23 novembro 2016

«Fica um sabor amargo porque fizemos 60 minutos muito bons...»


Hmm... é mais ou menos isso Rui Vitória!


O empate em Istambul não se pode dizer que é um mau resultado. Notar que o Benfica, se não me falha a memória, nunca venceu na capital turca. Contudo, olhando para o potencial da nossa equipa e o resultado ao intervalo deste 5º jogo da fase de grupos do grupo B da Liga dos Campeões desta temporada, no qual o Benfica tinha uma vantagem de 3 golos, o resultado final é escasso.

Compreendo que neste momento o Rui Vitória deve nivelar o sentimento de frustração que tanto jogadores como adeptos estão a sentir neste momento. Por isso mesmo, entendo as suas palavras quando diz: «Sabemos que, mesmo com o resultado como estava, tínhamos de matar o jogo. Sabemos que neste tipo de ambientes um golo galvaniza o adversário. Foi o que aconteceu, mas não pode retirar o que fizemos de bom.» No entanto, este é o tipo de argumento que se utiliza quando o resultado está 2 a 0 e a equipa adversária consegue dar a volta. É por aí que se diz que a vantagem de 2 golos é muito traiçoeira, pois se o adversário marca um golo a probabilidade dele marcar o segundo é muito grande. Contudo, o Benfica já tinha marcado 3 golos!

Na flash interview a seguir ao encontro, o técnico encarnado continuou dizendo: «Os jogadores estiveram bem, à exceção dos lapsos que deram alento ao adversário. Havia zonas do campo em que tínhamos de ter mais controlo, mas o raciocínio já era menor e mais difícil. O adversário teve mérito. Fizemos 60 minutos muito bons e eles 30 em que acreditaram.» Até posso aceitar esta argumentação, mas se os jogadores não estavam a jogar ou a render o mesmo, porque razão não utilizaste as substituições mais cedo, em vez de seres tão "académico" com elas? Por exemplo, porque razão o Raúl Jiménez só entrou aos 85 minutos, depois de já todos termos visto que o Mitroglou não marcaria esta noite, nem que estivéssemos lá até agora? Por outro lado, será que as substituições foram bem feitas? Ou seja, para além do momento que foram feitas as substituições, será que estas foram as mais correctas?

Mas, eu vou um pouco mais atrás. Que tipo de mensagem foi passada ao intervalo para a equipa? É que o que eu vi no segundo tempo, foi uma equipa encarnada a dar a iniciativa de jogo ao Besiktas. Eles têm bons jogadores e embora estivessem a ter um mau jogo, isto per si seria muito perigoso para nós. Mais, qual é a melhor forma de defender? Com ou sem bola? Pois é... Então porque razão não conservámos a posse de bola? Cansaço? Então aí é que entrariam as substituições. Para mim, fiquei com clara sensação de que a mensagem foi a de "controlar o jogo", o qual em Portugal se entende por "dar a iniciativa de jogo ao adversário e jogar com as linhas compactas atrás da bola para numa recuperação lançar o contra-ataque". O problema é que a equipa estava desgastada e quando assim é, mais vale "controlar o jogo" de outra maneira (que para mim é a maneira mais correcta!) e que é "mantendo a posse de bola e fazer uma circulação segura da mesma, enervando, frustando e cansando o adversário a correr atrás da bola, mas sempre com objectivo de chegar à baliza adversária com jogadas de princípio, meio e fim". É assim que as grandes equipas jogam. Jogar da outra forma é jogar no erro do adversário e não tanto nas nossas reais capacidades. Que este resultado sirva de lição ao Rui Vitória e toda a sua equipa técnica.



12 comentários:

  1. Com o RV as substituições são decididas antes do início.
    Leitura de jogo? Isso não se aprende nos livros.

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    1. As substituições serem feitas aos 45-60, 70-75 e depois aos 80-90 minutos vem dos livros. Se portarem mal, há que fazer uma substituição logo ao intervalo, caso contrário a primeira substituição deve ser feita aos 60 minutos para refrescar. 10 a 15 minutos depois deve ser feita a 2ª substituição. A terceira e a última deve ser feita nos últimos 10 minutos de jogo, para evitar que haja uma situação inesperada que obrigue a utilizar essa 3ª substituição, por exemplo, uma lesão de um jogador ou do guarda-redes.

      Eu teria feito as mesmas substituições em ordem e tempos diferentes que o Rui fez neste encontro. No entanto, o que me preocupou mais foi a estratégia da equipa na segunda parte. Penso que isto deveria fazer reflectir o Rui Vitória e a sua equipa técnica.

