09 abril 2016

«São nestes jogos...


Grande frase do herói da noite, Raúl Jiménez, que traduz bem a importância desta vitória suada do Benfica na cidade dos estudantes.

Frente à Briosa, Rui Vitória fez apenas uma alteração ao onze titular encarnado que defrontou o Bayern Munique na passada 3ª feira: saiu Fejsa e entrou o Samaris para o seu lugar. Quanto a esta alteração nada a apontar, dado o desgaste que o sérvio foi sujeito e também ao facto de vir de uma lesão e como tal não ter possivelmente o andamento ideal para fazer 3 jogos por semana de nível muito elevado. Para além disso, dos habituais suplentes, o grego é talvez aquele que melhor forma está actualmente. Talvez por isso mesmo, tenha sido a única alteração, muito embora, pessoalmente, teria feito mais alterações ao onze titular, pois notava-se desde os primeiros minutos que os jogadores estavam pouco soltos dentro de campo.

Fisicamente acredito que estão a 100%, mas a fadiga não é apenas uma questão fisiológica. É, também mental. E, por mental não quero dizer que havia jogadores que estavam lá de corpo presente de forma consciente. Estavam sim, mas inconscientemente, quase sem quererem. Nota-se claramente isso, quando olhamos para uma equipa que está a conseguir circular bem a bola no meio-campo adversário, que está a ver os espaços que são criados de forma naturalmente por essa circulação de bola, mas que tardam em reagir na exploração dos mesmos. Nota-se isso também na forma como se mastiga a fazer um passe para o colega ao lado, ou na forma como dois defesas vão disputar a mesma bola, esquecendo-se de comunicar entre eles.



É verdade que a Académica chega ao golo num lance fortuito de uma bola mal cortada por Eliseu (terá mesmo sido?!) e contra a corrente do jogo. No entanto, via-se claramente que faltava ali algo que pudesse agitar o jogo. O camisola 17 só começou a aparecer no encontro depois do golo e mesmo assim foi dos que claramente mais desgastados se encontrava. O Pizzi era outro e a forma como este perde o segundo golo encarnado com a tentativa de dar mais um toque em vez de rematar à baliza já depois de ter tirado o guarda-redes do caminho, foi mais um belo exemplo de como a fadiga competitiva esteve bem presente na equipa encarnada neste final de tarde. Por isso, talvez teria entrado em campo com pelo menos mais uma ou outra alteração no onze titular. Mas depois, olhando para o jogo que acabei de assistir do Barcelona, que entrou frente à Real Sociedad, com várias alterações ao onze titular, tendo acabado por perder o jogo, mesmo depois de terem entrado os principais craques catalães, facilmente percebemos que isto não é tão matemático como aparenta ser.

Por falar no lateral esquerdo encarnado, é interessante ver que o açoriano tinha bem presente a situação do golo sofrido em Munique, pois esteve muito mais atento ao espaço entre ele e o central do seu lado, neste encontro. Um bom exemplo disso, é o lance que origina o golo dos estudantes. O Eliseu antecipa-se ao avançado que tenta penetrar o espaço entre ele e o central, cortando a bola. Esta vai para a entrada da área onde encontra o Pedro Piloto que numa posição frontal acaba por desfeitear a baliza de Ederson. À primeira vista, é fácil criticar o lateral internacional português. Muitos dirão que deveria ter aliviado para o meio-campo adversário ou até mesmo para fora do campo. Essa seria a solução mais conservadora e estou de acordo. No entanto, olhando para a jogada, dá clara sensação que o Eliseu corta para sair a jogar com o médio que deveria estar naquela zona do terreno. Reparem onde está o Gaitán no momento do corte. Agora reparem onde estão o Samaris e o Renato Sanches? O que está mal aqui? O posicionamento dos médios-centro. Neste caso, o posicionamento do Renato que demorou muito a recuar e a bola ia cair na sua zona de acção se ele estivesse bem posicionado. Por isso é que não crucifico apenas o Eliseu, mas também o Renato.



Sobre o miúdo-maravilha, vejo muitos erros posicionais, sobretudo sem bola. Corrigindo isto, poderá ser de facto um verdadeiro fora-de-série. Por isso, não vejo com maus olhos poder fazer nestes jogos mais fáceis a posição de médio mais defensivo da dupla de meio-campo. Por exemplo, gostei muito quando este e o Talisca estavam no centro do terreno na segunda parte. É que jogando a médio mais defensivo, exigirá que ele tenha mais critério nas suas acções e aperceba-se do tipo de posicionamento e comportamento que deve ter nas várias fases e momentos de jogo. Jogando como médio mais ofensivo e sobretudo jogando com um Fejsa atrás, que lhe dá a falsa sensação de que pode ir para o ataque à vontade que terá sempre as costas protegidas (o que não é verdade pois o adversário poderá ficar em vantagem numérica e com qualidade facilmente bate o sérvio e os restantes colegas), vai ter tendência para abusar da sua forma de jogar natural, que é ofensiva. É preciso pois trabalhá-lo.

Notas finais para outros jogadores. O Gaitán foi um verdadeiro capitão! Aparenta não estar a 100%, mas dá tudo. O lance do golo sofrido, por exemplo foi dos primeiros médios a acompanhar a sua defesa, isto para não falar de terminar o jogo como lateral esquerdo. O Mitroglou fez um importante golo, mais um para a sua conta pessoal e está claramente a afinar pontaria para 4ª feira. O André Almeida, que sem o estilo e a exuberância de outros jogadores, esteve nos dois golos do Benfica. Jogue onde jogar, o que ele quer é jogar e ajudar o Benfica. Está feito um símbolo do clube e um elemento fulcral no balneário encarnado. Não é à toa que o Nélson Semedo ainda não conseguiu agarrar a titularidade depois da lesão... nem ele, nem o Sílvio. O Carcela demonstrou que está aí pronto para ajudar. Mas, quem foi o herói da noite foi o mexicano Raúl Jiménez com o segundo tento encarnado na partida. Será ele o substituto de Jonas no jogo da próxima semana frente ao Bayern Munique?

