualquer onze, capaz de rodar a bolinha a todo o campo.

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    1. Tivesse ele outros médios-ala e tinha a vida muito mais facilitada.

      😉

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  2. Ora bem PP! Das coisas que mais me irritam no actual benfiquismo é não verem isto - aliás, mais do que não verem isto, é berrarem o contrário disto a toda a hora!

    Enfim, ainda há muita gente que confunde futebol com atletismo, corrida de touros e halterofilismo...se calhar, gostavam que fôssemos comprar médios ao Canelas 2010...

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    1. Bolas! Cruz credo! Ir buscar médios ao Canelas?! Eles nem devem tê-los, uma vez que devem jogar bola para o ar e cotovelos ou joelhadas na boca dos pontas-de-lança deles.

      Sobre o Pizzi, fico contente por haver mais adeptos a verem o mesmo.

      ;)

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  3. António Madeira04/04/17, 13:02

    E este artigo não é apenas válido para esta época. É válido também para a época passada e a anterior, sendo que, como é óbvio, tem vindo a crescer e a tornar-se ainda mais preponderante.

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    1. Verdade, mas se nas outras épocas já se via algo, esta o Pizzi está a elevar o nível.

      Só lamento que os nossos extremos ainda não estão tão por dentro do jogo como ele está, porque se por exemplo o Pizzi tivesse um extremo como o Pizzi que o Renato Sanches teve na época passada, o recital seria outro. Sobretudo, na Liga dos Campeões...

      ;)

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  4. pisi pisi pisi por que no te callas?!

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    1. Talvez porque ele é transmontano e não espanhol...

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    2. Espanhol fiquei eu quando, no domingo passado, vejo um (possivel)flashback do passe de morte do ano passado contra o setubal que nos ia custando o tri

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    3. Ele fez 7 passes para golo num clássico... estás a brincar não estás?!

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  5. O Andre Alameda e o Campos Elisios deviam pedir pra cagar e não voltar a vestir o manto sagrado esta época depois da miserável prestação de ontem.

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    1. Quem é o "Campos Elisios"?

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    2. monsieur Lisandro Lopez

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    3. Quanto ao André Almeida posso aceitar a crítica. Já quanto ao Lisandro, acho injusta. Ele é dos jogadores que mais foi sacrificado esta temporada pelo RV. Quando estava bem fisicamente foi preterido pelo Luisão e pelo Lindelöf. Depois, o RV não soube rodar os outros dois com o argentino. Penso que se o tivesse feito teria neste momento 3 centrais prontos a entrar no onze titular. Claramente frente ao Estoril, vi o camisola 2 com pouco ritmo de jogo.

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    4. Com muito ou pouco ritmo de jogo, Lisandro sempre foi e continuará a ser um central estúpido tacticamente, com péssimo posicionamento, leitura de jogo trágico-cómica, decisão miserável...

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    5. Isso já soa a ódiozinho de estimação. Vá lá confessa Benfiquista Primário.

      ;)

      Sobre o Lisandro, ele na época passada estava a ser o nosso melhor central até se lesionar e o RV ter que apostar no Lindelöf. Esta época frente ao Porto esteve espectacular. E, não estou a falar apenas no golo que lhes marcou no dragão...

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    6. ;) mas não é. Ódiozinho de estimação tenho por Dom Salvio - neste caso, admito.

      http://www.lateralesquerdo.com/pt_PT/2017/04/07/lisandro-benfica-adormecido-e-coragem-canarinha/

      Será que o Pedro Bouças também tem odiozinho de estimação pelo Lisandro? ;)

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  6. O melhor médio português da actualidade? Sinceramente... Eu quero ver se perdermos este campeonato se alguém vai dar a cara pelo fracasso e justificar o facto de termos andado a brincar aos futebóis, com um meio-campo completamente banal, onde apenas 1 se aproveita, mas que faz 3 jogos e passa outros 3 de fora.
    Quanto à qualidade do Pizzi basta ver como nasce o golo do Porto, não é necessário mais nenhum comentário...

    Manuel José

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    1. O golo do Porto nasce 1 minuto depois da perda de bola do Pizzi, com um 5 (+1 guarda-redes) para 4 da defesa encarnada sobre o ataque portista... tens mesmo a certeza que o problema foi a perda de bola do Pizzi?!

      Já agora, porque não se culpar a perda de golos cantados de Mitroglou e Jonas, depois de passes para golo do Pizzi?!

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    2. Carrega, PP! Este último parágrafo foi na mouche!

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