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    2. Mas precisamente as substituições não visam corrigir uma estratégia que não está a resultar?
      Não foi isso que fez o treinador adversário?
      RV não soube fazer essa leitura, fez as substituições habituais deixando os laterais sem apoio, principalmente o direito, por onde os turcos entravam quase sempre com dois e três contra um.

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    3. É verdade o que escreveste José. No entanto, repara nas substituições que o Rui fez: tirou o Cervi que estava muito ativo na perda de bola e colocou o Rafa que regressa depois de prolongada lesão. Faz isso numa altura que está 1-3. Percebo que para o Vitória o jogo já estava fechado, daí que tenha colocado o Rafa. O problema é que sem o Cervi a fazer de terceiro homem do meio-campo, quando há perda de bola, a nossa segurança defensiva ficou abalada, até porque nunca soubemos manter a posse de bola e com isso baixar o ritmo de jogo.

      A meu ver quem deveria ter entrado nesse momento deveria ter sido o Samaris. Assim dava tempo para reorganizarmos defensivamente. Aliás, para te ser franco, o primeiro a ser substituído deveria ter sido o Mitroglou, pelo Raúl. Assim, poderia manter a pressão sobre a saída de bola do Besiktas. Depois, entraria o Samaris, e só depois entraria o Rafa.

      As substituições teriam sido as mesmas que o Rui fez, mas a ordem e o momento de as fazer teria sido diferente. É aí que está a leitura.

      ;)

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    4. Continuas a não considerar que o treinador deles estava a explorar a debilidade do nosso flanco direito, por falta de apoio do Sálvio, sendo por aí que resultaram os lances de maior perigo, com sucessivos cruzamentos para a área e consequentes falhanços até acabarem por dar golo.

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    5. O Salvio estava a apoiar. O problema é que o Mitroglou não pressiona e vai haver o momento em que o Salvio tem de sair à pressão. Uma pressão é efectiva quando é feita por dois jogadores no mínimo. Ir lá um à maluca só em casos muito concretos e somente se o jogador portador da bola está ainda a receber a bola. Caso contrário, quando este está de frente par ao jogo, a pressão de um jogador é facilmente batida e é um desperdício de energia.

      Por outro lado, se é o Gonçalo Guedes quem cai sobre os flancos, repara que quando perde a bola, o mais provável é estar num flanco. Como o Mitroglou já só pressionava com os olhos, o que acontece, cria uma zona sem qualquer pressão, ou então uma zona onde Pizzi, Salvio, Cervi e até mesmo o Fejsa tentam pressionar mas com atraso. É este atraso que dá-te a ideia de que eles nunca estão nos sítios certos. Por outro lado, o adversário num 2 para 1 contra o jogador que pressiona atrasado ganha vantagem. O que estás a criticar, neste caso sobre o Salvio, é dizer que ele vem a passo depois de ter feito um pique de 20 ou 30 metros para pressionar.

      Dirás-me que é um desperdício de energia do Salvio, e uma má leitura dele. Eu aí concordo. Mas, também concordo que estes princípios custam muito a adquirir e são trabalhos que levam temporadas para mudar e dar ao jogador essa leitura de jogo.

      O mais simples aqui não era substituir o Salvio, mas sim o Mitroglou, pois esse é que já não corria. O Raúl iria libertar um pouco o Gonçalo dos flancos. Por outro lado, iria pressionar o adversário no momento certo e não ficar tão expectante.

      No fundo, a entrada do Jiménez faria com que a equipa fosse mais compacta. Repara que o Mitroglou a partir de certa altura já nem descia.

      Queria terminar com uma estatística que acaba por argumentar o porquê do Salvio não ser o culpado. O argentino fez tantos desarmes de jogo (1) como o Cervi, o Pizzi, o Guedes e o Nelsinho, só para termos outros exemplos. Para além disso, fez 2 cortes em 4 tentativas o que não é mau para um extremo. Verdade que o Cervi fez 3 em 3. Mas, repara no seguinte, o Salvio esteve no lugar certo à hora certa em 4 vezes durante a partida e o Cervi somente 3. Ou seja, não podemos dizer que o Salvio não corria ou defendia.

      A razão é aquela que referia atrás.

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    6. Seja a tua a melhor explicação, o que quero frisar é que RV não soube fazer a leitura do problema e parece trazer as substituições programadas, não atendendo ao que se está a passar em campo. Saiem e entram os mesmos, seja contra um Marítimo ou um Besiktas.

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    7. A minha explicação prende-se mais com o tema Salvio. Acho que o RV fez uma má leitura do jogo, não tanto aos nomes que entraram, mas à ordem que foi feita.

      Temos de ver que é o RV que treina a equipa e possa preparar certas situações. Isso é perfeitamente normal e o mais correcto fazer. Por isso, é normal veres que entra sempre os mesmos. Faz parte do processo.