Depois de afinarem pontaria frente aos estudantes de Coimbra, será que Mitroglou e
Jiménez formarão a dupla que atacará a baliza do Bayern na próxima semana?



P.S.: E, já só faltam 5 finais!

10 comentários:

  1. Bem regressado! Talvez não seja português correctíssimo mas dá para entender....:-)

    Off topic:
    Reparei no melhor 11 de 2015 , que também votei, e é curioso que 5 ou 6 jogadores neste momento não fazem parte do 11 titular. Sinal que temos um grande plantel!

    Abraço.

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    1. Olá Aquila Imperiale!

      Já viste o quanto o onze encarnado do Benfica mudou ao longo desta temporada?

      O mais curioso é que já estou mesmo a ver que em caso de sucesso, o Jesus virá a público exigir reconhecimento por esta campanha do Benfica, dizendo que a equipa tem muito do que ele deixou...

      LOL! =D

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  2. Para mim era assim contra o Bayern:
    Ederson
    Almeida Lindelöf Jardel Eliseu
    Fejsa
    Sanches
    Carcela Gaitán Pizzi
    Mitroglou

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    1. Olá Kamikaze!

      Gosto muito desse onze que apresentas. Penso que se calhar começava o jogo apenas com um avançado declarado e um médio mascarado de 2º avançado, pois Jonas é único no futebol nacional e porque é importante o Benfica não sofrer golos em casa. Depois na segunda parte é arriscar tudo.

      Agora, a minha questão seria colocar o Mitroglou ou o Raúl de início. Estou inclinado por utilizar o mexicano porque penso combinar melhor com o estilo de jogo dos outros três atrás.

      De qualquer maneira, é desfrutar! ;D

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  3. Jimenez vai ser herói hoje frente ao Bayern.

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  4. Infelizmente não foi... Mas que golo e que jogão !

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    1. Como sonhei ontem durante o encontro... faltou-nos uma ponta de sorte e sobretudo mais maturidade e experiência de certos jogadores.

      Eu gosto muito do Raúl. Não compreendo as críticas qie fazem a ele. Talvez seja por causa do custo que ele representou. Mas, muitos adeptos são extremamente impacientes.

      Ontem foi aquilo que eu escrevi no meu artigo mais recente: um Morata na frente de ataque.

      Há males que vêm por bem, pois duvido que com Mitroglou a titular teríamos marcado daquela foma no início.

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    2. O Pizzi também foi muito criticado pelo preço que custou, e agora é o que é (tem que ir ao Euro). Acredito que seja igual para o Jimenez, confesso que tive dúvidas mas é claramente um jogador de grande qualidade. Aquele golo que ele meteu, em que estava cercado por 3 defesas + o Neuer... (e também foi ele que iniciou a jogada, com um cabeceamento a meio-campo, convém lembrar) E a jogada em que ia fazendo o 2-0 com também 3 defesas à volta dele, se há uma coisa que tenho que lhe apontar é de estar mais presente dentro da área, porque é muito bom lá.

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    3. Spirited, mesmo essa crítica que lhe apontam de não estar na área não está assim tão correcta quanto isso.

      O Benfica joga muitas vezes com extremos que gostam eles próprios de ir para dentro e penetrar na área adversária. Não são tanto extremos de ir à linha de fundo e cruzar. Ora se têm esse tipo de comportamentos, e se ficam lá o Mitroglou ou o Jonas, estão no fundo em irem meter-se na boca do lobo.

      Repara em como os extremos do Bayern e do Barcelona estão quase sempre muito abertos na linha. Sobretudo, os que jogam do lado contrário ao flanco onde está a bola. Esse posicionamento não é circunstancial. É sim preparado. E porquê? Para que haja mais espaço entre os jogadores e assim a linha defensiva não fique tão compacta, criando espaços entre os seus elementos que poderão ser explorados.

      Ora se os nossos extremos vão para dentro e os nossos avançados ficam lá dentro, estão a tentar compactar ainda mais. E nesse caso quem está de frente para a bola, leva vantagem, i.e., os defesas.

      O golo do Jonas frente ao Boavista é um belo exemplo de como o Jiménez acaba por criar espaço para o aparecimento de outro colega. Nessa jogada, o Raúl fugiu para o espaço sobre a esquerda, uma vez que o Carcela estava no corredor central. Se o Raúl não estivesse no flanco esquerdo, o lateral que estava a cobrir-lo estaria mais junto do seu central preenchendo o espaço onde o Jonas fugiu e acabou por ir marcar o golo.

      Mas, o que o pessoal criticou? Criticou precisamente o mexicano por não estar no "garrafão" (linguagem de basquetebol ;P) duma forma como se eles tivessem razão e o Raúl fosse um tolo por estar ali.

      Por isso, é que afirmo que o Raúl é talvez dos nossos melhores avançados. É inteligente, tem atributos físicos e técnicos espectaculares. Falta apenas ganhar aquela confiança e rotinas na equipa. Mas, vai muito a tempo.

      Aliás, ele e outro que ainda não perdi esperança... o Nélson Oliveira.

      ;)

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