      Eu acho que o RV nunca na vida pensou que o Besiktas recuperasse a desvantagem de 3 golos. Por isso a aposta na recuperação de ritmo de jogo do Rafa.

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  2. Estando sentado no sofá, fica fácil depois do acontecimento, dizer que fazíamos assim ou assado, mas realmente outras opções se pedia perante os acontecimentos. O treinador adversário lança tosun pra prender Nelson e aproveitar vantagem numérica nesse flanco pois Salvio já pouco ajudava, RV tira cervi... Eu metia Almeida naquele flanco a ajudar o Nelson. Se queria defender o resultado, RV punha um 3 central que até podia ser Samaris, pôs o no meio e ele é fejsa anularam se, tirava mitro punha carrillo com Guedes na frente, mas como disse, no sofá é mais fácil

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    1. Olá Pedro Agostinho! Faço as minhas palavras aquelas que escrevi ao José Ramalhete.

      ;)

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  3. Bom, chego a casa do trabalho e ligo a TV mesmo a tempo de ver o Samaris a entrar. "Bom, segurar o meio-campo, bem visto". Não sei o que se estava a passar antes, mas depois disso nada ficou seguro. E a culpa do Samaris é ter entrado em campo quando eu entrei na transmissão, tudo o resto é colectivo.

    Sálvio era um defesa turco (será que o dinheiro turco não nos dá 15 ou 20 milhões por ele?), Samaris demorou a acertar com a posição mais do que um petroleiro a sair da barra do Tejo demora a ganhar velocidade e o Jiménez não acrescentou nada ao que Mitroglou (não) fazia. E no caso não era marcar, mas ganhar bolas e segurá-las, dar para companheiros jogável etc. Do lote do que entraram Rafa foi o menos mau na minha óptica.

    O que falhou, a meu ver, foi a forma como se lidou com o ímpeto turco. (Pelo menos) 20 minutos de "bola longa invariavelmente perdida" foi o que deu o fôlego que o os turcos precisaram. A quantidade de bolas que ganharam sem ter de lutar por elas foi assustadora. A sensação que fica é que só não lutaram pelo 4º golo porque o empate servia perfeitamente as aspirações deles.

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    1. A ordem como são realizadas as substituições são tão importantes como a ordem dos ingredientes que devem ser colocados numa tigela para misturar e fazer um bola, ou a ordem como os medicamentos devem ser administrados num paciente para curá-lo de uma doença.

      O problema foi exactamente esse. Tivesse o Rui Vitória ter tirado em primeiro lugar o Mitroglou e sabes o que aconteceria? O Salvio não tenderia a sair tanto à pressão como fez. O Raúl acompanharia mais de perto os defesas turcos, incluindo se fosse necessário, acompanhar o lateral turco. Isto criaria situações de 2 contra 1 perante o lateral turco. Por exemplo, Raúl + Salvio contra Adriano. Isso estancaria qualquer perigo que pudessem causar. Para além disso, não teria retirado um Cervi que estava a cobrir bem o seu flanco e ser uma ajuda fundamental ao Eliseu. Coisa que o Rafa sem ritmo de jogo não foi.

      Depois, na segunda substituição, faria entrar o Samaris retirando do jogo o que estivesse mais desgastados destes três: Cervi, Gonçalo Guedes e Salvio. Pessoalmente, talvez retirasse o Guedes ou o Salvio. E, ao invés de passar a ter um 4-4-1-1 com a entrada de Samaris, isto porque depois do grego entrar o Pizzi foi para as costas do Mitroglou, teria metido a equipa a jogar numa espécie de 4-2-3-1. Mais concretamente um 4-2-1-2-1, uma vez que o Pizzi ficaria meia-linha atrás de Salvio/Guedes e Cervi e uma linha atrás de Jiménez. Isto seria fundamental, porque apenas seria o 4º homem a ter liberdade para o ataque, depois de Jiménez (o ponta-de-lança) e dos dois alas Cervi e Guedes/Salvio. O 5º homem, seria um dos laterais ou até mesmo um dos duplos pivots de meio-campo (preferencialmente o Samaris). Esta disposição mataria qualquer iniciativa de jogo do Besiktas que frustrado começaria o chuveirinho para o nosso meio-campo.

      Só aí, é que depois aos 80 minutos faria uma terceira substituição: a entrada do Rafa para o lugar de Guedes ou do Salvio, passando o Cervi para a direita, ficando o Rafa na esquerda. Repara que desta forma, o Rafa só teria que se preocupar em atacar, pois o nosso meio-campo sempre com 3 elementos seria suficiente para cobrir qualquer iniciativa do internacional português que está à procura ainda de ritmo de jogo.

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